Por Laura Tardin (texto e fotos)
Na noite de 10 de novembro, tivemos a chance de ver, no Vivo Rio, um artista que está na crista da onda – ou talvez, na crista de sua primeira onda, tendo em conta de que ele é nascido em 1994 – o colombiano Maluma.
Para quem minimamente entende de música pop, Maluma é figurinha fácil: fez parceria com Anitta (“Sim ou Não”), Shakira (“Chantaje”), Ricky Martin (“Vente Pa’Ca”) e possui sucessos creditados em sua própria conta, como “Felices los Cuatro” e “El Perdedor”. Maluma é representante do estilo reggaeton, que talvez tenha tido sua primeira aparição em terras brasileiras lá na virada da década, com o estouro de “Impacto” de Daddy Yankee e “Danza Kuduro”, de Don Omar e Lucenzo, que até mesmo virou abertura de novela.
Mas, não se engane: o reggaeton não é de hoje e nem é do tipo de estilo musical que irá passar rapidamente. As batidas repetitivas talvez lembrem a repetição no funk e no sertanejo brasileiros, mas nenhum destes três estilos tem pouco a contar quando se fala de juventude e cultura local. O reggaeton, algo que mistura primordialmente sonoridade caribenha, rap e beat eletrônico, debutou lá nos anos 90 e já teve outras fases áureas antes de 2017. É que, como sempre, existe uma curiosa barreira entre Brasil e América Latina – acredito que esta tenha sido responsável pela demora da chegada do ritmo às nossas rádios, já que o reggaeton se espalhou como vírus até o Ushuaia.
No Rio, o show do Maluma ocorreu na festa “Sigue Bailando“, cuja proposta musical era misturar hits brasileiros e internacionais (inclusive os latinos – e para quem acredita que ritmo latino ainda esteja resumido numa canção de Gloria Estefan, sugiro um pouco de reggaeton). O público tem cara de que estaria ali com ou sem Maluma, mas vê-se algumas fãs com faixas, cartazes e bandeiras. Apesar de recém casados, os brasileiros dominam canções de reggaeton na ponta da língua e nos pés que dançam.
Maluma surge, com um pouco de atraso, cercado de belas bailarinas, uma banda completa e dois cantores de apoio – precisamos de alguém que seja Shakira e Anitta ao mesmo tempo. Mas ele é a grande estrela do show. Com sex appeal, muito suor e caras e bocas, Maluma encanta a plateia, em boa parte feminina, e faz um show talvez um pouco arrastado ao executar longas versões de suas músicas pop.
O moço é jovem, bonito e fresco, e abusa dos recursos de convocar os lados esquerdo e direito da plateia para ver quem grita mais alto. Em dado momento do show, depois de ter arranhado um português que arrancou suspiros, ele diz que precisa encontrar uma namorada – coisas que valem a atenção acontecem a partir daí – e duas meninas sobem ao palco. A primeira, de doze anos, ganha um presente e uma música fofa no violão (tudo bem? Ou não tudo bem? Qual o verdadeiro apelo de Maluma com as pré-adolescentes?). A segunda, que ganha um “ahora sí” ao subir ao palco, ganha abraços e troca um selinho com o astro. O menino é fanfarrão, mas quem disse que isso é ruim?
“Felices los Cuatro” é executada no bis e certamente é a música mais aclamada (e filmada nos celulares). Apesar da superficialidade que aparenta Maluma, essa canção tem uma letra que pode gerar bons e maduros debates. Me pergunto se os presentes entendem algum carajo de espanhol – se entendessem, cantariam com tanto ânimo?