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RESENHA: Blind Guardian e a Maturidade do Power Metal

Por Thadeu Wilmer I Fotos e vídeo: Daniel Croce

Pela quarta vez, os bardos de Krefeld desembarcaram em terras brasileiras para apresentar seu repertório – como já sabido, repleto de referências a mitologias, episódios históricos e obras literárias de fantasia – e sua mais nova obra. Com a turnê do décimo álbum do Blind Guardian, Beyond The Red Mirror, voltamos vinte anos no tempo para o mesmo cenário de Imaginations From The Other Side, onde um evento catastrófico mudaria o destino dos mundos para sempre.

No entanto, não apenas conceitualmente voltamos a 1995: além da técnica impecável de André Olbrich, do vigor sobre-humano do incansável Frederik Ehmke e da força dos riffs de Marcus Siepen, a singular e icônica voz de Hansi Kürsch – que arriscou alguns agudos arrepiantes – parece só ter se aprimorado desde então. Da primeira música ao último “bis”, em nenhum momento a sensação de “álbum de estúdio” abandonou o Vivo Rio – não por acaso, o frontman anunciou que, para fins de um futuro CD ao vivo, eles estariam gravando o show.

Blind Guardian

E que show. Após uma sequência inicial que praticamente não sofreu alterações ao longo da turnê – que, antes de aterrissar na América, havia passado por toda a Europa, Austrália e Japão – e contava com Banish From Sanctuary e Nightfall para quebrar a sequência de músicas mais recentes, a banda se debruçou praticamente em clássicos, numa lista controversa e, comparada aos outros shows, nos quais foi possível ouvir Time Stands Still (At The Iron Hill), And Then There Was Silence ou a própria Imaginations From The Other Side, não muito especial – porém magistralmente executada.

Após uma hora e vinte de show, a única façanha de um cínico Hansi que se despedia do ávido público com um riso preso estampado no rosto foi gerar expectativas para o primeiro “bis”, no qual canções mais recentes embalaram a atmosfera de espera para Valhalla e o segundo “bis”, durante o qual a banda tocou seus hits mais essenciais e, pela segunda vez, assim como na Fundição Progresso em 2011, atendeu ao clamor por Majesty e levou os fãs ao êxtase supremo.

Blind Guardian Flag

Se o som estava impecável porque o show possivelmente figurará em um CD ou se o show pode figurar no CD porque foi executado com notável esmero, pouco importa; o que ficou realmente claro foi o proveito que os fãs, emocionados com Bright Eyes, ensandecidos ao som de Mirror Mirror, incansáveis nos refrões intermináveis de Valhalla e The Last Candle e mais uma vez merecedores de Majesty e da simpatia e presença de palco de Hansi, tiraram da situação. Cantando mais alto, afinado e dentro do ritmo do que nunca, a pista estava em sintonia com o palco: em sua melhor forma.

Os fatores que culminaram no som impecável que se apreciou não apenas estão conectados à qualidade dos equipamentos da casa. Desde o sucesso de Nightfall In Middle-Earth, a banda vem experimentando sua própria reinvenção – às vezes sem muito sucesso, produzindo álbuns um pouco distantes de sua proposta ou não muito bem aceitos pela crítica ou pelos fãs. E, com o penúltimo álbum, At The Edge Of Time, os bardos alemães parecem ter encontrado o caminho que continuaram a trilhar em Beyond The Red Mirror.

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A turnê, aliada ao lançamento de 2012 Memories Of A Time To Come (um álbum que revisita diversas faixas da carreira da banda e as dá novas versões, sejam regravações ou novas mixagens) demonstra que essa maturidade é, de fato, uma nova maneira de encarar sua própria obra. Revisitando-a, tornando-a mais moderna, garantindo-lhe atemporalidade. Essa é a chave do sucesso para um Blind Guardian que entra na casa dos trinta como uma das maiores referências (se não a maior) do Power Metal – e com gás para muito mais memórias de um tempo que está por vir.

E que essa maturidade traga mais shows antológicos como esse.

setlist

  1. The Ninth Wave
  2. Banish from Sanctuary
  3. Nightfall
  4. Fly
  5. Tanelorn (Into the Void)
  6. Prophecies
  7. The Last Candle
  8. A Past and Future Secret
  9. Bright Eyes
  10. Lost in the Twilight Hall
  11. And the Story Ends
    BIS 1
  12. Sacred Worlds
  13. Twilight of the Gods
  14. Valhalla
    BIS 2
  15. War of Wrath
  16. Into the Storm
  17. The Bard’s Song – In the Forest
  18. Majesty (após a incansável insistência do público)
  19. Mirror Mirror
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