Stereophant | RIFFPEDIA #12

Por Natalia Salvador
Para quem se acostumou com a força dos vocais de Saulo von Seehausen em Never Trust The Weather, primeiro CD da banda petropolinata Hover, pode sofrer um leve choque inicial ao ouvir as primeiras músicas de seu mais recente projeto: saudade. Mas não se engane, o choque é, além de natural, completamente positivo.
Em uma pegada muito mais pessoal e intimista, as músicas trazem letras em português e melodias mais calmas e leves. O motivo disso? Desconstruir conceitos e, por que não, se reinventar na hora de compor.
“Sempre tive um sentimento de incômodo por não conseguir achar a minha voz em português. Não que não pudesse fazer isso com a banda, mas fazia mais sentido pra mim que esse processo partisse de um ponto totalmente diferente do que eu já estava envolvido. Queria primeiro encontrar esse lugar dentro de mim, achar essa voz ‘sozinho’. Entre aspas porque conto com a ajuda e o trabalho de vários amigos ainda, mas precisava que fosse uma busca mais interna do que tudo.”, contou Saulo em entrevista.
Botões, o primeiro single, foi gravado e produzido por Patrick Laplan, no Estúdio Fazendinha, mixado e masterizado por Ricardo Ponte, e a arte ficou por conta de Vinícius Tibuna. Para desenvolver todo esse processo, Saulo buscou aulas de técnica vocal, além de se inspirar em diferentes referências, como Os Mutantes, Kimbra e Daniel Johns.
Além de Botões, no perfil do Spotify você ainda pode conferir Jantaradois. Tá esperando o que pra conhecer e acompanhar saudade?
Por Natalia Salvador
Toda vez que eu volto para casa depois de um belo show (e são muitos), eu fico pensando o por que alguma grande quantidade de brasileiros ainda insistem que não há boa música sendo feita no país hoje em dia. Saindo dos rótulos e julgamentos de que ‘funk não presta’, ‘o rock morreu’, ‘essa letra não diz nada’ ou qualquer outra expressão que todos já estamos cansados de ouvir, eu só posso concretizar que o que sobra nas pessoas é pura preguiça de buscar pelo conteúdo que lhes agrada. No último sábado, 29 de julho, foi o primeiro show após o lançamento do novo da Stereophant – Mar de Espelhos – e foi exatamente assim que eu me senti no dia seguinte.
A noite fria parecia espantar o público do Estúdio Aldeia, espaço que já é um velho conhecido das bandas independentes do Rio de Janeiro, e o primeiro show não teve grande adesão de público. Os petropolitanos da Montablan fizeram um show curto, mas redondinho e de muita qualidade.
Na sequência e já com um pouco mais de público, os também petropolitanos da Hover fizeram mais um belíssimo show. O quinteto – velho conhecido do RIFF – , que agora conta com o apoio de Leonardo Bronze no baixo, se sente em casa no palco do Aldeia e deixa isso bem claro para a plateia. Trabalhando o disco Never Trust The Weather, que será apresentado no Estúdio Showlivre no próximo dia 11 de agosto, I’m Homesick, Teeth, My Name Is Alaska e There’s No Vampire In Antarctica, At Least For Six Months não ficaram de fora de setlist.
Todos estavam ansiosos pelo primeiro show da Stereophant logo após o lançamento do CD Mar de Espelhos. O disco foi liberado nas plataformas digitais um dia antes do encontro e já conta com um clipe – e que clipe! Apesar de afirmarem que ainda estão aprendendo a tocar as músicas novas, o show foi bastante linear e trouxe as faixas de maior destaque para o setlist. Tem algo estranho no ar, Homem ao mar, A Cidade, Mar de Espelhos, Fora de Rota, entre outras das 15 faixas, provaram a força do novo trabalho.
Claro que Vermelha e O Tempo não podiam ficar de fora e ganharam o apoio das vozes presentes. Mas se engana que achou que as músicas novas já não estavam ensaiadas. Essa Música é a Cura ganhou coro e pegou os músicos de surpresa. Outro ponto que chama atenção nos palcos é a performance de Fabrício Abramov, baixista.
Mar de espelhos tem produção de Felipe Rodarte, da banda The Baggios, e diversas participações especiais como Felipe Pacheco (Baleia), Gabriel Ventura (Ventre), Jan Santoro (Facção Caipira), Walber Assis (Verbara), entre outros. O álbum explora novas sonoridades e traz letras baseadas na relação do homem com o mar. Confira o novo trabalho da Stereophant e fique de olho nas próximas datas para não perder esse show!
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or Felipe Sousa | Felipdsousa
Riffeiros, voltamos com nossa lista mensal de lançamentos. Preparem-se, pois temos excelentes discos separados pra você incrementar sua playlist. Mais uma vez esse resumo conta com belos trabalhos nacionais, e também álbuns bastante promissores no mundo todo. Confiram abaixo.
E ah, também temos nossas próprias playlists lá no Spotify. Segue a gente porque sempre tem novidade. Outra excelente opção pra acompanhar o RIFF é o nosso podcast.
Something To Tell You – HAIM
Segundo álbum de estúdio do grupo formado pelas irmãs Este, Danielle e Alana Haim, “Something To Tell You”, é o sucessor de “Days Are Gpne” (2013). O novo registro conta com onze faixas muito bem trabalhadas e um mix de melancolia e melodias dançantes. Ouça abaixo:
Issa Album – 21 Savage
Embora não tenha grandes diferenciais em relação ao que já tem sido feito no hip-hop, “Issa Album”, disco de estreia de 21 Savage, agradará aos fãs menos preocupados com letras profundas ou instrumentais com grande criatividade. Com 14 faixas, o registro segue a mesma linha rítmica, inspiradas, ao que parece, em músicos como Future e Migos. Ouça e nos diga o que achou.
A Sala – Sons de Saturno
Os paulistas da Sons de Saturno estão na estrada há cinco anos e lançaram este mês, seu segundo trabalho. “A Sala” traz 14 faixas que propõem climas variados . Boa escolha pra quem curte indie brazuca. Ouça e compartilhe.
Bem Vindos a La Raza – La Raza
No último dia 13, Dia Mundial do Rock, a La Raza liberou em todas as plataformas digitais seu mais novo disco, intitulado “Bem Vindos a La Raza”, que foi gravado no Family Mob (SP), QG Hoffman (SP) e Wah Wah Studios (SP), e mixado e masterizado no NRG Recording Studios em Los Angeles, Estados Unidos. O álbum ainda conta com participações de Baduí (CPM22) e Caio Macbeserra (Project 46).
Kaleidoscope EP – Coldplay
Chris Martin vem ao Brasil em novembro liderando o Coldplay na Head Full Of Dreams Tour, e antes disso, para animar ainda mais os fãs, os britânicos liberaram o EP Kaleidoscope em todas as plataformas digitais. O Registro conta com cinco excelentes canções. Ouça:
Jungle Rules – French Montana
“Jungle Rules” não é inovador, mas se mostra muito coeso. O disco contém 18 faixas e conta com parcerias de peso como The Weeknd, Travis Scott, Pharrell, Future, Young Thug e mais. Confira abaixo:
Dead Reflection – Silverstein
Muito antes do lançamento oficial do álbum, a banda já havia entregue aos fãs alguns sons do novo trabalho. “Retrograde”, e “Lost Positives”, por exemplo, já antecipavam a vibe mais sensível e melódica do disco. “Dead Reflection” é o nono álbum da banda.
Night & Day – The Vamps
“Night & Day” é o quarto álbum dos britânicos The Vamps. Com 10 faixas, o disco foi lançado em quatro versões, e você pode adquirir a versão física no site da banda.
No dia 17 de setembro o grupo vem ao Brasil em turnê promovendo o disco. Ouça abaixo a versão oficial:
Ultralife – Oh Wonder
Josephine Vander Gucht e Anthony West formaram em Londres o duo pop Oh Wonder. E neste mês liberaram “Ultralife”, segundo disco da dupla, que foi gravado na própria casa dos caras. Confira abaixo:
Flower Boy – Tyler, The Creator
Quarto álbum do californiano Tyler, The Creator, “Flower Boy” se mostra incrivelmente plural e criativo. Nas composições, que mostram em boa parte o cotidiano do rapper, Tyler se afirma com maturidade em seu melhor álbum até aqui.
Lust for Life – Lana Del Rey
No que diz respeito às melodias e arranjos, Lana não ousa muito, e mantém sua marca melancólica dos discos anteriores. O que difere esse álbum dos demais – ainda que o assunto relacionamento continue muito presente – é a forma como a cantora aborda os temas; dessa vez com mais calmaria. Ouça e nos conte o que achou.
Sacred Hearts Club – Foster the People
Na busca por se reinventar, a banda americana Foster The People traz “Sacred Hearts Club”, terceiro álbum de estúdio. Mais pop, dançante, e eletrônico, o registro passa longe de ser espetacular – se por acaso fosse esse o objetivo -, ficando bem atrás dos discos anteriormente lançados pelo grupo.
Add Violence [EP] – Nine Inch Nails
“Add Vioolence” é o segundo registro de uma série de três lançamentos, que se iniciou em 2016 com “Not the Actual Events” e o terceiro é esperado ainda pra 2017. Ouça abaixo o EP:
Stony Hill – Damian Marley
Depois de longos 12 anos desde seu último álbum, Damian volta com “Stone Hill” falando de maconha medicinal, poder do amor e das pessoas, e mais em um disco com 18 faixas.
Balanga Raba EP – Rico Dalasam
Pautado na luta pelas minorias e com composições fortes, “Balanga Raba” conta com quatro faixas de uma experimentação entre pop e hip-hop. Ouça o EP, que ainda conta com participação de Mahal Pita do BaianaSystem.
Racing Time – DWNTWN
Formada em 2010 na Califórnia, a banda de indie rock/pop, DWNTWN seu primeiro disco, intitulado “Racing Time”. Antes, o grupo já havia lançado três Ep’s. Com insinuações oitentistas, Racing Time traz uma sensibilidade pop bem interessante. Ouça:
A Black Mile to the Surface – Manchester Orchestra
No dia ultimo dia 28, Machester Orchestra liberou seu mais novo álbum, “A Blak Mile to the Surface”, que tem produção de Catherine Marks (que já trabalhou com nomes como The Killers). Desde sua capa belíssima e enigmática até suas letras texturizadas, o novo disco se mostra um projeto bem interessante do grupo. Ouça:
Paranormal – Alice Cooper
Um hard-rock cheio de classe. Esse é o “Paranormal”, novo disco de Alice Cooper. Nele, o músico nos faz viajar de volta aos anos 70, relembrando um pouco da sua sonoridade original e deixando de lado a modernidade dos seus últimos lançamentos.
Everything Now – Arcade Fire
Há quem goste, há quem conteste o novo disco do Arcade Fire. O fato, é que “Everything Now” não passa nem perto de ser bom como são Funeral (2004) e Reflektor (2013). No novo disco, a banda parece não encontrar equilíbrio entre as variações de ritmos e a tentativa de se reinventar. O registro mostra-se um pouco chato e perdido no objetivo de ser alguma coisa.
Ottomatopeia – Otto 28
Mais uma novidade nacional.
Com participação de Céu – entre outros – e produção de Pupillo (Nação Zumbi), “Ottomatopeia” chega cinco anos após o último lançamento do Otto. Esse é mais um belo trabalho do talentoso músico pernambucano. Prestigie.
Dois Reis – Dois Reis
Formada por Theodoro e Sebastião Reis, filhos do cantor Nando Reis, a banda está na estrada há três anos e já participou do programa Superstar, da Rede Globo. No último dia 28, eles divulgaram seu primeiro disco, homônimo, que conta com oito faixas. Ouça:
Mar de Espelhos – Stereophant
Pra finalizarmos nossa lista, nada melhor do que lançamento nacional. E pra isso, falamos da “porrada” que é o segundo disco da Stereophant.
“Mar de Espelhos” evidencia o amadurecimento do grupo, e ao ouvir esse som nas plataformas digitais, é fácil perceber que o novo álbum continua com a energia contagiante e marcante dos caras.
No dia 29/07 os caras estiveram no Estúdio Aldeia, em Petrópolis lançando o álbum. Estivemos lá e você pode conferir na nossa resenha tudo o que rolou por lá.
Vale o play! Vale o show. Ouça e compartilhe.
Por Natalia Salvador
Durante o auge do pop e da MTV, os clipes musicais eram o carro chefe das bandas e artistas, além de uma das principais ferramentas para buscar a atenção do público. Com o surgimento e popularização do streaming foi possível notar uma diminuição na volumetria de produções audiovisuais, mas, por outro lado, a qualidade não deixa nada a desejar. Cada vez mais bem produzidos, os videoclipes continuam prendendo o telespectador nas telas. O Canal RIFF selecionou 5 vídeos lançados recentemente e que vão fazer o seu play valer a pena – e até um replay. Confira!
Às vésperas de lançar um novo álbum – Mar de Espelhos -, a banda carioca Stereophant, já deu o ponta pé inicial para o novo ciclo com o clipe de Homem ao Mar, primeiro single que contou com uma superprodução audiovisual! Além de narrar a história da canção, o vídeo traz referências à outras faixas do novo disco, envoltas em um contexto lírico e conceitual.
A direção ficou por conta de Hugo Gama e Fabrício Abramov, que também é baixista da banda. “Quando chegaram com a ideia do clipe, foi uma responsa em dobro pra mim. Primeiro, pela questão da produção e logística serem muito complicadas e, segundo, que por eu ser da banda e saber o quanto trabalhamos e acreditamos nesse disco, um clipe à altura do primeiro single era um grande desafio. Quando finalmente fomos pro mar gravar foi um momento muito especial e de muita união. Todos deram o sangue pelo projeto, a gente mergulhou na história junto com o personagem. A impressão que eu tenho é que toda a equipe viveu a história da música!”, conta Abramov.
O clipe de Doce é o primeiro trabalho audiovisual da banda Comodoro. Com muitas cores, carinhos e guloseimas, a banda carioca dá mais um passo na carreira e mostra que veio para ficar. O som dançante e a irreverência dos músicos, principalmente de Fred Rocha, vocalista, que rouba a cena nos palcos, não vai te deixar ficar parado.
O vídeo tem direção de Diego Zimmermann e direção de fotografia de Rodrigo Galha. Além do single, o grupo – que também conta com Roberto Carneiro, Saulo Arctep, Thiago Garcia, Luiz Felipe Caetano e Mateus Nagem – tem um EP lançado, Livre, com 5 músicas e o projeto é liberar, até o fim de 2017, um álbum completo.
Carinhosamente apelidados de “Ok, Go brasileiro”, mais uma vez a banda O Terno surpreendeu com o lançamento do clipe de Não Espero Mais. A faixa compõe o terceiro disco do trio, Melhor do que Parece, e o vídeo conta com grandes clássicos da internet, que vão desde ‘Pedro me da meu chip’ e Luisa Marilac a Gretchen e John Travolta.
“Não imaginava O Terno tocando essa música. Tinha essa coisa de ‘estou feliz, estou na rua, eu gosto de você’. É uma canção simples”, afirmou Tim Bernardes em entrevista. Para complementar, o vídeo ainda conta com participação de Liniker, cantando via chamada de vídeo.
Deus e o Átomo já rendeu boas críticas ao grupo Medulla, entre as músicas favoritas dos fãs, Abraço foi a escolhida para ganhar o primeiro clipe do álbum. A melodia envolvente traz às telas um conteúdo adulto, que retrata diferentes tipos de relacionamentos com cenas intensas de sexo e envolvimento.
A música é quase um trip hop, mas tem uma sonoridade sensual e uma letra leve, que contrastam com a sequência de imagens, fazendo com que o clipe adquira uma estética sensual e contagiante. O vídeo foi inspirado nos filmes da Erika Lust, diretora sueca de filmes eróticos considerados “pornografias feministas”.
Com o intuito de tirar o telespectador de sua zona de conforto, o novo clipe dos brasilienses da banda Alarmes mostra os integrantes em situações desconcertantes. Segundo declarações dos músicos, o objetivo do projeto era justamente deixar o telespectador decidir se deve assistir até o fim ou não. Gruta conta com direção de Lucas Furtado, baixista da banda Scalene e também diretor de Incerteza de um Encontro Qualquer.
“Por mais que as pessoas estejam interagindo com a gente, estamos focados em olhar para um ponto específico e cantar. O objetivo é mostrar que, as vezes, a gente esquece ou se deixa levar pelo sentir nada quando várias coisas estão acontecendo”, afirmou Arthur Brenner, vocalista. Em sua conta pessoal no twitter, Gabriel Pasqua, baterista, afirmou não ter sido obrigado a apanhar no vídeo e que até gosta – ficamos mais aliviados!
E ai, conta pra gente o que você achou dos últimos trabalhos audiovisuais brasileiros.
O marco de duas décadas de existência merece ser comemorado por qualquer banda, ainda mais quando ela é independente. A curitibana Sugar Kane comemora 20 anos este ano e traz a turnê nacional para data única no Rio de Janeiro. A apresentação vai contar com a abertura da Stereophant e Ostra Brains, conhecidas na cena carioca. O evento acontece no dia 16 de julho (domingo), no gastrobar O Pecado Mora ao Lado, localizado na Praça da Bandeira.
A Sugar Kane traz em seu currículo sete discos de estúdio, três EPs e um DVD ao vivo. O som dos rapazes de Curitiba é um hardcore que flerta com o alternativo. A banda é formada por Alexandre Capilé (voz e guitarra), André Dea (bateria), Igor Tsurumaki (baixo), Rick Mastria (guitarra e voz).
Uma das anfitriãs da noite, a Stereophant está prestes a lançar o segundo álbum, previsto ainda para este mês via selo Toca Discos. O sucessor de “Correndo de Encontro a Tudo” terá algumas de suas canções inéditas executadas no show. A banda conta com a performance enérgica dos integrantes Alexandre Rozemberg (voz), Vinícius Tibuna (guitarra), Thiago Santos (guitarra), Bernardo Leão (bateria) e Fabrício Abramov (baixo).
Também sobe ao palco o trio de garage punk Ostra Brains. Liderado pela voz de Amanda Hawk, o grupo mostra o talento e a ideia do riot grrrl, que cresce cada vez mais na cena brasileira. Completam a banda Roger Caldeira (baixo) e Mario Lewicki (bateria). No repertório da apresentação, a Ostra Brains toca canções dos EPs “Sirihorse” (2017), “Rejected” (2015) e “Gelato Luv” (2015).
Serviço
Sugar Kane – 20 anos (abertura com Stereophant e Ostra Brains)
Data: 16/07/2017 (domingo)
Horário: 18h
Local: O Pecado Mora ao Lado
Endereço: Rua Hilário Ribeiro, nº 196 – Praça da Bandeira – Rio de Janeiro/RJ
Ingressos: R$20 (nome na lista) l R$30 (sem nome na lista)
Compra online: https://www.sympla.com.br/sugar-kane-no-rio-de-janeiro—turne-de-20-anos__160700
Por Thaís Huguenin (texto e fotos)
O que para muitos era um domingo de retorno do feriado prolongado, para os fãs da Rancore era a volta da banda aos palcos cariocas. Sem pisar no Rio desde a tour de despedida, em 2014, o grupo tinha uma legião de adoradores sedentos para revê-los. O Teatro Odisseia quase não deu conta de tantas saudades, e com lotação máxima, foi palco de uma noite memorável. Cansaço, canela roxa, falta de voz e uma leve desidratação, por conta do calor, são sintomas presentes na maioria das pessoas que curtiram o show.
Quem abriu os trabalhos foi a banda Stereophant, com um setlist pequeno por conta do tempo apertado, misturaram músicas do álbum “Correndo de Encontro a Tudo” e algumas do disco novo – que a princípio será lançado em Março. Eles contagiaram o público que chegou cedo para prestigiar as bandas da noite. Todas as canções tiveram participação da plateia, mas em O Tempo e Vermelhao coro foi de arrepiar.
Já a segunda banda foi a Nove Zero Nove, eles tocaram músicas do álbum “Blindado” (2016) e “Nove Zero Nove” (2013). Em meio a rodinhas e pessoas pulando do palco o grupo abriu o show cantando Mártir, escolha perfeita para o período que estamos vivendo.
Em certo momento, o vocalista Mauricio Kyann agradeceu o apoio do público e, falou sobre a falta de visibilidade que as bandas independentes tem nos meios de comunicação de massa atualmente: “Foda-se que não estamos entre os 100 mais tocados. A gente fala mais que vários artistas por aí. Ver vocês aqui, ver esse evento rolando, dando certo. Isso é o que faz a gente continuar:”
Quem ficou com a responsabilidade de ser a última banda antes da Rancore foi a Zander. Com cinco trabalhos lançados, o quarteto foi de “Em Construção” (2008) até “Flamboyant” (2016) em um pouco mais de 40 minutos de show. O público cantou Dezesseis e Humaitá a plenos pulmões, mostrando que a galera tinha fôlego de sobra e estavam preparadíssimos para receber os paulistas mais esperados da noite.
Não tem muita coisa que se possa falar depois do show da Rancore. É uma experiência para ser vivida. Já começa que as músicas são entoadas como hino,como se a vida de cada pessoa presente naquele lugar dependesse disso.Não há um ser que fique parado. É uma troca de energia imensa, você sai mais leve.
Teco, vocalista, consegue conduzir como ninguém a nação de fãs que eles colecionaram ao longo dos anos. Sempre mostrando muito respeito e igualdade. Ele deixa claro que qualquer um pode participar das rodinhas e fazer stage diving, mas é para uns cuidarem dos outros, porque o intuito principal ali é a diversão.
Caggegi, Ale, Candinho e Teco caminharam perfeitamente entre os clássicos de “Yoga, Stress e Cafeína” (2006), “Liberta” (2008) e “Seiva” (2011). Como nem tudo é maravilhoso, os fãs sentiram falta de Cresci, M.E.I e Mulher no setlist, mas entre tantas músicas marcantesé difícil montar o repertório sem sacrificar algumas.
O show por si só já foi o ponto alto da noite, mas não podemos esquecer o momento épico em que Teco ficou só de sunga no palco, nem quando durante a música Ritual a plateia se transformou em uma alcateia e mostrou que a Rancore nunca vai ser um lobo solitário.
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Depois desse show podemos, enfim, começar o ano. Infelizmente, ainda não sabemos se a banda vai realmente voltar ou não, mas a única certeza que os integrantes precisam ter nesse momento é que nada mudou nesse tempo. Quer dizer, só aumentou a certeza que a Rancore tem continuar/voltar.
SETLIST RANCORE
1 – Escravo Espiritual
2 – Samba
3 – Jeito Livre
4 –Cicatrizes
5 – 5:20
6 – Ritual
7 – Liberta
8 – Respeito É A Lei
9 – Planto
10- Escadacronia
11 – Seleção Natural
12 – Inocentes
13 – Quarto Escuro
14 – Infinito
15 – Yoga, Stress e Cafeína
Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos @GustavoChagas
Em tempos de fim da Rádio Cidade/RJ e com os meios de comunicação mais populares dando cada vez menos espaço para o rock e suas vertentes, uma pergunta ronda a cabeça de quem é fã do estilo: o rock está “morrendo”? Bem, para quem esteve no Imperator (no bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro) no último dia 13/07 a resposta, com certeza, é não. E quem justifica a resposta são as arrebentadoras Hover, Stereophant e Far From Alaska, que comemoraram o Dia Mundial do Rock com uma festa inesquecível para quem estava lá.
Quem abriu os trabalhos foi uma das favoritas do Canal RIFF. Os petropolitanos da Hover entregaram, como esperado, um ótimo show, com um setlist dominado por músicas do álbum “Never Trust The Weather”. A banda mostrou, em sua segunda passagem pelo palco do Imperator, que já está mais do que pronta para os grandes palcos e públicos, pela boa presença de palco e pela boa música que fazem ao vivo.
A seguir, os cariocas da Stereophant subiram ao palco para um show que fez os presentes se empolgarem muito! Vimos mosh pits, refrões cantados em voz alta e uma interação bastante próxima com o público, que parece já acompanhar a banda há tempos. E, claro, uma sonzeira absurda, com destaque para a guitarra criativa de Vinicius Tibuna. Com certeza, o show mais divertido de se assistir da noite.
Por fim, tivemos a banda que, junto da Scalene, vem encabeçando o novo front de batalha do rock brasileiro e que vem mostrando que o estilo está longe de estar acabado por aqui. Trata-se dos potiguares da Far From Alaska, que estão lotando casas ao redor do Brasil (e do mundo, tendo ganhado o prêmio de banda revelação no MIDEM Festival 2016 e feito vários shows nos EUA). E não é por acaso. A banda faz no palco um som bem semelhante ao que é o álbum de estúdio “modeHuman”. A qualidade dos músicos impressiona bastante, sem contar no carisma incrível de toda a banda, principalmente da vocalista Emmily Barreto. Um show obrigatório para o fã de rock do mundo todo.
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Quem diz que o rock está morrendo ou que não tem mais espaço talvez só não compreendeu ainda que os tempos mudaram e ele ocupa outros lugares. Não está mais na TV e no rádio. Está na internet, e, principalmente, num lugar onde sempre esteve: nas casas de shows. Sejam elas pequenas, médias ou grandes. Distantes ou próximas. A melhor maneira de se experimentar o rock é pessoalmente, frente a frente, ao vivo. Essa é a melhor forma de se apoiar as bandas (em todos os sentidos, principalmente o financeiro) e manter viva a chama desse estilo que amamos. Portanto, quem ainda tem dúvidas precisa parar de se questionar e ir até as bandas e os shows, para que a pulsação se mantenha e nosso querido rock não morra.