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A volta do The Voice Brasil, o programa que não revela ninguém

Por Alan Bonner I @bonnerzin

O fim da Copa do Mundo traz com ele alguns enfrentamentos desnecessários para alguns, fundamentais para outros mas inevitáveis para todos: as eleições presidenciais, o final do inverno e o começo do calor infernal que dura cerca de 9 meses em quase todo o país, a volta do enfadonho Campeonato Brasileiro, e por aí vai. Esse ano, teremos um agravante: a nova temporada do reality show musical “The Voice Brasil”, da Rede Globo.

A despeito do forte apelo e expectativa dos fãs, a sétima temporada do programa promete ser aquilo que foi durante todas as temporadas anteriores: um programa que, apesar de prometer revelar “a nova voz do Brasil”, não consegue chegar próximo disso em termos de alcance popular, inovação artística e relevância dos artistas vencedores do reality.

As razões para tal insucesso se resumem em uma só: o formato, que tem como intuito aumentar a audiência do horário e atrair mais patrocinadores e, assim, mais dinheiro. Como consequência, a atração não se renova, e temos que aguentar, ano após ano, as mesmas músicas, as mesmas reações de participantes, técnicos e público e as mesmas piadas do enfadonho Tiago Leifert. É como ver Chaves, com a diferença que as caras mudam a cada ano e que não é engraçado. Essa falta de renovação também é percebida no conteúdo apresentado, já que o programa é, no fringir dos ovos, nada mais do que um grande karaokê de hits radiofônicos nacionais e internacionais em vozes desconhecidas.

O rumo que a carreira dos vencedores da atração tomou é um retrato perfeito da falta de relevância do The Voice Brasil. Vamos fazer um teste: irei dizer o nome dos campeões das seis edições do programa realizadas até agora e você tem que dizer se lembra deles, com direito a fotinha. Se lembrar, tem que citar uma música que você conhece desses artistas. Vamos lá?

1a temporada – Ellen Oléria

2a temporada – Sam Alves

3a temporada – Danilo Reis & Rafael

4a temporada – Renato Vianna

5a temporada – Mylena Jardim

6a temporada – Samantha Ayara

Lembrou de alguém? Confesso que os nomes de Samantha Ayara e Sam Alves ainda estão frescos na minha cabeça, mais porque a primeira foi a campeã da última edição e o segundo fazia covers interessantes de Bruno Mars do que qualquer coisa que realmente valha a pena lembrar.

Os números desses artistas nas plataformas de streaming (que é o que vale hoje em dia, que quase ninguém mais compra discos) é outro indicador do fracasso completo do programa em seu suposto propósito. Sam Alves, por exemplo, acumula pouco mais de 20 mil ouvintes mensais em seu perfil do Spotify, três vezes menos do que a banda goiana Carne Doce, sem gravadora ou TV, já alcançou. No YouTube, Sam tem marcas mais robustas, com 111 mil inscritos em seu canal (já ganhou até plaquinha do YouTube!), com seu vídeo mais acessado batendo a marca de 2 milhões de visualizações. Ganha um doce quem acertar qual vídeo é esse. Óbvio, um cover de Bruno Mars.

O caso de Danilo Reis e Rafael beira a melancolia. Na era do sertanejo universitário, a dupla tem menos de 5 mil ouvintes mensais em seu Spotify, marca já batida por Brvnks, outro projeto de Goiânia que tem apenas um EP com quatro músicas lançadas, também sem tv e sem gravadora. As músicas mais ouvidas da dupla plataforma são, advinha? De outras duplas! Os clássicos “Sinônimos”, “Domingo de manhã” e “Romaria”, todos eles em “versão The Voice Brasil”, atingem, somados, 380 mil plays, menos do que “Você não sabe quantas horas eu passei olhando pra você”, do duo carioca gorduratrans, sozinha. Outra que atinge números expressivos via do it yourself.

Esse apego (ou necessidade?) em (re)cantar o que já existe é o que mergulha esses artistas num mar de mesmismo e que fazem o The Voice ser, ironicamente, um trampolim para o ostracismo. A impressão é a de que os artistas revelados nada mais são do que… só uma voz. O que é bem limitado artisticamente e pouco perto do que um programa no canal mais conhecido do maior grupo de comunicação da América do Sul pode oferecer e já ofereceu. Vide o Superstar, que revelou aquela que sem discussão pode ser considerada a banda de rock autoral brasileira mais popular da década e que tocou no Palco Mundo do último Rock in Rio sendo apenas a vice-campeã da sua primeira temporada, enquanto os campeões, que tocavam músicas dos outros… quase ninguém se lembra e, se lembra, não sabe por onde anda ou o que tem feito. A casa tem, dentro dela, um modelo de algo que pode ser relevante de fato para a cultura e que pode ser atrativo financeiramente. Basta colocar seu próprio plano (que já deu certo e que foi abandonado) em prática novamente.

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Lançamentos

[Lançamento] Felipe Vaz traz a melancolia de seu novo single “À Mercê”

Por Alan Bonner

Após seu EP de estreia Registro do Ócio e do single Dança, o cantautor Felipe Vaz, de apenas 19 anos, traz o segundo e último trabalho antes do lançamento de seu primeiro álbum. Trata-se de À Mercê, música de autoria do próprio Felipe com produção de Julio Victor, do nosso canal vizinho Tá Na Capa e da one man band Sasha Gray as Wife. O lançamento é pela Valente Records, selo que tem se destacado na produção de artistas independentes e eventos culturais na baixada fluminense.

No single, Felipe demonstra algumas das faces do seu caminho trilhado até aqui na música. O dedilhado de seu violão, junto de sua voz suave, trazem um pop/indie folk cantado em português de muito bom gosto e raro de se ver por aqui. As camadas do arranjo vão sendo adicionadas aos poucos, e a música vai crescendo de uma maneira intensa e envolvente com o uso de guitarra, bateria e até mesmo um violino. Vaz traz na letra, de forma sensível, o libertar de um amor oportunista e o conflito que as boas lembranças da relação trazem ao eu-lírico.

À Mercê está disponível nos perfis digitais de Felipe Vaz:

– COMPRE
Google Play: https://t.co/Vr4izu39s6

– OUÇA
Spotify: https://t.co/B7q5ss0WGv
Deezer: https://t.co/VHIVKxWTmu
Bandcamp: https://t.co/RjZLQxDl5U
YouTube: https://t.co/KhbEKbJqvR
Soundcloud: https://t.co/fPikbpgc5h

– BAIXE
MediaFire: https://t.co/faT372LRk4

Ouça também pelo Bandcamp da Valente Records:

https://valenterecords.bandcamp.com/album/merc

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Dia 15 do Rock in Rio além de Lady Gaga

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Manual de Sobrevivência Rock in Rio 2017!!

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Coluna

Coluna O Cair da Agulha: Lutre – Apego (2017)

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

O ventre deu fruto. Robusto, sujo e barulhento, “Apego” é o primeiro álbum da Lutre, banda de Goiânia fundada em 2015. As nove faixas são composições de Marcello Victor (guitarra e vocal), Jefferson Radi (bateria) e Chrisley Hernan (baixo), co-produzidas pelos três juntamente com Gabriel Ventura, Larissa Conforto e Hugo Noguchi, membros da carioca Ventre. E com padrinhos e madrinha como estes, o resultado não podia ser diferente: um ótimo disco, de uma banda que ainda não tem o mesmo apelo de público das que surgiram no underground nos últimos 2-3 anos, mas que certamente conquistará muitos ouvidos com esse álbum.

A primeira impressão que se tem ao ouvir “Apego” é que, mais do que na produção, o trio do Rio de Janeiro influenciou bastante a sonoridade da banda goianiense, especialmente nos arranjos. A guitarra lembra bastante a de Ventura, tanto nos acordes quando nos efeitos utilizados. Mas as interseções param por aí, e o grupo exibe, com o passar das faixas, a sua cara: um hard rock “abrasileirado”, meio alternativo, meio experimental, com influências que vão de Caetano a Radiohead, indo lá fora buscar um pouco de BadBadNotGood e voltando para beber em fontes como Xóõ e Lupe de Lupe. O spoken word de “Salvador” certamente tem a aprovação de Vitor Brauer.

O que mais marca o disco é o fato de que todas essas influências resultam em músicas totalmente distintas uma das outras, o que gera um álbum plural, algo muito positivo e relevante para uma banda tão nova. Sinal de que estamos presenciando só uma ponta desse iceberg de criatividade e que existe a capacidade de se explorar muitas outras sonoridades nas músicas que virão depois destas. O não repetimento de fórmulas se estende às letras, que abordam temáticas que vão desde inquietações agoniantes sobre o que está em volta em “Mudo” até a nostalgia de um amor passado em “Graça e Poesia”. Em suma, são expressões das angústias e prazeres de três jovens nascidos numa cidade quente, em todos os sentidos possíveis que quem vive, já presenciou ou sabe histórias das consequências do encontro do rural com o urbano que é Goiânia Rock City.

A Lutre dá um grande passo para conquistar mais ouvintes e palcos com “Apego”. Um álbum de sonoridades ambiciosas, que traz algo novo prestando reverência a quem o formou e que também aponta direções. E acima de tudo um trabalho maduro, que escancara a qualidade dos envolvidos em sua construção. Trabalho para ser ouvido várias vezes para que todas suas várias nuances sejam devidamente absorvidas e degustadas. Enfim, um discaço, daqueles feitos para jogar na cara do/da amigo/a que diz que “não tem mais música boa no Brasil”.


Ouça “Apego”:

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Resenha

Resenha: BadBadNotGood + Gabriel Royal @Varanda Vivo Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

Você que começou a ler esta resenha agora provavelmente se recorda de La La Land, filme de 2016 dirigido por Damien Chazelle e que chegou a ganhar o Oscar de melhor filme por um minuto ou dois. No filme, o personagem Seb, interpretado por Ryan Gosling, tem um sonho: salvar o jazz. Ele defende um argumento no filme de que as pessoas não vão mais ouvir jazz pelo jazz, e sim por tudo que está no seu entrono. As festas, as pessoas, a bebida, as drogas… O jazz é só uma trilha sonora para tudo isto, quando ele deveria ser a razão de um evento acontecer, o motivo que fez as pessoas quererem sair de casa. E que também ele está sendo “apropriado” pelo mercado da música e se tornando mais pop, fugindo totalmente de sua essência.

Mas o que La La Land e a história de Seb tem a ver com os shows de BadBadNotGood e Gabriel Royal, que rolaram no último sábado (06/05/2017) na Varanda do Vivo Rio, em mais uma iniciativa da Queremos? Muita coisa. A começar pelo público, que não parecia nem um pouco interessado no que estava no entorno e vidrou os olhos em ambas as apresentações. Até Gabriel Royal, pouco conhecido no Brasil e que fez uma apresentação solo e muito intimista ganhou atenção de grande parte da plateia. Carismático até a última nota e a última gota de bebida em seu copo, Royal fez um set curto, porém bastante sólido, para uma plateia que incluía ilustres como MC Marechal (pode perguntar pro Aori, que inclusive esteve presente e foi repórter do Queremos na ocasião). Um excelente cartão de visitas do cara que estreava em terras brasileiras naquela noite.

Gabriel Royal @2017

Depois, a catarse. Quem olha para Leland Whitty (saxofone e flauta transversal) Alex Sowinski (bateria), Matt Tavares (teclado) e Chester Hansen (baixo) sem saber do que os quatro são capazes com seus instrumentos e em conjunto, provavelmente vão acha-los antiquados, incapazes de entreter a pessoa de riso mais frouxo de um lugar. Talvez Alex consiga, pela exuberância de seu moicano platinado e o sorriso cativante. É justamente ele que assume as conversas com a plateia logo no início do show, chamando o público para fazer parte da apresentação com eles. Como se precisasse. Já nas primeiras notas, o BBNG ganhou o jogo, o público e a bela noite que fazia no Rio de Janeiro. Alex não se dava por satisfeito, e sempre pedia aplausos para seus companheiros de banda a cada passagem mais elaborada que cada um deles fazia. E era impressionante como, com o passar das músicas, o público, por conta própria, ia na palma, no pulo, no gritinho, acompanhando o ritmo da música. Sério, há tempos eu não via um público indo “na palminha” com tanta vontade e sem ninguém pedir. Quem chamava eram as próprias músicas, com partes que eram impossíveis de ficar parado ou de não bater palma. Mérito dos quatro músicos, de técnica e criatividade ABSURDAS. Há muito tempo eu não saía de um show tão satisfeito com o que foi apresentado artisticamente. Showzaço, empolgante e emocionante, pra entrar naquelas listas de melhores do ano em dezembro (alô Prêmio RIFF!).

O jazz, talvez, já está salvo. Mas não no lugar e da forma que costumamos o encontrar, nos bares com a ambiência do estilo e os rostos consagrados. E sim nas estações de metrô de Nova Iorque, com um jovem negro e seu cello. Ou com quatro rapazes brancos do sul do Canadá e a paixão deles pela cultura hip hop. Seb, com certeza, iria se emocionar se estivesse naquela noite, com aqueles artistas e aquele público. E poderia ficar tranquilo com seu legado, mesmo com um Oscar escapando das mãos.

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