Por Thaís Huguenin (texto e fotos)
O que para muitos era um domingo de retorno do feriado prolongado, para os fãs da Rancore era a volta da banda aos palcos cariocas. Sem pisar no Rio desde a tour de despedida, em 2014, o grupo tinha uma legião de adoradores sedentos para revê-los. O Teatro Odisseia quase não deu conta de tantas saudades, e com lotação máxima, foi palco de uma noite memorável. Cansaço, canela roxa, falta de voz e uma leve desidratação, por conta do calor, são sintomas presentes na maioria das pessoas que curtiram o show.
Quem abriu os trabalhos foi a banda Stereophant, com um setlist pequeno por conta do tempo apertado, misturaram músicas do álbum “Correndo de Encontro a Tudo” e algumas do disco novo – que a princípio será lançado em Março. Eles contagiaram o público que chegou cedo para prestigiar as bandas da noite. Todas as canções tiveram participação da plateia, mas em O Tempo e Vermelhao coro foi de arrepiar.
Já a segunda banda foi a Nove Zero Nove, eles tocaram músicas do álbum “Blindado” (2016) e “Nove Zero Nove” (2013). Em meio a rodinhas e pessoas pulando do palco o grupo abriu o show cantando Mártir, escolha perfeita para o período que estamos vivendo.

Em certo momento, o vocalista Mauricio Kyann agradeceu o apoio do público e, falou sobre a falta de visibilidade que as bandas independentes tem nos meios de comunicação de massa atualmente: “Foda-se que não estamos entre os 100 mais tocados. A gente fala mais que vários artistas por aí. Ver vocês aqui, ver esse evento rolando, dando certo. Isso é o que faz a gente continuar:”
Quem ficou com a responsabilidade de ser a última banda antes da Rancore foi a Zander. Com cinco trabalhos lançados, o quarteto foi de “Em Construção” (2008) até “Flamboyant” (2016) em um pouco mais de 40 minutos de show. O público cantou Dezesseis e Humaitá a plenos pulmões, mostrando que a galera tinha fôlego de sobra e estavam preparadíssimos para receber os paulistas mais esperados da noite.

Não tem muita coisa que se possa falar depois do show da Rancore. É uma experiência para ser vivida. Já começa que as músicas são entoadas como hino,como se a vida de cada pessoa presente naquele lugar dependesse disso.Não há um ser que fique parado. É uma troca de energia imensa, você sai mais leve.
Teco, vocalista, consegue conduzir como ninguém a nação de fãs que eles colecionaram ao longo dos anos. Sempre mostrando muito respeito e igualdade. Ele deixa claro que qualquer um pode participar das rodinhas e fazer stage diving, mas é para uns cuidarem dos outros, porque o intuito principal ali é a diversão.

Caggegi, Ale, Candinho e Teco caminharam perfeitamente entre os clássicos de “Yoga, Stress e Cafeína” (2006), “Liberta” (2008) e “Seiva” (2011). Como nem tudo é maravilhoso, os fãs sentiram falta de Cresci, M.E.I e Mulher no setlist, mas entre tantas músicas marcantesé difícil montar o repertório sem sacrificar algumas.
O show por si só já foi o ponto alto da noite, mas não podemos esquecer o momento épico em que Teco ficou só de sunga no palco, nem quando durante a música Ritual a plateia se transformou em uma alcateia e mostrou que a Rancore nunca vai ser um lobo solitário.
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Depois desse show podemos, enfim, começar o ano. Infelizmente, ainda não sabemos se a banda vai realmente voltar ou não, mas a única certeza que os integrantes precisam ter nesse momento é que nada mudou nesse tempo. Quer dizer, só aumentou a certeza que a Rancore tem continuar/voltar.

SETLIST RANCORE
1 – Escravo Espiritual
2 – Samba
3 – Jeito Livre
4 –Cicatrizes
5 – 5:20
6 – Ritual
7 – Liberta
8 – Respeito É A Lei
9 – Planto
10- Escadacronia
11 – Seleção Natural
12 – Inocentes
13 – Quarto Escuro
14 – Infinito
15 – Yoga, Stress e Cafeína