Por Guilherme Schneider I @Jedyte
Imagine a cena: você, caro apaixonado por música, acaba de presenciar um show mega maravilhoso. Perante o palco, você viveu uma experiência ao máximo. Aqueles minutos, com aquela banda do coração, foram com uma intensidade tão grande que supriria semanas de marasmo cotidiano. Mas, e logo depois em que as luzes se acendem?
Ainda no calor (literal, pode apostar) de um showzaço vem aquele impulso irracional por consumir a banda –sim, tudo o que vier pela frente. Fãs cercam as barraquinhas nos pós-show da vida para devorarem todo o possível – e assim montar um estoque de emoções perpetuáveis. Bem, mas, e quando a empolgação termina em uma “olhadinha” apenas nos produtos?
Nenê Altro, do Dance of Days, já publicou livros e zines
Confesso que em diversos shows minha empolgação terminou em uma barraquinha “só” com CDs.
Um absurdo, né? Afinal, a arte de um grupo musical é traduzida ali, em um disquinho com uma dúzia de músicas. Mas, na era do MP3 e Streaming de música uma barraquinha com CDs não me satisfaz.
Posso até comprar, seja para ajudar, fazer minha parte, ou dar ‘uma moral’… Porém dificilmente vou ouvir mais de uma vez – provavelmente vou é converter o CD para MP3… E só.
O Weezer apelou para esse confortável cobertor com mangas
Entra ano, sai ano, e há quem discuta ainda uma “crise” na indústria fonográfica. Sem dúvidas o modelo de negócio mudou – e provavelmente você não consome mídia física (CD, DVD ou Blu-Ray) como consome música digital. A demanda existe, mas as bandas precisam de um pouco mais de ousadia e criatividade.
Bandas, o caminho é diversificar!
Tanto nas independentes, com orçamento contado em moedas de rateio, até os gigantes das gravadoras, chegou sim o tempo de consumir a marca. Sim, a maioria das bandas tem um potencial enorme de transformar as suas letras (e ideais) em produtos.
Ideologicamente chega a ser um pouco feio pensar assim. Mas, garanto que a magia não vai embora só porque os artistas decidiram investir no empréstimo de seus nomes para produtos. Camisas, zines, canecas, calendários, bonecos… Há espaço para todos os bolsos.
É bem verdade também que foi por uma dessas que o finado Chorão, do Charlie Brown Jr, acertou um socão no olho do Marcelo Camelo, dos Los Hermanos. Ou quando João Gordo, do Ratos de Porão, esculachou o Dado Dolabella na MTV.
Separei algumas bandas que trouxeram soluções criativas (algumas apenas bizarras) na hora de monetizar um pouquinho mais. Lógico que existem trocentas outras ideias legais, então, se souber, por favor coloque nos comentários, pode ser?
Confira a lista, com alguns itens criativos e outros excêntricos:
11 – Álbum de figurinhas do Detonator
Detonator, o ex-vocalista do Massacration, lançou no ano passado o ótimo Metal Folclore. No ritmo da Copa do Mundo, o cd trouxe dentro do encarte um álbum de figurinhas. Timing perfeito!
10 – Kit de costura do White Stripes
Os White Stripes são certamente uma das bandas mais criativas na hora de vender produtos. Câmera Holga, vitrolas personalizadas, teremim, kilt… Jack White sempre surpreende de alguma forma. Mesmo que com um singelo kit de agulhas e botões – e pode ser útil!
Uma solução bem legal para vender CDs foi encontrada pelo rock orquestrado da Marmor. A banda formada pelo baterista Marcelo Moreira lançou no ano passado o livro Alma Celta. Cada faixa do álbum corresponde a um capítulo do livro, o que valoriza (e amplia) a experiência, tanto da leitura, quanto da música.
8 – Banco Imobiliário do Metallica
Ao lado de War, Jogo da Vida e Imagem e Ação, Banco Imobiliário deve ser um dos jogos de tabuleiro mais queridos do Brasil. Mas nada supera essa versão especial do Metallica, totalmente adaptada para a a história dos álbuns da banda de metal.
7 – Molhos do Marky Ramone
A ideia de uma banda explorar os cinco sentidos só é de fato possível quando o paladar é contemplado. Pensando nisso, alguns já se arriscaram em molhos e pimentas, como os Raimundos, Pierce The Veil, Gwar ou Bring me The Horizon. Mas, ninguém mandou tão bem como o baterista Marky Ramones, ex-Ramones , que assina uma linha de molho de tomate e outra de pimenta.
6 – Tarô do Neck Deep
O pop punk galês do Neck Deep proporcionou um inusitado baralho de tarô no álbum Wishful Thinking. As ilustrações seguem o estilo mais tradicional – só que com os membros da banda, claro.
5 – Bonecos!
Figure toys, plush, bonecos… chame como for. Desde os modelos cabeçudos de vinil da Funko Pop, aos detalhadíssimos da McFarlane Toys… eles certamente ficam bem na estante de qualquer fã – como essa linha Yellow Submarine dos Beatles.
4 – Esse tênis com a cara do Noel Gallagher
O eterno Oasis Noel Gallagher teve o seu rosto estampado em uma limitadíssima coleção de tênis da Adidas: apenas 120 pares.
3 – Cervejas!
Tem sido um clichê interessantíssimo das bandas. Várias já lançaram as suas versões etílicas, tanto aqui no Brasil quanto lá fora. Por exemplo, Matanza, Angra ou Velhas Virgens viraram cervejas aqui. Enquanto AC/DC, Iron Maiden ou Pearl Jam… nada mal, né?
2 – O caixão do Kiss
Só para quem leva MUITO a sério o estilo de vida da ‘Kiss Army’. Os fãs do Kiss podem encomendar um caixão (dois modelos na verdade, até autografados) para um sepultamento memorável – ao menos para os que presenciarem vivos.
1 – Vibradores de Ranmstein, Ghost BC e Motörhead
Dificilmente a linha de brinquedos eróticos das bandas pode ser mais bizarra. O Motörhead (rei do merchan) ganhou destaque recentemente, mas não chega nem perto aos modelos do Ghost e Ranmstein: um vem embalado em uma bíblia, outro em uma caixa com seis membros. Extrassensorial ao extremo…
E você, tem alguma sugestão? Comente!