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Resenha

Bananada 20: a receita mudou, mas a mistura deu tão certo quanto nas outras 19 edições

Por Felipe Ernani (texto) e Gabriel Arruda (fotos)

Quem já foi ao Bananada sabe que é uma experiência única. O festival goiano não tem a grandiosidade de um Lollapalooza ou Rock in Rio, e errou em 2017 quando apostou em uma edição maior: o público saiu feliz, mas os organizadores nem tanto. O grande desafio para 2018, então, era tornar o festival novamente viável sem prejudicar a experiência do público. Desafio aceito e cumprido, ainda que com ressalvas.

Fabrício Nobre, idealizador e organizador do festival, deu um passo arriscado quando alterou o local de realização. Saindo do amplo Centro Cultural Oscar Niemeyer, o Bananada 20 foi realizado no estacionamento do shopping Passeio das Águas. Mas essa não foi a única mudança: nova estrutura para os palcos, sistema cashless para compra de bebidas e comidas e um lineup que tentou misturar não apenas ritmos como também os artistas já estabelecidos com aqueles que reforçam a espetacular cena independente do país.

Fui enviado pelo Canal RIFF para cobrir o “evento principal”, o final de semana dos dias 11, 12 e 13 de maio. Vale lembrar que o festival começou na segunda (dia 07 de maio) e, durante a semana, foram várias apresentações pela cidade de Goiânia e quem cobriu para o RIFF foram alguns dos artistas participantes!

Falando do final de semana: no primeiro dia, como era de se esperar quando se realizam tantas mudanças de uma vez só, muita coisa deu errado. Especialmente as filas, enormes. Mas a organização mostrou sua competência em resolver problemas e, nos outros dois dias, tudo correu perfeitamente. Ainda que as opções de alimentação tenham deixado a desejar (especialmente para quem foi nos últimos anos, com muita variedade sempre), o grande destaque foi o chope Colombina: produzido localmente, delicioso e vendido a um preço justo (3 por 20 reais). Além disso, repetindo o sucesso de 2017, o festival ofereceu água à vontade durante os 3 dias, tornando a experiência muito mais agradável (e saudável).

A estrutura para os palcos principais era excelente  —  quiçá até melhor que nos anos anteriores. Porém, nos palcos menores, atrações que exigiam um pouco mais de clareza  —  como Fresno e Holger  —  acabaram ficando bastante prejudicadas; em contrapartida, as bandas mais barulhentas  —  casos de Hellbenders e gorduratrans, por exemplo  —  usaram a acústica a seu favor.

Hellbenders - por Gabriel Arruda
Hellbenders – por Gabriel Arruda

Das apresentações, a preferida do público pareceu ser a do ÀTØØXXÁ, com um segundo lugar bem próximo para o BaianaSystem. O fato é que ambos os grupos baianos simplesmente não aceitaram que alguém ficasse parado durante seus shows  —  e o público, sem hesitar, obedecia. Além desses, destacamos também a linda homenagem Refavela 40 de Gilberto Gil  —  que só não foi mais apreciada pois o público aguardava impaciente a aparição do homenageado (Gilberto só entrou no palco para o terço final do show)  —  e a sempre incrível e emocionante performance de Francisco, el Hombre.

Em uma missão quase sobre-humana de tentar estar em vários lugares ao mesmo tempo para assistir todos os shows sensacionais que o festival propôs  —  especialmente considerando que os palcos menores e maiores tinham atrasos diferentes  —  tentei capturar a maior parte dessa experiência nos stories que estão na parte de destaques do instagram do Canal RIFF.

Falando agora da experiência pessoal e parcial, os shows que destaco nos palcos maiores (além dos supracitados) foram o da chilena Javiera Mena (uma grata surpresa), o da sempre performática banda goiana Carne Doce e o do Heavy Baile, que mesmo se apresentando às 3 da manhã fez o público gastar o que restava de energia. Por outro lado, apesar dos repertórios sensacionais, Rincon Sapiência e Pabllo Vittar acabaram deixando um pouco a desejar  —  no caso do rapper, talvez seja uma decepção pessoal por ter visto o show com banda completa no Lollapalooza, que me pareceu muito mais impactante; o caso de Pabllo é um pouco mais complexo. A performance foi incrível; no entanto, o público parecia assistir o show apenas aguardando o próximo hit  —  talvez seria o caso de um show um pouco menor.

Francisco, el Hombre - por Gabriel Arruda
Francisco, el Hombre – por Gabriel Arruda

Quanto aos palcos menores, sem dúvidas o show do menores atos foi o grande destaque pessoal. Porém, as performances do Molho Negro e d’As Bahias e a Cozinha Mineira (que teve até Pabllo Vittar no palco) foram sensacionais. Não podemos deixar passar em branco também os outros artistas excelentes que passaram por esses palcos: BRVNKSErmoGiovani CidreiraEma StonedLutreBlastfemmeViolins, e tantas outras que mostram a força da cena independente nacional e que renovam as esperanças no futuro da música brasileira.

A “nova” receita do Bananada deu bastante certo. Não dá pra saber ao certo quais serão os próximos passos do festival  —  só sabemos que o Bananada 2019 acontecerá e já tem data (29/04/2018 a 05/04/2019)  —  mas o fato é que a vigésima edição do festival mostrou o que ele tem de melhor: uma mistura de estilos, de bandas grandes e pequenas, de gente de todos os cantos do país, unidos pela música e pela experiência incrível do festival goiano.

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Notícias

Festival Dosol 2017: Mais de 35 artistas e muita diversidade musical

Por Felipe Sousa | Felipdsousa

Já falamos aqui que os festivais nacionais vêm ganhando força e mostrando que o país pode sim produzir grandes eventos.

Mais um, que já é tradicional na cena, o Festival Dosol chega com mais de 35 atrações para a edição de 2017. O evento acontecerá nos dias 11 e 12 de novembro em Natal, Rio Grande do Norte, e também contará com sideshows do dia 13 ao 19.

O festival traz uma diversidade musical enorme, e muito rica, contando com artistas de várias partes do país.  Dentre os nomes já confirmados, estão a Menores Atos (RJ), Gorduratrans (RJ) – que recentemente lançou seu segundo, e excelente álbum “Paroxismos” -, Liniker e os Caramelows (SP), Projeto Rivera (CE), BRVNKS (GO), e mais.

Mais nomes e informações sairão em breve, mas você já pode garantir seu ingresso, e acompanhar tudo na página oficial da produtora Dosol no facebook.

E lembrando que todos os eventos que mencionamos aqui estão listados na nossa agenda de shows. Fica ligado que estamos sempre atualizando e te deixando por dentro do que tá rolando.

 

 

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Lista: 32 Álbuns de Junho pra ouvir agora!

  Por Felipe Sousa | @Felipdsousa

Entre materiais nacionais e internacionais, listamos os principais discos lançados em junho. Em duas coisas temos que concordar riffeiros, uma é que 2017 está voando, já chegamos ao fim do primeiro semestre, e a segunda é que esse tem sido um ano de muitos e – grandes -lançamentos no mundo da música.

O mês de junho nos surpreendeu com rock, pop, hip-hop; com bandas retornando, outras estreando…  Definitivamente foi um mês lindo pra quem gosta de música.

Vamos conferir a lista de novidades, e ao final, conta pra gente de qual você curtiu mais, e qual você não aguenta mais esperar que saia. Divirta-se.

  1. Braza – Tijolo por Tijolo

Para se estabelecer de vez, a banda Braza lançou seu segundo disco. “Tijolo por Tijolo” é uma mistura incrível de rock, reggae, rap e letras com grande apelo social. O Riff  já falou desse belo trabalho do grupo carioca, e você pode conferir tudo na nossa Resenha e ouvi-lo logo abaixo.

  1. Halsey – Hopeless Fountain Kingdom

A estadunidense Ashley Nicolette Frangipane, mais conhecida como Halsey, divulgou seu segundo álbum de estúdio, intitulado “Hopeless Foutain Kingdom”.  Com boa repercussão, o pop do seu novo trabalho estreou no topo da Billboard.

  1. Beach Fossils – Somersault

“Somersault” é o quarto álbum da banda e é sem dúvida o melhor já produzido. Trazendo consigo a marca registrada da Beach Fossils em sua sonoridade – um jungle pop com indie rock, numa releitura do som dos anos 60.  Bom disco.

  1. Alt-J – Relaxer

Depois de três anos sem material inédito, o Alt-J veio diferente com o seu “Relaxer”. Vozes em loop, momentos de psicodelia e arranjos um tanto minimalistas compõem o álbum. Ouça:

  1. Rancid – Trouble Maker

Aquele punk rock que nós adoramos. O Rancid disponibilizou no último dia 09 o seu excelente nono disco de estúdio, intitulado “Trouble Maker”. Ouça abaixo.

  1. Rise Against – Wolves

Lançado no dia 09, “Wolves” é o mais novo trabalho da banda, que conta com a produção de Nick Raskulinecz, conhecido por já ter trabalhado com a Stone Sour. O punk rock do Rise passou pelas terras brasileiras esse ano, quando tocaram no Maximus Festival, e o Riff esteve lá. Você pode conferir tudo o que rolou na nossa Cobertura do Evento.

  1. Katy Perry – Witness

Com 15 faixas, e participações de Migos e Nicki Minaj, Kate lançou, sem muito brilho, “Whitness”, seu quinto álbum.

  1. Chuck Berry – CHUCK

Uma pena termos de nos despedir de músicos brilhantes como Chuck. Um gênio nas guitarras e com inúmeros hits, como “Johnny B. Goode” e “Roll Over Beethoven”, Chuck nos deixou em 18 de março de 2017.

Mas com certeza seu nome vai ser lembrado pra sempre como um astro, e seu álbum póstumo vai nos ajudar com isso. Ouça “Chuck” e mantenha viva a memória do músico.

  1. Phoenix – Ti Amo

“Ti Amo” é com certeza um dos discos mais legais lançados esse ano. Depois de quatro anos sem material inédito, o Phoenix está de volta em clima de romance, paixão e muito dança. Ouça e nos conte o que achou.

  1. Cigarettes After Sex – Cigarettes After Sex

O Cigarrettes é uma banda com grande potencial dentro do indie pop. E por isso seu mais novo trabalho, homônimo, foi tão esperado por todos.

O som é ambientado em melancolias, sexo, reflexões, mas num todo, mesmo que não seja ruim, decepciona um pouco com sua monotonia. Ouviu? O que achou?

  1. Young Thug – Beautiful Thugger Girls

Além de seu tradicional hip-hop e trap, Young Thug apresentou em sem primeiro álbum de estúdio, “Beautiful Thugger Girls”, influência do R&B. São 14 faixas de um excelente disco.

  1. Lorde – Melodrama

A jovem Lorde lançou em junho o que pode ser o favorito a levar o prêmio de álbum pop do ano.

“Melodrama” é o segundo disco da cantora e é excelente. Vale a pena ouvir.

  1. Mallu Magalhães – Vem

Primeiro trabalho inédito em seis anos, “Vem”, é um compilado de influências da música brasileira. Samba, MPB, jovem guarda, ambientam o novo álbum da paulista Mallu Magalhães.

  1. Bratislava – Fogo

Com participação de Gustavo Bertoni – Scalene -, a Bratislava lançou “Fogo”, um dos bons discos nacionais lançados até aqui.

  1. Esteban Tavares – Eu, Tu e o Mundo

Tavares vinha soltando uma faixa por semana até o dia 09, quando finalmente disponibilizou seu terceiro disco na íntegra. “Eu, Tu e o Mundo” chega pela gravadora Sony Music, e está disponível em todas as plataformas digitais.

  1. Royal Blood – How Did We Get So Dark?

‎Mike Kerr e Ben Thatcher formaram em 2013 o Royal Blood arrebentando logo de cara com seu disco de estreia – Homônimo – (2014). Agora em 2017, o duo soltou o “How Did We Get So Dark?”, com dez faixas com a sonoridade característica do Royal e que o faz ser os dos ótimos nomes da nova geração do rock. Ouça.

  1. Fleet Foxxe – Crack-Up

Mais complexo, mais maduro e muito bem produzido. Esse é o novo disco do Fleet Foxes – Crack-Up. Após seis anos de hiato, o grupo volta com um excelente registro.

  1. Portugal. The Man – Woodstock

Cinco anos desde “Evil Friends”, Portugal. The Man está de volta com “Woodstock”, seu oitavo disco. Ouça abaixo.

  1. Dead Fish – XXV Ao Vivo em SP

No dia 09 o Dead Fish liberou o áudio do seu novo DVD “XXV Ao Vivo em SP”. São 34 faixas com vários sucessos da carreia da banda, e participações especiais de Braza e CPM 22.

  1. DJ Khaled – Grateful

Com Rihanna, Alicia Keys, Beyoncé, Travis Scott e outros, DJ Khaled liberou no dia 23 seu mais novo disco, intitulado “Grateful”.

  1. Radiohead – OK Computer: OKNOTOK 1997-2017

No dia 23 o Radiohead lançou uma edição comemorativa de 20 anos de um de seus mais belos álbuns. O disco intitulado “OK Computer: OKNOTOK 1997-2017” tem todas às vinte faixas presentes na primeira versão, agora remasterizadas. Ouça.

  1. Imagine Dragons – Evolve

Contagiante como sempre, mas ainda necessitando de evolução – parecem perceber e tentar isso – o Imagine Dragons chega com o seu mais novo álbum – Evolve. Se esse não é uma obra prima, ao menos ficamos na expectativa de que se arrisquem mais no próximo disco.

  1. Beach House – B-Sides and Rarities

“B-Sides and Rarities” é um coletânea com sobras do Beach House. São quatorze faixas, muitas já conhecidas pelo público como “Saturn Song” e a versão de “Play The Game”, do Queen.

  1. Ana Gabriela – EP Do Quarto pro Mundo

Com quatro faixas e produção de Tó Brandileone, do 5 a Seco, o primeiro trabalho da paulista Ana Gabriela está disponível em todas as plataformas digitais depois de ter feito grande sucesso em seu canal no youtube.

  1. Curumin – Boca

“Boca”, conta com treze faixas e com uma incrível pluralidade de assuntos. O Quarto álbum da carreira solo de Luciano Nakata, o Curumin, traz em suas composições reflexões sobre diversos aspectos da sociedade e nossas interações pessoais.

  1. Jay-Z – 4:44

Com surpresa e polêmica, Jay-Z liberou no dia 30 com exclusividade no serviço de streaming Tidal – do qual é dono – o disco “4:44”. No registro o rapper conta com as colaborações de Frank Ocean, Damian Marley e Gloria Carter, mãe do cantor. Acesse o link abaixo caso queira se inscrever no serviço e ouvir novo som do rapper.

http://tidal.com/us

  1. Stone Sour – Hydrograd

Quinze faixas compõem o”Hydrograd”, sexto álbum da banda Stone Suor,  liderada por Corey Taylor.

Depois de quatro anos sem material novo, mas que vem em constate evolução, a Stone Suor mostra um trabalho mais maduro e bem produzido. Ouça.

  1. Belga – Âmbar

 “Âmbar” é o segundo EP da carreira da banda Belga. Depois de se passarem pouco mais de um mês de seu primeiro EP homônimo, Âmbar é mais um registro de ótima qualidade de um rock alternativo muito bem produzido. Ouça:

  1. Boogarins – Lá Vem a Morte

Psicodélico e agora mais do que nunca experimental, o Boogarins lançou “Lá vem a Morte”, o seu excelente segundo disco de estúdio. Ouça abaixo.

  1. Gorduratrans – Paroxismos

Barulhento e com uma qualidade ímpar. Esse é o segundo disco da carreira dos cariocas da Gorduratrans – Paroxismos. Ouça e prestigie o excelente registro dos caras.

  1. All Time Low – Last Young Renegade

Dois anos após “Future Hearts”, All Time Low disponibiliza novo material inédito. “Last Young Renegade” traz dez faixas e você pode conferir na íntegra no link abaixo.

  1. Big Boi – Boomiverse

O rapper Big Boi, do Outkast, acaba de lançar seu terceiro álbum solo — Boomiverse. São doze faixas no disco, que conta com participações de artistas como, Adam Levine do Maroon 5e Snoop Dogg.

 

 

 

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Artigo

A febre de acelerar músicas no YouTube fez mais uma vítima

Por Guilherme Schneider | @Jedyte 

Desde pequeno sempre gostei de jogar videogame. Na década de 90, além do vício de jogar, também colecionava revistas de games – aquelas com toneladas de dicas. Achava fantástico que os jogos tivessem tantos segredos escondidos por trás de uma combinação de botões.

Uma única vez descobri sozinho um macete, e, por isso, me senti um gênio. Era uma combinação do encaixe de qualquer cartucho de Mega Drive sobre o cartucho de Sonic  & Knuckles (que permitia encaixes). Depois disso bastava apertar A + B + C ao mesmo tempo e voilà: fases de bônus infinitas.

Foi mais ou menos assim que me senti hoje ouvindo algumas músicas nacionais em versões naturalmente aceleradas pelo YouTube.

Para quem não sabe, qualquer vídeo do YouTube pode ter sua velocidade alterada pelo usuário. Basta clicar no ícone da engrenagem no canto inferior direito e selecionar “detalhes” (a velocidade varia de 0.25 – ultra lento – até o frenético 2, que eu sugiro para os vídeos abaixo).

Não, não dá “certo” com qualquer combinação. Mas, às vezes, vale arriscar o remix instantâneo – que espero que não soe como uma heresia para as bandas. Definitivamente rolou uma pegada que lembra aquela primeira onda de indie rock – cheio de guitarradas velozes.

https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fdiegosoares.arcanjo%2Fposts%2F1298497486895456&width=500

A sugestão veio na verdade de um post do Diego da El Toro Fuerte, que recomendou a bela ‘Se a gente tivesse se conhecido’. Até agora não parei de acelerar… Amei as versões rápidas de ‘você não sabe quantas horas eu passei olhando pra você‘ do gorduratrans; ‘Doce’ do Boogarins, ‘Solidão’ da Sara Não Tem Nome; e até a recém-lançada ‘Fantasmas’ do Jonathan Tadeu.

Experimente por sua conta e risco essa correria frenética com o cardápio abaixo (e diga nos comentários o que achou). Ah, e se curtiu a vibe Sonic, sugira também alguma outra música brazuca que se encaixa bem assim.



Ah, em tempo: o tal macete do Sonic (que me fez sentir um gênio aos 12 anos) servia para pouca coisa. Mas era o suficiente pra me divertir por algumas horas.

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Resenha

Resenha: gorduratrans e Violins @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Flávio Charchar

O segundo e último dia de Festival Transborda em terras cariocas foi um dia de contemplação e veneração. Um Teatro Oi Futuro Ipanema lotado recebeu os prodígios do gorduratrans e os deuses da Violins, numa noite mágica e inesquecível para público, bandas, produtores e para nós do Canal RIFF.

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Violins @2016

O primeiro show da noite ficou por conta de uma das bandas favoritas aqui do Canal RIFF. O gorduratrans não cansa de nos encantar com a complexa simplicidade de seu som. E tudo ficou muito mais bonito ainda no palco do Oi Futuro, que, graças a um trabalho de iluminação e sonorização perfeitos por parte da produção do festival, conseguiu ambientar perfeitamente o show da banda. Foi incrível como as cores refletiam bem o sentimento que cada música passava. E como o “repertório infindável de dolorosas piadas” tem sua ordem alterada para, talvez despretensiosamente, contar uma história sobre se decepcionar, esquecer o que aconteceu e ficar pronto para se decepcionar de novo (e conseguir). E como a plateia gritou as músicas e durante os intervalos entre elas! Incrível também é como Felipe Aguiar (voz/guitarra) e Luiz Felipe Marinho (bateria) estão cada vez mais maduros musicalmente e prontos para palcos maiores, plateias ainda mais barulhentas e sons ainda mais ousados, a julgar pela música “nova” apresentada. É esperar para se deliciar com mais um repertório de muita gordura sonora, cheio de ruídos e aquela bateria que mais parece um coração desesperado batendo que só esses meninos conseguem fazer.

O que aconteceu a seguir provavelmente não se deu nesse plano em que eu escrevi essa resenha e você está lendo agora. Feito quatro divindades, Beto Cupertino e companhia subiram ao palco e começaram o show da Violins. E, feito quatro magos, provocaram um transe sonoro que enlouqueceu o já abarrotado teatro. Era o fim da espera de dez anos e a primeira vez da banda no Rio de Janeiro! Obviamente, banda e plateia fizeram valer toda essa espera e botaram a casa abaixo. A Violins com seu desfile de clássicos, e o público respondendo a cada nota, cada frase, cada refrão. E durante os intervalos das músicas, não faltaram cobranças pela demora da banda e convites para ficar mais no Rio e até para idas a praia em locais não tão bonitos como a cidade do Rio. O melhor de tudo foi ver a felicidade que a banda deixou o palco após o bis, com “Grupo de Extermínio de Aberrações”, que, tal como todo o set, é muito atual e brilhante. A espera, de fato, valeu a pena. E já estamos na expectativa que a banda volte e que o Coletivo Pegada realize mais e mais edições dessa coisa linda que é o Festival Transborda.

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Música do Dia

Música do Dia #24: gorduratrans – vcnvqnd

Banda: gorduratrans (Rio de Janeiro/BR)
Música: vcnvqnd (2015)


Periodicamente a página do Canal RIFF apresentará uma banda diferente! Seja nova ou rodada, brasileira ou gringa.

Quer ver o seu som aqui? Indique nas nossas redes sociais!

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Resenha

Resenha: Def, Enema Noise e gorduratrans @AudioRebel

Por Guilherme Schneider | @Jedyte | Fotos Jefferson Cardoso

Sempre fico imaginando como a aclamada “cena de Seattle” do final da década de 80 cozinhou a revolução grunge – embaladinha no início dos 90. Quantas e quantas bandas não foram moldadas em clubes/garagens acanhados, refletindo a voz angustiada de uma geração. Caro leitor do RIFF, a reflexão pode parecer puramente avulsa para uma resenha, admito, mas confesso também que quando me deparo com tantas bandas promissoras penso em onde isso pode dar. A energia das mensagens de Def, Enema Noise e gorduratrans merece muita atenção. E isso foi o que pude presenciar no último domingo (19/6) na Audio Rebel, em Botafogo.

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Bichanos e o gigante Neon (cão-mascote da Rebel), de 12 anos, convivem em plena harmonia

Para quem ainda não conhece (!!), a Rebel é talvez um dos principais laboratório do underground carioca. Tudo pertinho do palco… um convite para uma boa troca de energia (e de palavras) entre banda e público. O evento foi organizado pela galera do selo Bichano Records, que desde 2014 traz gente muito boa pra tocar ali – e que em breve deve fechar data mensal na casa.

O primeiro show da noite foi do quarteto Def, que estreava na Audio Rebel justamente na véspera do lançamento do primeiro EP,  “Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia (Parte 1)”, que saiu na segunda-feira. Até pelo show ter sido antes da divulgação das músicas, pouco conhecia do som deles. Mas, o que dizer senão… amor a primeira vista?

Def @2016
Def @2016

O shoegaze é literal, por parte da vocalista/guitarrista Deb F, que encara seu All Star em boa parte do show. Absolutamente apaixonante. Deb, integrava o Colombia Coffee junto com o batera-fera Dennis Santos – que divide os vocais com louvor em algumas músicas. A banda conta ainda com os talentos de Nathanne Rodrigues (baixo) e  do mais novo integrante, Matheus Tiengo (guitarra). O show foi curtinho. Teve cover de Superguidis, teve o novo EP, e teve gosto de quero mais. Destaque para as melodias melancólicas de Dissolvendo, Sobremesa e Nada.

Intervalo, uma cerveja a mais, e hora de Enema Noise, que veio de Brasília para uma turnê de três datas no Rio – também tocaram na Ilha do Governador e em Nova Iguaçu, apresentando o EP homônimo, lançado em janeiro. O post-hardcore brasiliense voltou ao Rio após dois anos de hiatus. Dessa vez com parte do público cantando algumas canções, e de resto uma contemplativa viagem sonora.

O som dos caras é repleto de energia e distorções. Novamente se viu o baterista (Daniel Freire) assumindo uma alternância com o vocalista/guitarrista (Rafael Lamim), como em um conflito de personalidades de um único eu-lírico das letras – ou será que embarquei demais na viagem? João Victor (baixo) e Murilo Barros (guitarra) completam o quarteto. Vale a pena conferir as porradas Azarnoazar, Contra e Da Metade pro Fim.

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Enema Noise @2016

A saideira do domingo foi com o duo gorduratrans, formado por Felipe Aguiar (guitarra/voz) e Luiz Marinho (bateria). Confesso, minha expectativa era alta depois de passar a semana toda com Vcnvqnd na cabeça. E a melhor expectativa foi correspondida (obrigado pela dica, Flavio Caveira – o aniversariante do domingão) .

Novamente uma dose shoegaze, e outra viagem sensorial. Se pudesse batizar humildemente um estilo, seria algo como “rock sensorial”. Sabe, quando você tá em um show, fecha os olhos, sente a presença dos que estão em volta (cada um no seu espacinho), mastiga os riffs, digere as batidas da bateria… o som do gorduratrans é um convite à esse transporte para uma outra dimensão.

A melancolia das melodias combina com o friozinho do úmido inverno carioca. Atiça mais essa pegada – ainda mais se for a noite de domingo. De fato é uma boa época para sair de casa e sentir. Só sei que a melodia de Vcnvqnd vai durar mais uma semana pelo menos na cabeça.

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