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RESENHA: Iron & Wine hipnotiza público no Rio

Por Thais Rodrigues

Quando a canção Flightless Bird, American Mouth embalou o casal Edward e Bella no primeiro filme da saga Crepúsculo –  que também conta com outros grandes nomes do cenário alternativo em seu soundtrack – não esperava-se que algo mais viesse depois disso. Até então, Iron & Wine era só mais um nome. Ou dois!

Iron & Wine

Foto: Thais Rodrigues

E não é que veio e em 2015? Recebi o setlist do show de hoje, que aconteceu no Sacadura e pelo Queremos, às dez da manhã nessa ensolarada quinta-feira de setembro. A primeira surpresa foi não ter encontrado músicas que não só eu, mas outros conhecidos esperavam que Sam Beam tocasse. A coisa toda tinha ido bem mais longe: não tinha mais nada a ver com vampiros e modinha adolescente, e sim com um encontro com o inesperado.

Depois de tomar ciência de que as músicas favoritas não eram as óbvias e não necessariamente por escolha, mas talvez por identificação ou feeling, chega a hora de entender o que acontece de verdade em um show da banda de um homem – e que homem, com aliança no dedo e família – só.

Ao chegar no Sacadura, outra surpresa: o público. Achava-se que o pré-requisito para fazer parte do target de um show como o de hoje era ter barba e coque. Obviamente, a parcela lumbersexual marcou presença, mas não deixou de dar espaço para pessoas tão diferentes umas das outras, as quais, com um simples anúncio de que o show começaria em alguns minutos, ficaram com o mesmo brilho nos olhos: todas hipnotizadas, ainda encarando o Dj da ‘Que Se Folk’, esperando por qualquer sinal, de barba, voz ou violão.

Dois violões, duas garrafas d’água e uma taça de vinho. Um ‘Hello, Brazil‘ bem tímido, porém feliz e surpreso por ver tantas pessoas. Lamentou a falta do português na ponta da língua, soltou um obrigado e, logo em seguida, a voz. E lá estava a primeira música do mesmo setlist que havia recebido pela manhã. The Trapeze Swinger deu o pontapé inicial para a atmosfera mais acolhedora. Todos subimos em um balão, e a cada acorde, íamos um pouquinho para mais perto do céu.

Aparentemente, o show duraria mais que o esperado, e esperar pelo inesperado deveria ser a resposta para a noite. Não demorou muito para que o show fosse do Sam Beam, e não de Iron & Wine. Foi como passar a tarde no sofá de casa, ouvindo-o cantar despretensiosamente, sem esperar da gente como a gente, mais que aplausos. Overwhelming, ele repetia. Parece que o jogo virou não, é mesmo?

Iron & Wine

Foto: Pamella Renha

Apesar de ainda ter em mãos o violão, entregou o show nas mãos de fãs e quem mais podia ouvi-lo. Decidiu que decidiríamos o repertório, e assim, o show voou. Todos nós voamos, ainda naquele mesmo balão, lembra? A cada pausa para aplausos ou elogios, um tempo para assimilar e respirar. Estávamos nas nuvens, longe de casa, mas com aquela sensação calorosa de lar.

Mesmo pedindo por músicas “tristes”, a alegria estava estampada em cada um. Foi incrível ver tanta gente deixar celular e câmera de lado para apreciar o show como merecia. Ele hipnotizou a todos, novamente com voz e violão, e até com apenas um dos dois, e só nos demos conta do fim quando ele disse que voltaria mais vezes ao Brasil. E não o vimos voltar mais com a taça de vinho para o palco.

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O bem estar ficou, mas aquela sensação lúdica foi sendo desconstruída aos poucos. Na verdade, era mais próxima do real do que pensávamos, pois facilmente imaginaríamos domingos em família com Sam Beam tocando para nós, com chuva batendo na janela e tudo! Se desse, até barulho do vento. O show terminou e a vontade de “fica pra um café” grudou, como todas as outras canções de seu repertório bastante rico.

2 respostas em “RESENHA: Iron & Wine hipnotiza público no Rio”

Show realmente incrível! Fui no de São Paulo e tive uma sensação de paz como nunca tinha sentido antes em um show. O repertório escolhido pelo público surpreendeu até o Sam, que chegou a comentar que nem ele lembrava mais de algumas músicas que a galera pediu e isso o deixou feliz, pois percebeu o carinho que tínhamos por ele.

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