Por Alan Bonner | @Bonnerzin
Noites frias no Rio de Janeiro são bastante raras. Como em qualquer outro lugar, elas pedem um local aquecido, aconchegante e com boa música. Parece que tudo conspirou para que esse clima fosse concebido pelo Escritório da Transfusão Noise Records, que abriu suas portas na noite da última quinta-feira (9 de junho) para os shows dos mineiros da Confeitaria e dos cariocas da SLVDR.
O local, que mais parece uma sala de estar, favoreceu bastante para dar uma atmosfera intimista à noite e combinou bastante com a proposta das bandas. A Confeitaria abriu os trabalhos, apresentando seu álbum “Enero” na íntegra. O registro do duo formado por Lucas Mortimer (bateria e efeitos) e Gabriel Murilo (guitarra e baixo) se mostrou bastante sólido ao vivo, mesmo com limitações técnicas que ocorreram durante a apresentação (como problemas na bateria). O que se ouviu foi um post-rock com um toque experimental de muito bom gosto e que reflete bastante a atmosfera das gélidas montanhas da Patagônia, onde o álbum foi gravado.
Conversando com Mortimer, pude ouvir boas novidades em relação a cena underground em Belo Horizonte, principalmente sobre os artistas do “rock triste”. Também conhecido como Emo Tupiniquim e capitaneado por algumas figurinhas carimbadas como Lupe de Lupe e caras novas como Jonathan Tadeu e El Toro Fuerte, o movimento da “Geração Perdida” parece estar fervilhando, e promete transbordar no Rio de Janeiro em breve. Muitas bandas de BH irão ou voltarão a se apresentar no Rio nos próximos meses, inclusive a própria Confeitaria. A dica para quem perdeu o show, portanto, é ficar ligado na agenda do Canal RIFF e comparecer ao próximo, pois é o tipo de experiência que só presenciando para sentir de fato do que se trata.
Para esquentar ainda mais a noite, a SLVDR (“Salvador” sem as vogais, para os desavisados) assumiu os instrumentos e mandou uma brasa atrás da outra. O math rock potente conduzido por Bruno Flores (guitarra), Hugo Noguchi (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria) fez até o mais friorento dos espectadores se esquentar. Apresentando músicas de todas as fases do projeto, o trio também anunciou que seu primeiro álbum, intitulado “Presença” está para sair em breve. Vamos aguardar! O grito de “caraca!” de uma pessoa da plateia ao final da faixa “Bouken” (que estará no novo trabalho) definiu bem o que foi a apresentação. A sensação que ficou no final do show e depois de tamanha fritação musical era de orelha, cabeça e corpo quentes. Perfeito para dormir aquecido numa noite fria.