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Entrevista Perfil

Conheça a banda Augusta, promessa da música brasiliense

Por  Tayane Sampaio

Já disse, várias vezes, que a cena musical de Brasília está passando por um momento bonito e prolífico. São muitas bandas na ativa, de vários estilos, pra todos os gostos. A Augusta é uma das bandas que eu coloco, sem receio algum, na minha lista de promessas da música brasiliense.

Taís Cardoso (voz e violão), Lucas Maranhão (voz e guitarra), Gabriel Peres (bateria) e Davi Figueiredo (baixo) já lançaram alguns singles nos serviços de streaming, e esses cartões de visitas só aumentam as expectativas do que está por vir. No primeiro semestre deste ano, a Augusta irá se apresentar para o mundo por meio de seu primeiro EP, que se tornou possível com a ajuda de várias pessoas que contribuíram com o financiamento coletivo da banda.

Gabriel, Lucas e Taís bateram um papo com a gente sobre suas trajetórias, inspirações, sonhos e planos. Vem conhecer a Augusta!

Os integrantes da Augusta são novos, todos têm 19 anos, e tiveram o primeiro contato com um instrumento musical ainda na infância, o que desencadeou o interesse por esse universo. O Gabriel, por exemplo, cresceu inserido nesse mundo, pois o pai e o tio são músicos. “Desde pequeno, eu sempre estive envolvido com a música. Fazia aula de piano, depois passei pra guitarra… foi mudando, mas a música sempre esteve muito presente. Tive influência total [da família], porque eu os via tocando, tirando um som e achava massa demais, queria fazer também”. Gabriel chegou a tocar com o pai, em alguns shows, e gravou uma música pro CD dele.

Lucas, aos oito anos de idade, se interessou por um violão que encontrou largado em um canto de sua casa. O menino cismou que “queria aprender a tocar, aí eu ficava incomodando meus pais, falando que eu queria aprender, até eles me colocarem em uma aula”. O seu objetivo era se tornar um guitarrista.

Taís se interessou pelo violão mais ou menos na mesma idade que Lucas, mas a vontade dela de aprender o instrumento surgiu por ver um amigo tocar guitarra. Ela nos contou que “com uns 13 anos, eu ganhei uma guitarra, mas o violão sempre foi meu instrumento principal. Depois toquei teclado também, fui vendo várias coisas diferentes”. Apesar de ter começado cedo com o violão, foi aos 16 que Taís se interessou pelo canto. “Eu comecei a cantar por uma necessidade de expor os sentimentos, isso que me motivou”, afirmou.

Como de costume, a Augusta é formada por um grupo de amigos. Lucas disse que se aproximou de Gabriel, que é seu primo, pelo interesse mútuo pela música. Davi, que estudava com Lucas, se juntou aos dois e formaram o que seria o primeiro embrião da banda. O trio costumava tocar músicas de outras bandas quando as autorais começaram a surgir. Uma dupla de metais, trombone e trompete, teve uma breve passagem pela Augusta. Em 2016, Taís entrou pro time. Amiga de Lucas desde o colégio e colega de turma na faculdade, ela aceitou o convite pra fazer parte do projeto.

Quando o assunto é inspiração, os integrantes do grupo mostram pluralidade, que é refletida no trabalho do grupo. Gabriel se inspira nos bateristas das décadas de 60 e 70, do rock clássico britânico, e tenta incorporar a desenvoltura dessa galera no seu estilo. Em território nacional, sua maior referência é João Baroni, do Paralamas do Sucesso. Apesar do pé no rock clássico, ele se mantém antenado no que está rolando na cena atual. “Daqui, tem o Paulo Sampaio, da Dona Cislene. O estilo dele é um que me interessa bastante, não que eu toque parecido, mas acho que de influência daqui de Brasília seria ele. Eu gosto bastante do jeito dele de tocar.”

Taís citou a performance intimista do The xx como uma inspiração, além de falar da Raquel Reis, outro tesouro da cidade, e Tulipa Ruiz. Assim como Lucas, ela gosta muito de bandas nacionais e os dois compartilham muitas referências. Quando perguntei o que ela escutada no dia a dia, Taís disse estar descobrindo o mundo das trilhas sonoras de animes. “Eu tô começando a ver umas animações e tô ouvindo as trilhas sonoras, que são incríveis! É meio mundo Disney, mas esse instrumental orquestral… A que tô ouvindo, no momento, é a trilha de ‘Sussurros do Coração’”, contou.

A performance enérgica do Cage the Elephant é uma inspiração pro Lucas, que gosta da entrega do grupo nos palcos e da ideia de que cada show é um espetáculo diferente e você deve dar o máximo de si praquele momento único. Como referência, ele tem as bandas mais atuais e afirma que os cariocas do Baleia são uma grande referência pro grupo.

Baleia, uma banda que foi muito citada durante a nossa conversa, também entra pra lista de bandas com quem a Augusta gostaria de dividir o palco. “A gente gosta muito deles, dividir o palco um dia seria incrível… a Ventre também!”, Lucas contou. Sonhando mais alto, Taís citou os Novos Baianos, Lucas pensou no Milton Nascimento e Gabriel lembrou do Lenine “eu gosto bastante das músicas, do estilo dele… acho que seria um acontecimento muito legal”.

Augusta @2017 | Por Breno Galtier
Augusta @2017 | Por Breno Galtier

Sobre os três singles lançados “Tudo em Ordem”, “Olhos Verdes” e “Ônibus (Peso da Semana)”, eles contam que decidiram lançar antes do EP por se tratarem de composições antigas, que existiam antes da formação atual da banda. Lucas contou que “a Taís ajudou no processo de produção delas, aí quisemos lançar antes, até pra ir nos conhecendo e testando o nosso estilo. As três músicas são minhas e mudaram muito, porque a partir do momento que mostrei pra banda, cada um acabou influenciando na forma que a música tomou”.

Mesmo com as poucas músicas lançadas, a Augusta se manteve presente nos palcos da cidade. Os vários shows realizados nesse curto período de existência do grupo trouxeram experiência de palco e de vida pro grupo, que vislumbrou o mundo da música além do palco. O contato com bandas mais experientes e o envolvimento maior com a cena criou essa percepção de que o trabalho de ter uma banda vai muito além de compor, ensaiar e tocas suas músicas. “Essa bateria de shows criou um maturidade na gente, pra apresentar as músicas, até pra apresentar esse EP, agora” contou a vocalista.

As músicas do vindouro EP foram gravadas no começo de dezembro. “Desde março, gente tá junto com o Henrique Bepo (MDNGHT MDNGHT) produzindo as músicas. São 5 inéditas e “Aguaceiro”, que não lançamos nas plataformas de streaming, mas já tínhamos lançado no Youtube”, o vocalista revelou. Ainda sobre a participação do Bepo no processo, Lucas disse que funcionou bastante e que isso acabou moldando o som da Augusta.

Lucas garante que o indie-folk-MPB, como eles gostam de chamar, continua, mas com algumas novidades. Taís destacou os ritmos e contou que tem uma música com piano. Ela disse, ainda, que a ideia inicial não era compor um EP. Os dois vocalistas, Taís e Lucas, são os responsáveis pelas letras das músicas. Segundo Lucas, as canções são as primeiras colaborações dos dois e que acabaram funcionando muito bem em conjunto. As letras do EP misturam coisas que aconteceram com os compositores e coisas que poderiam ter acontecido. O músico revelou que gosta de falar que eles contam histórias, que curtem supor situações e até sentimentos.

A banda está colocando todos seus esforços pro lançamento do EP, planejando cada detalhe, pra entregar uma obra que tenha a cara e a alma da Augusta. Depois, os planos são de tocar bastante e alçar novos voos, conhecer novos territórios e levar a música deles pra outros estados. Ah, e vai rolar clipe também!

Escute a banda Augusta:

Foto: Breno Galtier

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Resenha

Resenha: Festival CoMA

Por Aline Barbosa (fotos) e Tayane Sampaio (texto)

De 04 a 06 de agosto, Brasília sediou o que tem tudo pra ser O FESTIVAL da cidade, assim como o Lollapalooza está para São Paulo, o Rock in Rio pro Rio de Janeiro e o Bananada para Goiânia. Só que o Festival CoMA foi muito além dos shows. Seguindo a lógica do nome, Convenção de Música e Artes, o festival se preocupou em abranger o cronograma para atividades que envolvem a indústria musical no geral, muito além da parte fonográfica. Sendo assim, quem comprou o passaporte para os três dias de evento pôde aproveitar palestras, pitches com novos artistas, oficinas e os shows, é claro.

Com estrutura gigantesca, que ocupou o espaço entre o Clube do Choro, Planetário e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o CoMa mostrou que já chegou querendo crescer e firmar sua marca no circuito de festivais brasileiros. O line-up foi composto por grandes nomes da música independente e muitas bandas locais. Mesmo com alguns pontos a melhorar, como o acesso da impressa e a segurança, o Festival CoMA foi uma bonita celebração da música e nós contamos pra vocês quais foram nossos shows preferidos.

EMICIDA

Emicida | Por Aline Barbosa

O rapper, que tinha uma multidão à sua espera, não decepcionou. Com um show extremamente longo para um festival, Emicida não deixou a peteca cair e fez o público participar do show inteiro. Desde 2015 divulgando o segundo álbum de estúdio, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, a apresentação do músico é extremamente dinâmica e pesada. Além da presença de palco invejável de Emicida, que circula pelo palco inteiro, o tempo todo, a banda que o acompanha é um destaque do show.

BALEIA

Baleia | Por Aline Barbosa

No seu terceiro show na Capital, o segundo promovendo o disco Atlas, a banda mostrou a força do último álbum e como cresceram no palco. No última passagem por Brasília, na festa Play!, a banda apresentou um show improvisado, pois Gabriel Vaz estava sem voz e o grupo teve que ensaiar, horas antes do show, uma apresentação sem o segundo vocalista. Com todo o time em campo, no CoMA, o Baleia mostrou toda a grandiosidade do Atlas, um álbum muito denso e conceitual. As músicas, cheias de camadas, ficam ainda mais potentes ao vivo e funcionam muito bem com as faixas do primogênito da banda, Quebra Azul. Sofia Vaz, uma das vocalistas, cresceu muito em sua performance, que está mais marcante e desenvolta.

CUATRO PESOS DE PROPINA

Cuatro Pesos de Propina | Por Aline Barbosa

Os uruguaios foram uma grata surpresa e fizeram o melhor show do festival. Lugar pequeno, público ansioso; palco pequeno, banda gigante. Logo nos primeiros acordes, a Cuatro Pesos mostrou ao que veio: fazer o povo dançar! Com uma sonoridade singular e esbanjando o ritmo latino, a banda tem uma interação ótima. O vocalista, Gastón Puentes, transborda simpatia e logo no início do show, coberto de suor, foi pro meio da galera, que foi à loucura. O grupo estava em turnê com a banda brasileira Francisco, El Hombre, que também tocou no Festival, e convidou os amigos Mateo, Sebastián e Juliana para algumas músicas. A sintonia entre o público dançante e a banda hiperativa foi tanta que, no fim do show, eles não queriam deixar o palco e saíram dançando, enquanto o pessoal da técnica aguardava para troca de palco.

 

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