Texto: Natalia Salvador / Fotos: Thais Huguenin
Você já sentiu como se o tempo tivesse parado? Ou como se um momento, distante do que você vive hoje, voltasse, mesmo que só por uns instantes. Mas sem peso nenhum! Foi assim que eu e, acredito que, muitas outras pessoas se sentiram no Circo Voador nesse último domingo (10/12). Em comemoração aos 10 anos de lançamento do CD A Grande Bola Azul, a banda Scracho organizou alguns shows para fazer uma festa com os fãs. Spoiler: as expectativas foram superadas!

Com os ingressos esgotados em questão de horas de venda era certo que o Circo ia ficar pequeno para tantas memórias. Em um típico domingo carioca, Gabriel Elias deu início a noite. O cantor apresentou músicas autorais, mas não deixou de fora a nostalgia. Catch Side, Forfun, Edu Ribeiro, Charlie Brown Junior e The Calling entraram para o setlist. Apesar do grande público que acompanhava o show de abertura, muitas pessoas ainda chegavam no local e aproveitavam para garantir o merch especial da festa, que além de camisetas e bonés ainda contava com um copo exclusivo!

Próximo às 20h da noite, Scracho assumia o palco para dar início a uma noite intensa, saudosa e emocionante. Além de Diego Miranda (guitarra e vocal), Caio Correa (baixo e vocal) e Dedé Teicher (bateria e vocal), o trio contou com a participação de Gabriel Leal, ex-guitarrista. Além dele, outra guitarra marcava presença no palco – o que, para mim, não parecia fazer muito sentido. Vários balões azuis e brancos tomaram conta do Circo Voador e, como dizem os jovens, foi tiro atrás de tiro!
Universo Paralelo, Quando eu voltar, A Vida Que Eu Quero, Então Vai foram só alguns dos muitos clássicos que tocaram em muitos aparelhos de mp3 e mp4 nos anos de 2007, 2008 e 2009. Apesar do tempo, as letras estavam na ponta da língua e a plateia acompanhava a plenos pulmões. Eu já disse nesse texto que a festa estava linda? Para acompanhar em Mais Um Dia, Rodrigo Stallone – primeiro baterista da banda – assumiu as baquetas.

Como no Rio de Janeiro tudo vira grito de futebol, já era de se esperar que em algum momento alguém ia puxar um. “OOH VOLTA SCRACHO” foi o escolhido da vez. Em seguida, Gabriel palestrou sobre o quanto aquele momento era importante e o quanto tudo que eles viveram mudou a vida deles – e a as nossas também, mas não precisava de tantas palavras. O show seguiu com Você Mudou e Canção Pra Te Mostrar, com direito a Diego e um violão sozinhos no palco. Mas o ponto alto do bloco ficou por conta de Quase de Manhã, comandada a capela pelo público.
A festa era do AGBA, mas algumas músicas de Boto Fé e Mundo a Descobrir não ficaram de fora – e nem podiam. Faz Sentido, #Tudobem, Cuida de mim, Bem-te-vi, Passa e Fica e Som Sincero não deixaram ninguém parado. Mas o grande momento da noite ficou por conta de Lado Bê, que contou com a participação de Rodrigo Costa, Vitor Isensee e André Fialho, o Dedeco. Não teve uma pessoa que não gritava nesse momento. Eu vi pessoas se abraçando e uma energia fora do comum. Sim, meus caros, nossa adolescência estava ali, vivinha! Como já era de se esperar, no fim da música o ex-vocalista do Dibob se jogou na galera.

Apesar de alguns poucos erros, o calor e a superlotação da casa, foi uma linda festa e, sem dúvidas, memorável. Acredito que nem todos os presentes tenham uma ligação tão forte com a infância/adolescência como eu tenho, mas era nítida a emoção em cada rostinho. E a música é tudo isso, história, lembrança, carinho, amor, alegria, emoção… É você, fã, se aprimorar de um conteúdo para expressar tudo que está ai dentro de você. Ver um Circo Voador lotado ovacionando 3 bandas do underground carioca de alguns anos atrás me fez ter esperança de que todo artista pode ter seu – merecido – momento de reconhecimento. Obrigada por isso, Scracho.