Por Tayane Sampaio
Abril começou muito bem para quem acompanha a cena musical da Cidade. Sábado (01), aconteceu a sexta edição do Brasília Sessions, evento que tem tudo para se tornar uma das datas mais esperadas pelos brasilienses fãs de música. Dessa vez, quem compareceu ao Teatro Plínio Marcos, no Complexo Cultural FUNARTE, assistiu às apresentações das bandas Ellefante, Marrakitá, Cachimbó, Renato Gurgel e Phill Veras.
Mesmo sendo a edição com o maior público, que lotou o teatro, o evento não perdeu sua essência e o ar intimista. O formato com três apresentações no palco principal e dois pocket shows, que acontecem enquanto o palco central é arrumado para a próxima apresentação, foi mantido. Essa dinâmica funciona muito bem, pois o tempo de espera entre uma apresentação e outra é bem curto.
A Ellefante, formada por Fernando Vaz (voz e guitarra), Adriano Pasqua (baixo) e João Dito (bateria), foi a primeira a se apresentar. Quando a banda começou a tocar, um pouco depois das 19h, os espectadores ocupavam um terço da capacidade total do teatro. Quem chegou só para o último show perdeu a melhor apresentação da noite.
O trio, que nasceu há pouco tempo, traz uma proposta muito bonita e original. A sonoridade da banda não segue um padrão e é justamente isso que faz o show ser tão bom de assistir. Entre as baladas, com um toque de blues, e as músicas mais vibrantes, com bateria minimalista e um quê de bossa nova, o grupo também mostra influências do folk, pop e rock.
Além das belíssimas harmonizações vocais, os integrantes compartilhavam olhares e sorrisos divertidos entre uma canção e outra. Mesmo com pouco tempo de banda, a Ellefante já tem um show interessante e interativo, em que os integrantes dominam bem o espaço e têm um ótimo entrosamento, além de parecerem muito à vontade para falar e brincar com a plateia.
Um dos pontos fortes da banda é o bonito timbre de voz e a versatilidade de Fernando. Na sensível “Começo”, ele presentou o público com uma ótima performance vocal, que em alguns momentos lembra o australiano Matt Corby.
No final dos shows, conversamos com o vocalista, que classificou a experiência de tocar no Brasília Sessions como sensacional, tanto pela oportunidade de tocar em um teatro tão tradicional, como pela chance de apresentar a sua música às pessoas que foram ao evento por causa dos outros artistas. O músico disse, ainda, que o primeiro álbum do trio está previsto para agosto e deve ter entre dez e treze faixas, incluindo as músicas já lançadas em sessões ao vivo. Antes disso, a banda ainda toca no Atomic Music Festival, com o The Maine, o famoso “grupo emo do Arizona”.
Enquanto o palco da Marrakitá era montado, Renato Gurgel começou sua apresentação, que atraiu a atenção de toda a plateia para a parte superior da sala. Acompanhado por Paulo Lessa (guitarra), Renato apresentou, pela primeira vez, o seu trabalho autoral ao público brasiliense. A serenidade da voz de Gurgel se espalhou pelo local e aqui e acolá tinha alguém balançando a cabeça no ritmo do bom samba-forró do rapaz.
O agora duo Marrakitá se apresentou após o pocket show do Renato. João Pedro Mansur (voz e guitarra), que tocou na edição anterior do evento, e Marcos dos Santos (bateria e voz) se apresentaram com dois músicos de apoio: o baixista Pedro Miranda e o guitarrista Henrique Alvim.
O último single lançado pelo grupo, “Santuário”, fez parte da setlist, assim como algumas músicas do álbum “Coisas Selvagens”, de 2015. Infelizmente, os músicos não apresentaram as músicas do excelente “Ao Vivo Em Casa” (2014), EP de estreia da banda, que, à época, era um quarteto.
O baterista da Marrakitá é um show à parte. Marcos executa os movimentos com bastante energia e canta todas as músicas, sem deixar o sorriso sair do rosto. Dá gosto de vê-lo tocar. Além dos agradecimentos do vocalista à produção do Brasília Sessions, os músicos não interagiram muito com a plateia e deixaram o palco sem se despedir.
A Cachimbó ficou responsável pelo segundo pocket show da noite. Sem dúvidas, o eletropop de Laianna Victória (voz), João Pedro de Oliveira (teclado, sintetizador e percussão) e Paulo Batista (guitarra) merecia o palco principal. As batidas criadas por João Pedro embalam as dancinhas esquisitas da vocalista, que esbanja carisma e faz com que você queira se juntar a ela na coreografia à la Ian Curtis. Fica a vontade de que, em um futuro próximo, a banda volte com um número mais longo.
Para encerrar mais uma bem-sucedida edição do Brasília Sessions, Phill Veras entrou pulando no palco, após alguns minutos de atraso e de vários gritos do público, que clamava pelo músico. O maranhense, acompanhado do exímio guitarrista André Araújo, passeou por músicas de todos os seus três álbuns. Os fãs do cantor lotaram a FUNARTE e cantaram alto as canções de Veras, que foi bem recebido em sua estreia na Capital.
Como sempre, a noite foi mais do que agradável. Pequenos detalhes, como banheiros inclusivos, mostram o cuidado e dedicação da produção, que respeita muito o trabalho dos artistas convidados e seu público. A produtora Marcella Imparato nos contou que o objetivo é crescer, mas sempre valorizando a cena autoral e local, além de fazer esse intercâmbio cultural com artistas de outros estados. Fica aqui a nossa torcida para que o Brasília Sessions cresça mais a cada edição.
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