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Resenha: Disclosure @Metropolitan

Por Thais Rodrigues | @thwashere | Fotos @gustavochagas

Sexta à noite é o presságio de uma aventura surpreendente que ainda conhecemos muito bem como fim de semana. Cada plano pra curtir os dois dias off é arquitetado meticulosamente do início ao fim, mesmo que o fim não seja tão importante assim e tudo que sabemos é que a diversão é garantida – com ou sem Netflix.

Na última sexta-feira de setembro (30/9), não foi preciso sair de casa pra ter um daqueles finais de semana épicos. A chuva no Rio de Janeiro – esse tal lugar que chamamos de “lar” – limpou todo o caos da semana para recebermos com muita disposição e brindes o duo inglês Disclosure, que nos fazia a primeira visita, mas não a última, garantiram Guy e Howard Lawrence.

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Disclosure @2016

Com vários singles que sabemos até de trás pra frente, eles abriram espaço para um show iluminado e no sentido mais literal da palavra. Os irmãos chegaram animados e com toda educação possível, trazendo com eles equipamentos e um som inconfundível e bastante característico para fazer a melhor festa em casa que cariocas e turistas já viram.

Todos os convidados presentes foram recepcionados pela hospitalidade de Guy e Howard que não tinham cara, nem jeito de visita. O carisma e a energia dos dois ecoaram em alto e bom som e essa combinação tipicamente Made in Brazil trouxe à tona a selvageria de corpos em movimento em uma verdadeira pista de dança improvisada no Metropolitan.

Depois de incendiar o lugar inteirinho com “F For You”, “White Noise” e a própria “When A Fire Starts To Burn”, os caras prometeram duas surpresas antes de encerrar a apresentação e sem muito suspense, convidaram Brendan Reilly que fez com que o sentido da expressão “ao vivo” fizesse mais sentido durante sua apresentação.

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Logo em seguida, o duo levou o público à loucura com a apresentação de “Help Me Lose My Mind”, faixa que segundo eles não era tocada há muito tempo e encerrando a apresentação, “Latch” trouxe toda a energia do início do show de volta para que o título de melhor festa do ano fosse nossa.

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Resenha: Two Places at Once + Balba + Hover @Ziembinski

Por Natalia Salvador  | @_salvadorna 

A décima sexta edição do Rock in Real aconteceu na sexta-feira, dia 7 de outubro, e misturou música, humor, arte e circo. A simbólica entrada no valor de R$ 1 proporcionou diversas experiências ao público ali presente. O Teatro Municipal Ziembinski foi palco para a apresentação das bandas Two Places at Once, Balba e Hover, todas três apresentando letras em inglês.

O teatro tem um ambiente aconchegante e mais parecia um desafio para os espectadores assistir três show de rock sentados. Os shows foram pontuais e a plateia foi crescendo conforme o passar das horas. Os primeiros a subir no palco foram os cariocas da Two Places at Once, trazendo músicas do disco lançado no inicio de 2016, ‘Birdtraps’. O quarteto mistura suavidade e leveza com muita energia!

Durante as apresentações, outra coisa que prendia a atenção do público eram as apresentações acrobáticas no tecido com diferentes artistas de diferentes companhias cariocas. A segunda banda a entrar no palco foi dos veteranos da Balba, que, apesar da língua e influências estrangeiras não deixa de lado as raízes brasileiras, e apresentaram músicas leves e dançantes, sem deixar de lado a essência do rock and roll.

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Nos intervalos, rolaram ainda algumas apresentações num formato stand up comedy, que pareceram não vingar muito. Com poucos risos na plateia, a dupla de besteirol americano não deixou a energia morrer durante a troca de palco. Para fechar a noite com chave de ouro, os petropolitanos da banda Hover subiram ao palco. O set list da noite girava em torno do primeiro CD da banda, ‘Never Trust the Weather’. O quinteto tem um som bastante original e fez o teatro lotar durante o show.

O evento tem uma proposta super interessante. Do lado do metrô e com entradas a um real, é o programa ideal para qualquer um que ama boa música, arte e um lugar descontraído e diferente das casas que, geralmente, trazem shows para o a cidade maravilhosa. Se você não quer perder as próximas edições, fique de olho nas redes sociais, dessa vez não tem desculpa para não prestigiar!

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Resenha: Selvagens à Procura de Lei + Planar + Drops 96 @Kult Kolector

Por Natalia Salvador  | @_salvadorna 

Para quem mora na zona oeste do Rio de Janeiro e gosta do bom e velho rock agora tem mais uma opção para curtir o fim de semana e ainda assistir aos shows de bandas relevantes da cena brasileira. A Kult Kolector, apesar de pequena para o que se propõe, vem trazendo diversas opções para o público alternativo e, no sábado (8/10), reuniu os cariocas da Drops 96 e da Planar, além dos cearenses da Selvagens à Procura de Lei.

Com os ingressos esgotados e lista de espera, quem abriu a noite e aqueceu a galera foram os meninos da Drops 96. Descontraídos e animados, o sexteto apresentou músicas do cd lançado em março desse ano, ‘Busque mais da vida’. Além de músicas de trabalhos anteriores, como Mais que um olhar – queridinha dos fãs – e covers de grandes artistas como Tim Maia. Uma das surpresas da noite ficou por conta da participação especial de Caio Evangelhista, o ‘labrador humano’ segundo o tecladista Fernando Sampaio, dividindo o microfone com Fábio Valente em uma performance de A cera, da banda O Surto.

Rapidamente, os cariocas da Planar se ajeitaram no palco e deram sequência as apresentações da noite. A casa estava cheia e era preciso se esforçar para ver os músicos no palco. Selecionados para participar da 3ª edição do Festival SXSW, no Texas, EUA, ainda trabalham o setlist em cima do último disco ‘Invasão’, de 2014. O clima era dos melhores e o público respondia entusiasmado.

O último show da noite ficou por conta da Selvagens à Procura de Lei que, mais uma vez, não deixou ninguém parado. No seu segundo show em sequência no Rio de Janeiro, o quarteto trouxe algumas surpresas no setlist e fechou as apresentações na cidade maravilhosa com a energia lá no alto. A plateia acompanhava em coro todas as músicas.

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Apesar do som e estrutura precários para o que se propõe, a Kult Kolector é mais um espaço que promove eventos com boa música e uma vibe mais intimista, vale a experiência. Depois de dois shows seguidos, os fã de Selvagens à Procura de Lei já estão com saudades da energia e alegria desses meninos, mas com a certeza de que não demoram para voltar.

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Resenha: Supercombo + Radioativa + Alaska @Democráticos

Por Natalia Salvador  | Fotos @_salvadorna & Marcella Keller

Depois de muita espera e ansiedade, o primeiro show da Tour Rogério, álbum lançado em julho de 2016, pela Supercombo, aconteceu. Formada em Vitória, no Espírito Santo, a banda já tem quase 10 anos de estrada e esse é o seu quarto álbum. Com uma mistura de ritmos, conceito bem amarrado, letras divertidas, inteligentes e o carisma que já é marca registrada. As expectativas para essa festa eram as melhores e não decepcionou.

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Alaska @2016

Com uma hora e meia de atraso e uma fila que dava voltas no quarteirão, as portas do clube Democráticos se abriram e os paulistas da banda Alaska já estavam no palco. Depois de uma rápida passagem de som, os meninos já engataram com um show que levantou a galera. Os primeiros da fila puderam acompanhar tudo de pertinho e cantavam com animação e euforia as músicas do cd ‘Onda’, lançado em agosto do ano passado. Para compor a canção Exílio, os meninos contaram com a participação especial de Thiago Pádua, vocalista e baixista da banda Sarina. Mas o ponto alto da apresentação da Alaska costuma ficar para o fim: o coro da platéia acompanhou em alto e bom som o final marcante de Vista.

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Radioativa @2016

Logo em seguida, quem assumiu o palco foram os cariocas da banda Radioativa. O pop rock apresentado por Ana, Felipe, Fabrício, Denny e Rodrigo deixou o público ainda mais ansioso para o último show da noite. Pontuando suas influências e reforçando a ideia de que é importante e preciso apoiar o rock nacional, a banda apresentou um cover de Sete vidas, da cantora baiana Pitty. Além, de claro, diversas músicas autorais que passearam por diferentes fases e trabalhos desses sete anos de estrada.

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Supercombo @2016

A galera já não aguentava mais de ansiedade quando a Supercombo, finalmente, subiu no palco. A banda abriu o show com a música Jovem do último cd, e nesse momento ficou claro que a noite seria de grandes emoções. Apesar de recente, o público cantou com toda a força que os pulmões podem alcançar. Eles seguiram com uma sequência que incluiu músicas dos trabalhos anteriores, passando por Fundo do Mar e Saco Cheio.

Com muita luz e interação, o novo aparato tecnológico, que ajudava a compor o cenário, chamou bastante atenção e deixou a festa ainda mais bonita e interessante. Outra novidade que merece ser comentada é o baterista Maick Sousa, que assumiu as baquetas de Raul com excelência. Para fortalecer ainda mais a ideia de que é importante reconhecer e ressaltar o rock nacional, o vocalista Leo Ramos e o tecladista Paulo Vaz, fizeram uma versão acústica de Surreal, da banda Scalene.

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“Toda vez que a gente vem aqui dá vontade de chorar, o Rio de Janeiro é emocionante”, afirmou a baixista Carol Navarro, que, em entrevista ao Canal RIFF, contou amar o fato dos cariocas sempre fazerem as famosas rodinhas punk nos shows. Se para os músicos a noite foi especial, para os fãs ela foi inesquecível. Quem deixou o Democráticos na madrugada de sábado, saiu de alma lavada.

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Resenha: Selvagens à Procura de Lei e Posada e O Clã @Imperator

Por Natalia Salvador | @_salvadorna | Fotos Marcella Keller

Se você gosta de rock e acompanha as bandas independentes do país, já sabe que a primeira quinta-feira do mês tem encontro certo, e é no Rio Novo Rock. Dando espaço para as bandas cariocas e também de outros lugares do Brasil, o evento é queridinho e se confirma, a cada edição, uma ótima opção para quem curte uma boa música. Para compor o line-up de outubro, o evento contou com a presença das bandas Selvagens à Procura de Lei e Posada e O Clã, além do DJ Burgos e o VJ Miguel Bandeira, que não deixaram a galera parada durante os intervalos.

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Posada e O Clã @2016

Sempre pontuais, o primeiro show começou um pouco depois das 21 horas e concentrou o público próximo ao palco, que mesmo um pouco tímido acompanhava a apresentação dançante e diferente de Posada e O Clã. Felipe Duriez, da banda Hover, subiu no palco para somar com os posada e reafirmar o talento que todo mundo já conhece. Para introduzir Tijolo, Carlos Posada chamou atenção para as eleições que vão acontecer em grande parte das cidades brasileiras.

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Selvagens à Procura de Lei @2016

A galera já estava ansiosa quando Selvagens à Procura de Lei foi anunciada no palco, a partir daí foi energia até o fim. A tour do disco recém lançado, Praieiro, chamou o público carioca para dançar mais uma vez. Em Projeto de vida, a euforia deu lugar às luzes de celulares e os clássicos isqueiros. A plateia ovacionava os cearenses e o baterista Nicholas Magalhães dizia o quanto eles estavam felizes em voltar à cidade maravilhosa, “A gente adora tocar aqui, o Rio de Janeiro é foda!”. Uma das surpresas do show ficou para a apresentação de Senhor Coronel, que ganhou as notas do teclado de Gabriel Aragão. Tarde livre e Mucambo Cafundó fecharam a noite.

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A felicidade não era apenas dos que estavam no palco, entre o público fiel e os músicos cariocas que prestigiaram o evento, o Imperator abraçou os cearenses para mais uma bela edição desse festival que merece o apoio de quem gosta de boa música. Quem já está ansioso pela edição de novembro? E se você perdeu Selvagens à Procura de Lei no Rio Novo Rock, ainda tem mais uma chance de conferir o show da banda. No sábado, dia 8, eles se apresentam na Kult Kolector e a festa vai contar com a presença da Planar e da Drops 96. Não dá pra perder, né?

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Resenha: Tiago Iorc leva ‘Troco Likes’ aos cinemas

Por Natalia Salvador | @_salvadorna 

O quarto CD da carreira de Tiago Iorc, ‘Troco Likes’, vem mostrando para o público uma nova fase do artista. Com letras em português, o cantor afirmou, em diversas entrevistas, o desejo de se aproximar dos fãs brasileiros. No filme, Tiago explica essa necessidade de se sentir em casa no seu país e, fazendo um gancho ao nome do disco, em estar conectado com as pessoas daqui. Não podia ter dado mais certo.

Carregado de significados, Troco Likes trás em suas letras e melodias todo esse querer de ser gostado. E parece que os brasileiros tornaram a vontade do cantor realidade. Depois de rodar o país inteiro em 2015 e se apresentar em diferentes cidades, Tiago decidiu fazer um registro dessa nova fase de sua carreira. Escolheu Belém para ser protagonista de seu filme por motivos pessoais e, cá entre nós, de estética, já que o Teatro Gasômetro encaixou perfeitamente para esse novo desafio.

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Filmado todo em plano sequência – um show a parte para quem gosta de cinema e fotografia – Troco Likes ao vivo é uma experiência. Quem assiste consegue se sentir literalmente no meio do show, aquele convidado especial e com visão mais que privilegiada. Com uma excelente produção, repertório todo em português e muito talento, Tiago segue o filme com uma narrativa emocionante e um show apenas voz e violão – como costumam ser a maioria de suas apresentações.

E mesmo os saudosistas, que insistem em dizer que bom mesmo era Tiago Iorc cantando em inglês, se rendem à sua poesia e irreverência. Com direção do próprio brasiliense e produção em parceria com Felipe Simas, o filme é um lindo registro do grande sucesso pop que é Tiago. Eu não posso afirmar quanto aos outros telespectadores, mas eu amei te ver!

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Resenha: Vitor Brauer, Ludovic e Enema Noise @Stranjas Club

Por Tayane Sampaio (texto e fotos) | @Tayanewho

O aclamado álbum “Idioma Morto” (2006), da Ludovic, completou 10 anos e alguns fãs tiveram a sorte de comemorar a data com um show da banda, que encerrou as atividades em 2008. Os paulistanos, respeitados na cena underground, passaram por Brasília, na última sexta-feira (23), e incendiaram o Stranjas Club.

Com aproximadamente duas horas de atraso, o evento começou com a apresentação de Vitor Brauer. O mineiro utilizou apenas voz, violão e alguns pedais em seu set. A “falta” de instrumentos não chega a ser percebida, pois a inquietude de Brauer, que toma vida por meio de sua voz, é a sua carta na manga. Vitor tem uma característica que me encanta e que é escassa: ele não permite que sua obra seja rotulada. Ele canta rap, recita poesia, faz música eletrônica e mais um monte de coisa, tudo junto e sem que o conjunto perca o sentido.

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Vitor Brauer @2016

Seja com as músicas da Lupe de Lupe, do supergrupo Xóõ, ou de seu projeto solo, o músico canta palavras de uma sinceridade que poucos se atreveriam a dizer em voz alta. As canções, muitas vezes, parecem confissões que o vocalista compartilha com a plateia, como em “17”: “Eu só pensava em morrer quando eu morava em Valadares/Embora eu já nem saiba dizer qual desses lugares que me dói mais/Porque hoje eu vivo tão sozinho”. A forma crua e autêntica que o cantor despeja suas indagações faz com que o público queira unir-se ao seu discurso. Mesmo com a letra complexa e o ritmo acelerado, tinha gente que recitava cada palavra dos versos de “Eu Já Venci”, junto com Vitor.

Agora, com algumas pessoas a mais, as cadeiras deram lugar a pernas ansiosas, que andavam sem sair do lugar, enquanto a Ludovic arrumava seus instrumentos. Jair Naves (voz e baixo), Rodrigo Monttorso (bateria), Eduardo Praça (guitarra) e Zeek Underwood (guitarra) deram início ao show com a poderosa “Atrofiando/Recém-Convertido/Ex-Futuro Diplomata”, primeira faixa do aniversariante “Idioma Morto”. Além das canções do derradeiro álbum, a Ludovic também tocou músicas do primogênito “Servil” (2004).

O grupo surpreende pela energia e entrega durante toda a apresentação. Jair, com sua voz potente, ora suave, ora aos gritos, comanda o coro formado pelo incansável público. O espaço apertado também não foi empecilho para os pulos animados de Zeek e a movimentação de Eduardo. Rodrigo, que não fazia parte da formação original, em nenhum momento fica para trás e mostra bastante entrosamento com os companheiros.

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Ludovic @2016

Mais de uma vez, Jair dividiu seu microfone e o palco com os fãs, que se entregaram à performance tanto quanto a banda. As letras e guitarras raivosas foram a ponte da bonita conexão entre o público e os músicos, que compartilharam esse momento especial. “Eu queria todas as luzes acesas, eu quero ver vocês. A gente precisa ver vocês”, pediu Jair Naves, mais de uma vez.

Nesses meus muitos anos frequentando shows, poucas vezes vi uma apresentação tão visceral. O vocalista se enfia no meio do público, que dança, bate cabeça, canta, grita, transpira junto. Mesmo antes de acabar, a nostalgia tomou conta de mim e ficou a vontade de, um dia, poder viver aquilo de novo. O ato final foi um abraço dos fãs na banda, literalmente. Um emaranhado de gente rodeando os músicos.

Após a emocionante apresentação da Ludovic, foi a vez da Enema Noise tocar. Os brasilienses, que lançaram o EP homônimo no começo do ano, honram o nome da banda com uma sonoridade barulhenta, meio torta, um post-hardcore-punk, que foge da obviedade.

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Enema Noise @2016

Rafael Lamim (voz e guitarra), Daniel Freire (voz e bateria), Murilo Barros (guitarra) e João Victor (baixo) tocam com entusiasmo e entregam uma apresentação que, no mínimo, desperta a curiosidade de quem ainda não os conhece. Quando não estava soltando gritos rasgados no microfone, o vocalista caminhava de um lado para o outro com sua guitarra, que insistia em se soltar da correia. As vozes também ficam por conta de Daniel, que alterna entre o microfone e a bateria. Os dois se dividem entre vozes mais melódicas e screamos. Essa combinação dá muito certo e chama atenção, como em “Azarnoazar”, que, mais para o fim, é tomada por guitarras distorcidas. O comportamento elétrico dos dois se contrapõe à performance mais introspectiva de Murilo e João.

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Como em todo evento underground, tinha CD’s e camisetas à venda, nas banquinhas de merch. Além disso, em uma outra mesa, você encontrava uma boa variedade de zines, muitos com temática feminista. O salão, no subsolo do Stranjas, que já recebeu bandas como E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante (SP) e Desventura (MG), tem tudo para se firmar como um grande ponto de encontro do underground brasiliense.

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Resenha: Wannabe Jalva e Guri Assis Brasil @La Esquina

Por Natalia Salvador | @_salvadorna | Fotos Marcella Keller

Se a quinta-feira é a preparação para o fim de semana, no dia 22 de setembro os dias de descanso já começavam em grande estilo. A bela e agradável casa La Esquina, na Lapa, recebeu o Guri Assis Brasil e os, também, gaúchos da Wannabe Jalva – banda que participou da segunda edição do programa SuperStar – para uma noite descontraída e divertida. Recheados de conterrâneos e amigos, os shows mais intimistas fizeram o público se sentir em casa.

Guri Assis Brasil @2016

Marcando o lançamento do recente disco “Ressaca” no Rio de Janeiro, Guri entrou no palco acompanhado de grandes músicos, como o pernambucano Thiago Guerra, atual baterista da banda Fresno. O som que agrega e explora diferentes referências latinas aqueceu o público, ainda tímido. Uma das músicas de destaque, que já tem clipe, Vou me mudar para o Uruguai, mostra toda a delicadeza das composições de Alexandre.

Por volta das 23h30, quem assumia o palco eram os meninos da Wannabe Jalva, que já chegaram chamando o público para levantar e se aproximar do palco. A galera respondeu com muita dança e animação e singles como Miracle não ficaram de fora do setlist. “Essa música é um grande experimento e é a primeira vez que ela está sendo tocada ao vivo”, disse o vocalista Felipe Puperi ao introduzir o primeiro single em português da banda: Mareá. Ao se despedirem, o público pedia mais uma música e, apesar da produção parecer não concordar muito bem com a ideia, os músicos atenderam aos pedidos.

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A noite foi de pouca interação e conversa, mas de muita música. O clima diferenciado da Lapa fez o público cheio de glitter e estilo recarregar as baterias para terminar mais uma semana. Além disso, provou que prestigiar os diferentes estilos de artistas brasileiros não tem dia e é sempre uma boa surpresa.

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Resenha: Vincent Cavanagh e Pedro Agapio @Teatro Odisseia

Por Guilherme Schneider | @Jedyte | Fotos Lucas Zandomingo

Praticamente um ano após a última vinda do Anathema ao Rio – em uma ‘noite irretocável’, ao lado do Paradise Lost – foi a vez de Vincent Cavanagh retornar sozinho aos palcos da Lapa. Desta vez no Teatro Odisseia, e não mais no Circo Voador. Ambiente bem mais intimista, e, por isso, perfeito para uma rara apresentação acústica de um dos irmãos Cavanagh, que lideram a icônica banda de Liverpool.

No último dia 3 de setembro, um sábado, a casa de shows recebeu menos gente do que o merecido. No entanto, os presentes souberam aproveitar com muita emoção a presença da principal voz do Anathema. Aliás, nunca em sua carreira (segundo o próprio) Vincent cantou tantas músicas acústicas do Anathema em um show solo. Nada menos que 16 canções.

Sorte de quem estava lá. Após uma segura abertura  do promissor Pedro Agapio, também na voz e violão, Vincent subiu ao palco. Olha, sinceramente… são poucos os artistas que conseguem colocar a emoção que ele dá. O show abriu com as belíssimas Untouchable, Part 1 e Part 2, mostrando logo de cara que muitas lágrimas verteriam naquela noite -pelo que pude ver ao meu redor. Aliás, logo após a primeira música alguém gritou “make me cry” (“me faça chorar”)… e provavelmente foi prontamente atendido.

Vincent, que completou 43 anos no início daquela semana (no dia 29 de agosto), se sentiu em casa. Regeu coros, pediu palmas, pediu ajuda para cobrir o backing vocal feminino de Lee Douglas, e não se mostrou indiferente ao seu público fiel. Brindou os fãs com algumas um pouco mais antigas (mas ainda sem revisitar a fase inicial da banda, com pegada mais doom).

O cantor se permitiu tocar acompanhado por uma base pré-gravada, que de maneira alguma soou playback. Afinal, comandar um “exército de um homem só” é para poucos. Destaques para a grande participação do público em Deep, One Last Goodbye, Angelica, A Natural Disaster e Fragile Dreams. Naturalmente arrancando belos sorrisos do inglês .

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Ao final do show Vincent desceu do palco sem firulas. Com simpatia distribuiu autógrafos, posou para (muitas) fotos, e prometeu voltar em breve. Tomara! Seja com a banda completa, ou seja solo – que se mostrou um formato que também combina bem com seu talento. Sua voz merece ser ouvida por mais gente, sempre.

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Vincent Cavanagh Setlist Teatro Odisséia, Rio de Janeiro, Brazil 2016

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Resenha: Zéfiro, João Pedro Mansur e Jesse Rivest @Teatro Sesc Silvio Barbato

Por Tayane Sampaio (texto e fotos) | @Tayanewho

Domingo (11/9), aconteceu mais uma edição do Brasília Sessions, no Teatro Sesc Silvio Barbato. Fruto da união de alguns músicos da cidade, o projeto quer dar visibilidade aos novos artistas locais, assim como trazer bandas da cena nacional para apresentar-se ao público brasiliense. Em sua quinta edição, o evento contou com as apresentações da Zéfiro, João Pedro Mansur e Jesse Rivest, além dos pocket shows da Anzol Jubarte e Mauren & Stive.

Quem abriu a noite foi a Zéfiro. O quinteto formado por Pedro Menezes (vocal e guitarra), Lucas Aguiar (guitarra e sintetizador), Mari Junqueira (baixo), Caio Fonseca (bateria) e Humberto Reale (percussão) subiu no palco um pouco depois das 20h. O repertório da noite foi composto pelas canções do excelente EP “Andes”, lançado no começo do ano, além de uma inédita, que ainda nem foi gravada.

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Zéfiro @2016

As indagações do eu lírico, que caminha entre os altos e baixos de uma montanha, ganham força ao vivo, com destaque para a faixa-título do trabalho de estreia da banda. O instrumental da canção consegue passar toda a angústia do andante, que não sabe se no próximo passo sua viagem se encerrará. Os arranjos bem trabalhados ficam ainda mais potentes quando a voz de Pedro entoa as letras metafóricas, que levam o ouvinte à reflexão. Com um som singular, o grupo transita, principalmente, entre pós-MPB, indie e rock alternativo.

A maturidade da banda transcende as gravações em estúdio; no palco, a sintonia é visível e fica claro o quanto cada instrumento é essencial para a construção da narrativa. Quando o vocalista anunciou a última música, ficou aquela impressão de que o show durou pouco e que poderiam tocar todo o setlist de novo. Sem dúvidas, a Zéfiro é um sopro de autenticidade em nossos ouvidos saturados de mesmice.

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Anzol Jubarte @2016

Enquanto o palco era preparado para a próxima apresentação, do lado de fora do auditório, a Anzol Jubarte arrancava sorrisos da plateia. Munidos de voz, violão, letras bem-humoradas e uma ótima interação com o público, Varginha e Gabriel mostraram um ótimo brega-blues-MPB, que conta situações cotidianas.

De volta ao palco principal, agora mais enxuto, foi a vez de João Pedro Mansur. Acompanhado por Pedro Miranda (baixo) e Renato Galvão (bateria), o cantor mostrou-se íntimo da guitarra e à vontade em seu hábitat natural. O trio tocou músicas dos projetos de Mansur: “Coisas Selvagens”, primeiro álbum da Marrakitá, lançado ano passado; e “Bla.gue” (2015), trabalho da CineMondatta, que conta com a faixa “Caibrã”, vencedora do Festival da Rádio Nacional FM, em 2015.

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João Pedro Mansur @2016

Ao fim da apresentação de João Pedro Mansur, o público se dirigiu, mais uma vez, à área dos pocket shows. Dessa vez, Mauren & Stive tiveram a oportunidade de mostrar suas canções aos presentes. Mauren, que também fotografa o evento, surpreendeu com seu timbre de voz poderoso. As músicas, cantadas em português e também em inglês, que misturam folk, country e rock criaram um clima perfeito para o próximo show, que encerraria a noite.

Por fim, as cortinas se abriram para o canadense-quase-brasileiro Jesse Rivest. As guitarras barulhentas e os inúmeros pedais usados no começo da noite desaparecem do palco, que passou a ser ocupado apenas por Jesse, com seus dois violões, e com o baterista Misael Barros. Muito calmo, o cantor deu início à sua apresentação com bons minutos de uma bonita conversa entre violão e bateria, sem voz. Em seguida, o músico tocou músicas dos seus álbuns “Seventeen Oh-Two Oh-Six” (2006) e “Everyelsewhere” (2011), além de uma ótima versão de “Fans”, do Kings of Leon, que Jesse disse, em tom zombeteiro, não se lembrar se tinha composto ou não.

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Durante toda a apresentação o músico parecia imerso ao som de seu violão e, de vez em quando, entre uma música e outra, arrancava gargalhadas do público com piadas e seu português um pouco atrapalhado. O folk rock e o bom humor do músico encerraram a noite de forma muito leve e intimista.

Mais uma vez, o Brasília Sessions proporcionou ao público uma agradável noite de domingo. Todos os músicos, sem exceção, agradeceram o carinho da equipe, que trabalhou duro para que tudo corresse bem. O evento, no estilo “faça você mesmo”, é mais uma prova de que a cena independente está cheia de tesouros a serem descobertos. Você pode acompanhar o Brasília Sessions clicando aqui. 

Brasilia Sessions #5(Aftervideo) from brasilia sessions on Vimeo.

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Resenha: OutroEu @Solar de Botafogo

Por Natalia Salvador | @_salvadorna

O dia 16 de setembro de 2016 marcou o primeiro show da banda OutroEu, no Rio de Janeiro, depois da participação no programa ‘SuperStar’. Aquela sexta-feira parecia especial para a banda e todos os fãs, amigos e familiares que ali estavam, além disso, prometia grandes surpresas. “Muitos amigos, muita gente conhecida… Obrigada por tudo. Está só começando”, disse Mike Tulio, vocalista.

Mike Tulio
OutroEu @2016

Com o Solar de Botafogo cheio, a banda começou o show com a ajuda do coro da plateia, em ‘Zade’, já que o microfone de Mike não funcionou. No repertório, apresentaram diversas músicas novas que ainda não foram divulgadas na internet e estarão presentes no CD, como ‘É de mim’ e ‘Poema de lágrimas’. Além disso, os meninos de Nova Iguaçu ainda fizeram diferentes releituras, entre elas ‘Budapest’, ‘Dona Cila’ e ‘Valerie’.

“O que dizer de vocês, galera? Eu ainda não me acostumei com isso!”, afirmou Mike, depois de ‘O que dizer de você?’. Em seguida, o vocalista ficou sozinho no palco, e a emoção acabou fazendo com que ele esquecesse as notas da música que daria continuidade ao show – nada que não pudesse ser resolvido com o apoio e o carinho do público ali presente. Mike seguiu com uma bela apresentação de ‘Somewhere Only We Know’.

Para deixar a noite ainda mais especial e cheia de surpresas, o quarteto contou com a presença de grandes amigos no palco. O primeiro a abrilhantar a noite foi Pedro Sárria, vocalista da banda Bellamore – também finalista do ‘SuperStar’. Pedro acompanhou os meninos em ‘Hold Back The River’ e, com a ajuda do guitarrista Matheus Pinheiro, eles ainda cantaram uma música autoral, ‘Teu Talento’. O outro convidado que subiu ao palco foi o ator João Cortês, juntos apresentaram ‘Waiting The World to Change’ e ‘Happy’.

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O público parecia não querer sair do teatro, o carisma e a felicidade dos meninos da OutroEu encantava até os que não conheciam muito da banda. Perto da meia-noite, ao som de ‘Coisa de casa’, eles se despediram, deixando todos ansiosos para as próximas novidades e os próximos passos.

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Resenha: Nobat e Ian Ramil @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

“Como uma gota que escapole para fora do copo”, o Festival Transborda realizou a sua primeira edição fora de sua “cidade natal”, Belo Horizonte. E a esteia fora do ninho foi com dois dias fantásticos de música autoral e de muita qualidade no maravilhoso palco do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro. O primeiro dia de festival teve como atração os shows de Nobat e Ian Ramil.

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Nobat @2016

Lançando o álbum “O Novato”, Nobat deu início ao festival apresentando uma ótima banda de apoio e arranjos excelentes. Destaque para os teclados e a percussão, que dão uma brasilidade ao pós-mpb com toques de indie rock ao som do mineiro. Os tambores são tão marcantes que dá a impressão de estar ouvindo um maracatu pernambucano de raiz em alguns momentos. As belas melodias de guitarras e as linhas de baixo muito bem construídas dão o toque final ao som de um compositor que versa sobre os mais diversos temas em suas composições e que certamente terá mais atenção e espaço no cenário musical brasileiro muito em breve.

A seguir, tivemos o show de Ian Ramil. Ou seria o tapa na cara de Ian Ramil? O gaúcho fez, com sua banda de apoio, um show incrível! Sua banda e, principalmente, suas letras que são verdadeiros esporros em tudo e todos, levou a tímida plateia ao delírio. Destaque para o clarinete na banda, que trás elementos bem interessantes para o som de Ramil. Som esse que tem de tudo um pouco: MPB, post-punk, axé, baião… enfim, uma salada musical completa (e das boas!). Sobre as letras, procure o trabalho do rapaz nas redes sociais e plataformas de streaming e ouça bem atentamente. Tem letra sobre a imersão da sociedade no lixo de plástico, sobre a perda de tempo nos smartphones e até o artigo 5o da Constituição Federal. Em tempos de um transbordamento de problemas políticos, o som de Ramil e Nobat e a cultura como um todo é fundamental. Escute! Prestigie!