Por Thais Rodrigues | @thwashere | Fotos @gustavochagas
Além de ter sido motivo para muitos brindes, o segundo ano de parceria entre Queremos e Heineken deu o que falar, e pelo visto, tanto se falou que Dallas Green e seus amigos voltaram para colorir e movimentar o Rio de Janeiro com o projeto City and Colour na turnê “If I Should Go Before You”.
O Circo Voador inundou com muitos empolgados e seguidores da banda na última sexta-feira (29/04). Nem a chuva ou a frente fria recém-chegada foram o suficiente para impedir que inúmeros nomes citados na lista se privassem de ter mais uma chance de estarem compartilhando experiências e angústias, em busca da cura da alma por meio da música. E no final das contas, o clima colaborou para que todos ficassem mais juntinhos e combinasse com as faíscas dos apaixonados que aguardavam entre beijos e abraços, o início do show.

Os primeiros acordes emocionantes, intensos e cautelosos de Woman marcaram o início da viagem mágica que estávamos prestes a embarcar. A voz impecável de Dallas e a sintonia da banda que o acompanhou não só apenas no último álbum lançado, mas também no show do ano passado, se fazia presente mais uma vez, acabando de preencher, de forma bem discreta e introspectiva, qualquer vazio ou espaço para comparações com outras apresentações.
Com intervalos curtos entre uma música e outra e nada mais que “thank you”, a banda aparentemente com um pouco de pressa na execução e, ao mesmo tempo, preocupada em não perder o ritmo, deu continuidade com Northern Blues, Two Coins e If I Should Go Before You, envolvendo a plateia que não tinha muito tempo para refletir sobre as faixas tocadas.
O blues que faltava fez com que alguns pés se movimentassem e vozes emocionadas começassem a mostrar o motivo de terem ecoado tanto, ao som de Killing Time meio I Don’t Trust Myself (With Loving You), mas não durou por muito tempo. De repente, uma luz angelical iluminava apenas Dallas e era como se estivéssemos congelados. Não era o frio, e sim uma brisa absurda das memórias provocativas do passado pedindo licença, um minuto ou dois de nossa atenção, com direito a “deprê” e mais um pouco ao som – e que som – de Hello, I’m In Delaware.
Wasted Love veio em boa hora, agitando mais uma vez o público, dando-o poder de se mover e colocar alguma atitude em seus passos de dança com quê de rock’n’roll e também para fazer com que se lembrasse de decepções amorosas e o quanto as mesmas nos deixam intensos em qualquer emoção que tenhamos.
O momento mais marcante do show foi quando Lover Come Back saiu do palco e voou pelo Circo. Ouvir todas aquelas vozes e ver palmas de agradecimento foi melhor que qualquer solo que estivesse por vir, tirando sorrisos de Jack e Dante que até então, permaneciam sérios e centrados na execução de cada música.

Todos nós precisamos de um tempo com nossos próprios pensamentos, medos, inseguranças e frustrações. A banda deixou o palco e só Dallas voltou, chamando a atenção de pessoas com cartazes que estavam atrapalhando e para o motivo de não incluir algumas músicas que estavam sendo pedidas durante o show no setlist. Disse ainda que não se sentia mais tão confortável com algumas músicas e que preferia que fosse desse jeito e ponto final. Sem muitas palavras, continuou o show atravessando uma onda de letras profundas, agora com a plateia mais silenciosa, tocada, arrepiada e emocionada que antes.
Quando finalmente deixamos as tristezas pra lá e nos pegamos dançando The Girl, já era tarde demais e a união que resultou em um dos álbuns mais carregados de significado, bem ali na nossa frente, nos deixava sem grandes declarações. Dallas e friends deixaram o palco e a partida deles, talvez, tenha sido menos dolorosa dessa forma, com uma pitada de “até logo” pra não falar mais sobre “adeus” que suas músicas e assim, sem competições, a parceria entre público e banda, banda e Dallas, Queremos e Heineken soou verdadeiramente como música em nossos ouvidos que vale a pena estar no “repeat”.