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Lançamentos RIFF: Depressão e rotina mecânica são temas do novo clipe de Temporário, da banda Riviera. Confira!

Por Natalia Salvador

Os transtornos psíquicos e psicossomáticos vêm sendo tema frequente de diferentes discussões e peças artísticas. Na música isso não é diferente. Principalmente por, muitas vezes, se tratar de experiências pessoais dos artistas, a pauta é pertinente e está abrindo o caminho para que a informação atinja cada vez mais pessoas e o assunto deixe de ser um tabu. Hoje é dia dos mineiros da Riviera tratarem do assunto no clipe de Temporário, primeiro single do novo álbum Aquário. O Canal RIFF traz esse lançamento, além de uma entrevista com Vinícius Coimbra – vocalista e guitarrista -, com exclusividade para você. Confira!

Para aquecer o lançamento do novo trabalho, a banda, que é destaque da cena independente mineira, lança um clipe bastante pessoal para a faixa. A sonoridade mais madura não se distancia da base que sempre chamou atenção do público. Já a letra, remete à luta de Vinícius contra a depressão. Em entrevista exclusiva ao Canal RIFF, o vocalista afirma acreditar que falar sobre o tema é o primeiro passo para desenvolvermos a empatia no outro, percebendo assim que não estamos sozinhos.

“A nossa geração tá toda quebrada e passando por transformações culturais absurdas. Nós não conseguimos evoluir como pessoas na velocidade que o mundo evolui (ou involui, ainda não sei) e isso pesa demais e o corpo sente. Cada dia que passa vemos mais e mais pessoas tentando abordar esses temas, porque existe de fato um tabu, uma vergonha ou até mesmo desconhecimento sobre algo que afeta tanto. A ideia de que somos vulneráveis como seres humanos, culturalmente, não era tão citado como na nossa geração, e talvez, por isso, aparece tanto em evidência”, concluiu.

Falar das próprias experiências pode parecer simples aos olhos do público ao consumir o material pronto, mas nem sempre é fácil externalizar seus sentimentos e angústias, expondo isso a outras pessoas. Para Vinícius, todo esse processo funciona como um expurgo, que coloca tudo aquilo que se passa internamente para fora, quase como uma terapia.

“Eu sempre utilizei música para falar coisas que não tenho coragem de dizer ou sentir na vida real. É como se eu tirasse minha máscara dos bons costumes de uma vida coletiva saudável, pudesse ser eu cru e nu e dizer todos os meus absurdos. Isso pode gerar impacto de formas diversas em outras pessoas e, por mais atemporal que essa música seja, e as inúmeras interpretações que o público possa fazer com ela, pra mim ela guarda a moldura e foto do momento: seja pra lembrar ou seja pra esquecer, mas que de alguma maneira eu vivi”, pontuou sobre o tema abordado na letra e vídeo.

De acordo com o vocalista, apesar da letra autobiográfica deste single, o processo de composição é cada vez mais co-participativo. Além de Vinícius, Riviera é formada por Rapha Garcia (baixo), Rafa Giácomo (guitarra) e David Maciel (bateria), que dividem as tarefas entre música e tudo que envolve administrar uma banda. “Todo mundo tem alguma função além de ser músico, levamos demais a parte do ‘faça você mesmo’ conosco. Já os processos criativos na Riviera mudam muito, principalmente pela dinâmica da banda e algumas mudanças de integrantes. Mas no último álbum, principalmente, parte de arranjos foi uma construção bem coletiva, na maioria das vezes em jams, diferente do meu usual voz/violão e melodias estranhas gravadas no celular”, brincou o músico.

Riviera - Aquario
Capa do novo álbum – Aquário

O clipe de Temporário foi dirigido por Afonso Silva e, segundo Vinícius, não foi difícil chegar ao resultado que eles queriam. “A música fala um pouco da angústia sobre a temporalidade das pessoas e suas ideias, e me lembra uma fase muito ruim que vivi quando morava em Brasília, antes da Riviera existir. Eu morava num apartamento pequeno, com quase nada de móveis. Apenas um colchão no chão, muita comida processada e uma depressão fodida, onde apenas sobrevivia todo dia numa rotina de trabalho, casa, trabalho, sem amigos e poucas perspectivas”, relembrou.

Para construção das filmagens, a banda resgatou parte dessa rotina do vocalista, alguns objetos que existiam em seu apartamento e reproduziram este momento. Todo esse caos é representado por fantasmas do passado, que aparecem em múltipla exposição. Confira em primeira mão o resultado:

Recentemente vencedores do concurso promovido pelo Rock StartUp Festival, os músicos da Riviera estão empolgados com o disco Aquário, que será lançado no segundo semestre de 2018. “É um álbum denso, sonoramente bem mais pesado que os trabalhos anteriores e com um processo criativo muito mais espontâneo, experimental e coletivo. Acompanhado ainda de letras com temas nada fáceis de discutir, mas que pra mim, acima de tudo, é verdadeiro e fazemos questão de levantarmos essa bandeira ao falar sobre a angústia no disco. Sentimos que é ferida exposta e muita vulnerabilidade, e por isso, a gente espera que as pessoas se conectem com as mensagens sobre e percebam que no fundo no fundo, qualquer um pode passar por esses problemas”, concluiu.

Além disso, os caras estão doidos para rodar o Brasil apresentando o novo álbum e conhecendo os fãs. Quer saber quando sai novidade e se eles vão passar perto de você? Fique ligado nas redes sociais da Riviera e aqui no Canal RIFF!

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Resenha

Resenha: Plutão Já Foi Planeta + Evil Matchers @A Autêntica

Por Cristino Melo

Mesmo sendo um planeta gelado, Plutão, que voltou a ser planeta, conseguiu esquentar a noite fria da capital mineira nessa última quinta-feira (22). A banda natalense se apresentou na A Autêntica, casa de shows na Savassi.

Nota: A abertura do show ficou por conta da banda Evil Matchers. Mesmo destoando totalmente do estilo da Plutão, apresentando um punk rock, os caras conseguiram ter uma boa interação com público. Apresentando um som autoral, os músicos se mostraram individualmente bons, porém faltou sincronia ao conjunto.

A Plutão Já Foi Planeta se apresentou por quase uma hora e meia, apresentando todas as músicas do “A Última Palavra Feche a Porta”, além de mais algumas do primeiro álbum. Já de abertura apresentaram o primeiro single do CD, “O Ficar e o Ir da Gente” e mostraram um grande entusiasmo.

O público (que não lotou a casa) correspondeu a banda em boa parte do show. Cantou todas as músicas, batia palma, metrificava e gritava ‘Fora Temer’ junto com o quinteto. Destaque na música “Viagem Perdida” que fizeram um final estendido com a participação de todos.

Destaque também para o Gustavo e Sapulha nos vocais, não só apoiando a Natália, mas em várias canções. Sapulha também abusando do ukelele em várias músicas, deixava o show extremamente agradável. Esse ponto é muito bom. Todos da banda são versáteis. Tocam vários instrumentos, participam nos vocais e interagem com o público. Hora a Vitória estava no baixo e a Natália no sintetizador, depois invertiam com a maior naturalidade. Também é importante mencionar o Renato. Entrou para a banda há pouquíssimo tempo (quinto show) e já mostra uma naturalidade para puxar as músicas e fazer vários solos na bateria.

Nas músicas, “Insone”, a melhor música do último CD, cantada ao vivo, fica tão melódica quanto na versão de estúdio. “Você Não É Mais Planeta” fez toda a plateia pular bastante. E finalizar com “Alto Mar”, faixa um do disco, foi para acabar de vez com a garganta de todos os presentes.

Em resumo, A Plutão Já Foi Planeta provou que realmente é uma banda pronta para o sucesso. Segura, carismática e talentosa.