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Resenha: Nobat e Ian Ramil @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin

“Como uma gota que escapole para fora do copo”, o Festival Transborda realizou a sua primeira edição fora de sua “cidade natal”, Belo Horizonte. E a esteia fora do ninho foi com dois dias fantásticos de música autoral e de muita qualidade no maravilhoso palco do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro. O primeiro dia de festival teve como atração os shows de Nobat e Ian Ramil.

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Nobat @2016

Lançando o álbum “O Novato”, Nobat deu início ao festival apresentando uma ótima banda de apoio e arranjos excelentes. Destaque para os teclados e a percussão, que dão uma brasilidade ao pós-mpb com toques de indie rock ao som do mineiro. Os tambores são tão marcantes que dá a impressão de estar ouvindo um maracatu pernambucano de raiz em alguns momentos. As belas melodias de guitarras e as linhas de baixo muito bem construídas dão o toque final ao som de um compositor que versa sobre os mais diversos temas em suas composições e que certamente terá mais atenção e espaço no cenário musical brasileiro muito em breve.

A seguir, tivemos o show de Ian Ramil. Ou seria o tapa na cara de Ian Ramil? O gaúcho fez, com sua banda de apoio, um show incrível! Sua banda e, principalmente, suas letras que são verdadeiros esporros em tudo e todos, levou a tímida plateia ao delírio. Destaque para o clarinete na banda, que trás elementos bem interessantes para o som de Ramil. Som esse que tem de tudo um pouco: MPB, post-punk, axé, baião… enfim, uma salada musical completa (e das boas!). Sobre as letras, procure o trabalho do rapaz nas redes sociais e plataformas de streaming e ouça bem atentamente. Tem letra sobre a imersão da sociedade no lixo de plástico, sobre a perda de tempo nos smartphones e até o artigo 5o da Constituição Federal. Em tempos de um transbordamento de problemas políticos, o som de Ramil e Nobat e a cultura como um todo é fundamental. Escute! Prestigie!

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Resenha: gorduratrans e Violins @Festival Transborda Rio

Por Alan Bonner | @Bonnerzin | Fotos Flávio Charchar

O segundo e último dia de Festival Transborda em terras cariocas foi um dia de contemplação e veneração. Um Teatro Oi Futuro Ipanema lotado recebeu os prodígios do gorduratrans e os deuses da Violins, numa noite mágica e inesquecível para público, bandas, produtores e para nós do Canal RIFF.

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Violins @2016

O primeiro show da noite ficou por conta de uma das bandas favoritas aqui do Canal RIFF. O gorduratrans não cansa de nos encantar com a complexa simplicidade de seu som. E tudo ficou muito mais bonito ainda no palco do Oi Futuro, que, graças a um trabalho de iluminação e sonorização perfeitos por parte da produção do festival, conseguiu ambientar perfeitamente o show da banda. Foi incrível como as cores refletiam bem o sentimento que cada música passava. E como o “repertório infindável de dolorosas piadas” tem sua ordem alterada para, talvez despretensiosamente, contar uma história sobre se decepcionar, esquecer o que aconteceu e ficar pronto para se decepcionar de novo (e conseguir). E como a plateia gritou as músicas e durante os intervalos entre elas! Incrível também é como Felipe Aguiar (voz/guitarra) e Luiz Felipe Marinho (bateria) estão cada vez mais maduros musicalmente e prontos para palcos maiores, plateias ainda mais barulhentas e sons ainda mais ousados, a julgar pela música “nova” apresentada. É esperar para se deliciar com mais um repertório de muita gordura sonora, cheio de ruídos e aquela bateria que mais parece um coração desesperado batendo que só esses meninos conseguem fazer.

O que aconteceu a seguir provavelmente não se deu nesse plano em que eu escrevi essa resenha e você está lendo agora. Feito quatro divindades, Beto Cupertino e companhia subiram ao palco e começaram o show da Violins. E, feito quatro magos, provocaram um transe sonoro que enlouqueceu o já abarrotado teatro. Era o fim da espera de dez anos e a primeira vez da banda no Rio de Janeiro! Obviamente, banda e plateia fizeram valer toda essa espera e botaram a casa abaixo. A Violins com seu desfile de clássicos, e o público respondendo a cada nota, cada frase, cada refrão. E durante os intervalos das músicas, não faltaram cobranças pela demora da banda e convites para ficar mais no Rio e até para idas a praia em locais não tão bonitos como a cidade do Rio. O melhor de tudo foi ver a felicidade que a banda deixou o palco após o bis, com “Grupo de Extermínio de Aberrações”, que, tal como todo o set, é muito atual e brilhante. A espera, de fato, valeu a pena. E já estamos na expectativa que a banda volte e que o Coletivo Pegada realize mais e mais edições dessa coisa linda que é o Festival Transborda.