Por Canal RIFF | @canalriff | Entrevista por Erick Tedesco
Ícone do hardcore nacional retorna à capital carioca após 5 anos.
Para celebrar o encerramento do primeiro mês do projeto Las Quintas, que está movimentando a cena do rock autoral no Rio de Janeiro todas as quintas-feiras na casa La Esquina (Lapa), a lendária banda do hardcore melódico nacional Garage Fuzz, após 5 anos longe de palcos cariocas, é escalada como atração principal da noite que também terá Hover e N.D.R. O evento acontece no dia 28 de setembro, a partir das 19h30, e haverá boas vindas com shots de Jägermeister aos primeiros que chegarem.
O Garage Fuzz foi unanimidade entre as produtoras responsáveis pelo Las Quintas – Abraxas, Collapse Agency, Flecha Discos e Speed Rock – para ser a grande atração desta edição especial. Com 25 anos de estrada, os santistas mostram vigor com um hardcore de bases potentes e com os característicos dedilhados de guitarra, envolvidos em melodias para se cantar junto, do início ao fim. O show de retorno ao Rio de Janeiro terá músicas de todos os álbuns, do “Relax In Your Favorite Chair” (1994) até “Fast Relief” (2015).
A abertura fica por conta da N.D.R, a prata da casa que levanta a bandeira do hardcore com influências de rock, metal e rap. O quarteto foi formado em 2010 e desde então preza por fazer música por meio de experimentos sonoros e experiências de vida. Na sequência, sobe ao palco a Hover, a banda mais badalada de Petrópolis, que ficou popular pelo rock alternativo cantado em inglês com bastante melodia.
Confira abaixo o papo super bacana com Alexandre Cruz, vocalista do Garage Fuzz, que nos fala sobre a carreira de sucesso da banda, o longo tempo longe do Rio de Janeiro e muito mais.
“Fast Relief” mostra um Garage Fuzz maduro e que justifica chegar aos 25 anos de carreira ainda relevante no rock brasileiro. Passado algum tempo desde o lançamento, como entende o momento e a sonoridade deste disco?
Alexandre: O “Fast Relief” foi o disco que não estávamos muito preocupados com o que estava rolando no momento no cenário brasileiro. Ele é um disco meio que feito para a banda e para os fãs, tem alguns fatores que o diferenciam dos nossos trabalhos anteriores, é o primeiro disco full com o Fernando Bassetto na guitarra e o que é engraçado que mais da metade dele já estava composto quando ele entrou na banda. Então o fato de passar a integrar a banda em um momento que estávamos indo em uma direção mais trabalhada agregou ao som também. Eu lembro de passar mais de um ano indo na casa do Fabrício a tarde para fazer as melodias de voz de cada música no violão com ele; lembro da banda ensaiando o disco muito, o Daniel tocando que nem doido, o Wagner também, e acho que é um dos lançamentos que mais nos empenhamos fazendo praticamente tudo. Foi com esse disco que partimos para as plataformas digitais também.
Acredito que os 25 anos do Garage Fuzz tem a ver com o som peculiar da banda e a energia das apresentações ao vivo. Como lidam com os velhos falatórios de ser punk, mas não ser, de ter uma pegada mais comercial do que as formações mais puras do estilo?
Alexandre: Hardcore e Punk eu acho que crescemos fazendo e escutando em nossas bandas anteriores do final dos anos 80, o Psychic Possesso e o O.V.E.C., e nossa leitura para estilo é outra. Hardcore é Anti-Cimex e acho que nos últimos 12 / 13 anos, quando estávamos fazendo as músicas para o Morning Walk (Álbum de 2005) isso já mudou, o som ficou algo mais rock, mas não comercial no sentido de fazer algo para estourar, as composições e melodias tem muitas notas e passagens. Acho que complica para rotular como algo comercial.
Levando em conta os 25 anos de banda, como avaliam o cenário musical atual?
Alexandre: O mundo está mudando e os hábitos culturais também, acho que até muito por uma visão do consumo atual. Eu acho que a o momento atual do mundo lembra o meio dos anos 80 em uma versão hi-tech. A cena atual apresenta muito isso, várias oportunidades mas não sabemos quem está no controle do que e as coisas vão mudando muito rápido e nisso muita coisa boa tem passado batido pelo timming atual da existência de uma banda, uma casa noturna ou um selo.
Vocês são sempre lembrados, entre outros motivos, por sempre fazerem shows perfeitos tecnicamente e sempre com som incrível. Qual o segredo?
Alexandre: Acho que o fato da formação praticamente nunca ter mudado ajuda. Então é um entrosamento de décadas, muito ensaio e o mesmo set up de palco.
O que os afastou tanto do Rio? São 5 anos de espera, desde que vieram pela última vez.
Alexandre: Caramba, nem parece que faz tanto tempo! É uma cidade que curtimos muito as pessoas, bandas e a cena, não sei o porquê, mas vamos fazer um show para compensar esse hiato.
O que vocês têm ouvido ultimamente? Entre bandas nacionais, internacionais, desconhecidos e renomados…
Alexandre: Eu vou falar no meu caso pessoal, muitas bandas antigas que escutávamos quando montamos a banda Celibate Rifles, The Saints, Lemonheads, Husker Du das novas Cloud Nothings, Meatbodies, Togheter Pangea.
Lá nos anos 90, o Garage já fez parte do cast de uma grande gravadora, a Roadrunner. O cenário da música mudou bastante desde aqueles tempos, principalmente a relação banda/gravadora. O que aquele contato possibilitou ao Garage que vale até os dias de hoje?
Alexandre: Acredito que ali montamos nossa base de fãs, por causa de dois fatores: o da distribuição e o fato da banda na época ter feito uma das primeiras tours com datas seguidas durante 4 meses em 1995. Isso na época da roadrunner foi importante para o que vivemos nos dias de hoje.
O Garage está se relacionando com as novas plataformas de música, como Spotify, Deezer, iTunes?
Alexandre: Sim utilizamos todas e acho que seria impossível fazer o trabalho que fazemos atualmente com a banda sem o uso das plataformas digitais!
Deixe uma mensagem para a galera se motivar e comparecer ao show de vocês no Las Quintas!
Alexandre: Muito obrigado pelo espaço e todo mundo que sempre nos ajudou na cidade! E colem no próximo Las Quintas prometo um dos nossos melhores shows que já fizemos no Rio de Janeiro!
SERVIÇO
Las Quintas – 4ª edição
Evento no facebook: Garage Fuzz no Rio de Janeiro! Festa de encerramento Las Quintas
Atrações: Garage Fuzz, Hover e N.D.R.
Data: 28 de setembro
Horário: a partir das 19h30
Local: La Esquina
Endereço: Avenida Mem de Sá, 61. Lapa-RJ Ingresso: www.sympla.com.br/las-quintas—todas-as-quintas-de-setembro-no-la-esquina__180601