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Resenha: Porão do Rock 2017

Por Aline Barbosa (fotos) e Tayane Sampaio (texto)

O que tinha tudo pra ser um dia de muita música e diversão, se tornou uma noite caótica. A 20ª edição do Porão do Rock, que aconteceu sábado (25), em Brasília (DF), ficou marcada pela chuva, atrasos, problemas técnicos e cancelamentos.

O descontentamento começou pelo bar. Apesar de ter vários foodtrucks no espaço do evento, com muitas opções para alimentação, o bar era exclusivo do Festival e os preços estavam salgados: a garrafa de água custava R$ 6,00 e a lata de energético, da marca Red Bull, estava R$18,00(!!!).

Às 15h, horário marcado para abertura dos palcos Budweiser e Brasília Capital do Rock, uma pequena fila já se formava na entrada principal do Festival. Fila que só foi crescendo, já que os portões foram abertos com mais de duas horas de atraso. Enquanto isso, do lado de dentro, o BaianaSystem ainda passava o som e o vocalista, Russo Passapusso, demonstrava insatisfação por não conseguir passar o som como queria.

Com quase três horas de atraso, foi dado início à programação do Palco Budweiser. Todas as bandas tiveram o tempo de show reduzido, com intuito de diminuir o atraso. Na primeira música, a banda Lupa já enfrentou problemas com equipamento desligando e até com queda de energia no palco. Do outro lado, no Palco Claro, a Ego Kill Talent passou algumas horas tentando ajeitar as coisas.

No decorrer da noite, os palcos Brasília Capital do Rock e Budweiser foram fechados, por conta da chuva, e alguns equipamentos foram danificados. Daí em diante, todos os shows deveriam acontecer no Palco Claro, mas o evento foi encerrado com o BaianaSystem, que fez um show extremamente prejudicado pelos equipamentos defeituosos, a ponto de não se conseguir entender o que o vocalista falava, devido às caixas de som estouradas. Sem qualquer aviso oficial ao público, tanto no evento quanto na fanpage, os shows do Black Alien, Krisiun, Deceivers e Dark Avengers foram cancelados.

Mesmo com estrutura gigantesca, o público do festival foi tímido, ainda mais depois da chuva torrencial e da sequência de raios e relâmpagos que iluminaram o céu de Brasília. Sem lugar pra se abrigar, quem estava na área VIP correu para o camarote, e quem estava na pista comum tentou se esconder nas tendas da praça de alimentação, que não cabia muita gente. Mesmo com todos os problemas, boa parte do público permaneceu no local para curtir os shows, como os fãs da Dona Cislene, que enfrentaram a chuva cantando alto.

Confira, abaixo, quais foram nossos shows preferidos do Porão do Rock 2017.

O TAROT

O grupo, que foi um dos vencedores da terceira e última Seletiva de Bandas, organizada pelo Festival, só confirmou o que já vem mostrando pelos palcos da Cidade: que é um dos destaques da nova cena musical de Brasília. Com um show bem pensado, enérgico e divertido, O Tarot animou o público que estava no Palco Claro. Algumas pessoas, na grade, trajando camisetas da banda, ficaram um bom tempo ali, guardando lugar pra ver tudo o mais perto do palco possível.

Com visual cigano, Caio Chaim (voz e teclados), Lucas Gemelli (guitarra, acordeon e backing vocal), Victor Neves (baixo), Vinicius Pires (guitarra) e Vítor Tavares (bateria) levaram músicos convidados para abrilhantar mais a apresentação. Tom Suassuna (violino), Isadora Pina (saxofone) e Isabella Pina (percussão) ajudaram o grupo na performance.

O Tarot | Por Aline Barbosa

A entrega dos músicos no palco é um ponto forte da banda, que se movimenta e interage bastante. Caio, o vocalista, é bem performático e soube aproveitar os espaços vazios do palco, sempre indo de encontro aos companheiros de banda, que pareciam se divertir muito tocando. Mesmo correndo de um lado pro outro, Caio consegue segurar o tranco e manter o bom desempenho vocal.

O Tarot tocou algumas músicas de seu primeiro EP, Zero (2016), que tem uma sonoridade dançante, que transborda ritmos latinos. “Certezas Supostas”, “Ballet de Barraco” e “Cabeceira” foram os destaques da apresentação.

EGO KILL TALENT

Com passagens pelos festivais mais importantes do País, além de passagens pela França, Reino Unido, Holanda, Portugal e Espanha, o Ego Kill Talent tocou pela primeira vez em Brasília. O grupo, de São Paulo, foi um dos mais aguardados no Palco Claro.

Jonathan Correa (vocal), Raphael Miranda (bateria e baixo), Theo van der Loo (guitarra e baixo), Jean Dolabella (bateria e guitarra) e Niper Boaventura (baixo e guitarra) conseguem fazer um show dinâmico, mesmo com as trocas de instrumento, que quase passam despercebidas.

Ego Kill Talent | Por Aline Barbosa

O grupo tocou algumas músicas de seu primeiro álbum, homônimo, que foi lançado este ano. Com uma sonoridade que passa por vários subgêneros clássicos do rock, como o grunge e o stoner, o EKT realiza um show versátil, com vários momentos, mesmo tendo um som mais pesado, carregado nas guitarras.

Sem dúvidas, o público gostou do que ouviu. Quando você olhava pra grade, via pessoas gritando as letras junto com o vocalista, ajudando a banda com palmas no ritmo da música e de olhos vidrados no palco, pra não perder um segundo sequer do show.

BRAZA

O grupo carioca, que tem feito shows lotados por onde passa, apresentou o Tijolo por Tijolo (2017) aos brasilienses. O Braza foi um dos primeiros shows que realmente encheu, depois da Elza Soares. O público do Palco Claro cantou junto com a banda e cantou alto, bem alto. Isso surpreendeu, principalmente pela sonoridade da banda não se encaixar no “padrão” Porão do Rock.

Danilo Cutrim (guitarra e voz), Vitor Isensee (teclados e voz) e Nícolas Christ (bateria), acompanhados pelo baixista Pedro Lobo, fizeram o público dançar durante todo o show. Sem muito tempo pra desperdiçar, o grupo emendou uma música na outra e o público, ligado, acompanhou o ritmo frenético. Assim como acompanhavam o reggae de Danilo na dança, o pessoal ia à loucura com as rimas de Vitor.

Braza | Por Aline Barbosa

Conhecidos por shows quentes, os músicos se empolgaram durante a apresentação. Se empolgaram tanto que Vitor desceu do palco e foi pra grade e, depois, pro meio da galera, que o recebeu de braços abertos.

Além de tocar as músicas do álbum mais recente, o trio não deixou de tocar os sucessos do primeiro álbum, Braza (2016). Pra finalizar, os cariocas mandaram uma sequência de hits: “Jaya”, “Ela me Chamou para Dançar um Ragga” e “Segue o Baile”, que deixou o público em êxtase.

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Observação: devido aos atrasos (que causaram choque de horários), distância do palco e chuva, infelizmente não vimos os shows do Palco Brasília Capital do Rock.

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Notícias

INGRESSOS DO PORÃO DO ROCK JÁ ESTÃO À VENDA

​​Por Tayane Sampaio

Este ano, o Porão do Rock chega à 20ª edição. Após um adiamento, o festival está confirmado para o dia 25 de novembro, no estacionamento do Estádio Nacional, o antigo Mané Garrincha.
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Mantendo a tradição, o festival realizou as seletivas de artistas locais para integrar o line-up. Após três etapas seletivas, as bandas brasilienses O Tarot , Maria Sabina & a Pêia, Mofo, Agressivo Pau Pôdi, Eufohria e Lupa foram selecionadas para se apresentar no palco do Porão do Rock.
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O grande destaque dessa edição é a curadoria. O festival, que sempre investiu nos dinossauros do rock nacional como headliners, está buscando renovar sua cartela de artistas, desde o ano passado, e, dessa vez, surpreendeu. Os nomes que mais chamam atenção, Elza Soares, BaianaSystem e Céu, foram destaques em vários festivais nacionais (e internacionais!) durante o ano. O Sepultura também é headliner dessa edição.
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Apesar da curadoria antenada e acertada, muitos fãs do festival estão reclamando, nas redes sociais, da “falta de rock” na escalação das atrações principais, que, inclusive, tocaram na última edição do Rock in Rio, em setembro.
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O BaianaSystem, por exemplo, banda que mistura o sound system com a guitarra baiana, tem um dos melhores shows da atualidade, pesadíssimo e com direito a roda punk. Mais rock and roll do que muito show de rock propriamente dito. Elza Soares, A Mulher do Fim do Mundo, do alto dos seus 80 anos, tem fôlego pra fazer um show incrível e deixar muito moleque no chinelo.
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Os ingressos do festival custam R$ 20,00, meia-social, condicionado à doação de 1kg de alimento não perecível, e já estão à venda, no site da Bilheteria Digital.
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SERVIÇO
Ingressos: https://goo.gl/BuxPgc
Data: 25/11/2017
Horário: a partir das 15h
Local: estacionamento do Estádio Nacional
Mais informações: http://www.poraodorock.com.br/
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Entrevista

De São Paulo para o mundo: Um pouco da mini turnê do Ego Kill Talent na Europa

Por Camila Borges

Sonoridade forte, presença de palco, letras bem compostas, músicos experientes entre outras qualidades. O tipo de show que faz qualquer um voltar pra casa satisfeito. Talvez isso defina o que é a Ego Kill Talent pra muitos. Banda formada por Theo van der Loo (Guitarra / Baixo), Niper Boaventura  (Guitarra / Baixo), Jonathan Correa (Vocais), Raphael Miranda (Bateria / Baixo) e Jean Dolabella (Bateria / Guitarra), músicos que já passaram por outras bandas como Diesel, Udora, Sepultura, Reação em Cadeia, Pulldown e Sayowa.

A banda foi formada em dezembro de 2014, em São Paulo, e sua sede  é no Family Mob Studios.

Download Festival Paris 2017 | Foto: Lucca Miranda

Aproveitando a mini turnê da banda pela Europa no mês de junho onde tocaram no Download Festival na França, no Melkweg na Holanda, e num dos lugares mais históricos que é o Arenès de Nîmes abrindo o show do System Of A Down, trocamos uma ideia com o Niper e o Raphael pra saber um pouco mais sobre essa experiência, e sobre o que vem pela frente.


RIFF: Como surgiu o convite pra esses shows? Vocês já tinham uma noção de como seria?

Raphael: “Primeiro surgiu o convite para tocarmos no Download em Paris, pelo promoter do festival. Como já estaríamos lá, o System, com quem já temos uma relação há um tempo, convidou para o show de Nimes. O show do Melkweg em Amsterdam pintou por um convite de um grande promotor de shows da Holanda. Tínhamos só uma ideia de como seria a recepção da galera lá, três de nós já tinham tocado na Europa algumas vezes, mas superou muito nossas expectativas.”

Muitos fãs de vocês aqui do Brasil tem uma certa “curiosidade” sobre o público de fora, a energia, a empolgação. A reação é diferente ou a mesma daqui? Como foi a aceitação da galera nesses shows?

Niper: “O público que encontramos era curioso e muito respeitoso. Foram ótimos shows e mesmo quem ainda não nos conhecia apreciava e parecia estar gostando do que estava vendo. O Brasil é diferente mas está mudando pra melhor.”

Raphael: “Nos nossos shows geralmente a galera devolve na mesma moeda a energia que a gente joga. Lá não foi diferente. O público na Europa é muito educado, curte o som, respeita, agita junto. É um público talvez difícil de ganhar porque todos os shows passam por lá, estão acostumados a ver tudo, então eles terem nos recebido muito bem foi um ótimo sinal. Teve gente indo de Londres pra Amsterdam só pra ver o nosso show. Isso é impagável!”

Vimos pelos Stories que vocês assistiram a vários shows no Download Festival. Entre eles Green Day, Mastodon. Qual foi o mais empolgante pra cada um? E como foi esse troca de experiências?

Niper: “O show do Green Day no Download e o System em Nimes foram experiências incríveis de sonoridade, entretenimento e profissionalismo. Estamos em busca desse patamar, então conviver e dividir palco com esses caras nos ajuda muito à refletir sobre nossos próximos passos.”

Raphael: “Pra mim o Green Day foi incrível, o que mais me impressionou. Nunca tinha assistido um show deles. O Billie Joe é um front man incrível, domina o show, a platéia, tudo. A produção do show deles é impecável, um verdadeiro espetáculo. Vi também o Mastodon, de quem eu sou fã. Nível de musicalidade incrível, show direto ao ponto, foda. Prophets of Rage também foi bem legal. Muito bom ver aqueles power trio tocando, eles são muito fodas. O show do Far From Alaska foi outro que mereceu destaque, a galera é muito foda. São nossos amigos e eu particularmente sou muito fã da banda. E o System of a Down, claro! Essa turnê deles está bem legal, a iluminação, o cenário, tudo. Fora os hits, um atrás do outro. É um show que todo mundo deveria assistir.”

Melkweg Amsterdam | Foto: Cassiano Derenji

Como foi a emoção de tocar no Download Festival, no Melkweg e no Arenès de Nîmes? Como se sentiram tocando pra milhares de pessoas, abrir o show de uma grande banda que é o System Of a Down?

Niper:  “Todos tiveram seus momentos especiais, registramos tudo em vídeo e logo você poderá ver. O show em Nimes foi especial por ser numa arena de mais de 2 mil anos, a energia do lugar é indescritível. Melkweg é um templo sagrado do rock, onde várias bandas que curtimos tocaram. O Download é um dos maiores festivais do mundo, estar ali entre tantas bandas respeitadas foi uma prova de que estamos nos caminho certo pra espalhar nossa música pelo mundo.”

Raphael: “Foi indescritível. Cada show com sua particularidade, mas todos incríveis. O Download é um festival clássico na Europa, apesar de terem rolado poucas edições em Paris, mas o nome é muito forte, e tocar ao lado de nomes como SOAD, Mastodon, Slayer, Alter Bridge, Green Day, etc., é maravilhoso. O Melkweg é uma casa muito tradicional na Holanda. U2, Foo Fighters e Pearl Jam são só alguns dos nomes que tocaram lá em início de carreira, então tocar numa casa icônica como essa é fantástico. E por último, tocar numa arena construída em 27 A.C. é literalmente de tirar o fôlego, ainda mais tocando com o SOAD. A energia naquele lugar é indescritível, só estando lá pra sacar.”

Sabemos que vocês têm uma música nova chamada “My Own Deceiver”, que está na trilha sonora da malhação. Alguma previsão para lançamento?

Raphael: “Ela vai ser lançada nesse mês e estamos ansiosos pra colocar ela na rua! Já estamos tocando ela nos shows e a resposta do público tem sido muito boa.”

(N.A: A música será lançada nesta sexta-feira em todas as plataformas digitais)

Agora com a volta ao Brasil, vocês já tem alguns shows marcados. Podemos esperar por mais shows internacionais ainda esse ano ou só por terras brasileiras?

Niper: “Estamos fechando mais datas internacionais sim, logo divulgaremos.”

Arenès de Nîmes | Foto: Lucca Miranda

Dia 24 de setembro vocês estarão no Rock in Rio, aliás,  muito concorrido entre os fãs por ser o dia mais esperado do evento. A expectativa é grande? Estão preparados ou dá aquele friozinho na barriga?

Niper:  “Será um grande show! Estamos muito felizes pelo convite! Ótima oportunidade de apresentar nosso trabalho para muita gente que ainda não nos conhece. O RiR é um dos maiores festivais do mundo, além das dezenas de milhares de pessoas in loco, teremos muita gente vendo via TV e internet. Vai ser lindo!”

Raphael: “Estamos muito ansiosos. Na verdade é mais excitação do que ansiedade. Me lembro de ver a chamada do festival na TV quando eu era bem pequeno e agora vamos fazer parte disso. É maravilhoso! O Rock In Rio tem muito prestígio no mundo todo e o fato de ser um festival Brasileiro traz uma satisfação maior ainda. Ficamos extremamente felizes com o convite pra tocar lá tenho certeza de que esse vai mais um enorme passo na carreira do EKT.”

Quais os projetos para os próximos meses?

Raphael: “Depois desses shows na Europa o nosso próximo grande tiro é o Rock In Rio, estamos com foco nesse show. Até lá temos alguns shows aqui no Brasil, lançamento da My Own Deceiver e alguns outros planos que estamos montando.”

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Resenha

Resenha: Overdrive Saravá e Ego Kill Talent @Imperator

Por Júlio Deviante

Já não é de hoje que citamos que o Imperator (Centro Cultural João Nogueira, para formalidades) está consolidado como o quartel general do rock no rio de janeiro. Além dos principais nomes do rock carioca, grandes representantes de diferentes vertentes do estilo em todo o brasil passam pelo Rio Novo Rock, a parada obrigatória de todo mês para quem curte descobrir ou encontrar bandas de qualidade numas das melhores, quiçá a melhor, estruturas do Estado.

Na primeira edição do ano de 2017 não foi diferente.

Ao anunciar Overdrive Saravá e Ego Kill Talent, o evento mostrou que apostava em bastante peso e uma mistura de propostas com bastante diversidade para a edição que abriria o ano. E assim foi.

O universo apelou para a estratégia de seleção natural por meio da chuva intensa, fazendo cair o mundo nos momentos que antecederam o início do evento. Mesmo assim o público que chegava foi muito bem recebido ao som de clássicos do rock, embalados pela carismática Dj Suirá, que mostrou muito feeling e conquistou o público ansioso, formado por muitos músicos locais, mas desenvolvido cada vez mais com a presença de pessoas não ligadas a cena musical da cidade.

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Após uma introdução de clima denso, corpo fechado e munida de percussões firmes, a Overdrive Saravá iniciou o show com a canção “Atabaques e D’jembes”, canção escolhida também para o primeiro clipe da banda, lançando seu álbum homônimo, que foi disponibilizado em setembro de 2016.

Com um repertório que representa muita diversidade e críticas embasadas na história do Brasil, a banda passou com vigor mensagens fortes envolvendo temas como opressão cultural e desigualdade social. O Imperator foi preenchido com batuques que faziam fundo para o performático vocalista Gregory Combat, que transmitia com muito coração e autenticidade mensagens sobre os desafios de viver da arte.

Com versões de clássicas canções que apontam críticas sociais, como “João do Amor Divino” e “Construção”, a banda fez um show coeso finalizando com as canções “Ressuscita, Pataxó”, que faz referência ao índio Galdino da tribo Pataxó, assassinado em 1997, e “A vista do Vidigal”.

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Apesar de ser a primeira apresentação da banda na cidade, não podemos dizer que a Ego Kill Talent começou sua história no Rio de Janeiro com o pé direito. Na verdade, os caras chegaram foi com os dois pés, no peito, de voadora. Numa apresentação impecável, a banda, que tem como diretriz a mensagem “ego demais vai matar seu talento”, deu uma aula de timbres e massa sonora, com muita qualidade em todos os quesitos, resultado do time de peso que a compõe. O nome Ego Kill Talent já era, há algum tempo, um dos mais aguardados para se apresentar no evento, que começa o ano deixando bem clara qual é a proposta do Rio Novo Rock, uma fuckin’ porrada nos ouvidos que dá gosto de levar. Obrigado.

Com uma configuração totalmente dinâmica, a Ego Kill Talent abriu os trabalhos com “Sublimated”, canção que também dá nome ao EP de 2015, e desde lá conquistou o público que venceu a chuva para cantar com muita energia todas as outras canções dos dois trabalhos dos galáticos integrantes, que interagiam entre si e com todos os que assistiam extasiados.

Pausas para troca de funções, constantes na apresentação da banda, passaram totalmente despercebidas. Aconteceram? Reza a lenda que sim, mas a qualidade, por exemplo, da bateria comandada por Jean Dolabella ou Raphael Miranda (que há poucos dias esteve no Imperator com o Medulla) nos deixa tranquilos para perceber o real sentido de tanto faz.

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Theo Van der Loo e Niper Boaventura completaram o revezamento na cozinha, entregando um show impecável, que já faz parte do pódio de melhores apresentações da história do evento. A banda apresentou todas as canções de seus dois EPs, além de“Old Love andSkulls”, “Heroes, Kings andGods”, “Last Ride” e“Try, therewillbeblood”, que farão parte do novo álbum.

Sobre a voz de Jonathan Correa? Há quase 10 anos sem tocar no rio de janeiro (sua primeira e única apresentação em terras cariocas foi no canecão, em 2007) encontrou o inferno ao descobrir o céu, mesmo. É outro. Com uma performance lá em cima e absolutamente cativante, trouxe todos os expectadores para bem perto e baniu da noite qualquer timidez do público, que cantava todas as músicas da banda. Com uma postura absurdamente enérgica, com requintes de Eddie Vedder versão PINKPOP 1992, e uma linha vocal totalmente desgarrada da sua história com o REC, mostrou que realmente se foram os dias, mas a garganta continua em forma e a identidade do novo rumo já está mais que estabelecida.

A banda lança na próxima sexta-feira, 20 de janeiro, seu primeiro álbum, também com o título de Ego Kill Talent. Hoje agradou a internet o vídeo de “CollisionCourse”. A música, que mostra a Ego Kill Talent em conjunto com o Far From Alaska, dá uma prévia do tipo de som que vem por aí, criando expectativas muito boas para a massa roqueira em 2017. Confira abaixo:

A próxima edição do RIO NOVO ROCK, dia 2 de fevereiro,traz as bandas Rats e Mustache e os Apaches. Se você é ou estará no Rio de Janeiro, não deve perder. Parada obrigatória.

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Resenha: Festa Avalanche @Clash Club

Por Natalia Salvador  | @_salvadorna 

A cena independente brasileira vem se restabelecendo e fortalecendo cada vez mais. A prova disso são os festivais espalhados por todo pais que contam com um line-up totalmente nacional. Essa foi a proposta do Festa Avalanche, que aconteceu nos dias 29 e 30 de outubro no Clash Club, na zona oeste de São Paulo. Recheado de lançamentos, os shows arrastaram apaixonados pelo rock nacional de diferentes cantos do país.

No sábado, dia 29, o dia começou com o lançamento do CD “Deus e o Átomo” da banda Medulla. Com Pedro Ramos, guitarrista da Supercombo e vocalista da Tópaz, na bateria e a ajuda de um público entusiasmado para conferir esse som ao vivo, a banda carioca começou com o pé direito. Os fãs tinham todas as músicas novas na ponta da língua e cantaram do início ao fim. Se os músicos ainda tinham alguma dúvida de como seria a resposta do público, certamente puderam sentir que acertaram no novo trabalho!

Em seguida, para fechar a primeira noite, quem subiu ao palco foram os brasilienses da Scalene. Levando a tour do recente DVD “Ao vivo em Brasília” para a capital paulista, o quarteto fez no palco o que sabe de melhor: um show para enlouquecer qualquer fã. Além do repertório e da presença de palco já conhecidas, a apresentação contou com algumas surpresas. Entre elas a participação de Leo Ramos, vocalista da Supercombo, em ‘Surreal’ e Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, em ‘Legado’.

Ego Kill Talent foi a escalada para abrir os trabalhos no domingo, dia 30. Com um público um pouco maior que o dia anterior, o quinteto, que tocou em 2016 em festivais como o Lollapalooza Brasil e o Maximus Festival, aqueceu a galera para a noite que estava só começando. Com músicas que passeiam entre a série de três EP’s, o quinteto mostrou ao público um som maduro e muito bem produzido.

Seguindo a sequência de shows, quem subiu ao palco foi a Far From Alaska, banda originada em Natal, Rio Grande do Norte. Com um som irreverente e incomum, além de uma presença de palco única e uma vocalista que chama muita atenção pelo talento, o quinteto levou a platéia à loucura. A performance autêntica pode ser contemplada em ‘Politiks’, uma das músicas em que a resposta da galera era entusiasmada desde a primeira nota.

Para encerrar a noite e o festival, o aguardado lançamento de ‘Rogério’ na terra da garoa. O show da nova tour da Supercombo é completo: luzes, músicas indispensáveis de trabalhos anteriores, presença de palco e muita energia, tanto vindo do palco quanto da platéia. Além das participações de Keops e Raony em ‘Magaiver’, Emmily Barreto em ‘A piscina e o Karma’ e Gustavo Bertoni em ‘Grão de Areia’, o homem que inspirou o nome do álbum e também aparece na foto de capa marcou sua presença no palco! Também em ‘Grão de Areia’, o guitarrista Pedro Ramos afirmou que no primeiro show da tour, no Rio de Janeiro, a platéia tinha ‘representado’ e deixado os músicos muito felizes. “Será que São Paulo vai superar o Rio?”, perguntou. Aos gritos de bolacha e ‘ei Toledo, vai tomar no cu’, a música começou e quem pode conferir os dois shows certamente concluiu que nessa briga o Rio de Janeiro levou a melhor.

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A experiência de acompanhar shows fora da sua cidade e zona de conforto é muito interessante. Você pode sentir o calor e a energia diferente dos públicos, além de, de quebra, conhecer lugares e pessoas incríveis. É importante comparecer aos shows na nossa vizinhança, mas desbravar festivais, casas de show e lugares inusitados também podem – e devem – entrar nas ‘wishlists’.