Por Felipe Fernandes (texto e fotos)
O Angra desembarcou no palco da Fundição Progresso, no Rio, com o último show do ano e última apresentação da tour desencadeada pelo lançamento do Secret Garden, oitavo álbum de estúdio do grupo.
A banda fez um apanhado de toda a carreira, sem deixar de para trás as canções do Secret Garden, que eram cantadas inteiras em coro pela plateia. Plateia essa que, curiosamente, era formada em boa parte por pessoas que nem eram nascidas à época do lançamento do Angels Cry, primeiro álbum do grupo.
Rafael Bittencourt, guitarrista e único membro fundador no palco, pilotou com maestria e com o carisma e a competência de sempre, desta vez com vocais ainda mais marcantes e assumindo o lead vocal em alguns momentos (como exemplificado no referido disco recém lançado).
O jovem baterista Bruno Valverde demonstrou que sua entrada na banda não se deu por sorte. Juntamente com o baixista Felipe Andreoli, formou uma “cozinha” precisa e coesa, como se via desde os tempos em que acompanhavam o guitarrista Kiko Loureiro em sua carreira solo.
Quem esperava que a banda tivesse prejuízos pelo “no show” de Kiko, que estava no México, acompanhando o Megadeth, se surpreendeu. O guitarrista brasiliense Marcelo Barbosa foi bem recebido pelo público. Mostrou que tem muitas horas de voo e que, após ter passado por bandas como Khallice e Almah, estava pronto para o desafio.
O vocalista italiano Fabio Lione, que já era conhecido do público brasileiro principalmente pelo seu trabalho junto ao Rhapsody on Fire, mostrou a mesma precisão técnica, elegância e empatia de sempre com o público. Tomando o palco para si e interagindo como um bom e clássico “frontman” deve fazer.
Não sei de quem foi a ideia de ter a participação do antigo vocalista Eduardo Falaschi no show, porque, sinceramente… Deu muito certo!
Se por um lado havia a desconfiança pela ausência do Pedro Henrique, por outro notei o interesse e a expectativa de ver como seria a banda novamente no palco com seu segundo vocalista. Edu, que também participou do show no último dia 07/11 na capital paulista, foi ovacionado pelo público, principalmente pelos mais jovens que não puderam assisti-lo enquanto estava na banda. Cantou algumas músicas sozinho e mostrou que talvez esteja em sua melhor forma, cantando as partes mais difíceis como nos discos.
O clima amistoso e cordial entre Fabio e Edu, (diga-se de passagem, toda a banda desfrutava do mesmo clima) fez os duetos parecerem naturais. No palco, vimos uma banda unida, demonstrando a maturidade de quem sabe aterrissar bem, mesmo depois de passar por algumas turbulências.
Os próximos voos ainda são incertos. O que é certo é que, após o sucesso do Secret Garden, uma tour pelo globo e a entrada de um dos integrantes em uma das maiores bandas do mundo, o Angra tem boa visibilidade para voos ainda maiores.
Obs.: Confesso que não verifiquei o set dos últimos shows da turnê e a releitura (mais pesada) de Synchronicity II, do The Police, foi uma grata surpresa, além de ser menos óbvia que qualquer clássico batido de heavy metal.