Caçadores do RIFF Perdido #7
Por Gustavo Chagas (texto e fotos) I @gustavochagas
Esse foi o meu terceiro show do Hot Chip. O anterior havia sido no Lolla 2013, e antes disso no finado Tim Festival, em 2007.
Eu fui ao Tim Festival assistir uns garotos de Sheffield que estavam começando, acho que se chamavam Arctic Monkeys. Não sei que fim eles levaram. Mas o que interessa é que a banda que tocou antes era o Hot Chip. Não conhecia muito bem e demorei um tempo pra assimilar aquele som, mas desde então fiquei fascinado.

Em 2013 eu abdiquei de ver o show de retorno do Planet Hemp (ainda bem, já que eles tão retornados até hoje) e fui assistir ao show do Hot chip no palco alternativo do Jockey. Melhor escolha, impossível. Plateia reduzida a só quem realmente era fã e queria assistir. Divertidíssimo.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado ao ver de antemão o setlist do show que aconteceu na última sexta (27/11). O cd que eu mais gosto deles, é “In Our Heads“, de 2012, e eles tocariam pouquíssimas dele. Chance dada, fui ao show.

E de novo o Hot Chip mostrou que a melhor opção é sempre ver o Hot Chip. Sacadura 154 lotado, galera pilhada e banda empolgada. Tem como dar errado com essa mistura?
Foi um show “sem tirar de dentro”. Claramente com a intenção de fazer todo mundo mexer seus respectivos traseiros. A sequencia inicial com Huarache Lights, One life stand, Night and Day, Love is the Future, essa última, a melhor do último cd, “Flutes” e a clássica Over and Over, foi arrebatadora!

Parecendo muito felizes com a receptividade, a banda entregou simpatia e competência no resto do show, e com a dobradinha linda Dancing in the dark/All my friends, eles fecharam mais uma noite inesquecível pra quem escolheu escolher o Hot Chip. #EUESCOLHOHOTCHIP
Por Gustavo Chagas (texto e fotos) I @gustavochagas
Eu não gosto mais de Tiago Iorc.
Essa foi a primeira reação que eu tive quando acabei de ouvir o “Troco Likes”, seu último cd. Não sei por que, só não bateu.
Gosto do trabalho dele desde 2008. Um show que ele fez em julho de 2009, na Hideway, foi o primeiro show que consigo me lembrar que eu fui com a Thaís, minha namorada desde então. Ano após ano nós fomos em todos os shows do Tiago Iorc que conseguirmos ir. Já o vimos na praia, em teatro grande, pequeno, com banda, sem banda, you name it.
Mas isso mudou depois que escutei o último cd. Não fui em nenhum show que ele fez aqui. Por algum motivo eu me desconectei. Mas quando vi que iria ter em Niterói, alguma coisa me fez querer ir.
Citando o filósofo Phil Dunphy, de “Modern Family”, “as coisas mais especiais podem acontecer com a gente, quando as expectativas são baixas“. E a noite de ontem não poderia ser resumida.
Sempre teve alguma histeria nos shows, mas logo nos primeiros acordes de Bossa, notei que ela tava bem maior. O coro era uníssono, alto, afinado, lindo e numa imersão que eu nunca tinha visto em um show dele.

O show da última quinta (19) foi no Teatro Popular Oscar Niemeyer
Assim continuou com Coisa Linda, Mil Razões e outras do chamado primeiro ato. Coro alto e feliz. Não me lembro ao certo qual foi a primeira em inglês que ele tocou ontem (tô velho). Acho que foi It’s a Fluke, mas pode ter sido Nothing but a song, mas não importa. O que notei foi que, apesar de serem clássicos necessários da carreira dele, o engajamento da galera não foi tão absurda quanto nas outras.
Foi nessa hora que notei o por que eu nunca tinha vista um coro tão alto nas dezenas de vezes que já o tinha visto ao vivo: ele, e quem o escuta, haviam mudado totalmente. Pode parecer idiota, mas eu só fui entender o por que da escolha em cantar português. A barreira que faltava ultrapassar pra atingir um publico maior era a da língua.
Parece óbvio por que é, mas eu não entendi de cara. Pode ser protecionismo de fã velho, e é. Mas ainda bem que fui ontem. De presente eu (e todo mundo) ganhei uma versão linda de Sentimental, do Los Hermanos.
O último cd foi tocado quase que na íntegra, e ainda teve as habituais Música inédita, Um dia após o outro, Forasteiro, Sorte, entre outras.
Não vou usar de recursos trocadilhísticos e escrever que eu amei te ver, mas sim que ainda bem que eu fui te ver.
Eu ainda gosto de Tiago Iorc.
Por Gustavo Chagas (texto e fotos) I @gustavochagas
Eu nunca dei tanta atenção pro Muse até 2013. No dia em que eles foram headliners do Rock in Rio, a banda que eu mais queria ver era o Offspring. Ainda bem que eu gosto de Offspring, senão eu teria perdido um dos melhores shows que eu já vi na vida.
O que torna algo em algo especial? Pra mim é quando a realidade supera a expectativa. A realidade naquele dia de RiR era ‘tomara que esse show seja curto porque eu tô cansado’. Eu não estava preparado pra aquilo. Supremacy e Panic Station, as duas primeiras do show, vieram com um jab e um direto limpos e potentes no meu queixo. “Puta que pariu!!”, eu só conseguia falar isso até o show acabar.
Um ano depois eu fui pra vê-los no Lollapalooza. Dessa vez, a expectativa tava beeem maior. Na semana do show sai a notícia de que o Matt estava com problemas na voz. A expectativa virou preocupação. O que poderia ser um baita problema, acabou se transformando numa benção disfarçada. Pra compensar a falta de voz do vocalista, o Muse abusou dos seus famosos intros e outros (teve HEAD UP DO DEFTONES), tocou um cover do Nirvana (!!!!) e escolheu músicas obscuras, como a desconhecida Yes Please. Expectativa superada pela realidade once again.
2015. Pelo terceiro ano seguido eles vem pra cá. E dessa vez em um lugar no qual eu poderia assisti-los de bem mais perto! Seguindo nessa p.g. expectativa exponencial, dessa vez eu ficava me perguntando: O que vai ser diferente dessa vez?
Na semana do show eu recebo uma notícia que me deixou mais feliz do que quando eu ganhei o boneco do Shiryu, o Canal RIFF conseguiu o credenciamento para cobrir o show!!!!! HOLLY MOTHERFUCKER!!!! EU VOU PODER FOTOGRAFAR O MUSE!!!!! MOTHERFUCKING MUSE!!!!!!!
Chego no HSBC Arena. Sou credenciado. Tomo café. Preparo a câmera. Assisto ao show da Kita. Fudeu. É agora!
Sou encaminhado ao fosso dos fotógrafos. Eu, que na vez que assisti mais de perto um show deles, foi a uns mil km de distância, tava a ali há poucos metros. Antes de começar, a realidade ja tinha chutado o traseiro gordo da expectativa. Eu não tiro foto em show há tanto tempo, não sei se pegava mal transparecer que eu era fã. Essa dúvida rolou ate o segundo acorde de Psycho, a música que abriu o show.
Nas duas seguidas, Reapers, e o clássico Plug in baby, eu e toda HSBC Arena estávamos pulando. The Handler (MELHOR música do último CD), a porrada dubstep Unsustainable, a pegajosa Dead Inside e porrada Hysteria vieram na sequência. Pedida em peso desde o show do ano passado, a jurássica Muscle Museum foi finalmente tocada, e a galera fez questão de mostrar pra banda o quanto eles estavam felizes.
Com uma sequência matadora com os seus maiores sucessos Supermassive Black Hole, Time is Runnig Out, Madness entre outras, o Muse, depois de pouco mais de uma hora de show, deixa o palco. No bis estiveram presentes a nova Mercy e a épica, grandiosa e malevolente Knight of Cydonia. Mais alguém dá um chutinho no ar quando vai começar aquela parte pesada dessa mésica? Ou só eu e a minha mulher fazemos isso? Me avisem!
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De uma forma ou de outra, o Muse arruma um jeito de pegar a expectativa e subvertê-la. Na próxima, mesmo que você não seja tão fã da banda, vá. Sério. Vá! Já na minha próxima, vou com as expectativas zeradas, por que melhor que essa sequência de três shows que eu fui, é impossível ter.
Ouviu, realidade?