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Resenha

PicniK Festival @ Fonte da Torre de TV

Por Tayane Sampaio

Nos dias 24 e 25 de junho, a Fonte da Torre de TV, em Brasília, foi ocupada pelos moradores da Cidade. O que tirou as pessoas de casa, nesse final de semana frio de inverno, foi mais uma edição do PicniK, um dos eventos mais completos do DF.

O PicniK, que começou pequeno, como uma pequena feira de economia colaborativa, virou um evento que reúne multidões em pontos chaves da cidade, como a Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, ou no Parque da Cidade. Lá você encontra de tudo: roupas, ilustrações, calçados, itens de decoração e até aplicação de piercing. O evento ainda conta com uma vasta área de alimentação, que inclui uma área com MUITAS opções veganas, além de espaços para meditação, massagem, brinquedos infláveis pra criançada e até uma tenda de música eletrônica.

A música não é o foco principal do evento, mas, ultimamente, os lineups do Festival têm atraído muitos fãs da música independente. Geralmente, a quantidade de bandas é modesta, mas a última edição foi em dose dupla, com dois dias de muita música. Depois de uma rápida cerimônia de abertura shamanica, começou a maratona de shows e, nos dois dias, assistimos às apresentações das bandas Transquarto, Brancunians, Teach Me Tiger, Firefriend, Congo Congo, Ava Rocha, Bixiga 70, Supervibe, The Raulis, The Dead Rocks, The Blank Tapes, Glue Trip, Mustache e os Apaches, O Terno, Tagore e Cassino Supernova.

O sábado começou com a viagem transcendental da Transquarto. O quarteto brasiliense, formado por Davi Mascarenhas (guitarra), Pepy Araújo (bateria), Gata Marques (baixo) e Tarso Jones (teclado) passa por várias sonoridades, por meio de suas experimentações. Até o momento, o grupo tem apenas um trabalho lançado, o EP Entre Baleias, que conta com duas faixas, mas só nesses quase vinte minutos de som, a banda já te prende com uma apresentação cheia de camadas.

Continuando com a prata da casa, a Brancunians foi a próxima banda a subir no palco. De chapéu, GAP GAP (voz e guitarra), Ana Laura Rodrigues (sintetizadores), Victor Chater (bateria), Rodrigo da Cruz (guitarra) e Fabio Resende (baixo) tocaram músicas de seu trabalho de estreia, +bsb, que tem um pé na psicodelia.

Logo depois, o trio mineiro Teach Me Tiger, formado por Chris Martins (voz e sintetizadores), Yannick Falisse (guitarra e voz) e Felipe Continentino (bateria), fez sua estreia em solo brasiliense. A apresentação da banda seguiu a tônica do disco de estreia, Two Sides: um bonito e harmonioso contraste entre a leveza do dream pop e o peso  do trip hop, que, misturados à outras sonoridades, resultam em um som extremamente sexy.

Julia Grassetti (voz e baixo), Caca Amaral (bateria) e Yury Hermuche (voz e guitarra), da Firefriend, subiram no palco do PicniK após o trio mineiro. O som denso, meio destoante e cheio de ruídos dos paulistanos segurou a onda da viagem do Teach Me Tiger e preparou o público pra brisa do Congo Congo.

Firefriend | Por Tayane Sampaio

O Congo Congo é composto por nomes de peso da cena belorizontina: André Travassos (voz e guitarra), Victor Magalhães (teclado), Gustavo Cunha (guitarra), Yannick Falisse (baixo), Leonardo Marques (guitarra) e Pedro Hamdan (bateria). A banda não cai na mesmice do psicodélico, que é um dos subgêneros mais saturados da atualidade, e consegue dar uma cara nova e legal para o estilo. A agitação do vocalista, que se movimenta bastante no palco, convida o público para dançar. O show terminou em clima de festa, com a participação de Yury Hermuche.

Performática e poderosa, Ava Rocha fez um dos shows mais esperados do dia. A cada música cantada, uma peça de roupa do figurino de Ava ia para o chão. A artista exala confiança e domina o palco e o público, que tem a oportunidade de vê-la bem de perto e até de contribuir com seu ritual. O público foi ao delírio com a apresentação, principalmente nas músicas do autêntico Ava Patrya Yndia Yracema, último álbum lançado pela cantora.

Encerramos a noite com um palco cheio, ocupado pelos músicos do Bixiga 70. Décio 7 (bateria), Rômulo Nardes (percussão), Gustávo Cék (percussão), Marcelo Dworecki (baixo), Mauricio Fleury (teclas e guitarra), Cris Scabello (guitarra), Cuca Ferreira (saxofone barítono), Daniel Nogueira (saxofone tenor), Douglas Antunes (trombone) e Daniel Gralha (trompete) levaram a plateia à loucura. O instrumental dançante do grupo animou e aqueceu o público, que lotou a lona de circo em que o palco estava montado.

Congo Congo | Por Tayane Sampaio

O domingo começou com mais uma promessa da nova safra de bandas DF, a Supervibe. Sand Lêycia (bateria), João Ramalho (voz e guitarra) e Deivison Alves (baixo) apresentaram as canções de seu EP de estreia, Clarão. O psicodélico mais pesado da banda proporciona um show intenso, mas que tem alguns momentos mais leves e divertidos, com um indie rock bem executado.

Ava Rocha | Por Tayane Sampaio

Os veteranos da The Dead Rocks chegaram com tudo no palco do PicniK. Com direito a uniforme e a coreografias ensaiadas, Johnny Crash (guitarra), Paul Punk (baixo) e Marky Wildstone (bateria) animaram o público. Apesar do visual à la Beatles, o trio apresentou um set super dinâmico de surf music.

Na sequência, os recifenses do The Raulis deram continuidade à onda de surf music instrumental iniciada pela Dead Rocks. Em formato de trio, Arthur Soares (guitarra), Rafael Cunha (bateria) e Gabriel Izidoro (baixo) trouxeram a sensação de beira de praia pro centro da Capital Federal.

Os americanos da The Blank Tapes fizeram um show extremamente condizente com o clima leve de fim de tarde de um domingo. Matt Adams (voz e guitarra) e companhia mostraram uma gostosa psicodelia litorânea, cheia de solos de guitarra.

A Glue Trip, que é da Paraíba, deu continuidade ao clima praiano deixado pelas bandas anteriores, mas com muito mais calor, peso e energia. Com um dos melhores shows do Festival, a banda sabe muito bem transpor as músicas para o palco e fazer o público dançar e se envolver com a performance. Lucas Moura (voz e guitarra), Gabriel Araújo (baixo e voz), Uirá Garcia (guitarra, sintetizador e voz) e CH Malves (bateria) contaram com a ajuda do público pra cantar várias músicas e, em “Elbow Pain”, rolou a participação de uma mini fã, que surgiu do público, vestida de princesa e com uma guitarra de plástico em mãos. Um dos momentos mais bonitos e significativos do final de semana.

Em uma pausa na psicodelia, os paulistas da Mustache e os Apaches transformaram a tenda do PicniK em uma grande festa. Axel Flag (voz, percussão e viola), Jack Rubens (bandolim, lap steel, dobro, guitarra e voz), Lumineiro  (washboard, bateria e voz), Pedro Pastoriz (banjo, guitarra, kazoo e voz) e Tomas Oliveira (contrabaixo, piano e voz) bebem do folk raíz, mas transformam isso em uma linguagem totalmente nova. Um grupo grande, com vários instrumentos inusitados, em que todo mundo canta. A “bagunça” do palco terminou no público, pois a banda finalizou a apresentação do melhor jeito possível: no meio da galera.

O Terno | Por Tayane Sampaio

O clima da euforia deixado pelo show suado da Mustache e os Apaches só cresceu, pois agora o público se amontoava à espera d’O Terno. Tim Bernardes (voz e guitarra), Guilherme d’Almeida (baixo) e Biel Basile  (bateria), que tinham tocado na Cidade há pouco tempo, com o Boogarins, foram recebidos com muitos gritos dos fãs. O frisson do público, que começou antes do trio subir ao palco, se estendeu durante todo o show. Em alguns momentos, os fãs cantavam mais alto que Tim.

O penúltimo show do Festival ficou por conta dos pernambucanos da Tagore. Em turnê para divulgar o disco Pineal, Tagore Suassuna (voz, violão e guitarra), Julio Castilho (baixo, guitarra e teclado), Caramuru Baumgartner (percussão e teclado), Alexandre Barros (bateria e sample) e João Cavalcanti (baixo, guitarra e teclados) chegaram em Brasília com energia pra dar e vender. O quinteto, que diz ter referências que vão de Tom Zé a Tame Impala, mostra um rock psicodélico totalmente abrasileirado, cheio de sonoridades pertencentes à música nacional, principalmente a nordestina. Pulando de um lado pro outro, com os cabelos na cara e de pés descalços, o frontman do grupo incita a plateia a curtir e interagir com o som tanto quanto ele faz no palco.

O encerramento da edição do PicniK Festival foi especial e cheia de significado. O Cassino Supernova, grupo super conhecido e respeitado na cena brasiliense, fez um show em homenagem ao Pedro Souto, prolífico músico brasiliense e baixista da banda, que faleceu no começo do ano. Gustavo Halfeld (guitarra), Raphael Valadares (guitarra), Márlon Tugdual (bateria) e Gorfo (voz), apresentaram os sucessos da banda, já conhecidos e cantados por um grupo expressivo de pessoas que ficaram para ver a banda.

Depois de dois dias de muita música e energia boa, fica a expectativa pra próxima edição do Festival!

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