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RESENHA: Him estreia no Rio e vê as fãs se “igualarem” ao ídolo

Por Guilherme Schneider | @Jedyte | Fotos/Vídeo: Daniel Croce

Quantos amores e desamores as músicas de uma banda podem carregar? Um monte, claro. Mas, dentro do metal, poucas traduzem tanto sentimentos como Him. Os criadores do love metal finalmente encontraram os fãs cariocas na última quinta-feira, dia 10.

O Circo Voador não lotou, mas encheu de fãs ansiosos para ver um cara: o finlandês Ville Valo, que completou recentemente 39 anos. Valo é quem atrai gritos eufóricos de mulheres (e homens) durante o show inteiro, a cada gesto ou  sorriso. Queria ou não ele é o Him.

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A expectativa por esse show era enorme, já que a banda nunca havia pisado em um palco carioca – apesar de já ter vindo ao Brasil anteriormente. E não poderiam ter escolhido lugar melhor, já que a proximidade dos fãs com o palco do Circo é ímpar. Porém, poucas vezes vi o som da casa tão ruim.

Não sei qual foi o motivo, mas após o show muita gente reclamou do volume. Inclusive Ville Valo se mostrou bastante incomodado durante o show, pedindo frequentemente para aumentar o seu retorno. Bom, isso foi o bastante para atrapalhar uma noite tão aguardada? Em parte sim, já que o vocal de Him merece ser ouvido com uma clareza que faltou.

Mas, os problemas de áudio abriram caminho para um espetáculo paralelo – e que surpreendeu a banda toda. Sedentos, os fãs cantaram o show todo, e, por vezes, superaram o som da banda. Os momentos mais emocionantes foram justamente aqueles em que  os fãs regeram o Him.

Os sucessos Join Me in Death, Right Here in My Arms e The Funeral of Hearts fizeram os fãs cantarem com todo o coração (ou melhor, heartagram). São tantos e tantos “hinos de fossa” que o romantismo extremista do Him precisou caprichar no setlist, revisitando boa parte da carreira de 24 anos.

Já assimilados na carreira do Him, os covers Wicked Game (de Chris Isaak) e Rebel Yell (do Billy Idol), também foram muito bem recebidos. Destaque para a jam durante Wicked Game, com um trecho de Sabbath Bloody Sabbath, do Black Sabbath.

Valo sorria toda vida, satisfeito com a calorosa recepção. Durante o show ganhou (pelo menos) dois soutiens de fãs mais provocadoras. E ele devolveu a provocação com requintes de crueldade: segurou uma toalha branca durante o show todo, e, ao invés de jogar para a plateia, preferiu deixá-la no chão do palco. Maldade, né?

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O mais legal foi ver a superação da banda, que atropelou qualquer problema técnico para fechar uma noite memorável. Os cinco nórdicos se desdobraram com talento. Vale o destaque para o baterista Jukka Kröger, que se mostra seguro em sua primeira turnê com a banda. Que não demorem para retornar ao Brasil!

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HIM Setlist Circo Voador, Rio de Janeiro, Brazil 2015

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RESENHA: A epidemia Jack & Jack fez ‘vítimas’ no Rio

Por Thais Rodrigues | @thwashere | Fotos: Maria Clara Vidal

Depois da Beatlemania e da Bieber Fever, outra epidemia contaminou o mundo. Os sintomas histeria e náuseas acompanhadas de possíveis desmaios ficaram em evidência no último show realizado pelo Queremos, graças a um viral que na verdade vale por dois. A contaminação partiu de Nebraska, e chegou a Varanda do Vivo Rio no último domingo (06/12) e ao que tudo indica, o Vine ajudou na disseminação dessa sensação da internet.

A causa de todas essas alterações que provocaram espanto e agitação em pais e organizadores foi a dupla Jack & Jack, amigos de infância que fizeram o Rio de Janeiro parecer mais quente e o ar bem mais rarefeito. Além de arrancar suspiros, roupas e gritos em conjunto que colocariam o falsete da Mc Melody como segundo melhor do mundo, os dois homens – e que homens, segundo as próprias fãs – levantaram mais pessoas da cama e mais cedo do que o próprio ENEM, aglomerando todas elas no portão principal às seis da manhã.

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O público não perdeu o pique nem por um segundo e mesmo que perdidos dos pais, fizeram com que um show de qualquer banda de metal que fosse parecesse um ótimo ambiente para discutir ideais e política. As músicas chiclete rapidamente reuniram até os que não os conheciam numa só dança coreografada, relembrando as apresentações de boybands como N’Sync, Backstreet Boys e Five que nem tão diferente de Jack Gilinsky e Jack Johnson, também levavam todos à loucura e quem sabe, direto para ambulâncias.

Com meninas correndo de um lado para o outro e a maioria se espremendo cada vez mais na grade como se estivessem possuídas pelo ritmo ragatanga, a dupla insistia em comentar o quanto estava sendo insano e divertido, mas que elas precisavam tomar mais cuidado e cuidar uma das outras. Mesmo assim, o choro e a falta de controle eram incontroláveis, principalmente ao som de Wrong One, Groove, Cold Hearted e Wild Life, que encerrou o show com gente pendurada em pilastras, pescoços e colos.

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Ao término do show que voou e passou por olhos e lentes de câmeras que mal paravam de tremer, todos se reuniram para gritinhos em grupo e disputa de quem chorou mais. Vídeos emocionados inundaram as redes sociais comprovando que os fãs brasileiros dão mais show que os próprios artistas, e que quando sabem o que querem, querem agora e pronto, afinal, quem demanda, manda.

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RESENHA: Angra mostra união e fôlego renovado no Rio

Por Felipe Fernandes (texto e fotos)

O Angra desembarcou no palco da Fundição Progresso, no Rio, com o último show do ano e última apresentação da tour desencadeada pelo lançamento do Secret Garden, oitavo álbum de estúdio do grupo.

A banda fez um apanhado de toda a carreira, sem deixar de para trás as canções do Secret Garden, que eram cantadas inteiras em coro pela plateia. Plateia essa que, curiosamente, era formada em boa parte por pessoas que nem eram nascidas à época do lançamento do Angels Cry, primeiro álbum do grupo.

Rafael Bittencourt, guitarrista e único membro fundador no palco, pilotou com maestria e com o carisma e a competência de sempre, desta vez com vocais ainda mais marcantes e assumindo o lead vocal em alguns momentos (como exemplificado no referido disco recém lançado).

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O jovem baterista Bruno Valverde demonstrou que sua entrada na banda não se deu por sorte. Juntamente com o baixista Felipe Andreoli, formou uma “cozinha” precisa e coesa, como se via desde os tempos em que acompanhavam o guitarrista Kiko Loureiro em sua carreira solo.

Quem esperava que a banda tivesse prejuízos pelo “no show” de Kiko, que estava no México, acompanhando o Megadeth, se surpreendeu. O guitarrista brasiliense Marcelo Barbosa foi bem recebido pelo público. Mostrou que tem muitas horas de voo e que, após ter passado por bandas como Khallice e Almah, estava pronto para o desafio.

O vocalista italiano Fabio Lione, que já era conhecido do público brasileiro principalmente pelo seu trabalho junto ao Rhapsody on Fire, mostrou a mesma precisão técnica, elegância e empatia de sempre com o público. Tomando o palco para si e interagindo como um bom e clássico “frontman” deve fazer.

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Não sei de quem foi a ideia de ter a participação do antigo vocalista Eduardo Falaschi no show, porque, sinceramente… Deu muito certo!

Se por um lado havia a desconfiança pela ausência do Pedro Henrique, por outro notei o interesse e a expectativa de ver como seria a banda novamente no palco com seu segundo vocalista. Edu, que também participou do show no último dia 07/11 na capital paulista, foi ovacionado pelo público, principalmente pelos mais jovens que não puderam assisti-lo enquanto estava na banda. Cantou algumas músicas sozinho e mostrou que talvez esteja em sua melhor forma, cantando as partes mais difíceis como nos discos.

O clima amistoso e cordial entre Fabio e Edu, (diga-se de passagem, toda a banda desfrutava do mesmo clima) fez os duetos parecerem naturais. No palco, vimos uma banda unida, demonstrando a maturidade de quem sabe aterrissar bem, mesmo depois de passar por algumas turbulências.

Os próximos voos ainda são incertos. O que é certo é que, após o sucesso do Secret Garden, uma tour pelo globo e a entrada de um dos integrantes em uma das maiores bandas do mundo, o Angra tem boa visibilidade para voos ainda maiores.

Obs.: Confesso que não verifiquei o set dos últimos shows da turnê e a releitura (mais pesada) de Synchronicity II, do The Police, foi uma grata surpresa, além de ser menos óbvia que qualquer clássico batido de heavy metal.

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Resenha: Hot Chip, Gostando sem querer

Por Gustavo Chagas (texto e fotos) I @gustavochagas

Esse foi o meu terceiro show do Hot Chip. O anterior havia sido no Lolla 2013, e antes disso no finado Tim Festival, em 2007.

Eu fui ao Tim Festival assistir uns garotos de Sheffield que estavam começando, acho que se chamavam Arctic Monkeys. Não sei que fim eles levaram. Mas o que interessa é que a banda que tocou antes era o Hot Chip. Não conhecia muito bem e demorei um tempo pra assimilar aquele som, mas desde então fiquei fascinado.

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Em 2013 eu abdiquei de ver o show de retorno do Planet Hemp (ainda bem, já que eles tão retornados até hoje) e fui assistir ao show do Hot chip no palco alternativo do Jockey. Melhor escolha, impossível. Plateia reduzida a só quem realmente era fã e queria assistir. Divertidíssimo.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado ao ver de antemão o setlist do show que aconteceu na última sexta (27/11). O cd que eu mais gosto deles, é “In Our Heads“, de 2012, e eles tocariam pouquíssimas dele. Chance dada, fui ao show.

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E de novo o Hot Chip mostrou que a melhor opção é sempre ver o Hot Chip. Sacadura 154 lotado, galera pilhada e banda empolgada. Tem como dar errado com essa mistura?

Foi um show “sem tirar de dentro”. Claramente com a intenção de fazer todo mundo mexer seus respectivos traseiros. A sequencia inicial com Huarache Lights, One life stand, Night and Day, Love is the Future, essa última, a melhor do último cd, “Flutes” e a clássica Over and Over, foi arrebatadora!

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Parecendo muito felizes com a receptividade, a banda entregou simpatia e competência no resto do show, e com a dobradinha linda Dancing in the dark/All my friends, eles fecharam mais uma noite inesquecível pra quem escolheu escolher o Hot Chip. #EUESCOLHOHOTCHIP

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Hot Chip Setlist Espaço Sacadura, Rio de Janeiro, Brazil 2015

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RESENHA: Explosions in The Sky diz tudo sem dizer nada

Por Guilherme Schneider | @Jedyte 

Há uma célebre frase atribuída ao escritor francês Victor Hugo que diz: “A música expressa o que não pode ser dito em palavras mas não pode permanecer em silêncio”. E isso se encaixa na música instrumental do Explosions in The Sky, banda de post rock texana que tocou no Circo Voador na última quinta-feira (19).

Para quem ainda não conhece, o Eits (como é apelidado pelos fãs) faz um som instrumental denso, viajante e inspirador. Acho a trilha sonora perfeita para estudar, me concentrar. Mas serve para mil momentos – não é à toa que a música deles integra diversas trilhas sonoras de filmes.

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O pessoal do Queremos os trouxe novamente ao Circo, e o público veio junto. Casa muito cheia, com a grande maioria dos fãs tentando respeitar o ‘silêncio’ durante as músicas. Na falta de letras, o público acompanha como pode, com palmas e um transe alegre. O merecido grito de euforia fica preso na garganta até os intervalos das músicas.

O nível de composição da banda é absurdo. Músicas como First Breath After Coma, Your Hand in Mine ou The Birth and Death of The Day evocam todo tipo de emoções. A linha de frente com três guitarras é poderosa, com destaque para a energia de Michael James. Dá impressão que todo mundo ali tem a competência para assumir qualquer instrumento.

Exceto no alô inicial e na despedida, ambas puxadas pelo guitarrista Munaf Rayani, o Eits se concentrou mesmo na música, com muita entrega, recebida em forma de contemplação. É uma banda que diz tanto sem dizer nada. Sem praticamente abrir a boca. E precisa?

Bom, na verdade o quarteto (que é acompanhado na estrada pelo baixista Carlos Torres), deixou para conversar animadamente com os fãs após o show, ao lado do palco. Simpáticos, distribuíram autógrafos e posaram para selfies.

O grito preso enfim explode e a banda deixa o palco após a bela The Only Moment We Were Alone sem bis, sem firulas, e ovacionada como os mestres do rock instrumental. Foi o fim de uma turnê sul-americana que passou antes por Chile, Argentina, e desembarcou na véspera no Brasil para um show em São Paulo. Que voltem mais vezes para mostrar que o céu é o limite.

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Explosions in the Sky Setlist Circo Voador, Rio de Janeiro, Brazil 2015

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RESENHA: Eu não gosto mais de Tiago Iorc

Por Gustavo Chagas (texto e fotos) I @gustavochagas

Eu não gosto mais de Tiago Iorc.

Essa foi a primeira reação que eu tive quando acabei de ouvir o “Troco Likes”, seu último cd. Não sei por que, só não bateu.

Gosto do trabalho dele desde 2008. Um show que ele fez em julho de 2009, na Hideway, foi o primeiro show que consigo me lembrar que eu fui com a Thaís, minha namorada desde então. Ano após ano nós fomos em todos os shows do Tiago Iorc que conseguirmos ir. Já o vimos na praia, em teatro grande, pequeno, com banda, sem banda, you name it.

Mas isso mudou depois que escutei o último cd. Não fui em nenhum show que ele fez aqui. Por algum motivo eu me desconectei. Mas quando vi que iria ter em Niterói, alguma coisa me fez querer ir.

Citando o filósofo Phil Dunphy, de “Modern Family”, “as coisas mais especiais podem acontecer com a gente, quando as expectativas são baixas“. E a noite de ontem não poderia ser resumida.

Sempre teve alguma histeria nos shows, mas logo nos primeiros acordes de Bossa, notei que ela tava bem maior. O coro era uníssono, alto, afinado, lindo e numa imersão que eu nunca tinha visto em um show dele.

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O show da última quinta (19) foi no Teatro Popular Oscar Niemeyer

Assim continuou com Coisa Linda, Mil Razões e outras do chamado primeiro ato. Coro alto e feliz. Não me lembro ao certo qual foi a primeira em inglês que ele tocou ontem (tô velho). Acho que foi It’s a Fluke, mas pode ter sido Nothing but a song, mas não importa. O que notei foi que, apesar de serem clássicos necessários da carreira dele, o engajamento da galera não foi tão absurda quanto nas outras.

Foi nessa hora que notei o por que eu nunca tinha vista um coro tão alto nas dezenas de vezes que já o tinha visto ao vivo: ele, e quem o escuta, haviam mudado totalmente. Pode parecer idiota, mas eu só fui entender o por que da escolha em cantar português. A barreira que faltava ultrapassar pra atingir um publico maior era a da língua.

Parece óbvio por que é, mas eu não entendi de cara. Pode ser protecionismo de fã velho, e é. Mas ainda bem que fui ontem. De presente eu (e todo mundo) ganhei uma versão linda de Sentimental, do Los Hermanos.

O último cd foi tocado quase que na íntegra, e ainda teve as habituais Música inédita, Um dia após o outro, Forasteiro, Sorte, entre outras.

Não vou usar de recursos trocadilhísticos e escrever que eu amei te ver, mas sim que ainda bem que eu fui te ver.

Eu ainda gosto de Tiago Iorc.

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RESENHA: Sonho realizado! A empolgante estreia do Asian Kung-Fu Generation no Brasil

Por Guilherme Schneider | @Jedyte 

Demorou. Demorou muito. Mas, enfim, (mais) um sonho musical foi realizado. O Asian Kung-Fu Generation finalmente foi apresentado para os fãs brasileiros, em um show irretocável no Carioca Club, no último domingo (15) em São Paulo. Como valeu fazer um bate-volta entre Rio e Sampa!

Quem curte rock japonês sabe como é difícil ver uma banda dessas por aqui. Felizmente já tive a sorte de ver alguns memoráveis, como por exemplo Dir en grey, X-Japan e Charlotte – todas bandas que vieram fora dos eventos de anime. Vir assim, na cara e na coragem (sem a multidão garantida de um evento) é respeitável. Coisa de banda grande, ambiciosa e segura. Merecem mesmo ganhar o mundo.

Antes de chegar ao Carioca Club fiz um já tradicional tour pelo bairro da Liberdade. Por lá já era possível sentir o clima no show. Encontrei outros amigos que vieram de tudo quanto era estado, apenas para ver o ‘Ajikan’ ao vivo. Em um karaokê japonês pude repassar o repertório e soltar a voz (enquanto ela existia), entre uns bons goles de cerveja.

O local do show não estava lotado, mas bem cheio (cerca de 70% no olhômetro) – mesmo com a ‘pista vip’ apresentando muitos espaços. A banda surgiu já ovacionada. Pendurou uma bandeira do Brasil nas caixas de som e mandou ver!

A apresentação fez parte da turnê de seu oitavo álbum de estúdio, lançado em maio no Japão. A diferença é que a perna latina da Tour 2015 Wonder Future trouxe menos músicas do novo álbum. Decisão sábia, para assim poder tocar as clássicas para quem nunca pôde conferir ao vivo.

O repertório escolhido abraçou diversas fases. Se não foi o mais completo (e como seria possível?), não decepcionou nem um poucoN.G.S., Re:Re, Mugen Glider, Blue Train, Solanin… tanta música legal. Dava pra ver no rosto de cada um ali a satisfação de presenciar isso ao vivo. E digo ‘cada um’ incluindo os quatro membros da banda, que ficaram pra lá de felizes.

O vocalista Masafumi Gotoh agradeceu em português e tentou interagir ao máximo. Perguntou (em japonês) se estavam entendendo ele e a resposta foi surpreendente positiva.

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A banda não nega que passou a ser conhecida no ocidente principalmente por conta das músicas temas de animes. Bleach, Naruto e Full Metal Alchemist fizerem muito sucesso, e combinaram bem com o som da banda (comparada no início de carreira ao Weezer). Alias, teve gente que foi apenas para ouvir a trinca After Dark, Haruka Kanata e Rewrite, as mais consagradas. Não percebi na hora, mas ouvi relatos de pessoas saindo após Haruka Kanata – seis músicas antes do fim. Perderam muita coisa boa.

A reta final foi marcada por surpresas. Eles toparam o desafio e fizeram um show com um bis maior do que na turnê europeia. Não esperava ouvir Loop & Loop e Mirai no Kakera, uma das mais empolgantes.

A interpretação de Gotoh é de contagiante. Dentro daquela pose discreta, tímida e às vezes shoegaze, o vocalista de 38 anos se solta, grita e mostra como poucos uma emoção sincera. De quem tem muito a dizer. De dizer ao mundo todo. E, mesmo cantando em japonês, não há quem ali não tenha entendido (e agradecido) o seu recado.

setlist

  1. Easter
  2. Little Lennon
  3. After Dark
  4. Soredewa, Mata Ashita
  5. Senseless
  6. N.G.S.
  7. Re:Re:
  8. Uso to Wonderland
  9. Siren
  10. Mugen Glider
  11. Black Out
  12. Blue Train
  13. Night Diving
  14. Aru Machi no Gunjou
  15. Marching Band
  16. Ima wo Ikite
  17. Standard
  18. Rewrite
  19. Haruka Kanata
  20. Solanin
    Bis:
  21. Loop & Loop
  22. Kimi to iu Hana
  23. Mirai no Kakera
  24. Opera Glass
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RESENHA: Rhye, o convidado que roubou a cena de um aniversário

Por Thais Rodrigues (texto e fotos) | @thwashere

Há pessoas que não são boas com nomes, e algumas outras com números e mesmo com toda essa dificuldade seria indelicadeza não associar minha quinta resenha para o Canal RIFF ao aniversário de cinco anos do Queremos, que mesmo com poucas velas para soprar, coleciona momentos dignos de palmas e bis, onde de fato o importante é fazer acontecer e as experiências de realização são mais válidas que todo o processo, desde o primeiro pedido de um empolgado até o último suspiro do último fã ao deixar o local do show.

Toda comemoração que se preze conta com a presença de pessoas importantes e além de nomes que contribuíram mesmo que de forma mínima para história do Queremos até os fundadores, a festa que aconteceu no Sacadura 154 foi brindada não apenas por mais um show, mas sim por mais possibilidades de shows memoráveis e também, colecionáveis assim como os pôsteres que enfeitaram o local.

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Além de desfrutar de outras atrações, mesmo que de forma sutil, quem compareceu pôde entender do que se trata ter poucos anos de existência – sendo contrastados a grande responsabilidade de fazer jus ao nome, que mesmo jogado numa conversa fora, não é de se deixar pra lá. Os convidados foram então presenteados com Rhye que, com os mesmos cinco anos para contar, deixou a quinta-feira no Rio de Janeiro mais atraente.

O duo com quê de Sade e George Michael em Moment With You dispensou o conhecido “parabéns pra você” para fazer um convite até para os que não estavam tão próximos do palco, tentando uma conexão, digamos íntima com os fãs e todos os outros, deixando-os à vontade para então começar o verdadeiro espetáculo com ápices, frios na barriga e alívios. Ninguém foi forçado a ficar para assistir o clima, mas era como deixar de participar do discurso e perder a entrega do primeiro pedaço de bolo.

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O show começou transparecendo uma espécie de pureza, e até os músicos se organizarem, a luz azul que iluminava o palco dava a impressão de mais calmaria e então, fomos surpreendidos pelo jogo de sedução, intencionado ou não, eficaz e com altos e baixos, onde os baixos eram só um sinal para que se respirasse fundo e se preparasse para os próximos momentos de falta de fôlego.

Ao longo do show, o público foi levado para um teia por livre e espontânea vontade. Seduzidos por cada nota, cantada ou não, sem sombra de dúvidas o verdadeiro convite do Queremos foi a atração principal, que encantou a todos quase como uma espécie de canto de sereia. Qualquer outro ruído que não viesse do palco, não era bem vindo e nem olhos, muito menos lentes conseguiam focar em outra cena que não fosse a reproduzida pelos integrantes.

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A cumplicidade no olhares já dizia tudo, mesmo que eles não dissessem absolutamente nada um para o outro. Normalmente alguns músicos e bandas chegam a trocar informações relevantes entre uma música e outra, mas bastava apenas um olhar e até no meio da execução de uma delas para entender que a ligação entre eles era tão forte que talvez por isso, fosse necessário considerar o perigo de se deixar levar de vez pela onda e se afogar de vez.

Rhye lançou o álbum “Woman” em 2013 e embalou momentos solitários de pessoas aspirando por alguém e casais em “fase” de maior conexão. No show, promoveu encontro de desconhecidos ou velhos conhecidos, sem falar dos acompanhados com cada faixa mais afrodisíaca que a outra, explicando o motivo para o bem estar e clima de romance pós show.

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RESENHA: Millencolin na noite mais melancólica

Por Guilherme Schneider | @Jedyte | Fotos: Gustavo Chagas

Infelizmente a última sexta-feira 13 foi realmente digna de todas as alusões macabras à data. Um dia de terror para todo mundo que já pisou em uma casa de shows. Afinal, dezenas de pessoas foram feitas de reféns e executadas covardemente no massacre em Paris – mais de 80 mortos apenas no tradicional Bataclan.

Digo isso logo de início porque foi com esse clima  que fui ao show da banda sueca Millencolin, na Fundição Progresso. Não entrando na indigesta discussão de ‘pesos de tragédias’ no mundo todo, o ataque terrorista de sexta foi justamente em um tipo de local que todos amantes de música frequentam – assim como deve ter sido terrível encarar uma festa logo após o incêndio da Boate Kiss.

Mas o que isso tem a ver com o Millencolin? Dá para ficar indiferente? Bom, sempre acredito que fatores externos atrapalham sim em uma resenha, como no caso do Slipknot no Rock in Rio.

Lógico que o sangue derramado na França durante o show do Eagles of Death Metal me abalou. Provavelmente se estivesse na capital francesa teria ido ver esse show também. Ir a uma casa de shows logo após aquela notícia foi pesado.

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Diabo Verde fez bonito na abertura 

A abertura da noite ficou por conta de Glove Pistol e Diabo Verde, duas bandas que já foram recomendadas aqui no Canal RIFF. Vale a pena conhecer o bom trabalho de ambas, que tocaram alto (literalmente) e que mereceram dividir o palco com o punk rock dos suecos.

Apesar do som parecer um pouco ‘embolado’ desde o início do show, o Millencolin começou o show já mostrando para quê veio: trazer de volta aquela energia adolescente. Boa parte das mais de mil e quinhentas pessoas na casa (no olhômetro) compraram a ideia. Foi roda do início ao fim – e até maiores do que as do recente show do Pennywise. Alias, cabia numa mesma noite Pennywise e Millencolin…

Velha conhecida da plateia brasileira, a banda se mostrou alheia à qualquer problema externo e seguiu o animado ‘bê a bá’ do gênero por cerca de uma hora e meia. O guitarrista Erik Ohlsson brincou várias vezes com o público, enquanto a produção cuidava de filmar a Tour True Brew nos detalhes a apresentação, inclusive na fila do show. O público retribuiu com copos (e até um tênis) atirados para o alto e um coro engraçado: “Olê, olê, olê, olê, Millên, Colén”.

Em tempo: apesar do nome e do “hardcore melódico”, o som do Millencolin não é nada melancólico – tirando a balada The Ballad, na voz e violão de Nikola Sarcevic. De qualquer forma, foi justamente essa balada a música com o maior coro da Fundição – fórmula que a banda deveria explorar um pouco mais.

Destaques também para Penguins & Polarbears, Bullion, Mr. Clean, Leona e No Cigar, algumas das que mais animaram uma noite que tinha tudo para ser apenas triste.

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setlist

  1. Egocentric Man
  2. Penguins & Polarbears
  3. Twenty Two
  4. Fox
  5. Sense & Sensibility
  6. Happiness for Dogs
  7. Bullion
  8. Man or Mouse
  9. True Brew
  10. Dance Craze
  11. Olympic
  12. Bring Me Home
  13. Cash or Clash
  14. Autopilot Mode
  15. Kemp
  16. Mr. Clean
    Bis:
  17. Black Eye
  18. Leona
  19. Duckpond
  20. Lozin’ Must
  21. Farewell My Hell
  22. The Ballad
  23. No Cigar
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RESENHA: A gratidão ao punk rock californiano de Pennywise e Face to Face

Por Guilherme Schneider I @Jedyte I Fotos: Gustavo Chagas

Nunca fui aos Estados Unidos. Mas, mesmo assim, já recebi tanta informação do país ao longo da vida que me familiarizei com alguns lugares de lá. Provavelmente (e até infelizmente) sei mais sobre a Califórnia do que sobre o Amapá. E isso se reflete diretamente no gosto musical. Sou grato ao punk rock californiano.

Mais do que música para energizar adolescentes, o punk  rock de lá tem uma pegada que atravessa modismos. No último sábado (7) vi duas bandas de lá fazerem bonito em uma noite de temporal na Fundição Progresso: Face to Face e Pennywise.

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A abertura ficou com o Face to Face, banda que está nesta estrada desde 1991. Logo de cara o que o público viu foi uma banda disposta a alimentar a ensandecida roda. Isso o F2F sempre soube como fazer, para alegria do público – que naturalmente estava lá mais pelo Pennywise.

Músicas como Blind, Complicated e Disconnected mostraram como a banda é querida por aqui. Não é à toa que o vocalista Trever Keith buscou se comunicar tanto ao longo da noite. Por várias vezes exaltou a alegria de voltar ao Brasil e apresentar um repertório completo, com o mesmo número de músicas do “veterano” Pennywise – banda três anos mais velha que o Face to Face.

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O Pennywise voltou ao Rio depois de cinco anos de intervalo – desde um show épico no Circo Voador. E, como esperado, fez bonito. A banda metralhou do início ao fim… Same Old Story, Pennywise, Fuck Authority. Além dos covers de Do What You Want (do Bad Religion) e a já clássica do Pennywise Stand by Me (de Ben E. King).

Particularmente só lamente de novo (assim como no Wros Fest) a falta do álbum All or Nothing – o melhor de 2012. Foi gravado por Zoli Téglás (do Ignite), que ficou pouco tempo no Pennywise – antes do retorno de Jim Lindberg. O show durou cerca de uma hora só e cabia um pouco dessa fase da carreira.

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Resisti a roda o quanto pude. Mas, como lidar com Living for Today? O único lugar possível é na rodinha – e lá fiquei até o final. Impressionante como a percepção de um show muda ali naquele caos. Catarse pura. Além do sentimento de “participação” no qual você se sente como parte do espetáculo.

O desfecho com Bro Hymn foi maravilhoso. Aquele “ôôô” já ressoava pela casa antes do show, esperando só a entrada de baixo na última música para explodir. A música feita como homenagem póstuma  ao ex-baixista da banda, Jason Matthew Thirsk, morto em 1996. Ficou com um dos maiores hinos do punk.

Normalmente o público invade o palco na última música para cantar junto. Pelo visto a casa até tentou organizar e selecionou previamente alguns fãs para participarem. Mas, o caos do gênero brilhou e o palco foi invadido de tal forma que o “tchau” sequer foi dado. Tudo em ordem.

set

  1. A-OK
  2. I Want
  3. Walk the Walk
  4. Can’t Change the World
  5. Blind
  6. Ordinary
  7. I Won’t Lie Down
  8. Pastel
  9. You Lied
  10. You’ve Done Nothing
  11. Velocity
  12. Complicated
  13. Don’t Turn Away
  14. I’m Trying
  15. It’s Not Over
  16. Disconnected

set

  1. Fight Till You Die
  2. Rules
  3. Peaceful Day
  4. My Own Country
  5. Same Old Story
  6. My Own Way
  7. Violence Never Ending
  8. Do What You Want (Cover de Bad Religion)
  9. Pennywise
  10. Perfect People
  11. Society
  12. Fuck Authority
  13. Alien
  14. Living for Today
  15. Stand by Me (Cover de Ben E. King)
  16. Bro Hymn
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RESENHA: Metal em noite de festa beneficente no Rio

Por Raphael Simons (texto e fotos) I @raphasimons

Nessa noite de sexta a casa Rock Experience Club, na Lapa, recebeu quatro bandas que trouxeram uma bagagem gigantesca de novidades. O evento produzido pela Be Magic e com apoio Scelza Produções abraçou com dignidade a causa do metal nacional.

Mesmo sendo uma noite chuvosa, tempo que espanta qualquer carioca, a casa encontrava-se bem cheia e isso mostra que está viva a força do headbanger brasileiro.

Abrindo a noite a estreante, com integrantes cascudos do cenário, The Black Rook, que executou a sua primeira apresentação e simultaneamente o lançamento do álbum físico, não deixou a desejar. Mesmo com pouquíssimo tempo assisti a um público que acompanhou cantando em uníssona voz em vários momentos o vocalista Flavio Senra. Flavio agradeceu retribuindo com uma excelente performance e a banda mostrou um ótimo trabalho.

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Então, o palco se escureceu e pudemos ouvir uma abertura de cantos indígenas e algumas pessoas gritando “Tupã!”. Esse era o preparativo para o início do show do Tamuya Thrash Tribe. A banda que está em finalização do aguardadíssimo novo álbum, ‘The Last of the Guaranis’, estremeceu o local e o público presente. E não é exagero desse que vos fala: as guitarras, baixo e bateria estavam ensurdecedores e muito bem executados.

Representando o Levante do Metal Nativo, um movimento que funde o metal com elementos musicais, folclore, cultura e história da nossa nação, a banda apresentou algumas novas músicas que fizeram o público ficar enlouquecido. Com um pedido do vocalista Luciano Vassan, começou a ser rufado na bateria o que seria o início de Da Lama ao Caos, do Nação Zumbi, e assim foi cantado um trecho como introdução a mais uma nova música. O show foi encerrado com a já conhecida e adorada pelo público Immortal King.

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Após, subiu ao palco a banda Syren, que já é bem conhecida por todos. Fazendo uma apresentação primorosa também trouxe novidades. Antes formada por um quarteto ou “carteto” nas palavras do vocalista Luiz Syren, agora ela possui um novo integrante, um novo guitarrista – Alirio Solano, que não parava um momento. Colocando assim mais peso e mais solos em suas músicas, Syren se solidifica cada vez mais na cena e ganha mais respeito do público.

Encerrando essa noite maravilhosa, a já aguardada e recepcionada calorosamente, o Hibria subiu ao palco. A banda de Porto Alegre, criada em 1996, e já conhecida mundialmente, especialmente no Japão, onde há certeza de casa cheia, foi simpaticíssima com o público e fez o show de power metal. Lançando seu sexto disco, homônimo, Iuri Sanson cantou absurdamente durante todo o show, e acompanhado por integrantes totalmente técnicos que mostraram o poderio e reconhecimento mundial que merecem. Um show impecável. Músicas excelentes.

Lembrando que esse evento foi beneficente e toda a sua arrecadação será revertida para o abrigo de animais, Santuário das Fadas, que faz um trabalho de resgate a animais de fazenda que sofreram maus tratos, negligência e abuso. Fica localizado em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro.

Confira a galeria de fotos:

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RESENHA: O melhor show dos Los Hermanos

Por Thaís Zichtl I @thaiszichtl I Fotos: Gustavo Chagas

Na última segunda-feira eu tive a oportunidade de mais uma vez ver de perto a minha banda favorita tocar. Confesso que cheguei desanimada pro show dos Los Hermanos – já tinha visto no sábado e sabia que o setlist seria o mesmo. Assim que começou o show esqueci completamente que já sabia tudo que ia tocar e mais uma vez fiquei alucinada com as músicas e a galera que canta tudo como se fosse o hino de suas vidas.

Eles já começam o show com três das minhas músicas preferidas: O Vencedor, Retrato pra Iaiá e Além do que se vê. E depois disso o público já está louco gritando todas as letras, e alguns pedidos de Pierrot entre elas. Dessa vez a música que mais me emocionou foi De onde vem a calma, aquela multidão cantando foi umas das coisas mais lindas que eu já presenciei em shows.

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Apesar da chuva, não queria que aquele momento acabasse. A sequência com Conversa de botas batidas e Último Romance foi pra dar continuidade a esse momento maravilhoso.

A banda resolveu tocar algumas músicas fora do setlist original, um agrado pro público que na hora do bis já estava ensopado. Cantaram Onze dias, Casa pré-fabricada e Cara estranho. E pra felicidade geral da galera terminaram o show com Pierrot. Tenho uma teoria de que os fãs pedem tanto essa música porque o nome é pequeno e fácil de gritar no meio das outras.

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Pra mim esse foi o melhor show do Los Hermanos que já vi. E como a multidão fez questão de gritar várias vezes durante o show, “puta que pariu é a melhor banda do Brasil”. Desculpa Forfun.