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Resenha: gorduratrans e Violins @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Flávio Charchar

O segundo e último dia de Festival Transborda em terras cariocas foi um dia de contemplação e veneração. Um Teatro Oi Futuro Ipanema lotado recebeu os prodígios do gorduratrans e os deuses da Violins, numa noite mágica e inesquecível para público, bandas, produtores e para nós do Canal RIFF.

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Violins @2016

O primeiro show da noite ficou por conta de uma das bandas favoritas aqui do Canal RIFF. O gorduratrans não cansa de nos encantar com a complexa simplicidade de seu som. E tudo ficou muito mais bonito ainda no palco do Oi Futuro, que, graças a um trabalho de iluminação e sonorização perfeitos por parte da produção do festival, conseguiu ambientar perfeitamente o show da banda. Foi incrível como as cores refletiam bem o sentimento que cada música passava. E como o “repertório infindável de dolorosas piadas” tem sua ordem alterada para, talvez despretensiosamente, contar uma história sobre se decepcionar, esquecer o que aconteceu e ficar pronto para se decepcionar de novo (e conseguir). E como a plateia gritou as músicas e durante os intervalos entre elas! Incrível também é como Felipe Aguiar (voz/guitarra) e Luiz Felipe Marinho (bateria) estão cada vez mais maduros musicalmente e prontos para palcos maiores, plateias ainda mais barulhentas e sons ainda mais ousados, a julgar pela música “nova” apresentada. É esperar para se deliciar com mais um repertório de muita gordura sonora, cheio de ruídos e aquela bateria que mais parece um coração desesperado batendo que só esses meninos conseguem fazer.

O que aconteceu a seguir provavelmente não se deu nesse plano em que eu escrevi essa resenha e você está lendo agora. Feito quatro divindades, Beto Cupertino e companhia subiram ao palco e começaram o show da Violins. E, feito quatro magos, provocaram um transe sonoro que enlouqueceu o já abarrotado teatro. Era o fim da espera de dez anos e a primeira vez da banda no Rio de Janeiro! Obviamente, banda e plateia fizeram valer toda essa espera e botaram a casa abaixo. A Violins com seu desfile de clássicos, e o público respondendo a cada nota, cada frase, cada refrão. E durante os intervalos das músicas, não faltaram cobranças pela demora da banda e convites para ficar mais no Rio e até para idas a praia em locais não tão bonitos como a cidade do Rio. O melhor de tudo foi ver a felicidade que a banda deixou o palco após o bis, com “Grupo de Extermínio de Aberrações”, que, tal como todo o set, é muito atual e brilhante. A espera, de fato, valeu a pena. E já estamos na expectativa que a banda volte e que o Coletivo Pegada realize mais e mais edições dessa coisa linda que é o Festival Transborda.

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Resenha: Jonathan Tadeu e Fernando Motta @Swing Cobra

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

O último fim de semana de agosto foi de invasão mineira no Rio de Janeiro! Rolou no Swing Cobra (Vila Isabel, Zona Norte do Rio) a primeira edição do 040 Fest, que trouxe bandas e artistas independentes de destaque em Minas Gerais para as terras cariocas. Na primeira noite, o som ficou por conta de Fernando Motta e Jonathan Tadeu, artistas do coletivo Geração Perdida.

Quem abriu os trabalhos foi Fernando Motta. Contando com uma banda de apoio de respeito, formada por Jonathan Tadeu (Quase Coadjuvante, Lupe de Lupe), João Carvalho (Sentidor, El Toro Fuerte) e Cícero Nogueira (Lupe de Lupe), o mineiro desfilou as canções de seu álbum “Andando sem olhar pra frente”. E o mais interessante foi como o show fez todas as sensações da primeira audição do álbum voltassem à cabeça. Fernando e sua banda trazem uma carga bastante particular à apresentação ao vivo das canções, dando uma melancolia que soa triste, mas não deixa quem ouve triste. Muito pelo contrário. A sensação é ótima de estar vendo alguém tão jovem fazendo um som de tanta qualidade.

Após uma pausa e a troca de instrumentos, a mesma banda deu início ao show de Jonathan Tadeu. E numa atmosfera mais intimista impossível: luzes apagadas e um pisca-pisca vermelho (ao melhor estilo Stranger Things) ajudaram a ambientar perfeitamente o show, que contou com canções de seus dois álbuns e um cover de Elliott Smith. O destaque do show foi a parte final, onde Jonathan tocou algumas das músicas apenas na voz e na guitarra, dando uma carga emocional ainda maior às suas já emotivas canções. Isso tudo junto de suas falas sobre o quanto é bom sair de longe e ver um público fiel ao trabalho do artista e de quanto ele estava feliz em estar no Rio de Janeiro, o que deu um clima ainda mais bonito ao final da apresentação. Coisas que só a música, principalmente a de artistas independentes, proporciona para quem faz e para quem ouve.

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Resenha: Salvage e El Toro Fuerte @Swing Cobra

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Raquel Domingues

Essa vai ser uma das resenhas mais difíceis de escrever aqui para o Canal RIFF. As palavras estão faltando para descrever a experiência única que foi o segundo e último dia do 040 Fest no estúdio da Swing Cobra (Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro)! Das muitas sensações, as que mais marcaram foram a intensidade e a sinceridade dos shows dos cariocas da Salvage e dos mineiros da El Toro Fuerte, além da vibe festiva e pacífica do pré/pós show, da cerveja gelada e barata, do rango vegano maravilhoso e das pessoas fantásticas que prestigiaram a noite.

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Salvage @2016

A noite já começou com o suor se confundindo com lágrimas no show da Salvage. O show era o último do baterista Marcel Motta, e a banda (bem como o próprio Marcel) tratou de dar uma despedida de respeito para o cara. As belas palavras do baixista Ingo Lyrio entre algumas das músicas descrevendo a emoção de ver o Swing Cobra lotado para prestigiar a banda, falando da amizade entre os membros e do amor pela música tornaram a noite ainda mais bonita. Os comentários engraçados dos guitarristas Victor Cardoso e Herbert Santana e a interação com a plateia deram um alívio cômico aos comentários emocionados de Ingo e Marcel. Mas o que mais emocionou, sem dúvidas, foi o som. A banda mostra ao vivo a mesma qualidade absurda do EP “MΔE” e fez seu post-rock preciso, cheio de belos efeitos e que marca por não ter aquele aspecto sombrio que a maioria das bandas do estilo costuma apresentar. E quando a plateia “canta” uma música que é instrumental, como rolou com ganhardepoisperder, provavelmente a música mais conhecida da banda, é porque o show foi um sucesso.

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A seguir, a El Toro Fuerte estreou em terras fluminenses. E que estreia! Contando com a participação do prodígio mineiro Fábio de Carvalho nas guitarras e nos vocais, a banda de Diego Soares (baixo, guitarra e vocal), Gabriel Martins (bateria) e João Carvalho (vocais, guitarra e baixo) fez um show que incendiou o já abarrotado estúdio. Era preciso tomar cuidado para não pisar nos pedais de guitarra e baixo, tamanha proximidade entre público e banda. E que energia os caras tem ao vivo! É uma entrega e um cuidado com cada nota, cada acorde, cada linha vocal que leva junto todo mundo, até aquela pessoa que não conhece o trabalho dos caras. Leva junto até o teto, literalmente! Vimos crowdsurfings que arrancaram sorrisos e até olhares de espanto dos músicos, que pareciam não acreditar que a plateia estava cantando e pulando durante todas as músicas do setlist. Set esse que contou com quase todas as músicas do “Um Tempo Lindo Para Estar Vivo”, além de algumas do trabalho solo de Fábio. O membro convidado da noite, inclusive, parecia ter fundado a banda junto com os outros membros, de tão entrosado que estavam. O destaque do show ficou para a extensa e psicodélica João e o Mar, que fez o público entoar um longo coro de “hoje o único fantasma/em mim sou eu”. A banda fez valer cada quilômetro da viagem e cada gota de suor derramado no estúdio que tem um ótimo ar condicionado, mas que não deu vazão para a energia que a galera deixou ali dentro. Uma noite memorável para a banda, a plateia, os organizadores e principalmente para esse riffeiro que vos escreve.

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Resenha: Divisa, Linda Lobo e Drops 96 @Lapa Rock Experience

Por Natalia Salvador | @_salvadorna

A Lapa, no Rio de Janeiro, é muito conhecida por acomodar democraticamente pessoas de vários estilos, gostos e nacionalidades. Na noite de duas sextas-feiras atrás (26/8), o berço da boemia foi palco para o lançamento do novo EP da banda Divisa(auto)retrato’, que contou com a parceria – de peso – de bandas amigas convidadas. Ali, o fim de semana prometia começar agitado, e começou.

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Divisa @ Foto por: Rodrigo Soares Pires

Já eram mais de 22 horas, quando a banda Linda Lobo iniciou os trabalhos da noite. Além da boa música, o que chama atenção nos meninos da zona norte carioca é o carisma e a presença de palco do vocalista, Rocky Malias. Por conta de alguns atrasos, o show foi curto e acabou provocando desentendimentos entre músicos e técnicos da casa. Apesar dos sustos, deu pra notar que a alcateia da Loba sabe onde está pisando.

Logo em seguida, a Drops 96 assumiu o palco e animou o público com um show maduro e cheio de energia. O setlist trouxe diversas músicas do novo cd ‘Busque mais da vida’ e algumas releituras de Planet Hemp, O Rappa e Tim Maia, que parecem aproximar e atrair ainda mais quem não conhece o trabalho autoral da banda. Mas o ponto alto da noite ficou marcado com Mais que um olhar e Palco da vida, músicas do álbum ‘Felicidade em estar aqui’, de 2014, que contaram com a ajuda do coro da plateia aos vocais de Fábio Valentte. O sorriso no rosto dos meninos deixou a galera ainda mais ansiosa para o último show da noite.

 

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Depois de um hiato e muitas mudanças, o show de lançamento do EP ‘(auto)retrato’ marcou a volta aos palcos cariocas da banda Divisa. Além das músicas novas, a apresentação contou com covers de The Killers e até Tiago Iorc, o novo nome nacional no quesito amor em forma de música, além de faixas da outra fase da banda. Para apresentar o single ‘Coisa de gênio’, o baterista Teo Kligerman, da banda Hunna, assumiu as baquetas, dando um descanso para a apresentação dupla de Bruno Lamas. Já no fim do show, sem deixar as raízes de lado, Sempre quis traz uma melodia mais pesada e mostra que o trio voltou com – muita – vontade de ficar!

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Resenha: SLVDR, MOS e Confeitaria @Fórum Sessions Instrumental

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

O Estúdio Fórum, localizado em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, realizou no último domingo (14/8) mais uma edição do Fórum Sessions Instrumental com três bandas independentes e da mais alta qualidade. Tivemos o prazer de curtir as excelentes Confeitaria (MG), MOS (RJ) e SLVDR (RJ), em mais uma daquelas noites que nos trazem orgulho em relação ao o que está sendo produzido no cenário independente

Antes de falar das bandas, é preciso elogiar o estúdio. Que estrutura fantástica tem o Fórum! Há tempos eu não cobria um show com tamanha qualidade de som. Isso sem contar na simpatia do staff do estúdio e da iniciativa de trazer bandas independentes para tocar em seu espaço. Fica a dica para aqueles que têm banda e procuram um bom lugar apara ensaios e gravações.

Confeitaria @ Forum
Confeitaria @2016

Essa qualidade sonora absurda contribuiu muito para que os presentes pudessem curtir as propostas que cada banda trouxe. A começar dos nossos amigos da Confeitaria. Os queridos mineiros voltaram ao Rio para apresentar as canções do álbum “Enero”, gravado na Patagônia Argentina, além de coisas novas que eles vêm compondo. O mais interessante dos shows da Confeitaria é sempre o lance da empatia. As diferentes nuances de cada música, as camadas sonoras sendo adicionadas pouco a pouco, um instrumento entrando de cada vez… Tudo isso faz o ouvinte ser transportado mentalmente para o local onde isso tudo foi gravado e expressa muito bem o sentimento que Lucas Mortimer (bateria e efeitos) e Gabriel Murilo (guitarra e baixo) tiveram ao compor tudo aquilo que é tocado. E certamente de uma forma mais clara e sincera do que qualquer palavra pudesse expressar. Uma verdadeira experiência sensorial, como é de praxe no post-rock e na música instrumental num geral.

MOS @ Forum
MOS @2016

A seguir, quem assumiu a bronca foi a MOS, banda de Armação dos Búzios (RJ) que faz uma mescla muito interessante de rock psicodélico com dub e post-rock. Eu pessoalmente não conhecia a banda, mas fiquei bastante satisfeito com o que vi. Daniel Duarte (bateria e efeitos), Bruno Menezes (baixo) e Bárbara Guanaes (escaleta e teclado) me fizeram cócegas nos ouvidos e me deixaram com um sorriso no canto da boca do começo ao fim. Que vibe gostosa cada música tocada trouxe para todo mundo que foi curtir o show. A partir de hoje, quando me perguntarem sobre “música gostosinha de ouvir”, a MOS certamente estará entre as indicações.

O que se seguiu foi a contemplação de uma aberração sonora, no sentido de complexidade e qualidade. A SLVDR assumiu os instrumentos e pôs abaixo o Estúdio Fórum. E numa ocasião bastante especial, pois se tratava da segunda apresentação depois do lançamento do aguardado álbum “Presença”, o primeiro full length do trio. Álbum esse que foi gravado em parte no próprio Estúdio Fórum, local onde a banda fez seus primeiros ensaios e composições e que batizou uma das músicas do álbum (na minha opinião, a melhor). Em relação ao show… bom, já falamos da SLVDR aqui e eles não cansam de nos impressionar. Bruno Flores (guitarra), Hugo Noguchi (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria) são, sem exagero nenhum, o dream team da música independente brasileira. Três músicos fantásticos que juntos fazem um som maravilhoso e transcendental. E é muito interessante acompanhar o público “dançando” cada canção e acompanhando com a cabeça e com gestos as (muitas) “curvas” que cada música faz. Uma dança esquisita e nada óbvia, mas muito boa de assistir, como foi o show e como é o som da banda. Os mil timbres de guitarra e baixo, as quebradas de tempo da bateria de Barbosa e os tappings de Bruno e Noguchi causaram até certa frustração em parte do público ao final do show, que, já no bar do Fórum, falavam em vender ou quebrar seus instrumentos, pois nunca chegariam naquele nível de qualidade. Uma inveja boa, que na verdade é só a mais pura admiração a esses salvadores da música.

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Resenha: Bullet Bane e Helga @Rio Novo Rock/Imperator

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A noite foi de hardcore na edição de agosto do Rio Novo Rock! O evento mensal, sediado no Imperator (Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro) contou com os cariocas da Helga e o aguardado show dos paulistas da Bullet Bane. Além disso, tivemos a habitual pista de skate, as projeções visuais maneiríssimas do VJ Mad e muita música boa nos intervalos com a satanista, presidenta e baixista da Nove Zero Nove, Elisa Schinner.

A Helga abriu os trabalhos para um público até razoável por se tratar de um estilo que não tem um público tão grande. A banda de Vital (voz), Pedro Nogueira (guitarra), Daniel Machline (bateria) e Dave D’Oliveira (baixo) mandou os petardos do bom álbum “Ninguém Sai Ileso de Ninguém”, além de ótimos covers de Sepultura e Motörhead. Perfeito para aquecer a galera para o que estava por vir.

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E o que veio era nada menos do que um dos shows nacionais mais esperados por nós do Canal RIFF. A Bullet Bane subiu ao palco já com um Imperator apresentando um bom público, e trouxe consigo uma certa aura. Tal aura já nos era familiar, e os primeiros acordes já nos lembraram de onde ela vem. Era algo bem parecido com o sentimento que nos toma ao ouvir a “Impavid Colossus”, o último álbum da banda. Mas não exatamente o mesmo. Ao vivo, a impressão é que o som se materializa, toma forma e dimensão de um Colosso, que vai juntando banda e plateia numa unidade que passam a pulsar como uma coisa só dali para frente. E não é viagem não, eu juro. Ouvir aqueles acordes, com aqueles timbres e aquelas distorções pessoalmente é outra história. É meio que contemplar algo bonito se construindo, aos poucos, quase como num sonho. Sonhamos tanto que ouvimos até eles tocando uma música da menores atos, com a participação do seu vocal/guitarra e mister simpatia Cyro Sampaio. Mas vez ou outra vinha um momento de choque de realidade, trazido pelas poucas músicas do “New World Broadcast” presentes no set e algumas outras do álbum mais recente. Se bem que chamar de tapa é subestimar as porradas que são Fission and Fusion, Option to Repression, Impavid e Dance of Eletronic Images! Agressividade para fazer a plateia girar e se jogar do palco, um jargão em shows de hardcore. Enfim, noite mágica, que superou as (altas) expectativas e que nos deixou orgulhoso de o quão bem a cena independente está representada por essas duas bandas sensacionais.

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Resenha: Codinome Winchester e menores atos @Vizinha 123

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A residência da Agência Milk em parceria com a produtora Speed Rock na Vizinha 123 (Botafogo, Rio de Janeiro) começou da melhor maneira possível! Tivemos a oportunidade de curtir, em plena quarta-feira pré-olímpica (03/08/2016), o encontro entre os visitantes sul-mato-grossenses da Codinome Winchester e os anfitriões cariocas da menores atos.

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Para falar sobre a Codinome Winchester, primeiro precisamos imaginaro seguinte cenário: um Dave Grohl made in Brasil na bateria, um baixista que parece ter saído de uma banda de folk rock, uma dupla de guitarristas que produzem um som bem modernoso e um vocalista que é a mistura de Ney Matogrosso com Ozzy Osbourne com vários efeitos vocais. Agora imagine aquela galera que faz uma viagem par ao Rio de Janeiro pela primeira vez e a empolgação que os acomete ao avistar a praia, o Cristo e o Pão de Açúcar. Essa foi a vibe do show da Condinome Winchester. E que show! E que banda! O som impressionou muito os presentes, mesmo aqueles que já conheciam o material apresentado. O som dos caras ao vivo se compara a uma volta de montanha-russa de olhos vendados: você nunca sabe o que está por vir e sempre se surpreende positivamente quando vê o que é. Destaque para a performance do vocalista Fillipe Saldanha, um frontman como manda o figurino: voz ótima, afinação, e uma interação com o público que, como diz Mano Brown, é “talvez até confusa, mas real e intensa”. Fica a ótima primeira impressão que a banda deixou em terras fluminenses e a sensação de que, se a banda fosse de um grande centro, já teria uma repercussão muito maior.

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Após essa loucura sonora, foi a hora de chegar mais para frente do palco para soltar a voz ao som dos nossos favoritos da menores atos. E elogiar os caras aqui no Canal RIFF é chover no molhado: já fizemos session com a banda, resenhamos vários shows, escrevemos matérias e em breve publicaremos uma entrevista. Decidimos, então, por ver o show sob outra perspectiva, a dos fãs. E é incrível como as pessoas parecem se identificar com as letras. As letras são berradas por todos, não só pela beleza que elas tem, como também pela verdade que elas transmitem. Um grito intenso, de quem passou por tudo aquilo que Cyro e companhia vão narrando ao longo de todas as nove músicas que a banda toca quase sempre que se apresenta. Ah, só pra não deixar de elogiar: um showzaço, “curto porém braseiro”, como de costume. Os meninos estão a cada dia mais entrosados no palco e o som continua redondo e tocante. E é por isso que não enjoamos e vamos a todos: todo show da menores é como se fosse o primeiro. Já foi em algum? Não perca a chance. Faça esse bem para seu coração e sua alma.

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Resenha: Esteban, No Time e Radioativa @Teatro Odisseia

Por Felipe Sousa | @Felipdsousa | Fotos Gustavo Chagas

Tavares ficou conhecido principalmente por tocar na banda Fresno, onde ficou de 2006 a 2012. Mas antes disso, o músico gaúcho fundou a banda Abril (projeto que o fez receber o convite pra tocar na Fresno). Agradando muito na cena independente chegou a lançar em 2005 o álbum “O Que Te Faz Feliz?” e continuou com o projeto até o ano de 2013. Também participou do projeto “Trio Grande do Sul” onde tocava ao lado de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) e Paulino Goulart. Em 2012 ao anunciar sua saída da Fresno, Tavares focara totalmente no seu projeto solo intitulado Esteban. Trabalho que mostra a inquietude do gaúcho com a música, sempre buscando grandes desafios, e que mostra também o quão completo o músico se tornou.

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Em uma realização da Cena Rock Produtora, Esteban Tavares chega ao Rio de Janeiro com sua turnê “Saca La Muerte de Tu Vida”. Turnê que é baseada em seu mais recente álbum, de mesmo nome, e quem tem uma roupagem bem introspectiva, acústica com voz e violão e a participação de Paulinho Goulart no acordeom.

Em um Teatro Odisseia cheio Esteban Tavares, acompanhado de Paulinho Goulart, fez um acústico vibrante. Sim, você leu certo. Quem esteve na lapa no dia 6 de agosto viu um show com uma energia gigante. Mencionada por diversas vezes pelo próprio Esteban durante a noite, inclusive. Os muitos fãs do roqueiro amante cantaram juntos desde a primeira música. Pra contradizer àquela história de muitos de que o acústico não tem energia.

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O show começou com Esteban cantando Canal 12, hit do seu primeiro álbum “Adios Esteban” junto a um coro vindo do público que o próprio músico definiu como mágico”. Tavares fez um show bastante interativo, fazendo grandes pausas entre as músicas e contanto um pouco da história de cada uma. Foi interessante o medley que o músico propôs ao show, cantando músicas de vários momentos da carreira, incluindo Fresno e Abril. Quando tocou “O que te faz feliz” a galera foi de novo à loucura. O setlist não foi tocado por completo devido ao tempo, deixando de fora algumas músicas, mas com certeza foi um grande show e deixou uma baita expectativa sobre um possível volta de Esteban ao Rio.

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A abertura da noite ficou na responsabilidade das talentosas No Time e Radioativa. A primeira, No Time, com um pop rock alternativo de bom gosto, fez uma mescla de músicas autorais e covers bem tocados. A segunda, a carismática Radioativa, apresentou seu pop punk autoral também de muito bom gosto, e preparou muito bem a casa pra atração principal.

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Resenha: The Shrine, Os Vulcânicos e Psilocibina @Teatro Odisseia

Por Felipe Sousa | @Felipdsousa

No último dia 4 de agosto a produtora Abraxas levou até o Teatro Odisseia, no Rio de Janeiro, os californianos do The Shrine em mais um evento do rock psicodélico. O trio de Venice chega com sua primeira turnê no Brasil, e depois de fazer barulho em Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo aterrissaram na Cidade Maravilhosa para dois shows intensos (antes, dia 3, a banda já havia tocado na Praça Duó, na Barra da Tijuca).

O som do baixo, bateria e guitarra do The Shrine propõe aquela pegada bem anos oitenta do rock psicodélico, um som seco, cru, mas contagiante pra caramba. Black Sabbath e Motörhead influenciam os muitos riffs e as distorções do baixo.

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The Shrine @2016

Josh Landau (Guitarra e vocal), Court Murphy (Baixo) e Jeff Murray (Bateria) formam a The Shrine desde 2008 e têm três álbuns lançados, “Bless Off”, “Primitive Blast” e o mais recente “Rare Breed”. No Odisseia a banda deu ao público, que não lotou a casa, um pouco de cada disco. A escolha da banda de tocar músicas de toda a carreira deu a chance da galera curtir um show com muitas performances diferentes entre uma música e outra, com canções curtas no geral, mas que agradam com as viradas da bateria, solos com riffs gritados, um sotaque punk e um ritmo frenético. E com isso não demorou pra banda se surpreender ao ver uma rodinha punk se formar à sua frente, e perceber essa mesma se repetir algumas vezes durante o show.

A The Shrine é uma banda nova, teoricamente, depois de oito anos de estrada e três álbuns lançados, ainda é desconhecida do grande público no país; embora, não tenha sido difícil perceber os fãs mais engajados com o punk rock psicodélico gritarem as letras junto com o trio. Carismáticos e com uma expectativa de coisa boa pela frente, deixam a certeza de que se voltarem farão mais um bom espetáculo.

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Os Vulcânicos @2016

Antes que o sotaque californiano subisse ao palco, a noite olímpica do Rio de Janeiro recebeu a banda Os Vulcânicos que iniciou sua apresentação com Dony Escobar (Guitarra e Voz), Filipe Proença (Voz e Baixo) e Zozio (bateria e voz).

A banda começa com uma pegada instrumental evidenciada pela bateria do Zozio, que dita o ritmo do show. O rock garage e surfado do grupo já agradava o público quando surge no palco um quarto integrante pra assumir os vocais e dá um upgrade na apresentação com um timbre grave e bem interessante.

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Psilocibina @2016

E nessa história contada do fim pro inicio, quem teve a responsa de abrir a noite no Odisseia foi a galera da Psilocibina.

Um show de abertura inteiramente instrumental com Alex Sheenyna guitarra, Lucas Loureiro na bateira e Rodrigo Toscano no baixo. Cheios de flertes com a guitarra, e com muitos momentos de solos individuais, a Psilocibina é uma banda com bom gosto e que deve crescer ainda.

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Depois de muita gritaria, muita distorção e muitos riffs, o já tradicional Teatro Odisseia mostra novamente que é um belo palco pra se curtir música boa.

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Resenha: LM.C @Anime Friends

Por Pedro Karps | @Soba1k | Fotos Yamato/Anime Friends

Domingo, dia 17 de julho, último dia de Anime Friends. Costuma ser o dia mais lotado, mas considerando que dessa vez fui apenas pra prestigiar o show, pelo horário uma das coisas boas foi poder me guiar sem mapa até o local, seguindo o fluxo da galera que já estava voltando pra casa antes do frio. Infelizmente perdi o show do Nobuo Yamada devido a chuva forte no dia anterior, mas dessa vez não perderia o show de volta do tão aguardado LM.C!

Eles já vieram ao Brasil algumas vezes (2009 e 2012, se não me falha a memória) e, com um tom animado nas musicas, conseguem muito bem cativar um publico mais jovem e ligado na cultura pop japonesa de maneira geral, tendo contribuído diversas vezes com algumas aberturas de séries bem queridas pelo mundo todo.

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Chegando lá, encontrei com umas amigas que iam super animadas pra hot-zone, bem de frente pro palco. Fiquei mais pro fundo, nas pista normal, e mesmo assim dava pra assistir ao show muito bem, tinha bastante gente, ainda mais considerando que era a última atração do evento, só ficou quem tava bem afim de ver a banda.

Um pouco antes, a Yamato baixou as luzes e exibiu um vídeo countdown mistério, oficializando a vinda do Flow, outra banda querida pela galera, numa futura tour latino-americana por volta de dezembro.

Logo alguns minutos, super expectativa do púbico, as luzes abaixam, sobe uma fumaça no palco, geral chamando a banda empolgado, e eis que naquela super pose que as bandas japas costumam fazer, entram ao palco Aiji com sua guitarra com a ilustração de chamas ao som de No. 9 (ver. SGLB), seguido do vocalista Maya, apontando pra todo o público já pedindo pra geral pular com vários “Jump! Jump! Jump! …” e logo engatando direto na Oh My Juliet, para delírio dos fãs, ainda mais por ser uma das mais famosas da banda. Em paralelo, não consegui deixar de reparar que o visual deles estava mais maduro, diferente das cores coloridas e cheias de arco-íris, misturado com caveirinhas meio dark-oshare-kei dos lançamentos anteriores.

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Mas quem sabe faz ao vivo né, Aiji tocando bem empolgado, Maya puxando o público mostrando uma presença de palco que vários ocidentais poderiam aprender bastante. O áudio estava ótimo, guitarra forte, baixo audível, vocal clean mesmo com algumas distorções, tudo bem equalizado, aquela hora em que você fecha os olhos e fica absorvendo cada linha de som sem interferência alguma. Sou desses. Logo entrou Rainmaker, musica recente, num tom de palmas e puxando bem pruma pegada meio ska punk (só faltaram os trompetes né), seguida de Ghost Heart numa onda mais rapidinha, aproveitando pra galera se mexer mais. Deu pra perceber um momento em que os roadies tavam ajudando a evitar um problema com a guitarra, mas a galera tava tão concentrada que nem deu pra ver. A essa altura de show, tava um clima tão legal que nem dava mais pra sentir frio! E nessa música, dava muito bem pra ouvir o pessoal lá na frente acompanhar o refrão.

Ao fim dela, apesar da já ter agitado a galera entre uma música e outra, rolou uma pausa prum MC do Maya, agradecendo ao público por estarem ali com eles, perguntando se o pessoal estava se divertindo, e se desculpando por não falar bem em inglês. Uma tradutora apareceu logo em seguida e ajudou. Ele falou que também curtia anime, e que levaram aproximadamente 33h de viagem, mas ficaram bem felizes de ver a empolgação. “A gente quer sentir o amor de vocês, do pessoal que gosta de anime, do pessoal que esta conhecendo o LM.C hoje, que todo mundos e torne um, hoje, nesse dia especial!” já fazendo o público ficar íntimo da banda, e engatando um “Hey everybody , we don’t stop and go!! We can’t get no satisfaction!! da MONROEwalk, com clima mais melódico, quase aquelas musicas pros próprios músicos ‘descansarem’ durante o show. Depois desse ‘descansinho’, já entrou num pé forte a MOGURA, bem mais pesada e num tom de diversão com os roadies pelo palco segurando pompoms fluorescentes.

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Aproveitando os vários pulos, Maya já pegou uma meia-lua e, cheios de “yeahyeahyeah!”, mandou um “rapping” empolgante da Just like This!!, fazendo todo mundo dançar junto e bater palma. Puta presença de palco, já tava fazendo o show valer a pena. Rolou mais um MC, falando que o publico era muito enérgico, dizendo que ia voltar pro Japão comentando que geral foi do caralho mandou muito bem (o que de fato aconteceu, aqui no blog oficial do Aiji ), e mandou a Hoshi no Arika, seguido da Super Duper Galaxy sem nem um sinal de cansaço!

Mais uma pausa rápida, mas dessa vez pra perguntar, assim como quem ja sabe a resposta, se a “galera, vocês conhecem o anime …Reborn?!” (“Katekyō Hitman Reborn!” cuja banda tinha feito uma das musicas tema), e foi o bastante pra todo mundo gritar empolgadaço! “Next song, is… 88!”. Não bastando isso, ele ainda estendeu o microfone ao público só pra ouvir um acapella do comecinho da musica. “C’monSaonPaoro!!” animadaço cantando com a galera. Esses caras sabem pro que vieram.

“Vocês aguentam mais?” o Maya mexia com o público, “vejo várias pessoas de cosplay por aqui, será que vocês sabem o que ‘saikou’ significa?”.

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Saikoooooou!! (a tradução dessa palavra fica aproximadamente como “mais alto!”, “mais MAIS AINDA”, ou num bom PT-BR não literal: “VAMO QUEBRAR TUDOOO!!“) entrando We are LM.C! logo em seguida, com uma coreografia que puxava o público pra girar as toalhas com o logo de comemoração dos 10 anos da banda.

Muita cena, o que incluiu o Maya descer do palco e encostar pela hot-zone em contato direto com os fãs, levando todos a um delírio vívido ate demais pra quem nem imagina que essa galera do outro lado do mundo vá pisar no pais de novo. Let Me’ Crazy!! veio em seguida, mas tava um clima tão divertido que nessa hora até esqueci de tomar nota, junto do público pulando na empolgação.

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Depois de vários pulos, aquele momento de agradecimento, joga palheta, cospe água, lança baqueta, etc., num climão de “acabou mas já que tem mais”. Um tempinho passa e rola um MC em off, fazendo graça de que “não consegue ouvir o publico lá do fundo” enquanto os fãs clamavam com um “LM.C! LM.C! LM.C!”.

Eles voltam ao palco, e pra surpresa não só da banda mas do público, o staff da Yamato levou um bolo para comemorar o aniversário do Maya. Brinca com o público, que cantam parabéns pra você, enquanto ele ameaça jogar o bolo na plateia (bastante gente assustou de verdade), mas era só palhaçada. Passando o susto, publico pediu a Boys & Girls. Ele brinca que não conhece essa música, agradece pelo bolo e segue o MC perguntando o que faremos depois dali, se o tempo esta bom, e que se sente satisfeito por ver o público com cara de felicidade. “Daqui a pouco a gente volta pro Japão, mas vamos falar que vocês são demais! Continuem assim curtindo as coisas do nosso pais! Agora, quantas musicas vocês acham que falta?! Vamos la Brasil! Ikenoga?!/Vocês aguentam mais?!”

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☆Rock the LM.C☆ abriu o encore de maneira bem explosiva, ainda mais por ser uma das musicas mais queridas dos fãs, puxando geral do chão, jogando água no publico, enquanto os roadies entram com duas bandeironas pra lá e pra ca no palco. Num “If you say so…” Boys & Girls veio logo em seguida pra fechar com chave de ouro nos corações dos fãs. Vários agradecimentos, varias palhetas, pessoal se matando par conseguir algum momento dos artistas, muito suor e lágrimas de felicidade por parte do hot-zone e do publico na pista aberta.

Pra mim que não esperava muita coisa, o show foi BEM mais legal do que imaginava, apesar de alguns fãs mais fervorosos terem sentido falta de Punky ♥ Heart, também uma favorita, ninguém ficou decepcionado com o evento. Deixo aqui meus parabéns pra Yamato a respeito da estrutura do palco, permitindo a regulagem super tunada do staff oriental sem inconveniência alguma durante a apresentação.

setlist
1. No. 9 (SGLB)
2. Oh my Juliet!
3. RainMaker
4. GhostHeart
5. MonroeWalk
6. Mogura
7. Chameleon Dance
8. Just like this
9. Hoshi no Arika
10. 88
11. We are LM.C
12. Super Duper Galaxy
13. Let me Crazy
– Bis –
1. Rock theLM.C
2. Boys&Girls

Fonte: LM.C Brasil

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Resenha: Shut Up! Twist Again!, Memorial, Def @Camelo Azul

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Marcos Lamoreux

Continuando nossa incansável busca por picos de música independente, fomos no último sábado (23/7) ao bairro do Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro, para curtir um dos últimos roles da (em breve finada) Bichano Records no estúdio Camelo Azul. A noite nos trouxe um dos últimos shows da tour brasileira da Shut Up! Twist Again! (França), além do debut da da Memorial (Curitiba/PR) em terras cariocas e de mais um show da queridinha do Canal RIFF, a Def (Rio de Janeiro/RJ). Não faltou cerveja gelada, gente maneira e muita interação com todo mundo, em um role que foi um dos mais agradáveis que tivemos o privilégio de comparecer nesse ano.

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Os cariocas da Def abriram a noite mostrando o porquê de estarem em nosso “Spotlight” esse mês. A banda chegou para tocar no Camelo Azul após uma passagem por Belo Horizonte e parece estar aprendendo bastante com a experiência em diferentes palcos e cidades. Em uma evolução notável em relação ao último show que cobrimos, Deb F (vocais e guitarra), Dennis Santos (bateria e vocais) Nathanne Rodrigues (baixo e vocais) e Matheus Tiengo (guitarra e vocais) fizeram um show bastante sólido, superando as limitações sonoras do local. Com uma dupla de guitarras com efeitos e riffs muito interessantes, linhas de baixo nada óbvias e uma bateria que lembra a potência dos que já passaram pelo Queens of the Stone Age, a banda entrega uma performance ao vivo tão boa quanto é seu material de estúdio. O que chamou atenção também foi a interação com o público, que foi intensa em relação ao que vimos da tímida banda em outras ocasiões. Com toda essa evolução e os EPs que ainda estão por ser lançados, é certo que o fã de rock ouvirá falar muito da Def nos próximos meses.

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Enquanto a Memorial recarregava as baterias da longa viagem de Curitiba para o Rio, a Shut Up! Twist Again! assumiu os instrumentos. E o que se teve a partir de então foi quase uma hora do show mais divertido que presenciamos esse ano. Ao ouvir as faixas do álbum “Wild and Wicked (What We Worked For)”, o último da banda, fomos contagiados pelo punk rock explosivo de Jerome Etchepare (vocais e guitarra), Jhonny de Sousa (guitarra e vocais), Thomas Piton (baixo) e Lucha Pms (bateria). Mas ao vivo isso se materializa em uma energia contagiante dos membros da banda, que, somado ao som pesado e ritmado, fizeram a parede do estúdio suar, literalmente. Parte do público aproveitou para desenhar palavras de ordem e de amor nos vidros embaçados, enquanto o restante proporcionava um dos crowd surfings mais animados e curiosos que já vimos, a despeito do espaço pequeno do estúdio. Enfim, o show foi uma experiência única e surpreendente, daquelas que só quem foi sabe como é e vai se lembrar para sempre.

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O ato final da noite ficou por conta da Memorial. E a apresentação foi muito além de tocar as músicas do excelente “Angústias Trazidas Para Casa”. O show teve uma carga emocional ainda maior além da contida nas canções dos curitibanos. Foi o gran finale de uma viagem que envolveu carro quebrado, atropelamento de pneu de caminhão, revista policial e outras emoções. Em breve eles mesmos explicarão essa história toda em um vídeo do Canal RIFF. O que importa é que, apesar de todos os problemas, era nítida a alegria da banda de estar tocando no Rio. E tocando um som de muita qualidade! O “grunge emo” confessional e cru de Gustavo Santos (vocais e guitarra), Michel Martins (vocais e guitarra), André Pamplona (baixo) e André Siqueira (bateria) fez a galera soltar a voz em quase todas as letras da banda, que saiu muito satisfeita do show, declarando que “foi o melhor da banda desde então”. Mal sabem eles que a felicidade foi toda nossa de acompanhar essas histórias, conhecer essas pessoas e escutar essas bandaças. Que os franceses e os curitibanos voltem mais vezes ao Rio (sem perrengues da próxima vez, por favor!) e que a Def rode ainda mais o Brasil mostrando seu belo som. Os fãs de rock agradecem!

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Resenha: Vitor Brauer e Def @Swing Cobra

Por Alan Bonner e Guilherme Schneider | @Bonnerzin @Jedyte | Fotos Lucas Santos

Coletivos artísticos costumam ter uma sede, uma base, um local onde tudo é planejado e até mesmo executado, em alguns casos. Esses locais são símbolos da resistência desse tipo de movimento, que costumam encontrar dificuldades enormes de fazer com que seu trabalho reverbere e chegue a mais pessoas. É essa luta que o Swing Cobra, coletivo carioca formado por membros de Ventre, Hover e Stereophant, resolveu travar. E seu primeiro ato aberto ao público foi realizado três sextas-feiras atrás (08/7), na sede do coletivo, localizado no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro). Para tal, foram convidados os cariocas da Def e o mineiro Vitor Brauer. Além disso, a noite contou com uma exposição do fotógrafo Pedro Arantes e com um DJ set dos membros da Ventre.

Deborah Def
Def @2016

Aconchegante, o QG do Swing Cobra esteve super-lotado em sua estreia. No show da Def a sensação era bem próxima a de estar em um ônibus lotado – tamanha a quantidade de gente por metro quadrado. Contando apenas com iluminação de pisca-piscas natalinos, o primeiríssimo show desse novo ambiente foi especial. Afinal, mesmo com pouco tempo de estrada, a banda carioca já conta com um carinho de um público que realmente consome música e vive a cena. Apesar de um EP lançado há pouco tempo, o “Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia (Parte 1)”, os presentes já cantarolaram trechos de Sobremesa e Dissolvendo. É emocionante presenciar o nascimento de um grupo com tanto potencial e talentos individuais.

Logo após o show da Def e de mais uma volta na casa para conhecer melhor o espaço, fomos para o estúdio bem no momento em que Vitor Brauer plugou seu violão e começou seu show. E o que tivemos a partir de então foi quase uma hora de uma apresentação mais intimista impossível. A sensação que ficou é que um amigo da galera que veio de longe puxou um violão, fez uma roda e começou a cantar várias canções de sua autoria. Na verdade, foi exatamente isso que aconteceu. Vitor é praticamente um dos pais da atual cena independente de Belo Horizonte, a famigerada “Geração Perdida”, sendo o frontman da banda mais influente e renomada do movimento, a Lupe de Lupe. Em seu set, o valadarense tocou músicas de sua banda e de seu trabalho solo, acompanhado pelas vozes de quase todos os presentes. Foi algo pequeno, mas que teve pinta de coisa grande. Vitor foi além de simplesmente um “voz e violão” e fez algo que podia parecer um mise-en-scène, mas era tudo muito sincero. Ele contou histórias, interagiu com a plateia e fez piada de si mesmo quando algo dava errado. Uma performance digna de alguém tão vanguardista como Brauer e condizente ao que a Swing Cobra quer ser: um local para “agregar, compartilhar, produzir e reproduzir” arte, das mais diversas formas e com muita qualidade.