Por Thadeu Wilmer
No dia 29 de setembro, o ex-baixista e compositor majoritário do Pink Floyd, Roger Waters, apresenta seu mais novo longa-metragem, o documentário/show “Roger Waters – The Wall“. O trailer do filme (cujo link pode ser acessado ao final do texto) apresenta uma intermitência de cenas de show, no palco, com cenas externas de uma entrevista aparentemente reveladora sobre os mistérios dessa peça fundamental da arte contemporânea. Infelizmente, nada é mencionado quanto ao filme de 1982, dirigido por Alan Parker e contando com as animações perturbadoras de Gerald Scarfe e a atuação ácida de Bob Geldof no papel de Pink; no entanto, a última turnê mundial de “The Wall”, de 2011-2013 (cuja gravação também estará acessível ao final do texto), mostrou que a tecnologia ajudou – e muito – a manter a essência da obra-prima pelos palcos mundo afora.
Com diversos artifícios que podem ser percebidos ao longo do show e uma iluminação impecável, o passar dos anos trouxe ao espetáculo mais tecnologia, mais capacidade de captar a essência do conceito, e mais sabor da militância política de Roger Waters, que não tem pudor algum de esconder o que pensa durante o espetáculo visual. A resposta ao verso “Mother, should I trust the government?” (“Mãe, devo confiar no governo?” em uma tradução livre) estampando no muro “No fucking way” (“Nem fudendo”, nos shows feitos em terras brasileiras); as projeções durante “Run Like Hell” e a sequência “Vera”/”Bring The Boys Back Home”; e a própria faixa inédita “The Ballad of Jean Charles de Menezes”, que faz alusão ao caso do rapaz brasileiro que foi assassinado injustamente pela Polícia Metropolitana de Londres no metrô em 2005 por ser confundido com um terrorista.
Espera-se, porém, que o documentário trate não apenas do viés político que a turnê tomou, mas também (e, para alguns, principalmente) do lado artístico e conceitual do álbum/longa-metragem enquanto conceito e obra de arte. Sabe-se, segundo declarações do próprio Roger Waters em entrevistas, que o gatilho foi a irritação com a plateia de Montreal em 1977, que o levou a cuspir em um fã enquanto pedia para que o público parasse de gritar e soltar fogos de artifício, durante uma turnê chamada “In The Flesh” (“Em Carne E Osso”, em uma tradução livre) – que acabou dando nome às duas faixas que tratavam mais incisivamente do tema de “culto de personalidade” no próprio álbum “The Wall”.
Mas o que há por trás disso? Quais foram as principais inspirações de Roger Waters para desenvolver toda a alegoria do muro e da solidão para justificar sua incapacidade de lidar com o sucesso e seus percalços – para o bem ou para o mal? Quão autobiográfico é o conceito do personagem e a história de sua vida, e a quem mais ele se refere – em outras palavras, a pergunta que nunca calará: “Which one’s Pink?” (“Qual é o Pink?”, em uma tradução livre)? Como ele chegou à concepção da pedra fundamental do Rock Progressivo conceitual?
Só derrubaremos, enfim, esse muro no dia 29 de setembro.
Trailer do filme “Roger Waters – The Wall”:
Show da turnê “The Wall” (2011-2013) de Roger Waters: https://vimeo.com/61949297
Uma resposta em “Roger Waters e seus últimos tijolos em documentário com exibição única nos cinemas”
[…] Como já foi dito, na última terça-feira, dia 29 de setembro, Roger Waters foi às telonas ao redor do mundo com a exibição única da que promete ser a última remontagem de seu aclamado espetáculo The Wall – remontagem esta que possuiu um único objetivo: o de ser desmontada, destrinchada, explorada até seu último tijolo. […]
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