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Resenha: Scalene, Versalle, Alarmes e Delittus no @Teatro Mars

Por Camila Borges / Fotos Yuri Corrêa

Se você queria um show de rock com casa cheia, com muita energia e vitalidade, sem dúvida você encontraria no Teatro Mars (casa de shows muito conhecida em São Paulo) no último sábado (21). O destaque da noite era a Banda Scalene com a turnê de seu último álbum de estúdio “magnetite” (2017), sendo o primeiro show do ano na capital paulista. Além disso, a banda lançou recentemente uma extensão do seu álbum intitulado “+gnetite” na última sexta-feira (20).

Mas antes da atração principal tivemos três bandas de ótima qualidade mostrando seu trabalho, são elas Delittus, Alarmes e Versalle. A casa, programada para abrir às 17 horas, teve um levo atraso de mais ou menos 40 minutos, o que pode ter resultado na redução de tempo de uma bandas de abertura.

A primeira banda a se apresentar foi a Delittus, que nasceu em 2006 na cidade de Novo Hamburgo/RS, mas que desde 2010 reside em São Paulo. Já se ouvia o som ainda quando o público adentrava o local. Formada por Matt Chelios (voz e guitarra), Burn Eidelwein (guitarra e voz), Johny Silva (baixo) e Fell Rios (bateria), a banda apresentou músicas como “Se um Dia”, “O Mesmo Sol”, “My Name is Human” (cover de Highly Suspect), “Teu silêncio”, “Me dê um Sinal”, “Se te faz Feliz” e a mais aclamada e conhecida pelos fãs “O Impossível”. Talvez a banda fosse um pouco diferente no som em comparação as próximas que viriam a seguir, mas com seu rock melódico conseguiram animar o público que já se encontrava empolgado.

Foto Max Laux

A segunda banda da noite foi a Alarmes. Diretamente da capital do país, formada por Arthur Brenner (voz e guitarra), Lucas Reis (baixo) e Gabriel Pasqua (bateria), possui um EP, um álbum de estúdio, e esse ano lançou dois singles “” e “Évora”. Sendo uma das bandas que vem forte na atual cena brasiliense e com muitos shows na bagagem (inclusive uma turnê na Espanha e Portugal), a mesma lança uma abertura explosiva ao som da intro de “Black Skinhead” de Kanye West onde o público já começa a se animar. Logo após vem com as baladas “Incerteza de um Encontro Qualquer”, “”, “Gruta”, “Sem Querer Dizer”, “A Carta”, “Mas não Sei” onde o público acompanha no refrão, “Évora” onde já se forma uma roda no meio do Teatro Mars, e encerrando sua apresentação com “Cada um Por Si”. A banda sabe como prender o público, mesmo aquele que ainda não a conhecia, e principalmente interagir e fazer com que cada parte do seu corpo se mexa de acordo com a melodia. Para quem ainda não conhece é melhor começar a ouvir.

Foto Yuri Corrêa

A terceira banda é a Versalle, banda de rock formada em Porto Velho/RO , uma curiosidade é que de inicio havia a proposta de ser uma banda cover. Mas que graças ao vocalista Criston resolveu mudar apenas para autorais (e a gente agradece). A banda ficou mais conhecida após a participação no programa Superstar, da Globo. Formada por Criston Lucas (voz e guitarra), Igor Jordir (bateria) e Miguel Pacheco (baixo), a Versalle devido ao tempo curto (muito provavelmente por conta do atraso do inicio dos shows) apresentou poucas músicas, entre elas uma inédita  “Soma”, além dos clássicos “Sem Hesitar”, “Marte”, “Verde Mansidão” e “Algum Tempo Atrás”. A banda apesar do tempo corrido interagiu algumas vezes com o público que em certas alturas respondeu. Poderia ter sido um pouco melhor? Poderia, se o tempo fosse relativamente maior, mas no resumo foi um bom show tanto para os fãs que estavam no local como para aqueles que ainda não conheciam. E claro, uma boa preparação para banda seguinte.

Foto Yuri Corrêa

E finalmente a banda mais esperada da noite. A Scalene vem com a turnê do seu álbum mais recente “magnetite”, mas que também conta com alguns sucessos dos álbuns anteriores “Éter” e “Real/Surreal”. O show começa com o som da música “tempo” (do recém lançado EP +gnetite) ainda sem a banda estar no palco. Logo após, para delírio do público, sobem ao palco Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra e voz), Lucas Furtado (baixo e voz), Philipe “mkk” (bateria e voz) e Samyr Aissami (guitarra, teclado, percussão e voz) que começam aquela que seria uma noite de sábado agitada com “extremos pueris”, primeira faixa do atual álbum. A banda passa por vários sucessos como “esc”, “Histeria”, “Sonhador II”,” Surreal”, entre outras. A nova “zamboni” é muito bem recebida pelo público que forma rodas no meio do teatro e faz o seu famoso bate cabeça. Destaque para a balada “Entrelaços” com as luzes de celular dos fãs abrilhantando o cenário do local, a recém incluída na setlist “trilha”, e se encaminhando para o fim do show com o trio “O Peso da Pena”, “Danse Macabre” e “Legado”.

Foto Yuri Corrêa

A interação e troca de energia entre banda e fãs é notável até mesmo para aquele que ainda não a conhece. A Scalene pende entre a calmaria e a loucura, é 8 ou 80. O público mais do que empolgado acompanha nas palmas, nas rodas, nas vozes, nas luzes. Não há uma pessoa sequer no local que não estivesse exausta ao termino do show, porém ela também sabe que voltará para casa tendo a noção de que presenciou uma das melhores noites, exatamente o que a banda sabe proporcionar a todos que vão aos seus shows.

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Scalene – Magnetite | Resenha RIFF #9

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O estado ”magnetite”: um pouco mais sobre o novo álbum da Banda Scalene

‏‏‏Por Camila Borges

“magnetite é um estado. magnetita é a pedra-imã mais magnética de todos minerais. cristais de magnetita estão presentes em diversos lugares da natureza e em cérebros de animais, inclusive nos nossos. magnetite é o estado de viver ciente e responsável pelas causas e consequências energéticas de nossas ações. inflamados com essa condição, magnetite é nosso estado.”

Assim descreve a Banda Scalene sobre o seu terceiro álbum de estúdio em suas redes sociais.

Com 12 faixas, o álbum gravado no estúdio do Red Bull Station teve seu lançamento na sexta-feira (18/8) e já é um dos mais queridos pelos fãs.

Aproveitando toda essa empolgação conversamos um pouco com o Tomás Bertoni, onde ele conta um pouquinho mais sobre o magnetite e algumas curiosidades.

Canal Riff: A arte do álbum é do Bruno Luglio, vocês já conheciam o trabalho dele? Como foi a escolha?

Tomás:  Conhecemos ele há um tempo. Ele era da banda Level Nine, então sabe como funciona o mercado e a vida na música. Hoje em dia ele é diretor criativo de uma agência em Nova York. Trabalhou no amor com a gente, interessado em ajudar e chegar em um resultado legal. Foi um prazer ter ele conosco, o cara é gêniozinho.

E sobre o processo de gravação, como foi gravar no Red Bull Station? Alguma coisa diferente que você possa contar?

Foi a primeira gravação completa em um estúdio profissional. O Real/Surreal foi 100% em home studio, o Éter gravamos bateria em um estúdio profissional e o resto em home studio e agora no magnetite tivemos o apoio da Red Bull pra gravarmos no estúdio deles. Não necessariamente um caminho é melhor que o outro, são escolhas bem relativas e com muitas variáveis, mas queríamos a experiência de passar semanas em um estúdio como o da Red Bull Station pra gravar um álbum. Sentimos que mudarmos por um mês pra SP também seria interessante pelo foco natural que isso iria gerar. Estávamos todos em outra cidade, das 11h às 20h, todo dia. Diferente de gravar em casa, com horário mudando todo dia, com compromissos do dia-a-dia e etc.

Red Bull Station in Sao Paulo, foto Patrícia Araújo

A maioria das músicas são do Gustavo, você tem participação em duas. Como é o processo de composição de vocês (banda) juntos?

Na verdade tenho participação em bem mais de duas haha e o processo do instrumental e da letra são em momentos meio separados e minha participação é grande principalmente nas letras. Varia muito! Algumas músicas o Gustavo faz tudo como foi o caso de ‘maré’ (eu escrevi só uma frase dessa haha), outras eu faço a letra inteira e o Gustavo todo o resto. ‘fragmento’ por exemplo chegou a ter duas letras sobre temas diferentes, uma eu fiz e a outra eu ajudei o Gustavo a terminar. A letra que ficou foi finalizada todo mundo junto um dia antes de gravar voz.

No início de tudo a preocupação maior é de estruturar a música, depois vamos pensando nos arranjos e nas letras. No processo de fazer os arranjos e letras as vezes mudamos a estrutura. Então realmente não tem um passo-a-passo definido, vamos deixando o fluxo nos levar e vamos fazendo o que cada composição pede.

Existe algum motivo de os nomes das músicas estarem todos em letras minúsculas?

falar hoje em dia é digitar, então é falar com calma, em voz baixa. também chamando atenção pro conteúdo e não como ele é divulgado.

Tenho duas perguntas sobre Phi

A primeira é que o final de Phi liga a introdução de Extremos Pueris. Dá uma certa sensação de como se o álbum não tivesse fim. Foi pra galera se sentir assim ou só pra haver ligação mesmo entre as músicas?

todos são parte do ciclo sem fim, causa e efeito do bom e ruim.

A segunda é que numa parte de Phi a gente nota o instrumental de XXIII, as músicas foram compostas ao mesmo tempo, uma depois da outra, tem alguma ligação?

tem que digitar as músicas em caixa baixa gente, bora nessa haha

então! phi foi composto na época do DVD, junto de Inércia, Vultos e Entrelaços. ponta do anzol também, falando nisso. Escolhemos as três do DVD, mas estávamos muito apegados e gostávamos muito da música que ainda não tinha nome nem letra. Usar parte da música como introdução do DVD e de toda a turnê do DVD foi uma forma daquela composição já fazer parte das nossas vidas desde ano passado. E estava nos planos ela vir no álbum desde sempre. Acabou que virou duas músicas diferentes e complementares. Uma espécie de sequência, como rola em Sonhador e Sonhador II, mas de outra forma e com outra proposta.

Foto Breno Galtier

É pouco tempo pra saber, mas dá pra ter uma noção do que a galera tá achando do álbum?

Foi muito legal ver tanta gente já gostando de primeira, disposta a ouvir e gostar, de coração aberto pra absorver o que tem de diferente. Repercussão tá muito boa! Tem uma galera estranhando, mas estaríamos bem mais preocupados se não tivesse. Normal um álbum que a banda explora outros caminhos, os ouvintes precisarem de algumas ouvidas pra digerir. Estamos com o sentimento que os objetivos estão sendo cumpridos e expectativas alcançadas. Galera gostando bastante das letras também, o que tem sido bem gratificante. Como você disse, tem pouco tempo ainda, mas a tendência é ir crescendo mais ainda.

Vocês tiveram muito da música brasileira num todo no Magnetite, dá pra citar algumas bandas/cantores que serviram de inspiração?

Vitor Rammil, Metá Metá e Lenine são algumas. As bandas amigas da nossa geração influenciaram bastante também. Muita gente sacou que Inky foi influência por exemplo. Ouvíamos muita mpb e bossa nova quando éramos crianças, resgatamos isso nesse álbum também.

E sobre o Rock in Rio, falta praticamente um mês! Estão ansiosos? Como anda a preparação pra esse grande dia?

Ansiedade vai começar a bater mais perto só. As músicas que tocamos desde ano passado ou desde 2013 tão mais que ensaiadas, a questão maior vai ser decidir quantas músicas novas vamos tocar e ensaiá-las muito bem. Além de descobrir como vamos encaixá-las na setlist. Geralmente esse processo acontece aos poucos ao longo de meses de shows até ficar bonzão e não vamos ter esse tempo.

Com álbum novo vem turnê nova. Quais os próximos passos após o Rock in Rio?

Continuar divulgando o magnetite, fazer os shows que estão sendo marcados e gerar mais conteúdo do álbum novo. Estamos com vontade de voltar a fazer colaborações com bandas amigas também, tomara que a gente consiga.