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Oxy, Alexander von Mehren, Greni e Sondre Lerche @Canteiro Central

Por Aline Barbosa (fotos) e Tayane Sampaio (texto)

No primeiro sábado de dezembro (02), o Espaço Cultural Canteiro Central recebeu a última edição do ano do Brasilia Sessions. Em parceria com o Norsk Fest, evento que tem o intuito de divulgar a cultura norueguesa no Brasil, e com apoio da Embaixada da Noruega no Brasil, o projeto trouxe à cidade os músicos Alexander von Mehren, Greni e Sondre Lerche. Pra completar o line-up e manter a tradição de promover artistas locais, a banda Oxy foi a primeira a subir no palco.

A Oxy, desde a primeira música, conseguiu se livrar do estigma de banda de abertura e mostrou que estava no mesmo patamar dos outros artistas que pisariam naquele palco. A segurança da vocalista, Sara Cândido, contrasta com o rosto jovem e o pouco tempo de atividade do grupo. Dançante, Sara lidera a banda, que também é formada por Blandu Correia (guitarra), Lucas Eduardo Pereira (guitarra),  Marcelo Vasconcelos (bateria). Thiago Neves assumiu o baixo nessa apresentação.

Oxy | Por Aline Barbosa

Representante do shoegaze, a banda conseguiu pegar o gênero oitentista e dar uma cara atual e cheia de personalidade. A apresentação do grupo, baseada em seu primeiro EP, homônimo, lançado este ano, é bem interessante e mistura elementos do dream pop e uma pitada de rock psicodélico. A Oxy é uma das bandas mais interessantes dessa nova fase da música do DF e foge de todos os clichês do rock brasiliense. É bom ficar de olho nessa galera!

Alexander von Mehren, que também toca com Sondre Lerche, foi o primeiro artista norueguês a se apresentar. Acompanhado de Chris Holm (baixo) e David Heilman (bateria), o pianista tocou músicas do seu álbum de estreia, Aéropop (2013), além de uma inédita. As composições do músico são cativantes e ele tem um repertório que conta com músicas instrumentais, que bebem na fonte do jazz; músicas em francês, com uma pegada mais pop; e em inglês, com carinha de Beatles.

Alexander von Mehren | Por Aline Barbosa

Alexander tem uma técnica e intimidade incrível com o instrumento. Mas, mesmo com essas pequenas variações em seu repertório, ficou a impressão de que se a apresentação se estendesse demais ficaria monótona e até um pouco deslocada. Talvez, se o artista fosse o primeiro a se apresentar faria mais sentido.

O clima “chill out music” ficou no passado assim que Øystein Greni pisou no palco. O músico, ex-vocalista de uma das principais bandas de rock da Noruega, a Bigbang, ainda carrega toda a energia do rock and roll nas suas músicas e performance. Empunhando sua guitarra, acompanhado de Waldemar Unstad (baixo) e Kristian Syvertsen (bateria), Greni já começou o show mostrando seu lado pop, que foi eternizado em seu primeiro álbum solo, Pop Noir, lançado no começo deste ano.

Greni | Por Aline Barbosa

Experiente no mundo da música, Greni fez uma apresentação recheada de participações do público. O músico foi na beira do palco, arrancou acompanhamento com palmas, em várias músicas, e fez a galera cantar “Can I Be the Song” juntinho. Em meio às explosões de energia da banda, alguns momentos foram reservados para as necessárias baladas, que sempre funcionam muito bem. Eu, que não conhecia o artista, fiquei surpresa com algumas pessoas na plateia cantando todas as músicas.

Pra finalizar a noite norueguesa, Sondre Lerche deu início à sua apresentação com uma das músicas mais dançantes do seu último álbum, a agitada “Soft Feelings”. A música, com uma batida extremamente pop, abre muito bem o último lançamento de Lerche, Pleasure (2017), assim como o show. A euforia do músico foi tão grande que ele acabou enroscando a guitarra no pedestal.

Em um momento mais calmo e acústico, Sondre pegou seu violão e revisitou o começo de sua carreira. Em “Modern Nature”, música do seu primeiro álbum, Faces Down (2001), o artista ganhou ajuda do público, que fez bonito no contracanto. O músico também incluiu no setlist músicas de outros álbuns mais antigos, como o Two Way Monologue (2004) e Phanton Punch (2007).

 

No palco, Sondre é muito elétrico. Ele não para quieto, sempre indo de um lado ao outro e até subindo nas caixas de som pra ficar mais perto do público. Durante o show, ele foi se empolgando, tirando peças de roupa, e terminou sem camisa, no meio do público, dançando abraçado às pessoas. Depois disso, o músico foi pro camarim e sua banda (David Heilman, Chris Holm e Alexander von Mehren) emendou numa jam alucinante, que deve ter durado mais de 20 minutos e funcionou muito bem com a cenografia de palco. No começo, o público continuou ali, esperando o retorno pro bis, mas depois perceberam que Lerche não retornaria. Esse fim de show foi um dos mais esquisitos e legais que já presenciei.

A nona edição do Brasilia Sessions ficou marcada pelos ritmos dançantes, alegria e pelas belíssimas projeções (com muitas imagens de Brasília, inclusive) que passavam no fundo do palco. Uma ótima forma de terminar o ano!

 

 

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Agenda de Shows Notícias

Brasilia Sessions surpreende em sua última edição do ano

Por Tayane Sampaio

Se você acompanha as resenhas que postamos aqui no site, provavelmente já conhece o Brasilia Sessions. Quem não conhece, tá perdendo tempo! O projeto, que sempre promove novos artistas locais e proporciona o intercâmbio musical entre artistas de todo o país, dessa vez, trará à Capital três artistas gringos. Em parceria com o Norsk Fest, evento que acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro, e com apoio da Embaixada da Noruega no Brasil, a nona edição do Brasilia Sessions apresentará os noruegueses Sondre Lerche, Greni, e Alexander von Mehren, além da incrível banda brasiliense Oxy.

Sondre Lerche retorna ao país para apresentar seu último trabalho, o dançante Pleasure (2017), um álbum carregado no synthpop. Sondre, que tem uma relação próxima com a música brasileira, desde o início de sua jornada musical, já se apresentou em Recife, Fortaleza, São Paulo e Porto Alegre, em 2015.

Greni, ex-vocalista da banda de rock Bigbang, também já esteve no Brasil. Essa será sua quarta visita ao País, segunda como artista solo. Muitas vezes intitulado como representante da surf music norueguesa, Oystein Greni está divulgando seu último disco, Pop Noir, lançado também este ano.

O pianista, compositor e produtor Alexander Von Mehren fecha o line-up norueguês dessa edição do Brasília Sessions. Alexander tocará músicas do seu álbum de estreia, Aéropop (2013), além de novas composições.

A prata da casa, dessa vez, é a surpreendente Oxy. Do shoegaze ao dreampop, passando pelo psicodélico, a banda, que teve sua estreia no começo do ano, está ganhando os palcos da Cidade e os ouvidos de quem acompanha a cena local. Liderada por Sara Cândido e Blandu Correira, a Oxy representará muito bem a efervescente cena musical brasiliense.

A venda dos ingressos já está acontecendo, pela plataforma Sympla, e os preços variam de R$ 35,00 (meia-entrada, segundo lote) a R$ 100,00 (ingresso + meet and greet com Sondre Lerche ou Greni). O primeiro lote de ingressos está esgotado.

SERVIÇO
Ingressos: http://bit.ly/BrasiliaSessions-NorskFest
Data: 02/12/2017 (sábado)
Horário: a partir das 21h
Local: Canteiro Central
Mais informações: http://www.facebook.com/brasiliasessions

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Resenha

Resenha: Raquel Reis e LaBaq @Antonieta Café

Por Tayane Sampaio

Em outubro (21), o Antonieta Café foi palco da oitava edição do Brasilia Sessions. O projeto, sempre preocupado com questões que vão além da realização de shows, abriu espaço para a discussão sobre o protagonismo feminino na indústria musical e contou com um line-up composto apenas por mulheres.

Às 18 horas, Eli Moura, Marcella Imparato e Larissa Nalini deram início à roda de conversa, que foi aberta ao público. O grupo discutiu questões que envolvem a presença da mulher na música, de maneira holística, e suas nuances. Apesar da gratuidade, poucas mulheres estiveram presentes nesse momento, o que só reforça a necessidade de se criar esses espaços para discussão e incentivar a participação da mulher no meio musical.

Quem abriu a noite foi a brasiliense Raquel Reis. Acompanhada de Gabriel Oliveira (guitarra), Zé Assumpção (baixo), Lucas Gemelli (acordeon) e Tom Suassuna (violino), Raquel apresentou, na íntegra, seu trabalho de estreia, Quitinete, que será lançado ainda este mês. Com arranjos especiais para o evento, Raquel mostrou sua versatilidade no palco. A musicista, que esbanja doçura e potência vocal, funciona muito bem sozinha, voz e violão, mas mostrou estar mais do que preparada para liderar uma banda no palco.

Raquel Reis  | Por Tayane Sampaio

Mesmo sem ter um álbum completo oficialmente lançado, a brasiliense já mostrou algumas das canções do álbum na internet e já fez vários shows, inclusive fora do Distrito Federal. Isso, atrelado à simpatia de Raquel, faz com que o público seja dinâmico e interativo. Um dos momentos mais especiais foi em “Casa”, que a galera cantou junto, antes mesmo de Raquel pedir.

A sintonia do grupo não ficou apenas no uniforme (todos estavam com blusas vermelhas). Raquel e banda fizeram um show muito bem pensado e que, sem dúvidas, aumentou a curiosidade de quem já acompanha o seu trabalho e está ansioso para ver o álbum de estreia lançado.

Raquel Reis | Por Tayane Sampaio

No segundo ato da noite, o palco foi ocupado apenas por uma pessoa, uma guitarra e alguns pedais. A incrível LaBaq preencheu o vazio do palco com suas melodias angelicais, que reverberaram por todo o ambiente.

LaBaq | Por Tayane Sampaio

Com apenas um álbum, VOA (2016), mas muita experiência na música, LaBaq consegue criar um universo particular em seu show. As músicas, que são uma combinação perfeita de leveza e força, funcionam melhor ainda ao vivo e envolvem o público em uma atmosfera emocionante, como em “Quiçá”, que você vê abaixo. A participação da plateia emocionou LaBaq e todos os presentes.

A musicista, além de se apresentar sozinha, gerencia todas as esferas de sua carreira e esse envolvimento da artista em todos os detalhes transparece em seu trabalho, criando uma identidade ímpar.

A oitava edição do Brasilia Sessions foi cheia de sorrisos e sentimentos à flor da pele, mas também foi cheia de questionamentos e perguntas ainda sem respostas. Fica a gratidão ao espaço (sempre) aberto a questões importantes para a evolução da cena musical da Cidade e a vontade de que as discussões criem desdobramentos e soluções para os problemas apresentados.

LaBaq | Por Tayane Sampaio

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Resenha

Resenha: Ellefante, Marrakitá e Phill Veras @Funarte Brasília

Por Tayane Sampaio

Abril começou muito bem para quem acompanha a cena musical da Cidade. Sábado (01), aconteceu a sexta edição do Brasília Sessions, evento que tem tudo para se tornar uma das datas mais esperadas pelos brasilienses fãs de música. Dessa vez, quem compareceu ao Teatro Plínio Marcos, no Complexo Cultural FUNARTE, assistiu às apresentações das bandas Ellefante, Marrakitá, Cachimbó, Renato Gurgel e Phill Veras.

Mesmo sendo a edição com o maior público, que lotou o teatro, o evento não perdeu sua essência e o ar intimista. O formato com três apresentações no palco principal e dois pocket shows, que acontecem enquanto o palco central é arrumado para a próxima apresentação, foi mantido. Essa dinâmica funciona muito bem, pois o tempo de espera entre uma apresentação e outra é bem curto.

A Ellefante, formada por Fernando Vaz (voz e guitarra), Adriano Pasqua (baixo) e João Dito (bateria), foi a primeira a se apresentar. Quando a banda começou a tocar, um pouco depois das 19h, os espectadores ocupavam um terço da capacidade total do teatro. Quem chegou só para o último show perdeu a melhor apresentação da noite.

Ellefante @2017

O trio, que nasceu há pouco tempo, traz uma proposta muito bonita e original. A sonoridade da banda não segue um padrão e é justamente isso que faz o show ser tão bom de assistir. Entre as baladas, com um toque de blues, e as músicas mais vibrantes, com bateria minimalista e um quê de bossa nova, o grupo também mostra influências do folk, pop e rock.

Além das belíssimas harmonizações vocais, os integrantes compartilhavam olhares e sorrisos divertidos entre uma canção e outra. Mesmo com pouco tempo de banda, a Ellefante já tem um show interessante e interativo, em que os integrantes dominam bem o espaço e têm um ótimo entrosamento, além de parecerem muito à vontade para falar e brincar com a plateia.

Um dos pontos fortes da banda é o bonito timbre de voz e a versatilidade de Fernando. Na sensível “Começo”, ele presentou o público com uma ótima performance vocal, que em alguns momentos lembra o australiano Matt Corby.

No final dos shows, conversamos com o vocalista, que classificou a experiência de tocar no Brasília Sessions como sensacional, tanto pela oportunidade de tocar em um teatro tão tradicional, como pela chance de apresentar a sua música às pessoas que foram ao evento por causa dos outros artistas. O músico disse, ainda, que o primeiro álbum do trio está previsto para agosto e deve ter entre dez e treze faixas, incluindo as músicas já lançadas em sessões ao vivo. Antes disso, a banda ainda toca no Atomic Music Festival, com o The Maine, o famoso “grupo emo do Arizona”.

Enquanto o palco da Marrakitá era montado, Renato Gurgel começou sua apresentação, que atraiu a atenção de toda a plateia para a parte superior da sala. Acompanhado por Paulo Lessa (guitarra), Renato apresentou, pela primeira vez, o seu trabalho autoral ao público brasiliense. A serenidade da voz de Gurgel se espalhou pelo local e aqui e acolá tinha alguém balançando a cabeça no ritmo do bom samba-forró do rapaz.

Renato Gurgel @2017

O agora duo Marrakitá se apresentou após o pocket show do Renato. João Pedro Mansur (voz e guitarra), que tocou na edição anterior do evento, e Marcos dos Santos (bateria e voz) se apresentaram com dois músicos de apoio: o baixista Pedro Miranda e o guitarrista Henrique Alvim.

O último single lançado pelo grupo, “Santuário”, fez parte da setlist, assim como algumas músicas do álbum “Coisas Selvagens”, de 2015. Infelizmente, os músicos não apresentaram as músicas do excelente “Ao Vivo Em Casa” (2014), EP de estreia da banda, que, à época, era um quarteto.

Marrakitá @2017

O baterista da Marrakitá é um show à parte. Marcos executa os movimentos com bastante energia e canta todas as músicas, sem deixar o sorriso sair do rosto. Dá gosto de vê-lo tocar. Além dos agradecimentos do vocalista à produção do Brasília Sessions, os músicos não interagiram muito com a plateia e deixaram o palco sem se despedir.

A Cachimbó ficou responsável pelo segundo pocket show da noite. Sem dúvidas, o eletropop de Laianna Victória (voz), João Pedro de Oliveira (teclado, sintetizador e percussão) e Paulo Batista (guitarra) merecia o palco principal. As batidas criadas por João Pedro embalam as dancinhas esquisitas da vocalista, que esbanja carisma e faz com que você queira se juntar a ela na coreografia à la Ian Curtis. Fica a vontade de que, em um futuro próximo, a banda volte com um número mais longo.

Cachimbó @2017

Para encerrar mais uma bem-sucedida edição do Brasília Sessions, Phill Veras entrou pulando no palco, após alguns minutos de atraso e de vários gritos do público, que clamava pelo músico. O maranhense, acompanhado do exímio guitarrista André Araújo, passeou por músicas de todos os seus três álbuns. Os fãs do cantor lotaram a FUNARTE e cantaram alto as canções de Veras, que foi bem recebido em sua estreia na Capital.

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Como sempre, a noite foi mais do que agradável. Pequenos detalhes, como banheiros inclusivos, mostram o cuidado e dedicação da produção, que respeita muito o trabalho dos artistas convidados e seu público. A produtora Marcella Imparato nos contou que o objetivo é crescer, mas sempre valorizando a cena autoral e local, além de fazer esse intercâmbio cultural com artistas de outros estados. Fica aqui a nossa torcida para que o Brasília Sessions cresça mais a cada edição.

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Resenha: Zéfiro, João Pedro Mansur e Jesse Rivest @Teatro Sesc Silvio Barbato

Por Tayane Sampaio (texto e fotos) | @Tayanewho

Domingo (11/9), aconteceu mais uma edição do Brasília Sessions, no Teatro Sesc Silvio Barbato. Fruto da união de alguns músicos da cidade, o projeto quer dar visibilidade aos novos artistas locais, assim como trazer bandas da cena nacional para apresentar-se ao público brasiliense. Em sua quinta edição, o evento contou com as apresentações da Zéfiro, João Pedro Mansur e Jesse Rivest, além dos pocket shows da Anzol Jubarte e Mauren & Stive.

Quem abriu a noite foi a Zéfiro. O quinteto formado por Pedro Menezes (vocal e guitarra), Lucas Aguiar (guitarra e sintetizador), Mari Junqueira (baixo), Caio Fonseca (bateria) e Humberto Reale (percussão) subiu no palco um pouco depois das 20h. O repertório da noite foi composto pelas canções do excelente EP “Andes”, lançado no começo do ano, além de uma inédita, que ainda nem foi gravada.

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Zéfiro @2016

As indagações do eu lírico, que caminha entre os altos e baixos de uma montanha, ganham força ao vivo, com destaque para a faixa-título do trabalho de estreia da banda. O instrumental da canção consegue passar toda a angústia do andante, que não sabe se no próximo passo sua viagem se encerrará. Os arranjos bem trabalhados ficam ainda mais potentes quando a voz de Pedro entoa as letras metafóricas, que levam o ouvinte à reflexão. Com um som singular, o grupo transita, principalmente, entre pós-MPB, indie e rock alternativo.

A maturidade da banda transcende as gravações em estúdio; no palco, a sintonia é visível e fica claro o quanto cada instrumento é essencial para a construção da narrativa. Quando o vocalista anunciou a última música, ficou aquela impressão de que o show durou pouco e que poderiam tocar todo o setlist de novo. Sem dúvidas, a Zéfiro é um sopro de autenticidade em nossos ouvidos saturados de mesmice.

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Anzol Jubarte @2016

Enquanto o palco era preparado para a próxima apresentação, do lado de fora do auditório, a Anzol Jubarte arrancava sorrisos da plateia. Munidos de voz, violão, letras bem-humoradas e uma ótima interação com o público, Varginha e Gabriel mostraram um ótimo brega-blues-MPB, que conta situações cotidianas.

De volta ao palco principal, agora mais enxuto, foi a vez de João Pedro Mansur. Acompanhado por Pedro Miranda (baixo) e Renato Galvão (bateria), o cantor mostrou-se íntimo da guitarra e à vontade em seu hábitat natural. O trio tocou músicas dos projetos de Mansur: “Coisas Selvagens”, primeiro álbum da Marrakitá, lançado ano passado; e “Bla.gue” (2015), trabalho da CineMondatta, que conta com a faixa “Caibrã”, vencedora do Festival da Rádio Nacional FM, em 2015.

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João Pedro Mansur @2016

Ao fim da apresentação de João Pedro Mansur, o público se dirigiu, mais uma vez, à área dos pocket shows. Dessa vez, Mauren & Stive tiveram a oportunidade de mostrar suas canções aos presentes. Mauren, que também fotografa o evento, surpreendeu com seu timbre de voz poderoso. As músicas, cantadas em português e também em inglês, que misturam folk, country e rock criaram um clima perfeito para o próximo show, que encerraria a noite.

Por fim, as cortinas se abriram para o canadense-quase-brasileiro Jesse Rivest. As guitarras barulhentas e os inúmeros pedais usados no começo da noite desaparecem do palco, que passou a ser ocupado apenas por Jesse, com seus dois violões, e com o baterista Misael Barros. Muito calmo, o cantor deu início à sua apresentação com bons minutos de uma bonita conversa entre violão e bateria, sem voz. Em seguida, o músico tocou músicas dos seus álbuns “Seventeen Oh-Two Oh-Six” (2006) e “Everyelsewhere” (2011), além de uma ótima versão de “Fans”, do Kings of Leon, que Jesse disse, em tom zombeteiro, não se lembrar se tinha composto ou não.

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Durante toda a apresentação o músico parecia imerso ao som de seu violão e, de vez em quando, entre uma música e outra, arrancava gargalhadas do público com piadas e seu português um pouco atrapalhado. O folk rock e o bom humor do músico encerraram a noite de forma muito leve e intimista.

Mais uma vez, o Brasília Sessions proporcionou ao público uma agradável noite de domingo. Todos os músicos, sem exceção, agradeceram o carinho da equipe, que trabalhou duro para que tudo corresse bem. O evento, no estilo “faça você mesmo”, é mais uma prova de que a cena independente está cheia de tesouros a serem descobertos. Você pode acompanhar o Brasília Sessions clicando aqui. 

Brasilia Sessions #5(Aftervideo) from brasilia sessions on Vimeo.

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Resenha: Young Lights e Astronauta e Seus Amigos @Teatro Sesc Silvio Barbato

Por Tayane Sampaio (texto e fotos) | @Tayanewho

Aos domingos, em Brasília, as ruas e avenidas são vazias. A cidade não é tomada por aquele enérgico burburinho jovem, como acontece em outras capitais, e a maioria das pessoas dedicam o dia à família e atividades leves, como uma caminhada no parque ou uma volta de bicicleta no Eixão. À noite, não é muito diferente. Existe, sim, um movimento aqui e acolá, mas Brasília é dominada pela Lei do Silêncio, que inibe grande parte das manifestações culturais que poderiam e deveriam tomar conta do centro do Distrito Federal.

No último domingo (10), aconteceu a quarta edição do Brasília Sessions, com shows das bandas Astronauta e Seus Amigos (DF) e Young Lights (MG). O projeto surgiu com o intuito de movimentar a cena local, ocupando espaços da cidade e apresentando os novos artistas ao público. Sempre com um ambiente intimista e acolhedor, o projeto busca conectar pessoas por meio da música.

Astronauta e Seus Amigos 1

A Astronauta e Seus Amigos foi a primeira banda a subir no palco do Teatro Silvio Barbato. Aproximadamente às 20h10, Pedro Rodolpho (vocal, teclado e sintetizador), Marcella Imparato (bateria), Paulo Vitor Amuy (baixo) e Pedro Carvalho (guitarra) entraram em cena, iluminados, quase que exclusivamente, por projeções que passavam no fundo do palco. O quarteto apresentou ao público brasiliense as canções do “Wanderlust” (2016), seu trabalho de estreia, que é o resultado final de ideias que foram aperfeiçoadas nos últimos três anos.

É difícil encaixar o grupo em um gênero musical, pois eles passeiam por vários estilos. Com músicas cantadas em português e inglês, a banda vai de sonoridades atmosféricas e densas ao doce violão folk. Após o show, que te leva em uma viagem espacial, com direito a bonitas paisagens e harmonias que transitam do space rock ao shoegazing, fica mais fácil entender o porquê do nome da banda.

Astronauta e Seus Amigos 3

No começo dava para notar certa timidez dos integrantes, que estavam concentrados na execução das músicas e criaram um clima mais introspectivo. A partir da metade do show, mais ou menos, os músicos se deixaram levar pelos sons que saiam de seus próprios instrumentos e, com isso, mostraram mais entrega à apresentação. O ponto alto foi Believe, uma música doce, com participação de toda a banda nos vocais, que incentiva o ouvinte a acreditar e lutar pelos seus sonhos.

As canções da Astronauta e Seus Amigos reverberam liberdade. A banda se mostra confortável e capaz de criar várias atmosferas em um único palco. O debute, em solo brasiliense, foi memorável, mas acredito que as futuras experiências ao vivo, com maior interação entre os integrantes, serão ainda mais especiais.

Young Lights 2

Antes das 21h30 a Young Lights deu início à sua segunda apresentação na Capital. Em 2015, eles tocaram na festa Play! e, apesar do palco pequeno e de problemas técnicos, mostraram o quanto as músicas crescem ao vivo. Pouco mais de um ano depois, e com um guitarrista a menos, a banda, agora formada por Jairo Horsth (vocal, violão e gaita), Gentil Nascimento (bateria), João Pesce (baixo) e Vitor Ávila (guitarra), voltou para apresentar algumas canções do “An Early Winter” (2013) e “Cities” (2014) em um show eletrizante.

Ao vivo, a banda vai muito além do rótulo folk que a acompanha desde o seu primeiro EP. Não há dúvidas de que o folk é uma forte influência, mas, se fosse para definir o som da banda em apenas um gênero musical, eu diria que a Young Lights faz rock, e dos bons! O próximo álbum está em fase de pré-produção e, segundo o baixista João Pesce, provavelmente terá sonoridades diferentes do que já foi apresentado nos discos anteriores. Inclusive, quem estava presente também escutou música nova!

Young Lights 3

A apresentação começou calma, romântica, mas não demorou muito para transformar-se em um momento explosivo e catártico. Apesar do pouco tempo da formação atual, é quase palpável a sintonia dos integrantes. O vocalista mostra desenvoltura para se comunicar com o público e explora o palco de uma ponta a outra. A interação entre os músicos faz, muitas vezes, com que a plateia sinta que está em uma divertida jam session, só que muito bem ensaiada e executada. A evolução do grupo fica evidente na melancólica You Drowned, I Swam, que começa simples, voz e violão, e depois, com a banda completa em ação, explode em uma belíssima versão com mais sete minutos.

Nem o cansaço dos (muitos) quilômetros viajados de carro, entre Sabará, Goiânia e Brasília, em apenas três dias, tirou a energia dos integrantes, que entregaram uma apresentação digna de festivais e que impressionou quem não os conhecia. Não é à toa que os mineiros tocaram uma música a mais do que o planejado, a pedido do público, que, sem dúvidas, teve uma linda noite de domingo.

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