Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Marcos Lamoreux
Continuando nossa incansável busca por picos de música independente, fomos no último sábado (23/7) ao bairro do Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro, para curtir um dos últimos roles da (em breve finada) Bichano Records no estúdio Camelo Azul. A noite nos trouxe um dos últimos shows da tour brasileira da Shut Up! Twist Again! (França), além do debut da da Memorial (Curitiba/PR) em terras cariocas e de mais um show da queridinha do Canal RIFF, a Def (Rio de Janeiro/RJ). Não faltou cerveja gelada, gente maneira e muita interação com todo mundo, em um role que foi um dos mais agradáveis que tivemos o privilégio de comparecer nesse ano.
Os cariocas da Def abriram a noite mostrando o porquê de estarem em nosso “Spotlight” esse mês. A banda chegou para tocar no Camelo Azul após uma passagem por Belo Horizonte e parece estar aprendendo bastante com a experiência em diferentes palcos e cidades. Em uma evolução notável em relação ao último show que cobrimos, Deb F (vocais e guitarra), Dennis Santos (bateria e vocais) Nathanne Rodrigues (baixo e vocais) e Matheus Tiengo (guitarra e vocais) fizeram um show bastante sólido, superando as limitações sonoras do local. Com uma dupla de guitarras com efeitos e riffs muito interessantes, linhas de baixo nada óbvias e uma bateria que lembra a potência dos que já passaram pelo Queens of the Stone Age, a banda entrega uma performance ao vivo tão boa quanto é seu material de estúdio. O que chamou atenção também foi a interação com o público, que foi intensa em relação ao que vimos da tímida banda em outras ocasiões. Com toda essa evolução e os EPs que ainda estão por ser lançados, é certo que o fã de rock ouvirá falar muito da Def nos próximos meses.
Enquanto a Memorial recarregava as baterias da longa viagem de Curitiba para o Rio, a Shut Up! Twist Again! assumiu os instrumentos. E o que se teve a partir de então foi quase uma hora do show mais divertido que presenciamos esse ano. Ao ouvir as faixas do álbum “Wild and Wicked (What We Worked For)”, o último da banda, fomos contagiados pelo punk rock explosivo de Jerome Etchepare (vocais e guitarra), Jhonny de Sousa (guitarra e vocais), Thomas Piton (baixo) e Lucha Pms (bateria). Mas ao vivo isso se materializa em uma energia contagiante dos membros da banda, que, somado ao som pesado e ritmado, fizeram a parede do estúdio suar, literalmente. Parte do público aproveitou para desenhar palavras de ordem e de amor nos vidros embaçados, enquanto o restante proporcionava um dos crowd surfings mais animados e curiosos que já vimos, a despeito do espaço pequeno do estúdio. Enfim, o show foi uma experiência única e surpreendente, daquelas que só quem foi sabe como é e vai se lembrar para sempre.
O ato final da noite ficou por conta da Memorial. E a apresentação foi muito além de tocar as músicas do excelente “Angústias Trazidas Para Casa”. O show teve uma carga emocional ainda maior além da contida nas canções dos curitibanos. Foi o gran finale de uma viagem que envolveu carro quebrado, atropelamento de pneu de caminhão, revista policial e outras emoções. Em breve eles mesmos explicarão essa história toda em um vídeo do Canal RIFF. O que importa é que, apesar de todos os problemas, era nítida a alegria da banda de estar tocando no Rio. E tocando um som de muita qualidade! O “grunge emo” confessional e cru de Gustavo Santos (vocais e guitarra), Michel Martins (vocais e guitarra), André Pamplona (baixo) e André Siqueira (bateria) fez a galera soltar a voz em quase todas as letras da banda, que saiu muito satisfeita do show, declarando que “foi o melhor da banda desde então”. Mal sabem eles que a felicidade foi toda nossa de acompanhar essas histórias, conhecer essas pessoas e escutar essas bandaças. Que os franceses e os curitibanos voltem mais vezes ao Rio (sem perrengues da próxima vez, por favor!) e que a Def rode ainda mais o Brasil mostrando seu belo som. Os fãs de rock agradecem!