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Resenha: Riverdies, Purano e Mobile Drink @Calabouço

Por Guilherme Schneider | @Jedyte | Fotos Vinícius Giffoni

Noite de domingo, noite de rock no Rio. Atraído pelo chamado do retorno aos palcos da Riverdies (após três anos sem shows) fui ao tradicional Calabouço, em Vila Isabel, para a edição do Lithos Jam Fest no dia 3 de julho – Purano e Mobile Drink completaram o line-up. Conceito bem bacana, para um final de domingão: três bandas de rock, cerveja gelada e solidariedade.

No menu da noite o resistente grunge carioca. Separei o casaco de flanela e pedi um Uber. No caminho o motorista ouvia a Rádio Cidade (para quem não conhece, é a rádio rock do Rio). Papo bom sobre rock, comentando a programação. Mas, lá pelas tantas, o simpático motorista lamenta o momento do rock nacional. “O que temos hoje de bandas boas? Nada”.

Nada? Como assim, nada? Era justamente domingo de noite, momento quando a própria Rádio Cidade dispõe um pedacinho de sua programação para o “A Vez do Brasil”, programa que divulga bandas novas. Porém o programa só começaria às 22h, e antes disso já estava quase chegando ao Calabouço – sem ouvir nada de nacional no trajeto.

Purano

A verdade é que o tal rock nacional pulsa mesmo (e forte) no underground. Infelizmente longe das rádios e mídias tradicionais. Não é preciso ser o bienal e badalado Rock in Rio para transformar riffs de guitarra em mensagens diretas. No undeground é que se vive, e a abertura do Purano mostrou exatamente isso. Logo de cara o comunicativo vocalista Bruno Corrêa mandou a letra: “A cena são vocês”.

A cena, que vive, claro, são o “vocês” (quem frequenta) e são o eles (as bandas). Cantando em inglês e português, Purano apresentou o álbum “A Câmara Reverberante” (2015). Com mensagens bem emocionais, o show da Purano transparece sinceridade. Sabendo falar com propriedade de ternura, sin perder la porradaria jamás. Destaque para a homenagem a Jim Morrison, no dia do aniversário de sua morte.

O cover de Love Me Two Times surpreendeu. Assim como a bela House of the Rising Sun, do The Animals. A influência do rock clássico se faz presente, e ganha fôlego com ironia e até o posicionamento político dos discursos.  Mas, o destaque merece ir para as autorias. Ouça Epifania, Pecador e Espelho. Baladas boas, que cairiam bem na programação da Cidade.

Após algumas cervejas vem a hora aguardada: o retorno aos palcos da Riverdies. De certo modo é um retorno também da deliciosa sonoridade dos anos 90. Sabe? Então, aquela mesma sonoridade que prevalece radiofônica no Rio. Pois é, só que feita por bandas locais.

Sem demagogia, mas só por ouvir Still Remains já valeu a ida ao Calabouço. A linda melodia (que não está no Spotify ainda, mas pode ser ouvida aqui) do EP “Black Days dá uma pequena amostra do potencial da Riverdies. Seja nas porradas mais clássicas, como Background e I Wonder, ou nas mais lentas.

Eles apresentaram músicas novas, e, infelizmente, o show foi mais curto do que esperava. Confesso que gostaria de ouvir ao vivo as outras baladas Morning Dies Clear Like Water. Fica para uma próxima – e, ao que fui informado, não demorará tanto. Na torcida por material novo.

Mobile Drink

A noite fechou com a Mobile Drink. Confesso que fui apresentado ao som deles ali mesmo, de uma talagada só. E que apresentação do vocalista Ronan Valadão! Sua pose de rock star e voz marcante garantiram um belo cartão de visitas para o novo EP, o recém-lançado “Canções da Noite e Outros Tragos”.

Um grande momento foi a participação especial de Tiago Freitas, vocalista da brasiliense banda Etno. Juntos, Ronan e Tiago cantaram Alive, hino do Pearl Jam – mantendo a pegada grunge do evento.

Mobile Drink faz  rock autoral em português, de qualidade. Recomendo Sanguessuga Gentil, O Verdadeiro Amor e Prosódia da Vida, destaques no show – que também homenageou a memória do eterno poeta Jim Morrison. E, afinal, apesar das homenagens ao rock internacional, será que não tem mesmo nada de bom no rock nacional? As três bandas mostraram que a verdade está lá fora – nas casas de shows.

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