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CoMA, um suspiro de renovação em meio ao status quo dos festivais brasileiros

Por Felipe Ernani

Foto destaque por Matthew Magrath

Não importa qual seja o festival da sua preferência — Rock in Rio, Lollapalooza, Bananada, etc. — uma reclamação que você com certeza já fez é: “de novo essa banda?”. Essa reclamação não se aplica ao Festival CoMA, que aconteceu em Brasília entre os dias 10 e 12 de agosto de 2018. Aliás, não só às bandas: o festival manteve uma estrutura básica, mas foi completamente diferente da sua primeira edição (2017).

Uma das grandes propostas do CoMA (Convenção de Música e Arte) é, como o nome sugere, fugir do formato tradicional adotado pela maioria dos festivais Brasil afora. Enquanto alguns destes apostam cada vez mais em medalhões ou em bandas recorrentes para manter um público fiel, o festival brasiliense não tem medo de se arriscar e trazer artistam que fujam do mainstream. Também não tem medo de diversificar o próprio público, confiando em vários fatores além das bandas para fidelizar a audiência: um deles, e talvez o mais importante, é toda a experiência que o envolve.

Além de ter proporcionado uma espécie de Esquenta para o festival (realizado nos dias 28 e 29 de julho, em parceria com o Conjunto Nacional) contando com shows gratuitos de bandas novas e estabelecidas no cenário, o CoMA oferece desde o ano passado conferências/palestras sobre os mais diversos temas (relacionados à música ou não). Nesse ano, um dos temas mais explorados foi a indústria de jogos, inclusive com palestras gratuitas oferecidas na sexta-feira pré-festival. Outra parceria sensacional montada pela organização foi com a Indie Week Toronto, evento que acontece anualmente no Canadá com bandas independentes e que em 2017 teve a participação dos brasileiros do Scalene e Trampa (cujos membros fazem parte da organização do CoMA).

Sobre essa parceria, o começo “não oficial” do festival foi justamente na quinta-feira (09 de agosto), no evento Road to Indie Week — uma espécie de seletiva, com 5 bandas pré-selecionadas (Toro, Moara, Augusta, Alarmes e Mdnght Mdnght) competindo por 2 vagas nessa semana cultural canadense. O evento aconteceu na Cervejaria Criolina e as bandas Toro e Augusta se classificaram e vão representar a cena brasiliense lá no Canadá. Congrats!

O final de semana, com os eventos principais do festival, começou em grande estilo. Na sexta-feira, a Pré do Slap se mostrou uma versão mais organizada e voluptuosa da festa de abertura realizada no ano passado. Dessa vez, além de contar com DJ Set de figuras importantes das festas brasilienses e de algumas bandas nacionais (Far From Alaska + Supercombo + Plutão Já Foi Planeta), o evento teve também um show do MC Rashid. Tudo correu bem, apesar do ingresso relativamente caro comparado ao festival (R$40 pela festa vs. R$30 pelos dois dias de festival, pra quem comprou antecipadamente) e de um leve atraso. Uma das partes mais legais da festa era a mesa de beer pong montada e super bem organizada: jogava-se gratuitamente e os vencedores ainda ganhavam copos exclusivos da festa.

Invasão de palco no show da Supercombo (Foto: Matthew Magrath)

No sábado, primeiro dia no Complexo da FUNARTE, o festival começou com um leve sinal negativo: a entrada do público foi liberada enquanto algumas bandas ainda passavam som, o que se transformou em um atraso significativo no início do festival. No fim, esse acabou sendo praticamente o único momento negativo de todo o festival. O restante do dia correu super bem, sem atrasos entre as apresentações e sem nenhum problema técnico.

Como no ano passado, as performances se dividiram em 4 palcos + 1 tenda eletrônica: os palcos principais (Norte e Sul), o Clube do Choro e o cobiçado Planetário, além da Tenda Conexões. Nesse primeiro dia, o grande destaque dos palcos principais ficou por conta da apresentação da Supercombo e isso não se deu necessariamente pela banda em si. O público compareceu em peso e participou ativamente, coisa que não aconteceu tão fortemente com os shows do Rincon Sapiência e do ÀTTØØXÁ, que foram excelentes mas acabaram sendo um pouco prejudicados pelo atraso do começo do dia e cansaço das pessoas que estavam desde cedo. O que não significa, de jeito nenhum, que foram shows desanimados: o público que ainda tinha energia fez uma troca sensacional com os artistas e mostrou que cada vez mais a diversificação dos ritmos pode e vai tomar conta dos festivais.

É impossível deixar de falar também na performance estonteante da Elza Soares. Não só pela arte e paixão envolvidas em tudo que ela faz, mas pela importância de todo seu trabalho e pela consolidação da mudança de direção dos seus anos mais recentes de carreira, colocando-a sem dúvidas em um posto de rainha que é abraçado com carisma e humildade pela artista.

Além disso, as bandas que tocaram mais cedo também cumpriram com louvor seus papéis, especialmente o Menores Atos e o Maglore, que abriram respectivamente os palcos Sul e Norte com apresentações maduras e dignas de headlinear qualquer festival. Entre as surpresas, a banda Cachimbó que abriu o Clube do Choro com sua mistura de regionalidades e ritmos e a Alarmes com um show diferente e ousado estão entre as que deixaram marcas positivas.

Vale ressaltar, nesse momento, a quantidade de experiências simultâneas que o CoMA oferece — não só para justificar o tamanho desse texto, como para explicar porquê é humanamente impossível viver tudo que o festival proporciona. Os shows nos palcos principais são alternados, mas acontecem simultaneamente com as apresentações no Clube do Choro, no Planetário e na Tenda Conexões e ainda com as conferências. Além disso, ainda tivemos novidades esse ano: um espaço de Live Karaokê aberto ao público; mesa de beer pong (a mesma da festa de abertura) e até um simulador de corrida da Red Bull.

Apresentação do Gustavo Bertoni no Planetário (Foto: Matthew Magrath)

Dito isso, uma das experiências indispensáveis do festival é assistir a algum show no Planetário. As filas ficam enormes e poucos são atendidos (cabem apenas 80 pessoas no local), mas a proximidade e o intimismo são justamente alguns dos charmes desse formato. Apesar de infelizmente não ter conseguido ver o show do Gustavo Bertoni, tive o prazer de ver a canadense Julie Neff proporcionado uma performance inesquecível que misturava suas próprias músicas com alguns covers famosos, culminando em uma última música tocada de forma totalmente acústica (sem microfonação, sem nada) iluminada apenas pelas estrelas do domo. Se você vier pro CoMA do ano que vem, tire algum tempo e não deixe de viver isso: cada apresentação ali é única e especial.

Voltando ao tópico principal, os shows do domingo pareciam claramente voltados a um público diferente do sábado (com algumas exceções) e assim foi. A média de idade parecia maior, mas os shows continuaram atendendo a todos os gostos. A Céu fez talvez o grande show da noite, com um repertório excelente e com certeza com o público mais presente. Um dos mais esperados da noite, o Plutão Já Foi Planeta começou sem muita resposta do público, mas depois de algumas músicas e participações no palco a banda conquistou os presentes, ainda que majoritariamente aqueles que já eram familiarizados com a banda. No entanto, a Flora Matos foi uma gratíssima surpresa ao lado dos chilenos do Apokálipo que chegaram até a (literalmente) derrubar uma luz do Clube do Choro.

No entanto, assim como o show da Elza Soares foi o mais importante do sábado, no domingo foi a vez da Linn da Quebrada dar voz ao público LGBT e periférico da melhor maneira possível. Uma performance visceral, imprescindível nos tempos atuais e com uma atitude quase inigualável entre os outros artistas não só do festival como de todo o país.

Apresentação do Plutão Já Foi Planeta (Foto: Matthew Magrath)

Pra resumir, o CoMA fez o que todos os festivais brasileiros têm medo de fazer: fugiu do status quo. Não apostou em grandes medalhões, deu espaço a grandes nomes que andam meio esquecidos pelo mainstream (afinal, os headliners do domingo foram Chico César e Mundo Livre S/A) e se propuseram ao desafio de não repetir absolutamente nenhuma banda que já havia tocado na edição anterior. Esse e todos os outros desafios impostos sobre o festival foram superados e resultaram em (mais) uma experiência inesquecível para a cultura do Centro-Oeste, que cada vez mais vê o CoMA se consolidar no cenário nacional e finalmente colocar Brasília no circuito de festivais.

Voa, CoMA! Nos vemos em 2019!

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Um Festival para todas as tribos, O Festival CoMA

foto destaque por Breno Galtier

Música, arte, diversão, quem não gostaria de tudo isso num mesmo lugar? pois então, você pode ter acesso a tudo isso e muito mais na segunda edição do Festival CoMA (Convenção de Música & Arte) que acontece nesse final de semana (10 a 12 de agosto) em Brasília. E aproveitando que estaremos por lá, vamos tentar resumir o que é o Festival e como funciona.

O CoMa reúne shows de todos os estilos, palestras com os maiores nomes de conteúdo musical, festivais, games e tantas outras coisas que a gente resolveu dividir tudo isso em tópicos para que vocês possam entender um pouco mais.

Shows

Com um line up diversificado e para todos os gostos, o CoMA traz esse ano alguns nomes como Elza Soares, Chico César, Mundo Livre S/A, Céu, Menores Atos, Plutão já foi Planeta. A cena local com Alarmes, Cachimbó, Augusta, entre outros. E também atrações internacionais como a canadense Julie Neff e os chilenos do Apokálipo. Todas as atrações serão distribuídas em quatro palcos: Norte e Sul que são os palcos externos, Clube do Choro e Planetário, além da tenda eletrônica.

line up

Mas antes de tudo isso acontecer teremos outros shows, como por exemplo o Road to Indie Week que é uma parceria entre o Festival CoMA e o festival canadense Indie Week onde 5 bandas brasilienses Toro, Moara, Banda Augusta, Alarmes e MDNGHT MDNGHT  irão se apresentar e 2 serão selecionadas para tocar no festival no Canadá em novembro. O local escolhido para as apresentações é a Cervejaria Criolina e esse rolê todo acontece amanhã (09). Além disso, também ocorre o lançamento do novo EP da banda ETNO intitulado “Escarlate“, e o ingresso custa R$ 5,00.

E também a final do Brasília Independente, competição de bandas com trabalhos autorais realizada pelo DF TV. A mesma ocorrerá no Clube do Choro na sexta-feira (10), a partir das 18 hrs e a entrada é gratuita. Das 10 bandas escolhidas duas vão receber um troféu do Brasília Independente e ganhar, cada um, uma reportagem contando sua história e trajetória musical. o encerramento fica por conta de Dillo e seu show Guitarráfrica.

Conferências

Mais de 20 painéis que vão envolver debates sobre música, conteúdo, festivais, intercambio musical, mercado latino americano, inovações e tendências. Tudo isso no Centro de Convenção Ulysses Guimarães, que faz parte do complexo CoMA. As convenções serão divididas entre sábado e domingo, de acordo com o cronograma no site oficial. Terão acesso apenas os que adquiriram o Passaporte + Conferência Festival.

Conferência Games

A Conferência de Games será apenas na sexta-feira (10). Vai rolar participação do Yuri Uchiyama que é criador da Games Academy e Cofundador e CEO da Gamers Club, maior plataforma de esportes eletrônicos brasileira, e Pablo ‘xrm Oliveira que é narrador da Counter Striker Global Offensive, entre outros. No total serão 11 palestrantes falando sobre assuntos relacionados a programação e produção de games. Na convenção de games a entrada é gratuita e será no Planetário.

Festa

Na sexta-feira (10), a partir das 22 horas no Estádio Mané Garrincha, vai rolar a  Pré do Slap – Festa de Abertura do Festival CoMA que vai contar com atrações como Rashid, DJ Set das bandas Supercombo + Plutão Já Foi Planeta+ Far From Alaska, Dj A + DJ Chicco Aquino e  Gabriella Buzzi (Coletivo Índio).  O ingresso custa R$ 40,00, ou caso você tenha adquirido o Passaporte + Conferência Festival entra sem custo nenhum.

O CoMA ainda libera desconto para hospedagem no Hotel Meliã, que fica ao lado do Complexo. O “meu copo eco” onde estarão disponíveis 5 opções de copos que você pode adquirir por 5 reais. se quiser pode levar pra casa de recordação, se não quiser pode devolver no final do dia e receber de volta os R$ 5,00.

São três tipos de ingresso, o Acesso que dá direito a um dia de festival, o Passaporte Festival que dá direito aos dois dias do festival (11 e 12) e o Passaporte + Conferência Festival que dá acesso aos dois dias de festival, conferências e a Festa de Abertura.

Valores, horários e maiores informações vocês encontram em www.festivalcoma.com.br

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Resenha

Bananada 20: a receita mudou, mas a mistura deu tão certo quanto nas outras 19 edições

Por Felipe Ernani (texto) e Gabriel Arruda (fotos)

Quem já foi ao Bananada sabe que é uma experiência única. O festival goiano não tem a grandiosidade de um Lollapalooza ou Rock in Rio, e errou em 2017 quando apostou em uma edição maior: o público saiu feliz, mas os organizadores nem tanto. O grande desafio para 2018, então, era tornar o festival novamente viável sem prejudicar a experiência do público. Desafio aceito e cumprido, ainda que com ressalvas.

Fabrício Nobre, idealizador e organizador do festival, deu um passo arriscado quando alterou o local de realização. Saindo do amplo Centro Cultural Oscar Niemeyer, o Bananada 20 foi realizado no estacionamento do shopping Passeio das Águas. Mas essa não foi a única mudança: nova estrutura para os palcos, sistema cashless para compra de bebidas e comidas e um lineup que tentou misturar não apenas ritmos como também os artistas já estabelecidos com aqueles que reforçam a espetacular cena independente do país.

Fui enviado pelo Canal RIFF para cobrir o “evento principal”, o final de semana dos dias 11, 12 e 13 de maio. Vale lembrar que o festival começou na segunda (dia 07 de maio) e, durante a semana, foram várias apresentações pela cidade de Goiânia e quem cobriu para o RIFF foram alguns dos artistas participantes!

Falando do final de semana: no primeiro dia, como era de se esperar quando se realizam tantas mudanças de uma vez só, muita coisa deu errado. Especialmente as filas, enormes. Mas a organização mostrou sua competência em resolver problemas e, nos outros dois dias, tudo correu perfeitamente. Ainda que as opções de alimentação tenham deixado a desejar (especialmente para quem foi nos últimos anos, com muita variedade sempre), o grande destaque foi o chope Colombina: produzido localmente, delicioso e vendido a um preço justo (3 por 20 reais). Além disso, repetindo o sucesso de 2017, o festival ofereceu água à vontade durante os 3 dias, tornando a experiência muito mais agradável (e saudável).

A estrutura para os palcos principais era excelente  —  quiçá até melhor que nos anos anteriores. Porém, nos palcos menores, atrações que exigiam um pouco mais de clareza  —  como Fresno e Holger  —  acabaram ficando bastante prejudicadas; em contrapartida, as bandas mais barulhentas  —  casos de Hellbenders e gorduratrans, por exemplo  —  usaram a acústica a seu favor.

Hellbenders - por Gabriel Arruda
Hellbenders – por Gabriel Arruda

Das apresentações, a preferida do público pareceu ser a do ÀTØØXXÁ, com um segundo lugar bem próximo para o BaianaSystem. O fato é que ambos os grupos baianos simplesmente não aceitaram que alguém ficasse parado durante seus shows  —  e o público, sem hesitar, obedecia. Além desses, destacamos também a linda homenagem Refavela 40 de Gilberto Gil  —  que só não foi mais apreciada pois o público aguardava impaciente a aparição do homenageado (Gilberto só entrou no palco para o terço final do show)  —  e a sempre incrível e emocionante performance de Francisco, el Hombre.

Em uma missão quase sobre-humana de tentar estar em vários lugares ao mesmo tempo para assistir todos os shows sensacionais que o festival propôs  —  especialmente considerando que os palcos menores e maiores tinham atrasos diferentes  —  tentei capturar a maior parte dessa experiência nos stories que estão na parte de destaques do instagram do Canal RIFF.

Falando agora da experiência pessoal e parcial, os shows que destaco nos palcos maiores (além dos supracitados) foram o da chilena Javiera Mena (uma grata surpresa), o da sempre performática banda goiana Carne Doce e o do Heavy Baile, que mesmo se apresentando às 3 da manhã fez o público gastar o que restava de energia. Por outro lado, apesar dos repertórios sensacionais, Rincon Sapiência e Pabllo Vittar acabaram deixando um pouco a desejar  —  no caso do rapper, talvez seja uma decepção pessoal por ter visto o show com banda completa no Lollapalooza, que me pareceu muito mais impactante; o caso de Pabllo é um pouco mais complexo. A performance foi incrível; no entanto, o público parecia assistir o show apenas aguardando o próximo hit  —  talvez seria o caso de um show um pouco menor.

Francisco, el Hombre - por Gabriel Arruda
Francisco, el Hombre – por Gabriel Arruda

Quanto aos palcos menores, sem dúvidas o show do menores atos foi o grande destaque pessoal. Porém, as performances do Molho Negro e d’As Bahias e a Cozinha Mineira (que teve até Pabllo Vittar no palco) foram sensacionais. Não podemos deixar passar em branco também os outros artistas excelentes que passaram por esses palcos: BRVNKSErmoGiovani CidreiraEma StonedLutreBlastfemmeViolins, e tantas outras que mostram a força da cena independente nacional e que renovam as esperanças no futuro da música brasileira.

A “nova” receita do Bananada deu bastante certo. Não dá pra saber ao certo quais serão os próximos passos do festival  —  só sabemos que o Bananada 2019 acontecerá e já tem data (29/04/2018 a 05/04/2019)  —  mas o fato é que a vigésima edição do festival mostrou o que ele tem de melhor: uma mistura de estilos, de bandas grandes e pequenas, de gente de todos os cantos do país, unidos pela música e pela experiência incrível do festival goiano.

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TOP 10: OS MELHORES SHOWS DE 2017

Por Natalia Salvador

Quando você ama assistir shows e, finalmente, mora em um lugar que te oferece diferentes opções todo fim de semana é uma baita realização. Em 2017 eu tive a oportunidade de cobrir e curtir por lazer diferentes espetáculos, nada mais justo que relembrar aqueles que marcaram o ano, pelo menos para mim (e que a gente já fica doido pra ver de novo). Prometo não me estender muito, então vem conhecer meu TOP 10 de melhores shows de 2017!

  1. FRESNO + VITAL

O Imperator, por si só, já tem uma energia completamente diferente de todas as outras casas de show do Rio de Janeiro. Toda vez que eu piso lá a sensação de que algo grandioso está para acontecer. E foi exatamente isso que presenciei neste culto sold out. Além de tudo que envolvia o show da Fresno – comemoração dos 18 anos e minha primeira vez vendo eles como headliners -, uma das coisas que mais me chamou atenção foi o quanto o público acolheu e abraçou a banda de abertura, a Vital.

Fresno@2017 por Natalia Salvador
  1. MENORES ATOS + ODRADEK + AVEC

A primeira vez de um ser humano num show da Menores Atos é pra nunca mais esquecer. Acho que posso dispensar apresentações, o trio faz a platéia se emocionar, chorar e cantar o mais alto que pode. O show no Estúdio Aldeia marcou o encerramento da turnê do Animalia e a banda está trabalhando em um novo CD. Nesta noite de inéditos, para mim, também tive a grande chance de conhecer a banda Odradek. Um instrumental pesado e envolvente.

  1. MEDULLA + HOVER + NVRA

O CD Deus e o átomo foi um dos grandes elogiados de 2016, nada melhor que começar 2017 com um showzão desses, não é mesmo? O diferencial de ver shows no Estúdio Aldeia é a vibe intimista do lugar e a proximidade que você consegue ter dos artistas. A entrega dos irmãos Raony e Keops envolve e empolga o público. Além deles, a Hover, que também tem um show completinho e cheio de energia somou para a noite ser incrível. Cada apresentação deles na cidade é uma emoção diferente, coisa de casa mesmo.  

  1. R.SIGMA + COMODORO

Sim, eu só conheci R.Sigma em 2017 – que bom que os dias de glória chegam para todos. No único show que a banda realizou no Rio de Janeiro a maioria do público estava matando as saudades depois de quase 6 anos em hiato. Acho que foi esse cenário que tornou tudo tão especial. Na abertura, a Comodoro tomou conta do palco e colocou os poucos presentes para dançar – e acompanhar toda a malemolência de Fred Rocha, vocalista. Quando R.Sigma entrou no palco a casa já estava cheia e o coro permaneceu por todo o show. Além disso, Tomás Tróia que viriam novidades por ai. Durante o semestre, a banda lançou uma música inédita, fez outros shows e seguimos acompanhando os próximos passos – ATENTOS!   

  1. HANSON

Vocês tem uma lembrança clara dos primeiros contatos com algo que gostem muito? Minha primeira grande lembrança com a música foi com esse trio de irmãos americanos. Eu era muito novinha e ganhei o cd de estréia deles – conto essa história completinha na resenha desse show. 20 anos depois, tive a chance de ver um show comemorativo que contemplou diferentes fases de Zac, Taylor e Isaac – primeiro grande amor de muitas. Foi uma noite nostálgica e de muito amor, é estranhamente incrível quando você consegue perceber a troca fácil e respeitosa entre os músicos no palco. Uma noite família, literalmente.

  1. CASTELLO BRANCO

Não sei vocês, mas uma das coisas que mais me chama atenção em shows é a performance dos vocalistas. Depois de assistir ao show do R.Sigma, fui em busca de mais informações sobre Lucas Castello Branco e me deparei com um projeto incrível. Meses depois lá estava eu impactada com a leveza e ternura, muito diferentes da energia apresentada na frente da banda, do lançamento de Sintoma. O show solo do Castello é aquela saída perfeita com carinha de domingo tranquilo, que é pra começar a semana com o maior sorriso no rosto!

Castello Branco@2017 por Natalia Salvador
  1. BRAZA

Qual banda que tem 2 anos de estrada, 2 discos lançados e entrega ao público 2 horas de show? Danilo, Nicolas e Vitor fazem um verdadeiro espetáculo em cima do palco. A energia deles é anestesiante, do início ao fim. A galera, canta, dança e se entrega. Ver os 3 fazendo música juntos ainda contribui para aquele falso consolo da saudade que os fãs sentem do Forfun. Os caras fizeram história e agora estão escrevendo uma nova. Ciclos.  

  1. ALASKA (Rio novo Rock + Despedida em Petrópolis)

Se trazer dois shows da mesma banda para um TOP 10 é errado, eu não quero estar certa. Em 2017 a Alaska teve dois grandes momentos no Rio de Janeiro. Uma das primeiras edições do Rio Novo Rock do ano contou com a partição dos paulistas e os cariocas da Two Places At Once. Como comentado anteriormente, o Imperator é um senhor palco e a noite não poderia ser outra coisa se não memorável, com direito a setlist especial e invasão de palco.

Mas a festa ficou linda mesmo na despedida do Onda, que aconteceu em Petrópolis. Eu não sei o que acontece, mas os shows da Alaska na Cidade Imperial tem uma emoção diferente. É claro que os petropolitanos não iam deixar esta ser uma despedida normal. O público, fiel, cantava tão alto que muitas vezes roubava o lugar dos músicos. Uma das características mais marcantes dos shows da banda, é a troca entre os músicos, seja nos sorrisos, carinhos ou nos finos que um tira do instrumento do outro. É uma experiência de entrega diferente de tudo que eu já vi.

Alaska@2017 por Natalia Salvador
  1. SCRACHO

Você provavelmente está se perguntando que ano é hoje ou porque raios Scracho está no segundo lugar dessa lista. Pois bem, no último mês do ano – famoso 45 minutos do segundo tempo – eu, sem dúvidas, presenciei a maior festa do ano! Celebrando 10 anos de lançamento do primeiro cd, A Grande Bola Azul, Dedé, Diego e Caio reuniram grandes amigos e lendas do underground carioca para um show de lavar a alma e fazer os jovens adolescentes de 10 anos atrás muito felizes. Foram 2 horas de nostalgia, entrega e gargantas arranhando no dia seguinte, em um Circo Voador abarrotado.  

  1. AURORA

Aurora é a prova viva de que fadas existem. Eu já pensava sobre isso assistindo alguns vídeos internet afora, mas depois que tive a oportunidade de ver a jovenzinha norueguesa de apenas 21 anos emocionar os públicos por todas as cidades brasileiras que passou, eu pude ter certeza. Sabe quando você sente a energia passando pelo corpo, os pelinhos arrepiando e os olhos se encherem de lágrimas? Foi assim que me senti o show inteiro. Sem grandes estruturas, a inocência, ternura e compaixão que habitam Aurora ficam evidentes em cima do palco. Esta, sem dúvidas, foi melhor experiência musical de 2017!

Aurora@2017 por Natalia Salvador
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Documentário reúne Menores Atos, Bullet Bane, Zander e Chuva Negra 

Por Felipe Sousa | @Felipdsousa | Foto Rick Costa Fotografia

Festival Flecha, produzido pela gravadora Flecha Discos, aconteceu no dia 29 de abril no Hangar 110 (SP) e pra você ficar por dentro do que rolou por lá, a Flecha divulgou um Mini Doc contanto tudo.

“Isso é pra provar que todos vocês podem fazer o mesmo, beleza?! Montar uma banda, organizar o rolê, juntar a galera e botar pra foder!” – Gabriel Zander

Flecha Discos é uma gravadora independente que tem em seu cast as bandas Menores AtosBullet BaneZander e Chuva Negra, e em abril desse ano as quatro subiram ao palco do Hangar 110 e realizaram um baita evento celebrando a nova cena autoral brasileira. O resultado disso foi um documentário onde contam como se conheceram, como se reuniram pra formar o coletivo, e acima de tudo, contam como foi a produção desse evento massa demais!

O Doc foi produzido por L’exquisite Films, Direção e Edição por Murilo Amancio e as imagens por João BonaféIsadora SartorBruno Santim e Murilo Amancio.

 

 

Além do Documentário, a Flecha disponibilizou nas plataformas digitais a Coletânia Flecha Discos Vol.1, que começou a ser gravada em janeiro do ano passado e conta com 12 faixas, três de cada banda. Ouça:

 

 

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MENORES ATOS | RIFFPEDIA #10

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Festival Dosol 2017: Mais de 35 artistas e muita diversidade musical

Por Felipe Sousa | Felipdsousa

Já falamos aqui que os festivais nacionais vêm ganhando força e mostrando que o país pode sim produzir grandes eventos.

Mais um, que já é tradicional na cena, o Festival Dosol chega com mais de 35 atrações para a edição de 2017. O evento acontecerá nos dias 11 e 12 de novembro em Natal, Rio Grande do Norte, e também contará com sideshows do dia 13 ao 19.

O festival traz uma diversidade musical enorme, e muito rica, contando com artistas de várias partes do país.  Dentre os nomes já confirmados, estão a Menores Atos (RJ), Gorduratrans (RJ) – que recentemente lançou seu segundo, e excelente álbum “Paroxismos” -, Liniker e os Caramelows (SP), Projeto Rivera (CE), BRVNKS (GO), e mais.

Mais nomes e informações sairão em breve, mas você já pode garantir seu ingresso, e acompanhar tudo na página oficial da produtora Dosol no facebook.

E lembrando que todos os eventos que mencionamos aqui estão listados na nossa agenda de shows. Fica ligado que estamos sempre atualizando e te deixando por dentro do que tá rolando.

 

 

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Resenha: Imperadores do Underground! Medulla + menores atos @Imperator

Por João H Faber | Fotos Gustavo Chagas

Mais uma vez, o Centro Cultural João Nogueira – eterno Imperator – foi, ipsis litteris, o centro das atenções do rock underground. No coração da Zona Norte carioca e já acostumado a receber bandas independentes com frequência, neste último domingo, 8 de janeiro, o Imperator foi invadido pelo “Movimento”. O motivo? Medulla, que, depois de muito tempo longe de sua cidade, voltava a apresentar-se no Rio.

A banda formada pelos irmãos gêmeos Keops e Raony Andrade, e que hoje conta ainda com o guitarrista Alex Vinicius e o baixista Tuti AC, veio apresentar seu último trabalho, o álbum “Deus e o Átomo”, lançado em setembro de 2016. Trazendo elementos do trap, jazz, rap, hardcore, folk e eletrônico, esse segundo álbum de inéditas da banda é, sem dúvida, um álbum de transição. Muito embora a espiritualidade tenha sempre estado presente nas canções da banda, até mesmo de maneira patente em algumas delas, “Deus e o Átomo” contém uma temática própria, menos áspera, que corre em paralelo às gravações anteriores, e inaugura um novo rumo para o Medulla.

Com uma produção impecável e participações de peso, o álbum sintetiza uma nova proposta para a banda depois de mais de dez anos de carreira. E, no último domingo à noite, o Medulla teria uma grande responsabilidade pela frente: mostrar a seu público cativo, que sempre acompanhou a banda, que essa nova proposta pode coexistir com o antigo Medulla – e agradar tanto quanto. Para isso, somou-se ao line up da noite um relevante power trio para abertura do evento.

Grandes canções, Menores Atos

Encarregada de abrir o evento, a banda carioca menores atos (em minúscula mesmo) vestiu a camisa, assumiu a responsa e fez, como sempre, uma belíssima apresentação. Sinceros e intensos, tal qual se classificam, Cyro Sampaio (guitarra e vocais), Celso Lehnemann (baixo) e Ricardo “Bola” Mello (bateria) mostram muita determinação no palco e baseiam seu show no álbum ‘Animalia‘, lançado em fevereiro de 2014.

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Muito embora as letras de faixas deste primeiro álbum da banda sejam ainda balbuciadas com timidez pelo público em geral, os fãs assíduos – e que não são poucos – fazem questão de entoar a plenos pulmões as canções que, para eles, já viraram verdadeiros hinos, como “Doisazero“, “Passional” e “Sobre Cafés e Você”. A introdução no repertório de músicas que não integram a lista do Animalia deixa a pista de que as composições da banda andam a pleno vapor e que pode vir material novo por aí ainda esse ano – material esse que é aguardado ansiosamente.

Finalizando o show com a visceral “Sereno”, o menores atos mostra que não se prende a rótulos ou modismos, e consegue com facilidade se conectar com o público, angariando mais admiradores a cada apresentação. Esperamos que o surto de inspiração que gerou o Animalia se repita e, em breve, a banda possa nos brindar com mais um fascinante álbum.

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 Filhos do Átomo

Jogando em casa, logo que subiu ao palco, o Medulla tomou conta do Imperator. Com uma presença irretocável, os gêmeos Keops e Raony provaram que são a espinha dorsal e a alma da banda, que passou por grandes mudanças nos últimos anos.

Abrindo o show com o sampler da poesia intitulada “70×7”, composta e declamada pelo rapper Síntese, a banda obedeceu a sequencia do álbum e emendou com a catártica “Deus”, faixa que finca a bandeira da nova direção do Medulla. Está mais do que claro que o bom momento que a banda vive perpassa as canções e as apresentações ao vivo. E o público presente no Imperator ontem à noite abraçou “Deus e o Átomo” como se fizesse parte dessa revelação elementar; um breve passeio pela plateia mostrou que as canções “A Paz”, “Travesseiro Azul” e, em especial, “Abraço” são candidatas a novos hits da banda, uma vez que já são habilmente cantadas pela grande maioria.

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Vale ainda o destaque para a participação ao vivo da rapper Helena D’Troia, que roubou a cena em “Separação” e agitou o Imperator. Com uma abordagem singular quando comparada às demais faixas do álbum recém-lançado, “Separação” é uma música direta, sem disfarces e com um refrão cativante, tendo proporcionado talvez o melhor momento das inéditas executadas pelo Medulla: uma verdadeira declaração de amor do público à arte da banda.

Vem Cá Ver Que o Novo é Bom

Quando se consolida uma carreira frutífera, com diversos trabalhos e uma base de fãs apaixonados, por vezes ocorre de ser surpreendido com o pedido de uma ou outra canção que já não entra mais no setlist. Nada mais normal, ainda mais em se tratando do Medulla, que está na ativa há tanto tempo. Os pedidos de clássicos da banda, em especial de algumas músicas que integram o primeiro álbum deles (‘O Fim Da Trégua’, 2006), vinham aos montes e tiveram que ser, por vezes, contidos pelos vocalistas. Justo, uma vez que se tratava do show de lançamento de um álbum novo e os rapazes estavam orgulhosos, doidos para mostrar o belo álbum que arquitetaram.

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Em compensação, o Medulla não deixou de lado o fan service… Para atender aos mais fiéis, a banda intercalou as inéditas com músicas antigas, como “Salto Mortal” (O Fim Da Trégua, 2006), “O Novo” (‘Talking Machine’, 2009) e “Eterno Retorno” (‘Capital Erótico’, 2010), esta última que contou com a participação de Cyro Sampaio, do menores aos, nos vocais e também com a presença inusitada de Dudu Valle, ex-guitarrista do Medulla, que não hesitou nem um pouco, subiu ao palco e reforçou o coro. Mas quem conduziu a música de verdade foi o público.

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Diga-se de passagem, o público do Imperator na noite de ontem conduziu o show inteiro, deixando até os músicos do Medulla arrepiados lá em cima do palco. Em “Perigo” (‘O Homem Bom’, 2013) e “Prematuro Parto Fórceps” (‘Akira‘, 2008), ficou a sensação de que a galera não queria que as músicas acabassem… Mesmo depois do fim, os refrãos seguiram sendo cantados num mantra quase infinito, emocionando quem ainda não sabia o que era um show do Medulla no Rio de Janeiro.

Finalizando sua apresentação com a poderosa “Estamos Ao Vivo”, Keops e Raony convidaram o público para ver um novo Medulla. E o novo, de fato, amedronta, desafia, e mostra que pode, sim, ser bom. Enquanto as canções de “Deus e o Átomo” ainda estavam sendo digeridas, a banda voltou ao palco, porque o público fez valer seu direito ao encore. Para a consagração da noite, o Medullla entregou um “Movimento Barraco” (Capital Erótico, 2010) quase que improvisado, surpreendendo uma vez mais ao contar com Dudu Valle na guitarra. Em meio a saltos e empurrões, gritos e melodias, o Imperator mostrou que o Rio de Janeiro é, sem sombra de dúvida, a casa do Medulla.

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Resenha

Resenha: Codinome Winchester e menores atos @Vizinha 123

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A residência da Agência Milk em parceria com a produtora Speed Rock na Vizinha 123 (Botafogo, Rio de Janeiro) começou da melhor maneira possível! Tivemos a oportunidade de curtir, em plena quarta-feira pré-olímpica (03/08/2016), o encontro entre os visitantes sul-mato-grossenses da Codinome Winchester e os anfitriões cariocas da menores atos.

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Para falar sobre a Codinome Winchester, primeiro precisamos imaginaro seguinte cenário: um Dave Grohl made in Brasil na bateria, um baixista que parece ter saído de uma banda de folk rock, uma dupla de guitarristas que produzem um som bem modernoso e um vocalista que é a mistura de Ney Matogrosso com Ozzy Osbourne com vários efeitos vocais. Agora imagine aquela galera que faz uma viagem par ao Rio de Janeiro pela primeira vez e a empolgação que os acomete ao avistar a praia, o Cristo e o Pão de Açúcar. Essa foi a vibe do show da Condinome Winchester. E que show! E que banda! O som impressionou muito os presentes, mesmo aqueles que já conheciam o material apresentado. O som dos caras ao vivo se compara a uma volta de montanha-russa de olhos vendados: você nunca sabe o que está por vir e sempre se surpreende positivamente quando vê o que é. Destaque para a performance do vocalista Fillipe Saldanha, um frontman como manda o figurino: voz ótima, afinação, e uma interação com o público que, como diz Mano Brown, é “talvez até confusa, mas real e intensa”. Fica a ótima primeira impressão que a banda deixou em terras fluminenses e a sensação de que, se a banda fosse de um grande centro, já teria uma repercussão muito maior.

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Após essa loucura sonora, foi a hora de chegar mais para frente do palco para soltar a voz ao som dos nossos favoritos da menores atos. E elogiar os caras aqui no Canal RIFF é chover no molhado: já fizemos session com a banda, resenhamos vários shows, escrevemos matérias e em breve publicaremos uma entrevista. Decidimos, então, por ver o show sob outra perspectiva, a dos fãs. E é incrível como as pessoas parecem se identificar com as letras. As letras são berradas por todos, não só pela beleza que elas tem, como também pela verdade que elas transmitem. Um grito intenso, de quem passou por tudo aquilo que Cyro e companhia vão narrando ao longo de todas as nove músicas que a banda toca quase sempre que se apresenta. Ah, só pra não deixar de elogiar: um showzaço, “curto porém braseiro”, como de costume. Os meninos estão a cada dia mais entrosados no palco e o som continua redondo e tocante. E é por isso que não enjoamos e vamos a todos: todo show da menores é como se fosse o primeiro. Já foi em algum? Não perca a chance. Faça esse bem para seu coração e sua alma.

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Agenda de Shows

Agora como headliner, menores atos retorna para maratona de shows em São Paulo

Você, caro leitor do Canal RIFF, muito provavelmente já se deparou por aqui com esse nome escrito em caixa baixa: menores atos – uma das bandas mais interessantes atualmente do underground.

Formada por Cyro Sampaio (voz e guitarra), Ricardo Mello (voz e bateria) e Celso Lehnemann (baixo), o trio é carioca. E, até por isso, volta e meia temos o prazer de encontrá-los por aqui (leia resenhas anteriores aqui). Mas, para você, de São Paulo e região, a hora de encontra-los é agora!

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Fotos: Pedro Arantes

Afinal, neste final de semana o menores atos faz uma mini turnê do álbum “animalia” (de 2014) pelo estado vizinho. O três shows serão na capital, no lendário Hangar 110, além de Santo André e Campinas.

O que pode se esperar é um show carregado de letras marcantes, com o público cantando todas as músicas – do início ao fim. Lógico que essa expectativa também é da própria banda, que sabe da crescente fanbase que tem em Sampa.

“Em São Paulo tem sido sempre ótima a troca. O público vem crescendo a cada vez que voltamos e a cantoria rola solta!”, disse Cyro, em entrevista ao RIFF.

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Fotos: Pedro Arantes

O primeiro compromisso é o retorno (agora como headliner) ao histórico Hangar 110, sexta-feira, dia 22. Conhecido como um dos palcos mais importantes para o cenário alternativo nacional, o Hangar recebe novamente o menores atos, com produção da Fusa Records em parceria com a Mundo Alternativo. No sábado, 23, o trio toca no Santo Rock Bar, em Santo André. O evento começa às 15 horas e também tem produção da Mundo Alternativo. Para fechar a visita, no domingo, 23, a banda viaja para Campinas, onde toca no Bar do Zé. A abertura fica por conta de outro trio, o ótimo e esquizofrênico Odradek, de Piracicaba, lançando novo álbum .

Assista ao clipe de Sereno, filmado em São Paulo, durante uma das passagens da banda pela cidade:

E, claro, ouça o álbum “animalia“:


S E R V I Ç O

22/7 – Hangar 110 – São Paulo  – 19hrs

R$ 15 (estudante antecipado – limitados) | R$ 20 (promocional antecipado) | R$ 30 (na porta)

Ponto de Venda: Loja 255: Galeria do Rock – R. 24 de Maio, 62 – Loja 255 – Fone: 3361-6951

Evento: https://goo.gl/Rzxohg
 23/7 (Sábado) – Santo Rock Bar – Santo André – 15 hrs

R$ 20 (antecipado) | R$ 25 (na porta)

Evento: https://goo.gl/1iRdOJ

24/7 – Bar do Zé – Campinas – 17hrs

R$ 10 (com nome na lista) | R$ 15 (sem nome na lista)

Evento: https://goo.gl/7eKVUj


Recentemente o RIFF gravou uma session com menores atos. Confira o resultado:

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Resenha

Resenha: menores atos, Incendiall, Estado Livre e Divine Glory @República Pub

Por Alan Bonner (texto e fotos) | @Bonnerzin 

Festas de aniversário costumam ter alguma bebida que é a sensação da festa – e que deixa todo mundo bem feliz. Na festa de aniversário do República Pub no sábado passado (9 de julho), o drink da noite era o puro suco do underground! Os ingredientes dessa explosão de sabores foram algumas colheres bem servidas de menores atos, flambadas pela Incendiall e temperadas por pitadas de Estado Livre e Divine Glory. Tudo isso servido num recipiente perfeito para essa combinação explosiva: um local com toda pinta de um “rock club” em uma cidade importante para o cenário independente, como é São Gonçalo/RJ.

A noite começou com os niteroienses da Divine Glory e seu post-hardcore que toca em temas espirituais com uma boa dose de peso. A banda, composta por Wallace Freitas (vocal e guitarra), Johan Muniz (bateria e vocal) e Lucas Lassance (baixo) tocou as músicas do recém-lançado EP “Nunca É Tarde” e fez uma abertura de noite de respeito.

Estado Livre @2016
Estado Livre @2016

Os gonçalenses da Estado Livre vieram a seguir com um hardcore repleto de críticas sociais e muita fúria. A banda voltou à ativa recentemente e soltou toda a energia acumulada no palco do República Pub em um show intenso, que fez a galera se animar bastante.

O show seguinte foi o mais aguardado de alguns meses para esse riffeiro que vos escreve. Era a segunda apresentação dos cariocas da Incendiall, que voltou aos palcos no mês passado e já promete álbum novo e shows com bandas de peso como Plastic Fire e Pense. O show contou com algumas músicas do “Sobre status, cartões e cheques” e do vindouro novo álbum, e deu pra sentir que os caras estão com sangue nos olhos para gravar e tocar. O hardcore agradece!

menores atos @2016
menores atos @2016

Por fim, tivemos os emocionários da menores atos, provocando uma verdadeira catarse no República. Um show “curto, porém intenso”, como a banda tem feito desde o lançamento do aclamado “Animalia” (2014) e que tem feito o público cantar cada vez mais alto nos shows. Tão alto que dava pra ouvir as vozes mesmo estando colado na caixa de som (o que não era difícil, pelo espaço pequeno). Essa energia do público foi o ingrediente que faltava para ferver o caldo e tornar a noite completa. Às bandas que resistem, fazem seu som a despeito das dificuldades, aos que promovem shows dessas bandas, às pessoas que apoiam o cenário independente… um brinde!

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Resenha

Resenha: Menores Atos, Literal, Cliva e Incendiall @Planet Music

Por Igor Gonçalves | @igoropalhaco | Fotos: Fernando Valle

Por motivos de não está fácil essa vida, só hoje lhes trago a resenha do show que aconteceu no último dia 18 de junho, na Planet Music em Cascadura. Contamos com apresentações das bandas Literal, Cliva, Incendiall e também, daquela que já podemos convidar para a macarronada de domingo de tão íntimos, Menores Atos.

Nesse clima montanhoso (pelo menos para nós cariocas) muita gente encontra dificuldades em encontrar formas de se aquecer e se divertir. Sábado eu escolhi ir me aquecer em Cascadura e acabei me surpreendendo com quão além de “apenas aquecimento” o evento foi. Por isso, um primeiro agradecimento ao Luciano Paz, um dos grandes embaixadores do underground nacional. Na histórica Planet Music, um clima imediato de acolhimento e união. Era como se todos, apesar das diferenças de estilos, estivessem ali com os mesmos objetivos e mesmas expectativas.

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Literal @2016

Abrindo o evento, Literal subiu ao palco. A banda mostrou um grunge enérgico e com muita vontade. O público gostou por ter a oportunidade de fazer rodas em algumas músicas e extravasar um pouco. Eu particularmente não consegui aproveitar muito o show. Possivelmente por ter ido ao evento com uma vibe diferente ou por simplesmente não ser muito o meu estilo. Apreciadores do grunge, ouçam a Literal e depois me xinguem pelo meu mau gosto.

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Cliva @2016

A Cliva assumiu os instrumentos e, na introdução da primeira música, já fez a galera que havia sentado para tomar mais uma cerveja levantar. Fiquei feliz em conhecer a banda. Me fez lembrar muito a época de ascensão do hardcore nacional, que nos trouxe bandas como Dead Fish e CPM 22. A distorção das guitarras e a presença de palco do vocalista da Cliva (PW) com certeza influenciou no aumento de temperatura da frienta Planet Music.

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Incendiall @2016

Graças à propaganda de amigos, eu estava com uma certa expectativa para o próximo show. A Incendiall, para quem não sabe, é ex-banda do Cyro (vocalista e guitarrista da Menores Atos). Eles pararam, pois tiveram que dar atenção a questões pessoais e, durante esse intervalo nasceu a Menores Atos. A Incendiall apresenta um hardcore de raiz. Aquele hardcore de várzea que te abraça e te dá vontade de esgoelar a letra e pular. Eu gostei demais do show e eles conquistaram minha atenção. Esse ano eles estão voltando aos palcos com pequenas mudanças na formação e, segundo o vocalista (Thiago), já tem música pronta e algumas outras para serem finalizadas e fecharem um novo álbum. Uma banda que com certeza merece a nossa atenção.

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Menores Atos @2016

Chega esperada hora da Menores Atos. O baterista oficial da banda (Ricardo Mello) estava presente, mas ainda em fase de recuperação. O substituto (Felipe Fiorini) segue comandando a cozinha da banda sem prejudicar o instrumental.

Cyro, acompanhado de sua fiel escudeira Cort, deu início ao show com o tranquilizante tapping inicial de Animalia. Meus amigos, que energia! Tive a sensação de que todos sabiam as letras e cantavam em um volume respeitoso à voz do Cyro afim de não ouvir apenas as próprias vozes.

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O show arrebatou os corações presentes. É incrível a capacidade deles de fazer como se as músicas tivessem sido feitas individualmente para cada um ali. Muitos choraram sem nenhuma vergonha de demonstrar emoções enquanto berravam ou cochichavam as letras. A primeira grande participação do público veio ao final de Transtorno com o público fazendo um coro de “PREPARAR, APONTAR! PUXANDO O GATILHO!”. Na saideira Sereno, uma parte dos vocais é feita pelo baterista que, como dito anteriormente, estava presente, mas não pôde tocar por estar se recuperando de problemas de saúde. Se aproximando da parte dele, eis que sobe no palco uma pessoa da plateia e tem o microfone cedido por Cyro para, junto com o restante do público, cantar energicamente a parte do Ricardo. Em meio à stage dives, o participante devolve o microfone ao pedestal e desce (também com stage dive) do palco. Se aproxima onde seria uma outra participação de Ricardo e sobe uma outra pessoa para puxar o coro novamente. Foi uma linda noite. Garanto que sentirei uma dor no peito caso eu perca futuras oportunidades de assistir Menores Atos novamente. Por isso, caro leitor do RIFF, vá o quanto antes assistir a esse trio. Você merece.


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