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Resenha: Nobat e Ian Ramil @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

“Como uma gota que escapole para fora do copo”, o Festival Transborda realizou a sua primeira edição fora de sua “cidade natal”, Belo Horizonte. E a esteia fora do ninho foi com dois dias fantásticos de música autoral e de muita qualidade no maravilhoso palco do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro. O primeiro dia de festival teve como atração os shows de Nobat e Ian Ramil.

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Nobat @2016

Lançando o álbum “O Novato”, Nobat deu início ao festival apresentando uma ótima banda de apoio e arranjos excelentes. Destaque para os teclados e a percussão, que dão uma brasilidade ao pós-mpb com toques de indie rock ao som do mineiro. Os tambores são tão marcantes que dá a impressão de estar ouvindo um maracatu pernambucano de raiz em alguns momentos. As belas melodias de guitarras e as linhas de baixo muito bem construídas dão o toque final ao som de um compositor que versa sobre os mais diversos temas em suas composições e que certamente terá mais atenção e espaço no cenário musical brasileiro muito em breve.

A seguir, tivemos o show de Ian Ramil. Ou seria o tapa na cara de Ian Ramil? O gaúcho fez, com sua banda de apoio, um show incrível! Sua banda e, principalmente, suas letras que são verdadeiros esporros em tudo e todos, levou a tímida plateia ao delírio. Destaque para o clarinete na banda, que trás elementos bem interessantes para o som de Ramil. Som esse que tem de tudo um pouco: MPB, post-punk, axé, baião… enfim, uma salada musical completa (e das boas!). Sobre as letras, procure o trabalho do rapaz nas redes sociais e plataformas de streaming e ouça bem atentamente. Tem letra sobre a imersão da sociedade no lixo de plástico, sobre a perda de tempo nos smartphones e até o artigo 5o da Constituição Federal. Em tempos de um transbordamento de problemas políticos, o som de Ramil e Nobat e a cultura como um todo é fundamental. Escute! Prestigie!

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Resenha: gorduratrans e Violins @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Flávio Charchar

O segundo e último dia de Festival Transborda em terras cariocas foi um dia de contemplação e veneração. Um Teatro Oi Futuro Ipanema lotado recebeu os prodígios do gorduratrans e os deuses da Violins, numa noite mágica e inesquecível para público, bandas, produtores e para nós do Canal RIFF.

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Violins @2016

O primeiro show da noite ficou por conta de uma das bandas favoritas aqui do Canal RIFF. O gorduratrans não cansa de nos encantar com a complexa simplicidade de seu som. E tudo ficou muito mais bonito ainda no palco do Oi Futuro, que, graças a um trabalho de iluminação e sonorização perfeitos por parte da produção do festival, conseguiu ambientar perfeitamente o show da banda. Foi incrível como as cores refletiam bem o sentimento que cada música passava. E como o “repertório infindável de dolorosas piadas” tem sua ordem alterada para, talvez despretensiosamente, contar uma história sobre se decepcionar, esquecer o que aconteceu e ficar pronto para se decepcionar de novo (e conseguir). E como a plateia gritou as músicas e durante os intervalos entre elas! Incrível também é como Felipe Aguiar (voz/guitarra) e Luiz Felipe Marinho (bateria) estão cada vez mais maduros musicalmente e prontos para palcos maiores, plateias ainda mais barulhentas e sons ainda mais ousados, a julgar pela música “nova” apresentada. É esperar para se deliciar com mais um repertório de muita gordura sonora, cheio de ruídos e aquela bateria que mais parece um coração desesperado batendo que só esses meninos conseguem fazer.

O que aconteceu a seguir provavelmente não se deu nesse plano em que eu escrevi essa resenha e você está lendo agora. Feito quatro divindades, Beto Cupertino e companhia subiram ao palco e começaram o show da Violins. E, feito quatro magos, provocaram um transe sonoro que enlouqueceu o já abarrotado teatro. Era o fim da espera de dez anos e a primeira vez da banda no Rio de Janeiro! Obviamente, banda e plateia fizeram valer toda essa espera e botaram a casa abaixo. A Violins com seu desfile de clássicos, e o público respondendo a cada nota, cada frase, cada refrão. E durante os intervalos das músicas, não faltaram cobranças pela demora da banda e convites para ficar mais no Rio e até para idas a praia em locais não tão bonitos como a cidade do Rio. O melhor de tudo foi ver a felicidade que a banda deixou o palco após o bis, com “Grupo de Extermínio de Aberrações”, que, tal como todo o set, é muito atual e brilhante. A espera, de fato, valeu a pena. E já estamos na expectativa que a banda volte e que o Coletivo Pegada realize mais e mais edições dessa coisa linda que é o Festival Transborda.

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Resenha: Jonathan Tadeu e Fernando Motta @Swing Cobra

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

O último fim de semana de agosto foi de invasão mineira no Rio de Janeiro! Rolou no Swing Cobra (Vila Isabel, Zona Norte do Rio) a primeira edição do 040 Fest, que trouxe bandas e artistas independentes de destaque em Minas Gerais para as terras cariocas. Na primeira noite, o som ficou por conta de Fernando Motta e Jonathan Tadeu, artistas do coletivo Geração Perdida.

Quem abriu os trabalhos foi Fernando Motta. Contando com uma banda de apoio de respeito, formada por Jonathan Tadeu (Quase Coadjuvante, Lupe de Lupe), João Carvalho (Sentidor, El Toro Fuerte) e Cícero Nogueira (Lupe de Lupe), o mineiro desfilou as canções de seu álbum “Andando sem olhar pra frente”. E o mais interessante foi como o show fez todas as sensações da primeira audição do álbum voltassem à cabeça. Fernando e sua banda trazem uma carga bastante particular à apresentação ao vivo das canções, dando uma melancolia que soa triste, mas não deixa quem ouve triste. Muito pelo contrário. A sensação é ótima de estar vendo alguém tão jovem fazendo um som de tanta qualidade.

Após uma pausa e a troca de instrumentos, a mesma banda deu início ao show de Jonathan Tadeu. E numa atmosfera mais intimista impossível: luzes apagadas e um pisca-pisca vermelho (ao melhor estilo Stranger Things) ajudaram a ambientar perfeitamente o show, que contou com canções de seus dois álbuns e um cover de Elliott Smith. O destaque do show foi a parte final, onde Jonathan tocou algumas das músicas apenas na voz e na guitarra, dando uma carga emocional ainda maior às suas já emotivas canções. Isso tudo junto de suas falas sobre o quanto é bom sair de longe e ver um público fiel ao trabalho do artista e de quanto ele estava feliz em estar no Rio de Janeiro, o que deu um clima ainda mais bonito ao final da apresentação. Coisas que só a música, principalmente a de artistas independentes, proporciona para quem faz e para quem ouve.

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Resenha: Salvage e El Toro Fuerte @Swing Cobra

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Raquel Domingues

Essa vai ser uma das resenhas mais difíceis de escrever aqui para o Canal RIFF. As palavras estão faltando para descrever a experiência única que foi o segundo e último dia do 040 Fest no estúdio da Swing Cobra (Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro)! Das muitas sensações, as que mais marcaram foram a intensidade e a sinceridade dos shows dos cariocas da Salvage e dos mineiros da El Toro Fuerte, além da vibe festiva e pacífica do pré/pós show, da cerveja gelada e barata, do rango vegano maravilhoso e das pessoas fantásticas que prestigiaram a noite.

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Salvage @2016

A noite já começou com o suor se confundindo com lágrimas no show da Salvage. O show era o último do baterista Marcel Motta, e a banda (bem como o próprio Marcel) tratou de dar uma despedida de respeito para o cara. As belas palavras do baixista Ingo Lyrio entre algumas das músicas descrevendo a emoção de ver o Swing Cobra lotado para prestigiar a banda, falando da amizade entre os membros e do amor pela música tornaram a noite ainda mais bonita. Os comentários engraçados dos guitarristas Victor Cardoso e Herbert Santana e a interação com a plateia deram um alívio cômico aos comentários emocionados de Ingo e Marcel. Mas o que mais emocionou, sem dúvidas, foi o som. A banda mostra ao vivo a mesma qualidade absurda do EP “MΔE” e fez seu post-rock preciso, cheio de belos efeitos e que marca por não ter aquele aspecto sombrio que a maioria das bandas do estilo costuma apresentar. E quando a plateia “canta” uma música que é instrumental, como rolou com ganhardepoisperder, provavelmente a música mais conhecida da banda, é porque o show foi um sucesso.

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A seguir, a El Toro Fuerte estreou em terras fluminenses. E que estreia! Contando com a participação do prodígio mineiro Fábio de Carvalho nas guitarras e nos vocais, a banda de Diego Soares (baixo, guitarra e vocal), Gabriel Martins (bateria) e João Carvalho (vocais, guitarra e baixo) fez um show que incendiou o já abarrotado estúdio. Era preciso tomar cuidado para não pisar nos pedais de guitarra e baixo, tamanha proximidade entre público e banda. E que energia os caras tem ao vivo! É uma entrega e um cuidado com cada nota, cada acorde, cada linha vocal que leva junto todo mundo, até aquela pessoa que não conhece o trabalho dos caras. Leva junto até o teto, literalmente! Vimos crowdsurfings que arrancaram sorrisos e até olhares de espanto dos músicos, que pareciam não acreditar que a plateia estava cantando e pulando durante todas as músicas do setlist. Set esse que contou com quase todas as músicas do “Um Tempo Lindo Para Estar Vivo”, além de algumas do trabalho solo de Fábio. O membro convidado da noite, inclusive, parecia ter fundado a banda junto com os outros membros, de tão entrosado que estavam. O destaque do show ficou para a extensa e psicodélica João e o Mar, que fez o público entoar um longo coro de “hoje o único fantasma/em mim sou eu”. A banda fez valer cada quilômetro da viagem e cada gota de suor derramado no estúdio que tem um ótimo ar condicionado, mas que não deu vazão para a energia que a galera deixou ali dentro. Uma noite memorável para a banda, a plateia, os organizadores e principalmente para esse riffeiro que vos escreve.

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Bandas Instrumentais Brasileiras |TOP 5

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Resenha: SLVDR, MOS e Confeitaria @Fórum Sessions Instrumental

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

O Estúdio Fórum, localizado em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, realizou no último domingo (14/8) mais uma edição do Fórum Sessions Instrumental com três bandas independentes e da mais alta qualidade. Tivemos o prazer de curtir as excelentes Confeitaria (MG), MOS (RJ) e SLVDR (RJ), em mais uma daquelas noites que nos trazem orgulho em relação ao o que está sendo produzido no cenário independente

Antes de falar das bandas, é preciso elogiar o estúdio. Que estrutura fantástica tem o Fórum! Há tempos eu não cobria um show com tamanha qualidade de som. Isso sem contar na simpatia do staff do estúdio e da iniciativa de trazer bandas independentes para tocar em seu espaço. Fica a dica para aqueles que têm banda e procuram um bom lugar apara ensaios e gravações.

Confeitaria @ Forum
Confeitaria @2016

Essa qualidade sonora absurda contribuiu muito para que os presentes pudessem curtir as propostas que cada banda trouxe. A começar dos nossos amigos da Confeitaria. Os queridos mineiros voltaram ao Rio para apresentar as canções do álbum “Enero”, gravado na Patagônia Argentina, além de coisas novas que eles vêm compondo. O mais interessante dos shows da Confeitaria é sempre o lance da empatia. As diferentes nuances de cada música, as camadas sonoras sendo adicionadas pouco a pouco, um instrumento entrando de cada vez… Tudo isso faz o ouvinte ser transportado mentalmente para o local onde isso tudo foi gravado e expressa muito bem o sentimento que Lucas Mortimer (bateria e efeitos) e Gabriel Murilo (guitarra e baixo) tiveram ao compor tudo aquilo que é tocado. E certamente de uma forma mais clara e sincera do que qualquer palavra pudesse expressar. Uma verdadeira experiência sensorial, como é de praxe no post-rock e na música instrumental num geral.

MOS @ Forum
MOS @2016

A seguir, quem assumiu a bronca foi a MOS, banda de Armação dos Búzios (RJ) que faz uma mescla muito interessante de rock psicodélico com dub e post-rock. Eu pessoalmente não conhecia a banda, mas fiquei bastante satisfeito com o que vi. Daniel Duarte (bateria e efeitos), Bruno Menezes (baixo) e Bárbara Guanaes (escaleta e teclado) me fizeram cócegas nos ouvidos e me deixaram com um sorriso no canto da boca do começo ao fim. Que vibe gostosa cada música tocada trouxe para todo mundo que foi curtir o show. A partir de hoje, quando me perguntarem sobre “música gostosinha de ouvir”, a MOS certamente estará entre as indicações.

O que se seguiu foi a contemplação de uma aberração sonora, no sentido de complexidade e qualidade. A SLVDR assumiu os instrumentos e pôs abaixo o Estúdio Fórum. E numa ocasião bastante especial, pois se tratava da segunda apresentação depois do lançamento do aguardado álbum “Presença”, o primeiro full length do trio. Álbum esse que foi gravado em parte no próprio Estúdio Fórum, local onde a banda fez seus primeiros ensaios e composições e que batizou uma das músicas do álbum (na minha opinião, a melhor). Em relação ao show… bom, já falamos da SLVDR aqui e eles não cansam de nos impressionar. Bruno Flores (guitarra), Hugo Noguchi (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria) são, sem exagero nenhum, o dream team da música independente brasileira. Três músicos fantásticos que juntos fazem um som maravilhoso e transcendental. E é muito interessante acompanhar o público “dançando” cada canção e acompanhando com a cabeça e com gestos as (muitas) “curvas” que cada música faz. Uma dança esquisita e nada óbvia, mas muito boa de assistir, como foi o show e como é o som da banda. Os mil timbres de guitarra e baixo, as quebradas de tempo da bateria de Barbosa e os tappings de Bruno e Noguchi causaram até certa frustração em parte do público ao final do show, que, já no bar do Fórum, falavam em vender ou quebrar seus instrumentos, pois nunca chegariam naquele nível de qualidade. Uma inveja boa, que na verdade é só a mais pura admiração a esses salvadores da música.

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Resenha: Bullet Bane e Helga @Rio Novo Rock/Imperator

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A noite foi de hardcore na edição de agosto do Rio Novo Rock! O evento mensal, sediado no Imperator (Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro) contou com os cariocas da Helga e o aguardado show dos paulistas da Bullet Bane. Além disso, tivemos a habitual pista de skate, as projeções visuais maneiríssimas do VJ Mad e muita música boa nos intervalos com a satanista, presidenta e baixista da Nove Zero Nove, Elisa Schinner.

A Helga abriu os trabalhos para um público até razoável por se tratar de um estilo que não tem um público tão grande. A banda de Vital (voz), Pedro Nogueira (guitarra), Daniel Machline (bateria) e Dave D’Oliveira (baixo) mandou os petardos do bom álbum “Ninguém Sai Ileso de Ninguém”, além de ótimos covers de Sepultura e Motörhead. Perfeito para aquecer a galera para o que estava por vir.

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E o que veio era nada menos do que um dos shows nacionais mais esperados por nós do Canal RIFF. A Bullet Bane subiu ao palco já com um Imperator apresentando um bom público, e trouxe consigo uma certa aura. Tal aura já nos era familiar, e os primeiros acordes já nos lembraram de onde ela vem. Era algo bem parecido com o sentimento que nos toma ao ouvir a “Impavid Colossus”, o último álbum da banda. Mas não exatamente o mesmo. Ao vivo, a impressão é que o som se materializa, toma forma e dimensão de um Colosso, que vai juntando banda e plateia numa unidade que passam a pulsar como uma coisa só dali para frente. E não é viagem não, eu juro. Ouvir aqueles acordes, com aqueles timbres e aquelas distorções pessoalmente é outra história. É meio que contemplar algo bonito se construindo, aos poucos, quase como num sonho. Sonhamos tanto que ouvimos até eles tocando uma música da menores atos, com a participação do seu vocal/guitarra e mister simpatia Cyro Sampaio. Mas vez ou outra vinha um momento de choque de realidade, trazido pelas poucas músicas do “New World Broadcast” presentes no set e algumas outras do álbum mais recente. Se bem que chamar de tapa é subestimar as porradas que são Fission and Fusion, Option to Repression, Impavid e Dance of Eletronic Images! Agressividade para fazer a plateia girar e se jogar do palco, um jargão em shows de hardcore. Enfim, noite mágica, que superou as (altas) expectativas e que nos deixou orgulhoso de o quão bem a cena independente está representada por essas duas bandas sensacionais.

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Lista: Atletas olímpicos cantores!

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Resenha: Codinome Winchester e menores atos @Vizinha 123

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Gustavo Chagas

A residência da Agência Milk em parceria com a produtora Speed Rock na Vizinha 123 (Botafogo, Rio de Janeiro) começou da melhor maneira possível! Tivemos a oportunidade de curtir, em plena quarta-feira pré-olímpica (03/08/2016), o encontro entre os visitantes sul-mato-grossenses da Codinome Winchester e os anfitriões cariocas da menores atos.

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Para falar sobre a Codinome Winchester, primeiro precisamos imaginaro seguinte cenário: um Dave Grohl made in Brasil na bateria, um baixista que parece ter saído de uma banda de folk rock, uma dupla de guitarristas que produzem um som bem modernoso e um vocalista que é a mistura de Ney Matogrosso com Ozzy Osbourne com vários efeitos vocais. Agora imagine aquela galera que faz uma viagem par ao Rio de Janeiro pela primeira vez e a empolgação que os acomete ao avistar a praia, o Cristo e o Pão de Açúcar. Essa foi a vibe do show da Condinome Winchester. E que show! E que banda! O som impressionou muito os presentes, mesmo aqueles que já conheciam o material apresentado. O som dos caras ao vivo se compara a uma volta de montanha-russa de olhos vendados: você nunca sabe o que está por vir e sempre se surpreende positivamente quando vê o que é. Destaque para a performance do vocalista Fillipe Saldanha, um frontman como manda o figurino: voz ótima, afinação, e uma interação com o público que, como diz Mano Brown, é “talvez até confusa, mas real e intensa”. Fica a ótima primeira impressão que a banda deixou em terras fluminenses e a sensação de que, se a banda fosse de um grande centro, já teria uma repercussão muito maior.

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Após essa loucura sonora, foi a hora de chegar mais para frente do palco para soltar a voz ao som dos nossos favoritos da menores atos. E elogiar os caras aqui no Canal RIFF é chover no molhado: já fizemos session com a banda, resenhamos vários shows, escrevemos matérias e em breve publicaremos uma entrevista. Decidimos, então, por ver o show sob outra perspectiva, a dos fãs. E é incrível como as pessoas parecem se identificar com as letras. As letras são berradas por todos, não só pela beleza que elas tem, como também pela verdade que elas transmitem. Um grito intenso, de quem passou por tudo aquilo que Cyro e companhia vão narrando ao longo de todas as nove músicas que a banda toca quase sempre que se apresenta. Ah, só pra não deixar de elogiar: um showzaço, “curto porém braseiro”, como de costume. Os meninos estão a cada dia mais entrosados no palco e o som continua redondo e tocante. E é por isso que não enjoamos e vamos a todos: todo show da menores é como se fosse o primeiro. Já foi em algum? Não perca a chance. Faça esse bem para seu coração e sua alma.

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Os melhores shows que vimos em julho de 2016!

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Resenha: Shut Up! Twist Again!, Memorial, Def @Camelo Azul

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Marcos Lamoreux

Continuando nossa incansável busca por picos de música independente, fomos no último sábado (23/7) ao bairro do Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro, para curtir um dos últimos roles da (em breve finada) Bichano Records no estúdio Camelo Azul. A noite nos trouxe um dos últimos shows da tour brasileira da Shut Up! Twist Again! (França), além do debut da da Memorial (Curitiba/PR) em terras cariocas e de mais um show da queridinha do Canal RIFF, a Def (Rio de Janeiro/RJ). Não faltou cerveja gelada, gente maneira e muita interação com todo mundo, em um role que foi um dos mais agradáveis que tivemos o privilégio de comparecer nesse ano.

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Os cariocas da Def abriram a noite mostrando o porquê de estarem em nosso “Spotlight” esse mês. A banda chegou para tocar no Camelo Azul após uma passagem por Belo Horizonte e parece estar aprendendo bastante com a experiência em diferentes palcos e cidades. Em uma evolução notável em relação ao último show que cobrimos, Deb F (vocais e guitarra), Dennis Santos (bateria e vocais) Nathanne Rodrigues (baixo e vocais) e Matheus Tiengo (guitarra e vocais) fizeram um show bastante sólido, superando as limitações sonoras do local. Com uma dupla de guitarras com efeitos e riffs muito interessantes, linhas de baixo nada óbvias e uma bateria que lembra a potência dos que já passaram pelo Queens of the Stone Age, a banda entrega uma performance ao vivo tão boa quanto é seu material de estúdio. O que chamou atenção também foi a interação com o público, que foi intensa em relação ao que vimos da tímida banda em outras ocasiões. Com toda essa evolução e os EPs que ainda estão por ser lançados, é certo que o fã de rock ouvirá falar muito da Def nos próximos meses.

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Enquanto a Memorial recarregava as baterias da longa viagem de Curitiba para o Rio, a Shut Up! Twist Again! assumiu os instrumentos. E o que se teve a partir de então foi quase uma hora do show mais divertido que presenciamos esse ano. Ao ouvir as faixas do álbum “Wild and Wicked (What We Worked For)”, o último da banda, fomos contagiados pelo punk rock explosivo de Jerome Etchepare (vocais e guitarra), Jhonny de Sousa (guitarra e vocais), Thomas Piton (baixo) e Lucha Pms (bateria). Mas ao vivo isso se materializa em uma energia contagiante dos membros da banda, que, somado ao som pesado e ritmado, fizeram a parede do estúdio suar, literalmente. Parte do público aproveitou para desenhar palavras de ordem e de amor nos vidros embaçados, enquanto o restante proporcionava um dos crowd surfings mais animados e curiosos que já vimos, a despeito do espaço pequeno do estúdio. Enfim, o show foi uma experiência única e surpreendente, daquelas que só quem foi sabe como é e vai se lembrar para sempre.

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O ato final da noite ficou por conta da Memorial. E a apresentação foi muito além de tocar as músicas do excelente “Angústias Trazidas Para Casa”. O show teve uma carga emocional ainda maior além da contida nas canções dos curitibanos. Foi o gran finale de uma viagem que envolveu carro quebrado, atropelamento de pneu de caminhão, revista policial e outras emoções. Em breve eles mesmos explicarão essa história toda em um vídeo do Canal RIFF. O que importa é que, apesar de todos os problemas, era nítida a alegria da banda de estar tocando no Rio. E tocando um som de muita qualidade! O “grunge emo” confessional e cru de Gustavo Santos (vocais e guitarra), Michel Martins (vocais e guitarra), André Pamplona (baixo) e André Siqueira (bateria) fez a galera soltar a voz em quase todas as letras da banda, que saiu muito satisfeita do show, declarando que “foi o melhor da banda desde então”. Mal sabem eles que a felicidade foi toda nossa de acompanhar essas histórias, conhecer essas pessoas e escutar essas bandaças. Que os franceses e os curitibanos voltem mais vezes ao Rio (sem perrengues da próxima vez, por favor!) e que a Def rode ainda mais o Brasil mostrando seu belo som. Os fãs de rock agradecem!

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Resenha: Vitor Brauer e Def @Swing Cobra

Por Alan Bonner e Guilherme Schneider | @Bonnerzin @Jedyte | Fotos Lucas Santos

Coletivos artísticos costumam ter uma sede, uma base, um local onde tudo é planejado e até mesmo executado, em alguns casos. Esses locais são símbolos da resistência desse tipo de movimento, que costumam encontrar dificuldades enormes de fazer com que seu trabalho reverbere e chegue a mais pessoas. É essa luta que o Swing Cobra, coletivo carioca formado por membros de Ventre, Hover e Stereophant, resolveu travar. E seu primeiro ato aberto ao público foi realizado três sextas-feiras atrás (08/7), na sede do coletivo, localizado no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro). Para tal, foram convidados os cariocas da Def e o mineiro Vitor Brauer. Além disso, a noite contou com uma exposição do fotógrafo Pedro Arantes e com um DJ set dos membros da Ventre.

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Def @2016

Aconchegante, o QG do Swing Cobra esteve super-lotado em sua estreia. No show da Def a sensação era bem próxima a de estar em um ônibus lotado – tamanha a quantidade de gente por metro quadrado. Contando apenas com iluminação de pisca-piscas natalinos, o primeiríssimo show desse novo ambiente foi especial. Afinal, mesmo com pouco tempo de estrada, a banda carioca já conta com um carinho de um público que realmente consome música e vive a cena. Apesar de um EP lançado há pouco tempo, o “Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia (Parte 1)”, os presentes já cantarolaram trechos de Sobremesa e Dissolvendo. É emocionante presenciar o nascimento de um grupo com tanto potencial e talentos individuais.

Logo após o show da Def e de mais uma volta na casa para conhecer melhor o espaço, fomos para o estúdio bem no momento em que Vitor Brauer plugou seu violão e começou seu show. E o que tivemos a partir de então foi quase uma hora de uma apresentação mais intimista impossível. A sensação que ficou é que um amigo da galera que veio de longe puxou um violão, fez uma roda e começou a cantar várias canções de sua autoria. Na verdade, foi exatamente isso que aconteceu. Vitor é praticamente um dos pais da atual cena independente de Belo Horizonte, a famigerada “Geração Perdida”, sendo o frontman da banda mais influente e renomada do movimento, a Lupe de Lupe. Em seu set, o valadarense tocou músicas de sua banda e de seu trabalho solo, acompanhado pelas vozes de quase todos os presentes. Foi algo pequeno, mas que teve pinta de coisa grande. Vitor foi além de simplesmente um “voz e violão” e fez algo que podia parecer um mise-en-scène, mas era tudo muito sincero. Ele contou histórias, interagiu com a plateia e fez piada de si mesmo quando algo dava errado. Uma performance digna de alguém tão vanguardista como Brauer e condizente ao que a Swing Cobra quer ser: um local para “agregar, compartilhar, produzir e reproduzir” arte, das mais diversas formas e com muita qualidade.