Por Alan Bonner e Guilherme Schneider | @Bonnerzin @Jedyte | Fotos Lucas Santos
Coletivos artísticos costumam ter uma sede, uma base, um local onde tudo é planejado e até mesmo executado, em alguns casos. Esses locais são símbolos da resistência desse tipo de movimento, que costumam encontrar dificuldades enormes de fazer com que seu trabalho reverbere e chegue a mais pessoas. É essa luta que o Swing Cobra, coletivo carioca formado por membros de Ventre, Hover e Stereophant, resolveu travar. E seu primeiro ato aberto ao público foi realizado três sextas-feiras atrás (08/7), na sede do coletivo, localizado no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro). Para tal, foram convidados os cariocas da Def e o mineiro Vitor Brauer. Além disso, a noite contou com uma exposição do fotógrafo Pedro Arantes e com um DJ set dos membros da Ventre.

Aconchegante, o QG do Swing Cobra esteve super-lotado em sua estreia. No show da Def a sensação era bem próxima a de estar em um ônibus lotado – tamanha a quantidade de gente por metro quadrado. Contando apenas com iluminação de pisca-piscas natalinos, o primeiríssimo show desse novo ambiente foi especial. Afinal, mesmo com pouco tempo de estrada, a banda carioca já conta com um carinho de um público que realmente consome música e vive a cena. Apesar de um EP lançado há pouco tempo, o “Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia (Parte 1)”, os presentes já cantarolaram trechos de Sobremesa e Dissolvendo. É emocionante presenciar o nascimento de um grupo com tanto potencial e talentos individuais.
Logo após o show da Def e de mais uma volta na casa para conhecer melhor o espaço, fomos para o estúdio bem no momento em que Vitor Brauer plugou seu violão e começou seu show. E o que tivemos a partir de então foi quase uma hora de uma apresentação mais intimista impossível. A sensação que ficou é que um amigo da galera que veio de longe puxou um violão, fez uma roda e começou a cantar várias canções de sua autoria. Na verdade, foi exatamente isso que aconteceu. Vitor é praticamente um dos pais da atual cena independente de Belo Horizonte, a famigerada “Geração Perdida”, sendo o frontman da banda mais influente e renomada do movimento, a Lupe de Lupe. Em seu set, o valadarense tocou músicas de sua banda e de seu trabalho solo, acompanhado pelas vozes de quase todos os presentes. Foi algo pequeno, mas que teve pinta de coisa grande. Vitor foi além de simplesmente um “voz e violão” e fez algo que podia parecer um mise-en-scène, mas era tudo muito sincero. Ele contou histórias, interagiu com a plateia e fez piada de si mesmo quando algo dava errado. Uma performance digna de alguém tão vanguardista como Brauer e condizente ao que a Swing Cobra quer ser: um local para “agregar, compartilhar, produzir e reproduzir” arte, das mais diversas formas e com muita qualidade.