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Resenha: O culto da Fresno no @Imperator

   Por Natalia Salvador e Thaís Huguenin (texto e fotos)

O último domingo poderia ter sido só mais um dia tedioso em casa e de sofrimento antecipado pela segunda-feira, mas não dessa vez. Dia 8 de outubro de 2017 foi marcado pela passagem da turnê Sinfonia de Tudo Que Há, da Fresno, no Imperator. Para deixar a festa ainda mais bonita, foram adicionados a banda Vital e o sold out da casa!

Os cariocas da Vital tiveram a difícil missão de dar início ao baile. Com os Eps “Sobre Viver” e “Selvagem”, eles conquistaram o público sem muita dificuldade, graças aos riffs de guitarras bem marcardos, letras que ficam na cabeça e, obviamente, uma apresentação energética. Driblar a barreira de um mar de fãs ansiosos para o show principal da noite não é tarefa fácil, mas a banda mostrou para o que veio e o público acolheu a apresentação. 

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Vital | por Natalia Salvador

Antes mesmo da notícia de sold out, que abalou alguns fãs e deixou outros tantos do lado de fora, a Fresno já prometia um belo show para encerrar com chave de ouro a turnê do sétimo álbum de inéditas do grupo.  A banda que completa 18 anos esse ano, demonstra a cada trabalho que sempre é hora de arriscar e renovar.

Aos gritos de “é a melhor banda do Brasil”, eles subiram no palco e mostraram que ninguém ali iria sair como chegou. A primeira música foi Sexto Andar, seguida pelas faixas do disco que nomeia a turnê: A Maldição, Astenia, Hoje Sou Trovão e Deixa Queimar intercaladas com as clássicas Milonga, Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco de Minhas Lágrimas e Stonehenge, que provocou uma certa nostalgia no público e fez todo mundo cantar o mais alto possível.

A versatilidade dos meninos em cima do palco e o troca-troca de instrumentos ao longo do show não é nenhuma novidade. Quando Lucas foi em direção ao teclado, o coração dos fãs já bateu mais forte na expectativa do que ia aprontar. Foi um pouco inacreditável quando ele puxou Cidade Maravilhosa, seguido pelo clássico da banda britânica Queen, Bohemian Rhapsody e Poeira Estelar.

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Fresno | por Thaís Huguenin

Para acabar de vez com o restante de voz que as pessoas ainda tinham, o último bloco do show contou com mais clássicos da banda, incluindo Eu Sei, Revanche, Duas Lágrimas e Maré Viva. Nesta última, um mix de acontecimentos fez com que a apresentação se tornasse inesquecível. Primeiro, Lucas Silveira concedeu sua benção para um casal de fãs antes do início da canção, depois Thiago Guerra – que toca guitarra nesse momento – interrompeu sua participação para socorrer uma fã que passava mal na grade. Entre mortos e feridos, Guerra foi ovacionado pelo público e no fim todos terminaram a noite em segurança.

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A banda estava muito emocionada com tudo que aquele dia representava. Por muitos momentos, o discurso do vocalista expressava isso. “Estamos construindo algo muito diferente aqui com vocês, é sempre um prazer diferente tocar no Rio. Obrigado!”, dizia Lucas. Uma coisa é certa, quem entrou no Imperator no último domingo não saiu o mesmo. O encerramento da tour Sinfonia de Tudo que Há foi espetacular, como muitos mencionaram no local, um verdadeiro culto.

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Resenha: Scalene + Alarmes @Imperator

           Por Natalia Salvador | Fotos: Thaís Huguenin

O palco do Imperator é famoso por receber grandes shows e ser responsável por proporcionar noites especiais para o público, e dessa vez não seria diferente. A dobradinha brasiliense Scalene e Alarmes fez uma mini tour conjunta e, na última quinta-feira, dia 18 de maio, foi a vez do Rio de Janeiro receber essas duas bandas com  euforia e energia, já conhecidas, do público fiel.

Dos palcos gringos direto para a cidade maravilhosa, Arthur Brenner, Gabriel Pasqua e Lucas Reis fizeram o primeiro show depois de uma série de apresentações pela Europa. O trio passou por cidades de Portugal e Espanha e voltaram ainda mais entusiasmados para conquistar o público. O show contou com músicas do CD ‘Em Branco’, primeiro da banda, e que comemora um ano de lançamento.

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Alarmes @2017

Ao contrário do que se costuma observar, a casa já estava cheia logo nas primeiras músicas e a galera acompanhava o trio com muita empolgação. Além dos movimentos de headbang, o rebolado também marcou presença, como na performance coreografada de ‘Mas não sei’. ‘Incerteza de um encontro qualquer’, ‘Não quero mais’ e ‘Tempo bom’ também marcaram presença no setlist. O palco que podia parecer grande, ficou pequeno para a Alarmes.

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Alarmes e Scalene @2017

Encerrando a turnê do DVD ao vivo, a banda Scalene parecia estar em casa no palco do Imperator. Para um show em dia de semana na zona norte carioca, o público compareceu em peso e encheu a casa. Os fãs do quarteto já são conhecidos pela energia e interação durante as músicas, e familiarizados com o setlist, a galera não parou desde a introdução ‘XXIII’ até o encerramento, com ‘Legado’. Mas se enganam os que acham que isso leva o show a uma mesmice. Toda apresentação da Scalene é uma nova (e boa) surpresa.

A grande novidade da noite ficou por conta dos brinquedinhos tecnológicos usados pelo baixista Lukão, que incrementaram e deram um toque especial às faixas. Além das clássicas rodinhas nas músicas mais agitadas, o carinho entre os amigos que a banda proporcionou ficou claro ao ver tantas pessoas abraçadas durante ‘Amanheceu’. Perto das finalizações e lançamento de um novo CD, Scalene vem mostrando, para quem ainda tinha dúvidas, o por que são merecedores de um Grammy.

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O público apaixonado deixou o Imperator, mais uma vez, com a alma lavada e aquela saudade instantânea. A princípio, o próximo encontro da Scalene com a cidade maravilhosa acontece no Rock In Rio, no dia 21 de setembro. Mas a verdade é que, juntos ou separados, o retorno das duas bandas é garantia de uma noite animada, aguardada e de muito som.

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Resenha: Alaska + Two Places at Once @Imperator

Por Thaís Huguenin | Fotos: Natalia Salvador

Mais um mês e, consequentemente, mais um Rio Novo Rock, evento que acontece no Imperator, localizado no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Os responsáveis pela edição de Março, a terceira do ano, foram os cariocas da Two Places at Once e os paulistas da Alaska.

Com um pouco mais de dois anos e meio, o Rio Novo Rock se consolidou no cenário de bandas independentes brasileiras. Além de abrir espaço para grupos cariocas, eles buscam trazer bandas de outros estados e entregam algo que faz bastante falta hoje em dia: uma boa infraestrutura aos músicos e ao público.

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Two Places at Once @2017

Sempre pontuais, o show da Two Places at Once começou um pouco depois das 21 horas e trouxe músicas do disco lançado no início de 2016, ‘Birdtraps’. O quarteto formado por Renan Rocha (voz e guitarra), Rodrigo Soares (guitarra), Juan Salinas (baixo) e Victor Barbosa (bateria).  mistura leveza e suavidade com muita energia.

Portando os mais respeitáveis bigodes da noite, a Alaska subiu no palco um pouco antes das 23 horas. Quem acompanha a banda nas redes sociais pôde perceber toda animação que estavam para voltarem ao Rio de Janeiro e, talvez por esse motivo, fizeram uma das melhores apresentações deles aqui.

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Alaska @2017

Com um show que levantou a galera, eles foram acompanhados do início ao fim pelo público que cantava com animação as músicas do CD ‘Onda’, lançado em agosto de 2015.

Para ajudar na canção Correndo com Tesouras, os meninos contaram com a participação especial de Saulo Von Seehausen, vocalista e guitarrista da banda Hover. Surpreendendo os fãs, eles tocaram O Resto é Silêncio e como se não bastasse, fizeram uma releitura de Euforia, música frequentemente pedida nos shows e que sempre acabava fora do setlist .

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Alaska @2017

O fim da apresentação da Alaska costuma ser marcada pelo coro de Vista, e não foi diferente dessa vez, a plateia acompanhou em alto e bom som os músicos. No fim, rolou a famosa invasão do palco, fechando com chave de ouro essa noite!

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Resenha: Overdrive Saravá e Ego Kill Talent @Imperator

Por Júlio Deviante

Já não é de hoje que citamos que o Imperator (Centro Cultural João Nogueira, para formalidades) está consolidado como o quartel general do rock no rio de janeiro. Além dos principais nomes do rock carioca, grandes representantes de diferentes vertentes do estilo em todo o brasil passam pelo Rio Novo Rock, a parada obrigatória de todo mês para quem curte descobrir ou encontrar bandas de qualidade numas das melhores, quiçá a melhor, estruturas do Estado.

Na primeira edição do ano de 2017 não foi diferente.

Ao anunciar Overdrive Saravá e Ego Kill Talent, o evento mostrou que apostava em bastante peso e uma mistura de propostas com bastante diversidade para a edição que abriria o ano. E assim foi.

O universo apelou para a estratégia de seleção natural por meio da chuva intensa, fazendo cair o mundo nos momentos que antecederam o início do evento. Mesmo assim o público que chegava foi muito bem recebido ao som de clássicos do rock, embalados pela carismática Dj Suirá, que mostrou muito feeling e conquistou o público ansioso, formado por muitos músicos locais, mas desenvolvido cada vez mais com a presença de pessoas não ligadas a cena musical da cidade.

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Após uma introdução de clima denso, corpo fechado e munida de percussões firmes, a Overdrive Saravá iniciou o show com a canção “Atabaques e D’jembes”, canção escolhida também para o primeiro clipe da banda, lançando seu álbum homônimo, que foi disponibilizado em setembro de 2016.

Com um repertório que representa muita diversidade e críticas embasadas na história do Brasil, a banda passou com vigor mensagens fortes envolvendo temas como opressão cultural e desigualdade social. O Imperator foi preenchido com batuques que faziam fundo para o performático vocalista Gregory Combat, que transmitia com muito coração e autenticidade mensagens sobre os desafios de viver da arte.

Com versões de clássicas canções que apontam críticas sociais, como “João do Amor Divino” e “Construção”, a banda fez um show coeso finalizando com as canções “Ressuscita, Pataxó”, que faz referência ao índio Galdino da tribo Pataxó, assassinado em 1997, e “A vista do Vidigal”.

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Apesar de ser a primeira apresentação da banda na cidade, não podemos dizer que a Ego Kill Talent começou sua história no Rio de Janeiro com o pé direito. Na verdade, os caras chegaram foi com os dois pés, no peito, de voadora. Numa apresentação impecável, a banda, que tem como diretriz a mensagem “ego demais vai matar seu talento”, deu uma aula de timbres e massa sonora, com muita qualidade em todos os quesitos, resultado do time de peso que a compõe. O nome Ego Kill Talent já era, há algum tempo, um dos mais aguardados para se apresentar no evento, que começa o ano deixando bem clara qual é a proposta do Rio Novo Rock, uma fuckin’ porrada nos ouvidos que dá gosto de levar. Obrigado.

Com uma configuração totalmente dinâmica, a Ego Kill Talent abriu os trabalhos com “Sublimated”, canção que também dá nome ao EP de 2015, e desde lá conquistou o público que venceu a chuva para cantar com muita energia todas as outras canções dos dois trabalhos dos galáticos integrantes, que interagiam entre si e com todos os que assistiam extasiados.

Pausas para troca de funções, constantes na apresentação da banda, passaram totalmente despercebidas. Aconteceram? Reza a lenda que sim, mas a qualidade, por exemplo, da bateria comandada por Jean Dolabella ou Raphael Miranda (que há poucos dias esteve no Imperator com o Medulla) nos deixa tranquilos para perceber o real sentido de tanto faz.

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Theo Van der Loo e Niper Boaventura completaram o revezamento na cozinha, entregando um show impecável, que já faz parte do pódio de melhores apresentações da história do evento. A banda apresentou todas as canções de seus dois EPs, além de“Old Love andSkulls”, “Heroes, Kings andGods”, “Last Ride” e“Try, therewillbeblood”, que farão parte do novo álbum.

Sobre a voz de Jonathan Correa? Há quase 10 anos sem tocar no rio de janeiro (sua primeira e única apresentação em terras cariocas foi no canecão, em 2007) encontrou o inferno ao descobrir o céu, mesmo. É outro. Com uma performance lá em cima e absolutamente cativante, trouxe todos os expectadores para bem perto e baniu da noite qualquer timidez do público, que cantava todas as músicas da banda. Com uma postura absurdamente enérgica, com requintes de Eddie Vedder versão PINKPOP 1992, e uma linha vocal totalmente desgarrada da sua história com o REC, mostrou que realmente se foram os dias, mas a garganta continua em forma e a identidade do novo rumo já está mais que estabelecida.

A banda lança na próxima sexta-feira, 20 de janeiro, seu primeiro álbum, também com o título de Ego Kill Talent. Hoje agradou a internet o vídeo de “CollisionCourse”. A música, que mostra a Ego Kill Talent em conjunto com o Far From Alaska, dá uma prévia do tipo de som que vem por aí, criando expectativas muito boas para a massa roqueira em 2017. Confira abaixo:

A próxima edição do RIO NOVO ROCK, dia 2 de fevereiro,traz as bandas Rats e Mustache e os Apaches. Se você é ou estará no Rio de Janeiro, não deve perder. Parada obrigatória.

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Resenha: Imperadores do Underground! Medulla + menores atos @Imperator

Por João H Faber | Fotos Gustavo Chagas

Mais uma vez, o Centro Cultural João Nogueira – eterno Imperator – foi, ipsis litteris, o centro das atenções do rock underground. No coração da Zona Norte carioca e já acostumado a receber bandas independentes com frequência, neste último domingo, 8 de janeiro, o Imperator foi invadido pelo “Movimento”. O motivo? Medulla, que, depois de muito tempo longe de sua cidade, voltava a apresentar-se no Rio.

A banda formada pelos irmãos gêmeos Keops e Raony Andrade, e que hoje conta ainda com o guitarrista Alex Vinicius e o baixista Tuti AC, veio apresentar seu último trabalho, o álbum “Deus e o Átomo”, lançado em setembro de 2016. Trazendo elementos do trap, jazz, rap, hardcore, folk e eletrônico, esse segundo álbum de inéditas da banda é, sem dúvida, um álbum de transição. Muito embora a espiritualidade tenha sempre estado presente nas canções da banda, até mesmo de maneira patente em algumas delas, “Deus e o Átomo” contém uma temática própria, menos áspera, que corre em paralelo às gravações anteriores, e inaugura um novo rumo para o Medulla.

Com uma produção impecável e participações de peso, o álbum sintetiza uma nova proposta para a banda depois de mais de dez anos de carreira. E, no último domingo à noite, o Medulla teria uma grande responsabilidade pela frente: mostrar a seu público cativo, que sempre acompanhou a banda, que essa nova proposta pode coexistir com o antigo Medulla – e agradar tanto quanto. Para isso, somou-se ao line up da noite um relevante power trio para abertura do evento.

Grandes canções, Menores Atos

Encarregada de abrir o evento, a banda carioca menores atos (em minúscula mesmo) vestiu a camisa, assumiu a responsa e fez, como sempre, uma belíssima apresentação. Sinceros e intensos, tal qual se classificam, Cyro Sampaio (guitarra e vocais), Celso Lehnemann (baixo) e Ricardo “Bola” Mello (bateria) mostram muita determinação no palco e baseiam seu show no álbum ‘Animalia‘, lançado em fevereiro de 2014.

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Muito embora as letras de faixas deste primeiro álbum da banda sejam ainda balbuciadas com timidez pelo público em geral, os fãs assíduos – e que não são poucos – fazem questão de entoar a plenos pulmões as canções que, para eles, já viraram verdadeiros hinos, como “Doisazero“, “Passional” e “Sobre Cafés e Você”. A introdução no repertório de músicas que não integram a lista do Animalia deixa a pista de que as composições da banda andam a pleno vapor e que pode vir material novo por aí ainda esse ano – material esse que é aguardado ansiosamente.

Finalizando o show com a visceral “Sereno”, o menores atos mostra que não se prende a rótulos ou modismos, e consegue com facilidade se conectar com o público, angariando mais admiradores a cada apresentação. Esperamos que o surto de inspiração que gerou o Animalia se repita e, em breve, a banda possa nos brindar com mais um fascinante álbum.

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 Filhos do Átomo

Jogando em casa, logo que subiu ao palco, o Medulla tomou conta do Imperator. Com uma presença irretocável, os gêmeos Keops e Raony provaram que são a espinha dorsal e a alma da banda, que passou por grandes mudanças nos últimos anos.

Abrindo o show com o sampler da poesia intitulada “70×7”, composta e declamada pelo rapper Síntese, a banda obedeceu a sequencia do álbum e emendou com a catártica “Deus”, faixa que finca a bandeira da nova direção do Medulla. Está mais do que claro que o bom momento que a banda vive perpassa as canções e as apresentações ao vivo. E o público presente no Imperator ontem à noite abraçou “Deus e o Átomo” como se fizesse parte dessa revelação elementar; um breve passeio pela plateia mostrou que as canções “A Paz”, “Travesseiro Azul” e, em especial, “Abraço” são candidatas a novos hits da banda, uma vez que já são habilmente cantadas pela grande maioria.

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Vale ainda o destaque para a participação ao vivo da rapper Helena D’Troia, que roubou a cena em “Separação” e agitou o Imperator. Com uma abordagem singular quando comparada às demais faixas do álbum recém-lançado, “Separação” é uma música direta, sem disfarces e com um refrão cativante, tendo proporcionado talvez o melhor momento das inéditas executadas pelo Medulla: uma verdadeira declaração de amor do público à arte da banda.

Vem Cá Ver Que o Novo é Bom

Quando se consolida uma carreira frutífera, com diversos trabalhos e uma base de fãs apaixonados, por vezes ocorre de ser surpreendido com o pedido de uma ou outra canção que já não entra mais no setlist. Nada mais normal, ainda mais em se tratando do Medulla, que está na ativa há tanto tempo. Os pedidos de clássicos da banda, em especial de algumas músicas que integram o primeiro álbum deles (‘O Fim Da Trégua’, 2006), vinham aos montes e tiveram que ser, por vezes, contidos pelos vocalistas. Justo, uma vez que se tratava do show de lançamento de um álbum novo e os rapazes estavam orgulhosos, doidos para mostrar o belo álbum que arquitetaram.

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Em compensação, o Medulla não deixou de lado o fan service… Para atender aos mais fiéis, a banda intercalou as inéditas com músicas antigas, como “Salto Mortal” (O Fim Da Trégua, 2006), “O Novo” (‘Talking Machine’, 2009) e “Eterno Retorno” (‘Capital Erótico’, 2010), esta última que contou com a participação de Cyro Sampaio, do menores aos, nos vocais e também com a presença inusitada de Dudu Valle, ex-guitarrista do Medulla, que não hesitou nem um pouco, subiu ao palco e reforçou o coro. Mas quem conduziu a música de verdade foi o público.

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Diga-se de passagem, o público do Imperator na noite de ontem conduziu o show inteiro, deixando até os músicos do Medulla arrepiados lá em cima do palco. Em “Perigo” (‘O Homem Bom’, 2013) e “Prematuro Parto Fórceps” (‘Akira‘, 2008), ficou a sensação de que a galera não queria que as músicas acabassem… Mesmo depois do fim, os refrãos seguiram sendo cantados num mantra quase infinito, emocionando quem ainda não sabia o que era um show do Medulla no Rio de Janeiro.

Finalizando sua apresentação com a poderosa “Estamos Ao Vivo”, Keops e Raony convidaram o público para ver um novo Medulla. E o novo, de fato, amedronta, desafia, e mostra que pode, sim, ser bom. Enquanto as canções de “Deus e o Átomo” ainda estavam sendo digeridas, a banda voltou ao palco, porque o público fez valer seu direito ao encore. Para a consagração da noite, o Medullla entregou um “Movimento Barraco” (Capital Erótico, 2010) quase que improvisado, surpreendendo uma vez mais ao contar com Dudu Valle na guitarra. Em meio a saltos e empurrões, gritos e melodias, o Imperator mostrou que o Rio de Janeiro é, sem sombra de dúvida, a casa do Medulla.

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Resenha: Selvagens à Procura de Lei e Posada e O Clã @Imperator

Por Natalia Salvador | @_salvadorna | Fotos Marcella Keller

Se você gosta de rock e acompanha as bandas independentes do país, já sabe que a primeira quinta-feira do mês tem encontro certo, e é no Rio Novo Rock. Dando espaço para as bandas cariocas e também de outros lugares do Brasil, o evento é queridinho e se confirma, a cada edição, uma ótima opção para quem curte uma boa música. Para compor o line-up de outubro, o evento contou com a presença das bandas Selvagens à Procura de Lei e Posada e O Clã, além do DJ Burgos e o VJ Miguel Bandeira, que não deixaram a galera parada durante os intervalos.

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Posada e O Clã @2016

Sempre pontuais, o primeiro show começou um pouco depois das 21 horas e concentrou o público próximo ao palco, que mesmo um pouco tímido acompanhava a apresentação dançante e diferente de Posada e O Clã. Felipe Duriez, da banda Hover, subiu no palco para somar com os posada e reafirmar o talento que todo mundo já conhece. Para introduzir Tijolo, Carlos Posada chamou atenção para as eleições que vão acontecer em grande parte das cidades brasileiras.

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Selvagens à Procura de Lei @2016

A galera já estava ansiosa quando Selvagens à Procura de Lei foi anunciada no palco, a partir daí foi energia até o fim. A tour do disco recém lançado, Praieiro, chamou o público carioca para dançar mais uma vez. Em Projeto de vida, a euforia deu lugar às luzes de celulares e os clássicos isqueiros. A plateia ovacionava os cearenses e o baterista Nicholas Magalhães dizia o quanto eles estavam felizes em voltar à cidade maravilhosa, “A gente adora tocar aqui, o Rio de Janeiro é foda!”. Uma das surpresas do show ficou para a apresentação de Senhor Coronel, que ganhou as notas do teclado de Gabriel Aragão. Tarde livre e Mucambo Cafundó fecharam a noite.

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A felicidade não era apenas dos que estavam no palco, entre o público fiel e os músicos cariocas que prestigiaram o evento, o Imperator abraçou os cearenses para mais uma bela edição desse festival que merece o apoio de quem gosta de boa música. Quem já está ansioso pela edição de novembro? E se você perdeu Selvagens à Procura de Lei no Rio Novo Rock, ainda tem mais uma chance de conferir o show da banda. No sábado, dia 8, eles se apresentam na Kult Kolector e a festa vai contar com a presença da Planar e da Drops 96. Não dá pra perder, né?

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Resenha: Bullet Bane e Helga @Rio Novo Rock/Imperator

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A noite foi de hardcore na edição de agosto do Rio Novo Rock! O evento mensal, sediado no Imperator (Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro) contou com os cariocas da Helga e o aguardado show dos paulistas da Bullet Bane. Além disso, tivemos a habitual pista de skate, as projeções visuais maneiríssimas do VJ Mad e muita música boa nos intervalos com a satanista, presidenta e baixista da Nove Zero Nove, Elisa Schinner.

A Helga abriu os trabalhos para um público até razoável por se tratar de um estilo que não tem um público tão grande. A banda de Vital (voz), Pedro Nogueira (guitarra), Daniel Machline (bateria) e Dave D’Oliveira (baixo) mandou os petardos do bom álbum “Ninguém Sai Ileso de Ninguém”, além de ótimos covers de Sepultura e Motörhead. Perfeito para aquecer a galera para o que estava por vir.

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E o que veio era nada menos do que um dos shows nacionais mais esperados por nós do Canal RIFF. A Bullet Bane subiu ao palco já com um Imperator apresentando um bom público, e trouxe consigo uma certa aura. Tal aura já nos era familiar, e os primeiros acordes já nos lembraram de onde ela vem. Era algo bem parecido com o sentimento que nos toma ao ouvir a “Impavid Colossus”, o último álbum da banda. Mas não exatamente o mesmo. Ao vivo, a impressão é que o som se materializa, toma forma e dimensão de um Colosso, que vai juntando banda e plateia numa unidade que passam a pulsar como uma coisa só dali para frente. E não é viagem não, eu juro. Ouvir aqueles acordes, com aqueles timbres e aquelas distorções pessoalmente é outra história. É meio que contemplar algo bonito se construindo, aos poucos, quase como num sonho. Sonhamos tanto que ouvimos até eles tocando uma música da menores atos, com a participação do seu vocal/guitarra e mister simpatia Cyro Sampaio. Mas vez ou outra vinha um momento de choque de realidade, trazido pelas poucas músicas do “New World Broadcast” presentes no set e algumas outras do álbum mais recente. Se bem que chamar de tapa é subestimar as porradas que são Fission and Fusion, Option to Repression, Impavid e Dance of Eletronic Images! Agressividade para fazer a plateia girar e se jogar do palco, um jargão em shows de hardcore. Enfim, noite mágica, que superou as (altas) expectativas e que nos deixou orgulhoso de o quão bem a cena independente está representada por essas duas bandas sensacionais.

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Resenha: Far From Alaska, Stereophant e Hover @Imperator

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos @GustavoChagas

Em tempos de fim da Rádio Cidade/RJ e com os meios de comunicação mais populares dando cada vez menos espaço para o rock e suas vertentes, uma pergunta ronda a cabeça de quem é fã do estilo: o rock está “morrendo”? Bem, para quem esteve no Imperator (no bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro) no último dia 13/07 a resposta, com certeza, é não. E quem justifica a resposta são as arrebentadoras Hover, Stereophant e Far From Alaska, que comemoraram o Dia Mundial do Rock com uma festa inesquecível para quem estava lá.

Quem abriu os trabalhos foi uma das favoritas do Canal RIFF. Os petropolitanos da Hover entregaram, como esperado, um ótimo show, com um setlist dominado por músicas do álbum “Never Trust The Weather”. A banda mostrou, em sua segunda passagem pelo palco do Imperator, que já está mais do que pronta para os grandes palcos e públicos, pela boa presença de palco e pela boa música que fazem ao vivo.

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A seguir, os cariocas da Stereophant subiram ao palco para um show que fez os presentes se empolgarem muito! Vimos mosh pits, refrões cantados em voz alta e uma interação bastante próxima com o público, que parece já acompanhar a banda há tempos. E, claro, uma sonzeira absurda, com destaque para a guitarra criativa de Vinicius Tibuna. Com certeza, o show mais divertido de se assistir da noite.

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Por fim, tivemos a banda que, junto da Scalene, vem encabeçando o novo front de batalha do rock brasileiro e que vem mostrando que o estilo está longe de estar acabado por aqui. Trata-se dos potiguares da Far From Alaska, que estão lotando casas ao redor do Brasil (e do mundo, tendo ganhado o prêmio de banda revelação no MIDEM Festival 2016 e feito vários shows nos EUA). E não é por acaso. A banda faz no palco um som bem semelhante ao que é o álbum de estúdio “modeHuman”. A qualidade dos músicos impressiona bastante, sem contar no carisma incrível de toda a banda, principalmente da vocalista Emmily Barreto. Um show obrigatório para o fã de rock do mundo todo.

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Quem diz que o rock está morrendo ou que não tem mais espaço talvez só não compreendeu ainda que os tempos mudaram e ele ocupa outros lugares. Não está mais na TV e no rádio. Está na internet, e, principalmente, num lugar onde sempre esteve: nas casas de shows. Sejam elas pequenas, médias ou grandes. Distantes ou próximas. A melhor maneira de se experimentar o rock é pessoalmente, frente a frente, ao vivo. Essa é a melhor forma de se apoiar as bandas (em todos os sentidos, principalmente o financeiro) e manter viva a chama desse estilo que amamos. Portanto, quem ainda tem dúvidas precisa parar de se questionar e ir até as bandas e os shows, para que a pulsação se mantenha e nosso querido rock não morra.

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Resenha: Maio, chuvoso, hard e power metal | SOTO e The Winery Dogs

Por Raphael Simons (texto e fotos) I @raphasimons

Terça-feira também é dia de rockeiro sair cansado do trabalho e ir para o Imperator, no Méier, descansar a mente com os shows das bandas SOTO e The Winery Dogs.

Com o público ainda chegando ao local, a banda de abertura Soto iniciou os seus trabalhos. A formação do grupo conta com a participação de dois brasileiros, o baterista Edu Carminato e o guitarrista/vocalista Luiz “BJ” Paulo. Completam o baixista David Z e o guitarrista Jorge Salan, liderados por Jeff Scott Soto.

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A apresentação começou com uma amostra das novas músicas dos álbuns de 2015 e 2016 e foi aquecendo o palco. O público mais cascudo e hard rock acompanhou em coro os vocais de Jeff praticamente durante todo o show e principalmente nas canções Tears in the Sky e I’ll be Waiting da antiga Talisman.

Após o solo de baixo com Billie Jean – Michael Jackson, veio o momento das jams. Passando por Yngwie Malmsteen, Twisted Sister, Kiss e Journey – com BJ impecável nos vocais de Don’t Stop Believin. Após um breve silêncio a banda executou o início da moderna e clássica Stand Up and Shout, do filme Rock Star. E com Community Property do Steel Panther, Soto finalizou sua apresentação no Rio de forma solta e agradável.

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Com as mudanças de palco sendo realizadas o público aguardava ansioso conversando e bebendo aquela cerveja gelada. As luzes se apagam, a música ambiente se encerra e Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mr Mike Portnoy entram no palco arrebentando com Oblivion, a primeira faixa do novo álbum do The Winery Dogs. Seguida de Captain Love e We are One, uma melodia magnífica. O power trio foi intercalando canções dos dois álbuns de estúdio, entre hard e baladas.

Richie cantou absurdamente com performances na guitarra, violão e teclado, enquanto o público se divertia com as peripécias de Billy e Mike no decorrer do show. O público foi privilegiado pela execução de You Can’t Save Me, que não era cantada por Richie há anos.  Na maior parte do tempo a plateia ficou estagnada vislumbrando a execução perfeita dos três no palco. Mas como nem tudo é perfeito, Portnoy sentiu-se incomodado com algumas pessoas que estavam fotografando ou filmando com celulares levantados e atrapalhando a visão dos demais, em vez de apreciarem o espetáculo. Dica desse redator: Galera não é proibido o uso do celular, é de boa, mas não o tempo todo. Valeu!

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A apresentação estava chegando no auge do virtuosismo depois de uma sequência animal de músicas. No solo de bateria, como de habitual, Portnoy baqueteou em todos os lugares (todos mesmo!!!), o chão do palco, o banco de Richie e até nas cordas do baixo de Billy. The OtherSide demonstra que muita coisa do Mr. Big vem na bagagem, principalmente na melodia do refrão com Richie solando muito, mas muito mesmo. Billy foi deixado no palco para um solo de baixo indescritível: só os presentes saberão a perfeita harmonia entre o músico e o seu instrumento. Ghost Town reuniu os três novamente e o refrão de I’m No Angel, bem, foi berrado pelo público.

Após Elevate as luzes se apagaram e os músicos deixaram o palco. O público ainda em êxtase começou a pedir a volta dos músicos ao palco, pois o show não poderia terminar daquela maneira. Mas para quem já pertenceu as bandas: Mr. Big, Talas, Dream Theater, Poison, AdrenalineMob e tantos outros projetos, já realizou milhares de shows e tem tantos anos de estrada, sabe muito bem quando as luzes devem ser acesas.

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E assim foi feito, as luzes se acenderam e o retorno foi com a balada Regret, para embalar todos naquela noite. E que noite, uma noite inesquecível. Desire foi cantada por todos os presentes, fazendo com que Richie desse um break cantado “desire” em tons diferenciados, pedindo o retorno do público no mesmo tom. Com despedidas e agradecimentos se encerrou essa noite hard rock e power metal no Rio. Um show que esquentou essa noite fria de maio.

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SOTO Setlist Imperator, Rio de Janeiro, Brazil, Divak South America Tour 2016

The Winery Dogs Setlist Imperator, Rio de Janeiro, Brazil 2016, Double Down World Tour

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Resenha

RESENHA: Fresno e Canto Cego no Imperator

Por Ricardo Irie (texto e fotos) I @Irie_

Sábado, dia 24, rolou mais um show da Fresno da Tour de 15 anos de carreira, estes que já foram documentados em um DVD emocionante e memorável.

Ver uma casa de show como o Imperator lotado e por uma banda que podemos considerar recente (digo isso porque não é nenhum medalhão do rock clássico nacional) é algo bem animador, ainda mais em um espaço com ótima estrutura pra shows (e preços bons pra cerveja).

A abertura ficou por conta da Canto Cego, uma banda carioca que é muito interessante. Foi o meu segundo show e já conhecia eles por acompanhar pela internet. Mesmo que você não curta o tipo de som que eles fazem, a presença de palco, técnica e entrega da vocalista é algo que é um espetáculo à parte. Do que eu conheço, julgo como uma das melhores vozes daqui do Rio de Janeiro da atualidade (quiçá do Brasil) porque tem muita personalidade.

Canto Cego

A Canto Cego é uma banda que acredito que irá crescer bastante, mas ainda existem alguns pontos que não me fazem ser um fã. Acho que a vocalista é a única que está no conceito artístico da banda. É a única que vejo se vestindo e se portando com diferencial. O guitarrista tem uma presença de palco muito foda, mas olhando pro resto dos integrantes, parecem que são como uma banda de apoio ou apenas mais uns músicos quaisquer. Ao olhar o show, percebo isso e é algo que particularmente me incomoda – porque no mar de tantas bandas de rock sem graça que existem hoje em dia, ter diferencial é algo que conta muitos planos.

Enfim, o show da Fresno.

Não foi tão empolgante pra mim pois já assisti o DVD várias vezes, assisti o show anterior da Fundição Progresso e os setlists foram os mesmos.

Independente disso, a abertura do show com À Prova de Balas é algo que arrepia. A sequência, Die Lüge, também é algo que empolga muito!

Logo em seguida vem Manifesto que é uma música que os fãs gostam muito; A Minha História Não Acaba Aqui; Desde Quando Você Se Foi e Eu Sei.

Dentre os grandes destaques desse setlist, Redenção (já é um clássico do emo nacional), Diga parte 2, Relato de Um Homem de Bom Coração que emenda em Milonga (e que fez toda a casa cantar junto a parte que o Tavares gritava), Infinito (que tem um refrão ótimo), Quebre as Correntes, Onde Está e o fim com Revanche.

https://www.instagram.com/p/9P3GSZhSVB

O Lucas Silveira sempre que pega o violão ou vai pro piano, toca algumas coisas que não estão no setlist. Dentre elas, rolou Alguém Que Te Faz Sorrir, Não Leve a Mal e Se Um Dia Você Não Acordar.

A Fresno é uma banda que tem arranjos muito ricos e as palavras de incentivo do Lucas o fazem ser um artista muito maior. A evolução nos arranjos e letras também é algo a ser notado. Não é à toa que os considero uma das melhores bandas do Brasil. Pouca gente nota isso e até os vê com um certo preconceito por terem sido do movimento emo (que foi famigerado no Brasil e que tentarei defender em algum vídeo em breve no Canal RIFF no YouTube), mas o som que eles fazem é muito diferente de tudo o que existe e existiu aqui no nosso país.

Fico no aguardo de mais e mais turnês passarem pelo Rio de Janeiro e que os próximos lançamentos continuem sendo, parafraseando-os, Maior Que As Muralhas.

  • Nunca é demais lembrar: